× Era um cretino... Vivia pelo seu prazer, por uma sensação a mais, sussurrava seus desejos mais inquietantes com sua linda face rubra e gélida. Ha, como fazia frio... Silencio. Grite por sua vida, logo ela acabará. O medo toma seus pensamentos, sentidos e te mata aos poucos. Essa regra não valia a aquele ser. Sadomasoquismo, sangue, quartos escuros, gritos e sussurros, correntes, pensamentos macabros, era tudo que tinha em mente.

Uma imagem perturbadora de uma garota de vestes brancas e cabelos em uma tonalidade negra que sorria, dizendo que toda aquela dor ia passar. Bastava fechar os olhos e deixá-los assim pela eternidade. Logo a dor se dissiparia, junto dela todos aqueles pesadelos. Talvez, sonhos bons tomariam conta daquela mente obscura e obscena novamente.
Toda a história de um homem em uma noite, em um quarto, com uma melodia, um só aroma. Ele finalmente acordava, ou não. Estava mergulhado em um transe intenso, entre a realidade e seu sonho. A noite era sua vida, com ela a lua cheia despertava em si desejos incontroláveis. A beleza que aquele satélite tinha quando brilhava no céu era incomparável a qualquer outra coisa. A lua, aquela sensação, a brisa do mar... Tudo o encantava. Aquele sonho parecia não ter mais fim, uma realidade só dele, feita por ele, onde as pessoas que lá entrariam eram escolhidas por ele. Um mundo que ninguém mais entenderia... Um mundo só dele. Possessivo e arrogante. Egoísta.

Um ser sozinho que vivia do prazer físico e espiritual, o líquido vermelho que escorria em seus doces lábios o satisfazia mais do que qualquer outra coisa. Sozinho? Quem sabe não... Quem sabe alguém ainda pensava naquela mórbida criatura, linda e obscura, que vivia inteiramente para si. Provocante e ao mesmo tempo doce... Intrigante.

Como era delicado aquele sorriso, quando a felicidade vinha ao seu encontro, quando momentos afortunados surgiam. Suavemente terno. Como era assustador o aquele olhar, quando o ódio ou mau humor tomava conta de sua mente. Como era intrigante aquele sorriso, diferente, cheio de malícia e segundas intenções quando alguém o provocava. Pensamentos sujos e assustadores para uns, e ao mesmo tempo pensamentos que envolviam amor e paixão e ternura. Era realmente uma máquina de destruição para quem conhece os dois lados da mesma pessoa. Uma destruição não física, mas sim, de qualquer sentimento que outros podiam ter por ele. Imponente, porém, repugnante. As aparências muitas vezes parecem enganar. O espelho que reflete sua imagem refletia também seus pensamentos mórbidos. Doentio.

Os quadros antigos que mostravam o seu passado não faziam sentido algum para ele. Havia esquecido tudo. Por vontade própria ou por um simples acidente? Preferia não pensar mais naquilo, era perturbador. Quem sabe, tivera um passado terrível. Não queria o fim do sonho que estava vivendo, não... Não queria acordar, não agora. Não naquele instante. Abusava de seu corpo para conseguir aquilo que desejava. Não perdia o tempo em uma brecha aberta por qualquer um que o encantasse. Construía sua própria história nesse sonho por sua própria vontade. Luz lunar irradiante, reflexo da prata, reflexo do vermelho. Amar por si mesmo, amor por si próprio. Madrugada sonolenta. Ele ainda está acordado?

Não se engane com sua personalidade, que como a lua, vive em mudanças. Ora sedutor, ora tímido. Brincalhão ou sério.
Ainda sim, precisa do calor de outro corpo para lhe aquecer nas noites gélidas. Uma carência inevitável, sempre com a viva vontade de estar sempre rodeado de pessoas que lhe querem bem, como uma criança teimosa, mas tão adulto que é capaz de lhe dar com a solidão.