– Mas, Lucy! Você precisa vir! A guilda toda vai, então você precisa também! – Natsu ainda insistia pela lacrima de comunicação. – Vai ser um dos eventos mais importantes do ano!

– Ah, Natsu, eu já disse que eu adoraria ver o espetáculo com vocês, mas eu preciso resolver problemas deixados pelo meu pai. – Dizia triste a maga celestial.

Toda a insistência de Natsu não era a toa, todas as guildas de Magnólia se juntariam para o festival de boas vindas especial da Fairy Tail. Seria como o festival que eles faziam anualmente, mas para comemorar a volta do grupo Tenrou. Porém, infelizmente, Lucy não poderia participar por ter que resolver negócios que foram deixados pelo seu falecido pai. Ela ainda não tinha superado esse fato, mas teria que lidar com ele alguma hora, e por que não agora? Também pelo motivo que festivais lembravam muito sua infância, o que certamente a deixaria vulnerável.

– Mas, Lucy... – Natsu ia começar a choramingar de novo, mas antes, por trás dele, Gray finalmente pôde tomar a lacrima para falar com a amiga, que até então estava dando total atenção ao Dragon Slayer.

– Sinto muito por não poder vir. A gente promete festejar por você. Boa sorte! – disse ele apressado, pois sabia que teria seu tempo esgotado quando acabasse a fala, tal como aconteceu.

– Quanto tempo você vai ficar ai?! – Após empurrar Gray, o rosado recupera o controle da lacrima, enquanto Lucy se divertia com a cena do outro lado do comunicador.

– Hum... Acho que uns seis dias. – O mago de fogo abriu a boca para protestar, mas a loira foi mais rápida. – Não, não tem como voltar a tempo do festival, já que ele vai ser um dia antes. – Finalmente aceitando a verdade, Natsu assentiu triste, ele realmente queria a companhia dela.

– Tá... Até mais então, Lucy... – mesmo desanimado, disse com um sorriso no rosto.

Após um dia de viagem, a maga finalmente chega ao seu destino, tendo em mente todo o percurso até o hotel onde se hospedaria durante os próximos dias. Quando finalmente chegou ao local de destino, logo pegou as chaves de seu quarto e desmoronou na cama. Em seus sonhos, ela sentiu como se pudesse ver a guilda no momento, mas não acreditava muito nisso, então apenas aproveitou o sonho.

O sonho trazia uma Fairy Tail noturna, onde todos faziam os mais cuidadosos preparativos do festival. Levy e Laki faziam as fantasias, usando um Gajeel extremamente irritado de molde, Gray e Juvia montavam belas esculturas de gelo, o grupo Raijinshuu em parceria com Makarov montava os carros alegóricos, os irmãos Strauss preparavam a banda e afins. A guilda estava uma verdadeira bagunça, mas já se podia ver um projeto lindo nascendo. Lucy se sentiu muito triste de não poder ajudar, ou sequer ver o espetáculo.

Depois de sonhar um pouco mais com aquela guilda desajeitadamente linda, ela notou que a presença de vários membros fazia falta, como a de Erza, Cana, Wendy, e... Natsu?

“ Não entendo esse sonho, tenho certeza de que ele estaria se empenhando muito em ajudar a guilda! Erza também, Wendy idem. Onde eles...?” Mal completou o pensamento quando foi transportada a outra parte de Magnólia, onde a Dragon Slayer do vento e Titânia estavam distribuindo folhetos, logo a frente também era possível detectar o mago de cabelos rosa que tanto faziam falta no sonho de Lucy. Porém, tinha algo errado com ele, estava triste e desanimado, mas também parecia motivado a fazer algo.

– Tem certeza, Natsu-san? – perguntou Wendy, também desanimada.

– Sim, absoluta, não vou mudar de ideia agora. Eu sinto muito por não poder ajudar vocês, mas prefiro ajudar uma nakama! – disse convicto.

– Você parte amanhã cedo? – Era a vez de Scarlet perguntar algo, tendo em resposta um sim mais determinado ainda. – Você sabe que não dá para ir andando até lá, certo? – Ele assentiu novamente. – E como você pretende sobreviver ao trem e sair na estação certa? Sabe que o Happy vai ficar ajudando nos preparativos, então não vai ter ajuda alguma – completou séria.

– Ela é mais importante que um enjoo! – disse otimista.

