TEARS IN BLOOD
Oneshot

Eu simplesmente não resistia. O barulho do grito ensurdecedor das vítimas. O cheiro estonteante do sangue que jorrava de seus corpos. E eu gostava disso. Ele era a causa. Tudo acabou por causa dele.

Sempre me falou coisas lindas. E eu acreditei nele. Eu confiei nele. Mas ele não acreditava em mim. Ele não confiava em mim. Eu era sua diversão. Seu pecado. Seu segredo mais obscuro. Mas, de fato, não suportei aquilo. Não mais.

Eu queria ser a melhor para ele. Mas não, não era. Queria ser a mais importante, a quem ele não esqueceria jamais. De qualquer maneira que fosse.

E se eu gostei?

Sim.

Ele gritava por misericórdia. Gritava por mim. Dizia que eu era sua preferida. A quem garantira-lhe os melhores momentos. Mas eu sabia que não era verdade. Ele, apenas queria livrar-se do que era inevitável. Livrar-se de mim. Mas nesse momento, nada mais me faria voltar atrás. Não agora.

Eu seria seu melhor pesadelo. Seu pior sonho. Assim como ele fora para mim. Assim como nunca me esqueceria sua face. E agora... Tenho a certeza de que ele é quem não se esqueceria jamais de minha face. A face que agora ria descontroladamente. Risos falsos. Maquiavélicos. Sádicos. Risos de pecadora.

E seus olhos me encaravam. Seus olhos imploravam por perdão.

Eu não conheço o perdão.

Eu não conheço misericórdia.

Eu não o conhecia mais.

Tudo, uma sensação de ter vivido em uma ilusão. Agora se resumia em uma arma. Em minhas mãos. Ensangüentadas. Sujas do sangue dele. De morte. Vidas perdidas. Memórias em direção ao céu. Ou ao inferno.

Ele sabia que isso iria acontecer. Mais cedo ou mais tarde, a vida dele se acabaria. Em minhas mãos.

Por minhas mãos.

Mãos que se acostumaram à morte. Á matar.

Mas tudo tem um fim.

Ele teve. E eu também vou ter. E em breve.

Já estava cansada. Por algum motivo... Estava exausta. Uma juventude perdida. Fraca, mas ainda viva.

A vida me cansava. Entediava-me.

Não era mais a minha vida. Era a vida de uma assassina. Que perdera a identidade. Ilusão, apenas isso. Tudo que eu considerava meu, acabou no mesmo momento em que o brilho de seus olhos se apagou. No momento em que suas últimas palavras proferiam “Perdoe-me”.

Afinal, eu não conheço o perdão. Nem nunca mais conheceria.

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