Alavanca Em Saunas escrita por Amarulla


Capítulo 1
Buúdh.


Notas iniciais do capítulo

Boa Leituura.




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 Banhos públicos japoneses fazem tanto sucesso quanto as saunas, tão bem organizadas à moda tradicional.

 O que poucos sabem que reunir pessoas em um único local tem um princípio econômico por trás, evitando que o gasto de energia e água se sobressaia, mas é uma conclusão que qualquer um poderia chegar.

 Também se poderia concluir com facilidade que a Ordem Negra era uma grande organização. Diria até empresa, daquelas que vendem Serviço. De grande porte, com o objetivo exposto em cartazes subjetivos pelos corredores: salvar o mundo.
 A forma como essa missão será subdividida fica por conta da organização, já que não se pode salvar tudo e todos com poucos trabalhadores e obrigações. Temos, como exemplo, a mão de obra qualificada (Por Deus, treino ou o que seja) comumente chamada de Exorcistas, mas que são vistos mais como escravos do que funcionário de luxo.

 Precisamos, também, de uma Divisão de Ciências. Não se pode mudar uma realidade sem experimentos, sem equipamentos ou planejamento. Novamente, mão de obra qualificada e mais do que especializada, mas que na grande Ordem, não passa da sombra dos escravos.

 Coitadinhos, esses são os que mais sofrem. Digo, trabalham.

 E se revoltam, fazendo do serviço uma ponte para diversão. Claro que podemos considerar como diversão o desenvolvimento de substâncias perigosíssimas, afinal, são qualificados demais para levar as coisas tão a sério. Ou, especializados demais para serem normais.
Nunca soube dizer.

Disponibilizamos, com igual valor de importância, de uma ótima base. Cozinheiros, secretários de fachada, chefes, chefes dos chefes, gente que se mete não sei por que diabos, chefes dos chefes dos chefes, mais cozinheiros, arquitetos...

E por falar nesse plano básico de extrema necessidade, o que Komui não conseguia concluir é porque, afinal, permitiram que a infeliz coincidência acontecesse.

 Mal sabe ele que, qualquer coisa, poderia por a culpa no Lavi.


 Numa noite nem tão boa para Allen Walker, estava ele lá, andando pelos caminhos obscuros e úmidos da famosa Ordem. Reclamava baixinho, absorto nas falhas óbvias da missão que acabara de voltar.
Sua distração rendera-lhe um corte transversal na barriga, agora enfaixada a esmo.

 - Ótimo, uma cruz no peito.

 Se queixar, sozinho, do “Maldito Décimo Quarto” não mudaria nada. E apesar dele ter plena consciência desse fato, não deixava de chiar cada vez mais. Passou pelo quarto, pegou a toalha disponível e rumou a sauna pública, já que não era ninguém importante para ter a sua particular.

 Precisava pensar.

 Tirou as roupas no caminho mesmo, distraído. Sabia que naquela hora os jovens estariam dormindo, assim como as mulheres. Só sobrariam os homens, em específico, os exorcistas e a Divisão.

 Estes, então, estão mais do que cansados de vê-lo sem roupa. Para análise ou em lutas extremas, que fique especificado. Ratificado. De preferência, com clareza indiscutível.

 Amarrando a toalha na cintura, com as roupas a tira colo, chegou ao lugar de desejo. Notou uma névoa atípica, mas logo concluiu que seria Komui fugindo dos papéis. Aquele preguiçoso.

 E, no auge de sua necessidade, entrou na cabine.

Primeiro problema: enxergar.
Que raio de névoa era essa não se sabia.

Segundo problema: calor.
Mesmo praticamente nu, estava calor. Muito calor.

Já sentia até as bochechas arderem, os olhos fecharem, a respiração mudar. Cacete, tá quente. E tem muito vapor, só para destacar.
Por consequência, suor.
Imediato? Sim. Ou melhor, quase.
Meu caro, pode acreditar. Tá calor pra diabo.

 E a única coisa que Walker conseguia pensar naquele mar de vapor, era que a sauna estava com defeito e precisava ser desligada antes que acontecesse algum problema maior. Certo, raciocínio bom.
Terceiro problema e talvez, o mais importante: como se desliga uma sauna?

 Eu não sei.
Ele muito menos.

 O jeito tosco e de pouca integridade foi procurar, pelas paredes de madeira, um tipo de interruptor. Perceba a idiotice de Allen, pensando que existiria um botão escrito “Desligue aqui” de fácil acesso no MEIO da área em pura ebulição.

 Fazer o quê, não passava de um exorcista.

 E foi nessa manifestação incrível de inteligência pura e aplicada que, em uma tentativa de sair tateando a extensão do local, puxou uma alavanca.

 Alavanca.

 Curioso, “do nada” seria o emprego correto para dizer quando a... Energia neutra do ambiente mudou.

  - Moyashi...

 Foi assim que ele ouviu a sentença de morte vinda, não de um espadachim explosivo e estressado, mas de um Kanda com ódio reprimido suficiente para que, apenas balbuciando, tenha conseguido eriçar os pelos do corpo albino numa explosão de medo e adrenalina.
Oh, merda.

 - K-kan-

 Ele não viu de onde veio, nem o que era. Só se pôs a xingar, com dedos puxando seu cabelo sem cor até onde quisessem, sem rumo e nem controle de força.

 Ok. Era abuso.

 Podia ter fracassado na missão, mas não perderia para Kanda.

