Vermelho Como Sangue escrita por olliek


Capítulo 2
Capítulo 2- Sonhos




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Alguma coisa em mim pulsava de uma forma estranha.

Todas as minhas ideias pareciam se fragmentar, sempre me conduzindo á pensar em Mandy, que mesmo depois de cometer o suicídio, me assombrava como um fantasma.

Cometer o suícidio. Essa palavra ainda me assombrava.

Como o Mandy, a minha melhor amiga que eu conhecia desde que tinha 5 anos, podia fazer aquilo? Podia fazer aquilo comigo? Com seus pais? Com o Jake?

Outro ponto que eu devia enfrentar: Jake.

Não fica difícil saber porque eu fugi, porque eu não enfrentei tudo o que estava acontecendo. Como eu poderia reagir?

No dia seguinte, eu tive que tomar coragem para abrir meu e-mail, eu precisava ver, saber o que se passava com as pessoas que eu deixei em Fenly, antes de fugir e chegar a Forks.

Liguei meu computador e rapidamente coloquei o modem, a conexão foi estabelecida e meu e-mail se abriu na tela, como sempre acontecia quando eu me conectava com a internet.

Um resultado significativo de 15 e-mails estava disponível para que eu lesse. Renée era a primeira da lista, o e-mail estava lá desde as uma hora da manhã, um e-mail que não ia ler.

Havia uma e-mail, no final da lista, quase escondido, o remetente era o Jake. eu hesitei um longo tempo, sentido a leve trégua que eu havia me dado, um pequeno momento de paz em meio á tempestade ceder diante dos meus olhos. As lágrimas voltaram á se formar e eu senti toda a tristeza que agora fazia parte de mim voltar. Doreen, que estava perdida no emaranhado de lençóis pulou no meu colo de repente e esfregou a pequena cabeça em mim, como um gesto de carinho.

Eu sorri para ela e ela miou, como quem diz :"Coragem, Bella, você consegue!"

Murmurei essas palavras para mim mesma, enquanto clicava e visualizava o e-mail:

Bells,

eu não sei no que você está pensando, e eu sinto muito por ter te deixado confusa, mas, não foi culpa sua.

Mandy fez sua escolha. Uma má escolha.

Isso não vai mudar o que eu sinto por você, Bella. Fingir que nada aconteceu não vai mudar nada, Bella, mas, por favor, volte, sua mãe está desesperada atrás de você.

E seu pai vai montar uma equipe de busca, então, não ligue seu celular, porque eles estão tentando triangula o sinal ou alguma coisa parecida.

As palavras de Jake me atingiram como um soco dado no estômago.

Eu não pretendia fingir que nada havia acontecido, eu queria realmente não tivesse acontecido, porque o que eu havia feito me tornava um ser humano terrível, e o Jake fazia tudo isso parecer fácil demais.

Aquele quarto pareceu pequeno para mim, eu não conseguia pensar em nada mais á não ser Mandy e Jake. Eu precisava sair daquele círculo vicioso que estava me enlouquecendo.

Tomei um banho rápido e vesti uma camiseta rosa, com um pequeno laço de enfeite, uma calça jeans qualquer e meu tênis. Encarei a janela do quarto, resistindo ao impulso de fumar, o que era o que eu mais queria naquele momento.

O dia estava nublado e parecia que ia chover, então, eu precisava sair daquele quarto antes que chovesse.

Peguei a chave do meu carro e só pensei em um lugar para ir, áquela mercearia do dia anterior, Cullen’s, era o nome.

Cheguei rapidamente á mercearia e senti uma onda de ansiedade percorrer meu corpo, com a expectativa de encontrar alguém. Na verdade, esse alguém, especificamente, era o garoto com cabelos acobreados e lindos olhos verdes.

De repente, minha mente não parava de processar a imagem dele, o modo como seus olhos estavam aterrorizados, com medo de alguma coisa.

