Olhar aquele corpo era como se estivesse se vendo em um espelho que refletia seu mais puro narcisismo. Havia outra à sua frente, outra tão parecida consigo que não evitava de se apaixonar. Era apenas um pouco mais alta e tinha um penteado diferente, mas o resto era completamente seu corpo, suas curvas, suas mãos que sabiam como ninguém como gostava de tocar e ser tocada e seu olhar turquesa provocativo.

Tamanho era o narcisismo da herdeira dos Von Crimson que bastava a outra ser seu reflexo que automaticamente cairia de amores por ela. Embora houvesse um grande vão em suas personalidades - Rey era mimada e arrogante, Edna alegre e sociável - ambas compartilhavam não só da mesma beleza como também do gosto por ação.

Nada pararia aquelas duas na linha de frente de uma batalha, mesmo com estilos diferentes, seus jeitos de urrar ao avançar ou rir ao derrotar o inimigo eram semelhantes, as vozes tinham a mesma frequência sonora.

Sim, Rey se permitiu mesmo amar-se daquela forma. Se amar no corpo de outra. Deixar o narcisismo a guiar à perfeição qual julgava ser ela mesma.

Conflitos existiam sim, não há par que não os enfrente, mas davam um jeito de o superar. Afinal, sendo uma a outra, como não entender as razões e emoções que lhe formavam?

Não havia nada que pudesse separá-las, a ligação das duas era mais que carnal, mais sentimental. Podia-se dizer que partilhavam da mesma alma.

E enquanto se via numa semi-nudez atípica tocando o reflexo no espelho de cristal, Rey sorria achando graça do ponto a que seu narcisismo chegou. Estava, literalmente, apaixonada por si mesma. "Não sei se fico envergonhada ou com ciúmes de você encarando esse espelho por tanto tempo" dizia a maior, chegando junto num abraço que lhe envolvia o pescoço e deixava as mãos caírem sobre o colo; o rosto fora pousado na curvatura, já ocupando a boca com a pele arroxeada usando dos espinhos da lateral do rosto para arranhar e provocar o pescoço arrepiado. Edna vestia apenas uma peça íntima inferior, pressionando com certa força os seios nus contra as costas da menor.

"Humpf" bufou Rey, num quase gemido "Deveria ser grata por eu me amar tanto a ponto de amar você" virou o rosto para a outra, agora gerando o encontro dos lábios de ambas. Apenas aquelas duas - quase uma só - poderiam proporcionar o prazer que ambas ansiavam. E logo, a pouca roupa que quase não lhes escondia não existia mais.

Realmente, era só assim que poderia ser descrita aquela relação.

Narcisismo.