 - Seu desgraçado! – Disse o moreno quando sentiu a reação de Allen, tão simplória quanto sua própria: puxar-lhe os cabelos.

 Imagine, agora, a cena harmoniosa que a situação se deu.
Ambos com as mãos cheias de fios alheios, puxando-os como em uma cômica briga de maricas. Com toalhas na cintura, suor pelos abdomens definidos e expressões raivosas, tensas. E impropérios.
Muitos.

 Suficientes para fazer Kanda mandar os longos fios pastar e segurar a cabeça de Allen com força, pressionando-a, só para que depois o empurrasse com tudo contra a parede. Walker não se assustou, a pressão das mãos nos ouvidos quase o fez ouvir zunidos, mas nada se comparou com o baque surdo do choque contra a madeira.
Acabou que nem ligou pros fios longos que arrebentara do outro, desvencilhando-se sem nojinho.

 Pena mesmo que não teve tempo para pensar, com o demônio vindo para cima de si. E só pode ver, no horizonte dramático da visão perturbada, uma sombra sinuosa ameaçadora.

 - KANDA!

 Outro baque, dessa vez de corpos. Com ele, o ar dos pulmões saiu fugindo da respiração assassina do dito cujo.

 - M-ME ESCUTA! FOI SEM QUERER, EU TE JU-

 Kanda não gostava que pegassem no seu cabelo, nem que usassem como alavanca. Arrastou a cabeça do albino pressionando-o pela jugular, deixando os dedos dos pés sem chão para pisar.
 Visto de cima, quase asfixiado, a figura dele para Allen lembrava o que, para os ocidentais, se compararia a Samara. Muito agradável de ver, por sinal.

Em puro reflexo, acertou um chute lamurioso na barriga sem gordura do espadachim, reunindo sua frustração prévia em um único golpe. A consequência fez com que caísse no chão, enquanto via Kanda abrir uma lacuna no vapor com o próprio corpo.

 Provavelmente indo rachar a parede que colidisse.

 Ou se levantava rápido e bolava um plano, ou estaria realmente morto. O que não dava era para ficar ali jogado com as pernas abertas, arfante e derrotado.
Coçou a cabeça, confuso.

 Eis que, quando Kanda retornou como um furacão, já estava de pé em posição de batalha. Iniciou-se assim uma sequência invejável de treinamento árduo de golpes e esquivas perfeitas, exceto por um pequeno diferencial: o suor. Em poça.

 Essa é a explicação para Allen desequilibrar, esbarrar, cair e se embolar com o espadachim, numa disputa de dominância. O albino sabia que se sentasse nele, conseguiria pará-lo assim como sabia que se ele vencesse, iria apanhar.

 Rolaram e rolaram, dignos de ópera como OST da cena. Em puxões, arranhões, socos e chutes, Kanda venceu.
E Allen, chiou o quanto pudesse, tentando liberar as mãos presas na altura da cabeça. Não deu certo, acabou cansado e teve de parar para respirar.

 Mais uma vez, arfante.

 O que não reparou foi na trégua que recebia, enquanto era fatalmente encarado. Só Kanda poderia dizer o que viu ali, naquela posição homossexual numa sauna fechada.
Homens se subdividem em dois grupos: os que gostam das branquinhas e os que preferem as morenas. Claro que todos não separam mulheres em grupos, então, preferência não dita interesse.
 Mas o que se pode dizer de um homem que não tem atração por nenhum tipo e mesmo assim, sente os lábios secos ao ver um dorso, perfeitamente definido, masculino? Kanda não admitiria, mas a imagem mental que lhe veio foi àqueles lábios citados correndo pela pele macia dele.

 Oh, ele com certeza gemeria. Se fosse virgem, poderia até se contorcer de desejo.

 Sorriu.
Allen viu.

 E uma nova energia discorreu pelo ambiente, lasciva. Arrastada, perigosa.

 Num pouco espaço de tempo, o albino viu os lábios de Kanda se aproximarem. Do seu rosto, de si. Milhões de perguntas foram feitas, mas a neblina o silenciou.

 Expectativa. Tensão de ansiedade.

 Foi o que sentiu, embora não pensasse no porquê. A ideia de tê-lo nessa intimidade curiosa só fazia com que Allen não pensasse em nada.
E por nada, fechou os olhos. Delicado.
E por nada, esperou.


...

 - Que cara é essa, Moyashi?

 Abriu os olhos. Piscou.
Diabos.
Quando os fechou?

Reparou o desdém desenhando-se nos lábios de Kanda conforme crescia dentro de si um desconforto incomparável. Irritado e envergonhado, jogou-o de qualquer jeito pro outro lado.

 Maldito.
Maldito espadachim!

 Levantou emburrado. Espumando raiva e pisando fundo, saiu pela sauna. Até tinha se esquecido de que não enxergava muita coisa.

 Ainda passando pela porta, ouviu a gargalhada sarcástica de Kanda. Alta e dominante. Humilhante.
Realmente, era um idiota.


 No dia seguinte, só existiam fatos. Resquícios de uma briga horrenda na sauna quebrada, uma toalha pendurada e a outra, estranhamente, jogada no corredor da Ordem que ninguém sabia explicar muito bem.


É... Devia ser culpa do Lavi.


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Notas finais do capítulo

Tentando voltar a escrever, maaas... Né. ♥

Descontem a droga que está haha. :3

Obrigada por lerem~

See yaa.



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