“O Natsu não vai participar do festival...?” pensou inquieta. “O que seria tão importante para ele simplesmente faltar em um evento da guilda, que ele tanto me atormentou para ir?”. Duvidas e mais duvidas invadiam sua cabeça, até que invadiram seus sonhos também, o que a fez acordar.

Os próximos três dias do outro lado do mundo foram extremamente cansativos, lidar com finanças e mais finanças por alguns dias consecutivos e sozinhos era uma tarefa exaustivamente chata. Ela sentia falta da Fairy Tail, sentia falta do barulho que nunca cessava, sentia falta das brigas de Levy e Gajeel, das de Jet e Droy, das de Evergreen e Elfman... Sentia falta de Cana e seus mil e um barris de bebida diária, sentia falta das perseguições divertidas entre Juvia e Gray... Sentia falta mais ainda de um Dragon Slayer energético e alegre, que sempre esteve ao seu lado, em todos os momentos, que sempre implicava com ela, mas ainda assim a fazia sorrir... Que a acompanhava em todos os lugares e missões, que sempre invadia seu quarto pela janela sem permissão...

Quando acordou de seus pensamentos, estava chorando lágrimas de saudade. Sim, eram saudades da guilda, das pessoas, dos barulhos... Do Natsu. Após esses estranhos pensamentos sobre ele, percebeu que o silêncio daquele quarto de hotel ajudava muito a pensar. Era como se conseguisse ver dentro de seu coração, e quando encarou os seus sentimentos, fez a pergunta na qual já estava certa da resposta:

– Eu amo ele? – ela tomou coragem e perguntou àquele silêncio misterioso, e quase pode ouvir um sim de seu coração.

Dois dias se passaram desde sua confissão, e até o momento, não conseguia tirar a próxima pergunta que se formou decorrente da outra: “devo dizer isso a ele?”. Dois dias e não tinha a resposta ainda. Tinha certeza que estava a beira de surtar.

“ É hoje... talvez eu consiga ver através de alguma lacrima.” Pensou um pouco tranquila, já que o evento deveria passar em todas as lacrimas existentes naquela cidade. Não havia tantos magos como em Magnólia, mas ainda assim havia magia. Já estava indo até alguma guilda próxima para saber o paradeiro da maior lacrima da cidade, até que notou a presença de uma figura de costas bem conhecida por ela.

– N-Natsu?! – perguntou como se tivesse visto um fantasma. – É... Você mesmo?!

A figura até então calada, se virou para encara-la e sorrir. O coração da maga foi a mil, ela ainda não tinha a resposta, por mais que estivesse certa dos seus sentimentos. Mas, afinal... Oque ele fazia ali?

– Yoo, Lucy! Sentiu minha falta? – disse ele com um radiante sorriso no rosto.

– O que raios você faz aqui?! – Perguntou ainda incrédula.

– Ah, isso... – ele fez uma pausa tentando achar palavras certas. – Bom, eu não queria te deixar só em uma noite onde todos vão estar reunidos, claro que eu gostaria que a guilda inteira estivesse reunida no festival, mas eu sei que você não poderia... Então eu decidi passar o festival aqui contigo!

“Tu tum. Tu tum. Tu tum.” Era a única coisa que chegava a cabeça de Lucy. O garoto que ela tanto amava estava ali, provando que deixaria de estar com vários amigos, só para ficar com ela, em uma noite especial para a guilda, em uma noite especial para ele.

– N-Natsu... Você desistiu de passar o festival com todo mundo por... Mim? – Ela precisou perguntar para confirmar sua suspeita antes de dizer algo errado.

– Mas é claro que sim, Lucy! Você é especial para mim, não ia deixar uma nakama sozinha no dia de um festival onde a guilda toda vai estar reunida! – Terminou a sentença mais uma vez com aquele radiante sorriso que só ele tinha.

“ Natsu... será que você realmente sente o mesmo por mim...?” A duvida continuava martelando a cabeça da loira, mas agora já mais aliviada depois de ouvir um sonoro e apaixonante “você é especial para mim”.

– Então, onde você quer ir assistir ao espetáculo de hoje? – Perguntou com uma lacrima em sua mão esquerda. “ Você pensa em tudo, né?”.

Então foram tendo uma agradável conversa até que chegassem ao limite da cidade, onde acreditavam que seria o lugar mais quieto para assistir ao fabuloso festival da guilda. Andando e conversando por aproximadamente 20 minutos depois, pararam, chegando ao seu destino. Logo ao lado do limite da cidade, havia um pequeno e confortável parque, onde decidiram parar para assistir ao festival.