Quando saí do carro e caminhei até a loja, pude perceber que estava mais ansiosa do que pensava. E então, quando finalmente entrei, e olhei para o balcão, ele não estava lá, estava apenas a loira perfeita e um grandalhão musculoso, com aparência de alterofilista e olhos acinzentados, assim que ele me viu, encarou a Rainha do Baile de Formatura e depois sorriu.

Eu suspirei, estressada, porque a única pessoa na cidade toda com quem eu queria conversar não estava ali.

Comprei um pote de macarrão para microondas e fui para o balcão para pagar pelo que eu havia comprado, a loira estava totalmente distraída quando passou o produto e disse o preço. Sua voz parecia ter vindo de um conto de fadas, como se houvesse magia em sua voz. Quando eu coloquei o dinheiro no balcão, ela me encarou, como se quisesse me devorar viva, pegou o dinheiro e antes que eu pudesse me virar e sair dali, ela segurou minha mão com força e me olhou profundamente.

“Deixe ele em paz”, ela ordenou, enquanto falava naturalmente.

Um calafrio percorreu a minha espinha enquanto ela soltava a minha mão e eu saia pela porta, sem entender o que havia acontecido. Quem eu devia deixar em paz? Escutei uma risada sinistra vindo da loja. Seria aquilo algum tipo de brincadeira que se fazia com os visitantes.

Eu voltaria naquela loja por mais cinco vezes, em cinco dias e cinco horários diferentes, para tentar encontrá-lo, e em nenhuma das vezes, ele estaria lá.

Fui direto para o hotel, e dessa vez passei pela recepção, porque eu queria algumas informações.

“Olá, Margareth”, eu disse, jogando a isca.

Margareth estava passando as páginas de uma revista sobre decoração, sem demonstrar muito interesse.

“Ah, olá, Bella”, ela me olhava de um jeito estranho. “Está gostando de Forks?”

“Sim”, eu respondi, antes de me encaminhar para a porta, e então voltar e perguntar: “Quem é o responsável pela mercearia?”

“Qual?”, ela perguntou, fazendo de conta que não sabia qual era, depois completou: “A Cullen’s?”, eu notei uma certa hostilidade em sua voz.

“Sim”, eu disse.

“Na verdade, o dono é o doutor Cullen e sua esposa, que se chama Esme, mas, quem fica lá são os filhos adotivos deles”, ela se ajeitou na cadeira, “sabe, eu não gosto de fofoca, mas, parece que a sra. Cullen não pode ter filhos e ela e o doutor adotaram os filhos dos irmãos da sra. Cullen, que morreram há cinco anos. Enfim, são cinco adolescentes que eles mantém em casa”, ela parecia tentar lembrar de alguma coisa, “eu não sei bem os nomes, mas, eu acho que são: Emmett, Rosalie, Alice, Edward e Jasper. E eles são bem estranhos, quase não saem e não conversam com ninguém da cidade.”

Eu sentia que já sabia demais, então, agradeci e fui para o meu quarto, onde comi o macarrão e assisti dois filmes na TV á cabo.

No final da tarde, eu sentia que precisava de ar puro, então abri um pouco á janela e fiquei observando o dia que estava acabando, havia uma mureta que cercava o hotel e da qual, se eu pulasse a janela, eu podia sentar e sentir um pouco de vento no meu rosto. Não resisti a tentação de fumar e peguei meu maço de cigarro.

Doreen veio atrás de mim, e se aconchegou é mim na mureta, enquanto eu terminava um cigarro e acendia outro. Havia uma grande extensão da floresta que ficava á mostra depois da campina de grama baixa que ficava atrás da mureta do hotel, eu fiquei olhando para ela, sentindo a tristeza ceder um pouco, diante da beleza das plantas que estavam ali, e por entre as árvores, eu vi um pequeno clarão de luz, que indicava que havia uma passagem para uma trilha ali.

Quem abe um dia eu arriscaria entrar naquela trilha?

Terminei o cigarro e eu e Doreen voltamos para dentro do quarto, para dormimos.

Eu sonhei naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Agora que voltei, vou terminar essa história!



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