Trilhas Opostas escrita por Hana chan


Capítulo 1
Único. Como você.


Notas iniciais do capítulo

Preciso parar de escrever essas ones, mas elas são uma boa terapia pra descarregar as emoções que nem meus diários suportam mais. Enfim, leiam com calma, e tenho certeza de que ao menos um rosto, uma voz ou um braço vai passar por suas mentes, e lhes trazer um doloroso nó à garganta...



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Sabe de uma coisa? Eu encontrei aquela foto. Lembra? Você estava rindo de alguma coisa que um deles dissera.Eu queria me lembrar o que era. Deve ter sido muito bom, seu sorriso era tão lindo...

E, por causa dessa única foto, centenas de memórias inundaram minha mente, afogando meu consciente com imagens, sentimentos e coisas que eu tentei enterrar. Acho que não devia ter colocado tão pouca terra em cima, não é mesmo? Lembrei de uma noite, éramos apenas crianças. Corremos pela pista, sem ligar para os carros, por causa de um pacote de salgadinhos. Fingimos uma falsa raiva, mas era apenas fingimento.

Lembro também das longas tardes que compartilhamos, com toda a despreocupação que alguém de 15 anos pode ter na vida. Estudar em casa nada mais era do que sinônimo de bagunça, conversa e bolinhas de papel voando por todo o cômodo.

Eu juro por Deus, se eu soubesse que algo tão simples seria tão doloroso hoje em dia, eu teria memorizado com mais carinho os detalhes de sua fisionomia cada vez que eu gritava.

Eu tive inveja de você, tantas vezes na vida. Ainda sinto isso. Aquela viagem. Ainda sinto a brisa salgada em meu rosto, aquela foto em que eu estou escondendo o rosto, toda despenteada. Você a tirou pra mim. Eu sempre odiei aquela foto.

Ainda odeio, mas por razões diferentes.

Quem mentiu dizendo que ser adulto era divertido? Quem era mesmo que queria crescer tão depressa? Acho que, na correria pra tentar ser alguém na vida, ter uma carreira, orgulhar meus pais, eu esqueci muita coisa no caminho.

Quem eu sou agora?

Se minha pequena eu pudesse me ver hoje em dia, seria divertido. Ela ia me avaliar de cima a baixo, o cabelo em um rabo de cavalo baixo como continua sendo até hoje. Ia dar um sorriso: 'É, ao menos eu emagreci um pouco, e meu cabelo ficou bonito! Mas tirando isso, o que você fez com a gente, nee-chan?'

E eu não ia saber o que responder.

'Onde eles estão?

' 'Quem?'

'Os nossos amigos?'

E eu ia chorar em seus bracinhos gentis.

Sabe o que eu encontrei também? Meu velho diário. Ainda tenho vergonha de mostrá-lo às outras pessoas. O quão tola e ingênua uma garota de 11 anos pode ser? Eu era aquela garota, que achava que a pior coisa do mundo era ficar abaixo da média. Só depois descobri que existem tantas outras coisas piores.

E ninguém te ensina isso nas escolas. Bháskara não traz as pessoas de volta. A Revolução Francesa não diminui a distância entre dois corações que se amam. Sociologia não tira essa eterna sensação de solidão que cada ser humano carrega nas trevas de sua alma. E oxi-redução jamais te põe no colo dizendo que tudo vai ficar bem.

No diário eu tenho um recado seu. Aquelas palavras tolas que sempre dizemos tantas vezes sem ser verdade: Para Sempre.

Foi?

Ah, sinto muito, mas estou atrasada. Preciso me arrumar, o mundo lá fora me espera. E lá eu não posso hesitar, não posso fraquejar. Preciso ser forte, o tempo todo. Eu era forte naquela época? Eu parecia forte pra você?

Eu ainda preciso de você mais do que você de mim?

Quanta nostalgia! Ah, antes de ir, mais uma coisa.

Acabei de cruzar com você na rua. Fingiu que não me reconhecia, mas um olhar ínfimo te denunciou. Você lembra de mim. E das noites juntos, e do sorvete de chocolate, do presente de aniversário e daquele choro que não pôde ser contido. Você lembra tão bem quanto eu, mas nem por isso diminuiu o passo. Apenas continuou firme e se foi, e nem faço idéia de qual seria seu destino. Só sei que é diferente do meu.

Mas é natural, não é? Pessoas crescem e mudam, cumprem seu papel neste tear da vida. Mesmo que sejamos linhas diferentes, sempre me orgulharei de termos sido entrelaçados outrora. Isso nunca poderá ser cortado.

Então eu me fui. Não é de você que eu sinto saudades, mas da pessoa que foi um dia. Daquela que eu amo até hoje, e pela qual eu sacrificaria todo o meu culltivado orgulho pra ter aqui mais uma vez.

Sabe, eu me lembro de você, mas e você? Ainda pensa em mim antes de dormir? Se embala em minhas palavras ou ouve a minha voz antes de dormir? Sente falta do meu abraço, do meu beijo, do que eu sentia por você, do que havia entre nós? Você está feliz sem mim? Eu sei que está...

Onde está você agora além de aqui, dentro de mim?

Que saudades, cara, que saudades...


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Reviews, quem tiver se identificado =3



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