– Magos e magas! Senhoras e senhores! Assistam agora o festival “Bem Vindos de Volta, Grupo Tenrou!”. Recebam o fabuloso desfile da guilda... Fairy Tail! – O apresentador deu sua introdução animada enquanto a banda liderava uma frota de carros alegóricos. Enquanto isso, do outro lado do mundo, dois magos maravilhados por aquele show de cores e passos tão bem ensaiados por eles. A banda tocava uma música que foi feita pela própria guilda, agora tocada por flautas e tambores. Lucy acreditou que estivesse melhor que o primeiro festival da Fairy Tail que ela esteve, já que na época várias pessoas estavam machucadas demais para entrar no desfile. Agora os carros alegóricos tomavam toda a atenção da plateia. “São tão...”

– Lindos... – Disse Natsu completando o pensamento da maga celestial.

– Sim... Eu gostaria ter pelo menos ajudado eles...

– Não se preocupe, Lucy. Todos sabem que você teria ajudado se pudesse, tá? – Disse o Dragon Slayer fazendo de tudo para anima-la, o que estava gerando um efeito muito positivo a ela.

O desfile continuou por aproximadamente duas horas, com aqueles dois magos comentando cada perfeito detalhe pensados por seus colegas, e várias vezes dando risada dos figurinos cômicos que o mestre os fazia usar, apreciando cada segundo aquela linda representação da ilha Tenroujima de gelo, devido ao tema da comemoração, feita por Gray e Juvia. Quando o último carro sai da passarela, o apresentador anuncia:

– E agora, para encerrar essa linda comemoração que presenciamos hoje, os mais belos fogos de artifício! - E após sua fala, fogos de todas as cores e formas começam a tornar aquele céu morto em um lindo conjunto de cores.

– Uau! – Exclamaram em uníssono e olharam um para o outro. Com todo aquele contato visual, Lucy ruborizou até ficar na mesma cor que o cabelo do Dragon Slayer, enquanto o próprio sorriu com a reação dela.

– Lucy, você gostou de ver o desfile comigo? Eu sei que teria sido melhor se você tivesse visto ao vivo, mas...

– Não, Natsu. Ter assistido o festival, aqui, com você, foi a melhor coisa que aconteceu comigo desde que eu voltei da ilha... Essa noite foi muito especial para mim... – Ela tomou o resto da coragem que lhe sobrava e completou: - Obrigada, Natsu. Obrigada... Ninguém teria feito uma coisa assim por mim fora você... E-Eu... Acho que eu preciso... Falar-te algumas coisas... – Ela provavelmente estava da cor do cabelo de Erza, agora. Pela sorte dela, o rosado a interrompeu sua fala com tudo que ela precisava naquele momento: um abraço dele. Mas não um abraço qualquer, era aquele abraço onde quase se pode escutar o que a pessoa sente, um abraço sentimental e confortável.

– Não precisa dizer nada, Lucy. – Disse com uma voz rouca, que enlouqueceu a maga a um ponto em que ela ouviria aquela voz terna a noite toda. Natsu encerrou o abraço com um gesto fofo e gentil: um beijo na testa. – Não precisa me agradecer por nada. Eu faria isso quantas vezes você quisesse, e a hora que você quisesse. – Ainda olhando para ela, deu um sorriso ladino, que a loira julgou ser perfeito.

– Mas... Por quê? – Indagou com o final do final de sua coragem, olhando-o com olhos pidões, e loucos para saber a resposta.

– Por isso, loira... – E em um pouco mais de um segundo, avançou até a boca da garota, lhe roubando um selinho demorado.

Naquele único selinho, naquele pequeno grupo de segundos, Lucy sentiu um misto fantástico de sensações. Aqueles poucos segundos, foram de longe os melhores de sua vida. Todas as suas suspeitas deram um resultado positivo, então não havia mais motivos para esconder. Quando se preparava para pronunciar as três famosas palavras, as mesmas foram roubadas de sua boca pelo garoto parado a sua frente.

– Eu te amo, Lucy.

E com essa frase, ficaram se beijando apaixonadamente até o final dos fogos, o melhor espaço de tempo de suas vidas, o primeiro beijo dos dois, a melhor experiência também. Quando o ar os separou, a maga só teve tempo de tomar fôlego e dizer um “eu também te amo” antes de começarem a se beijar de novo. Agora, tendo certeza que ambos sentiam a mesma coisa.