Chegamos ao hotel no final da manhã. Não ficava exatamente no centro de Forks e isso era bom, não poderíamos ficar expostos. Mas a ideia de ficar em um lugar presa por um tempo indeterminado estava me deixando nervosa... O hotel era recém-inaugurado, então não era tão conhecido. Fomos logo para os nossos quartos que já estavam reservados desde o Rio de Janeiro. Lucy e eu dividiríamos um quarto, Edward e minha mãe outro e Jasper e Alice em um terceiro.

– Posso ficar com essa cama? – Perguntou Lucy referindo-se a cama que ficava próxima a janela.

– Claro! – Respondi sorrindo. Me aproximei da primeira cama e coloquei minha mala em cima dela. Depois me joguei na cama a fim de descansar um pouco.

– Forks é uma cidade muito bonita, bem típica de cidade de interior. – Disse Lucy enquanto olhava pela janela.

– É sim, e você gostará mais ainda se tiver a oportunidade de conhecê-la. – Eu respondi abrindo um sorrindo no meu rosto. Enquanto estava jogada na cama, comecei a reparar no quarto que antes não havia notado. Não era muito grande, mas era ideal para duas pessoas dormirem e ficarem aconchegadas. Era pintado em cor de creme e os móveis eram de madeira refinada e pelo cheiro deviam ser madeiras antigas. Enquanto eu reparava em cada detalhe de cada móvel meus pensamentos foram ficando distantes... Eu estava pensando em Leandro que eu havia deixado para trás, mas era o melhor a fazer, não queria o por em riscos. Mas também pensava em Jacob e em tudo o que havíamos passados juntos durante 17 anos da minha vida. Se eu disser que eu havia esquecido Jacob, considere isto uma mentira. Acho que ninguém esquece o seu primeiro e verdadeiro amor, mas por que eu estava tão confusa? Por que Leandro significa tanto assim apara mim e é capaz de me deixar tão indecisa? A única coisa que eu desejava naquele momento, era amar apenas um, mas qual deles seria? Enquanto estava envolta em meus pensamentos acabei pegando no sono e acordando horas mais tarde.

– São que horas? – Perguntei a Lucy que estava sentada em sua cama lendo um livro.

– Quase 5 da tarde... – Ela sorriu. – Bella deixou aqui um frasco com sangue caso tenha sede. E que se precisar ela estará no quarto dela.

– Obrigado Lucy, pelo recado. – Retribui o sorriso. – Sobre o quê está lendo?

– É um livro que fala sobre uma menina que perdeu os pais quando ainda era criança e teve que aprender a lidar com a vida sozinha. – Ela franziu a testa.

– Por que acha que precisa ler um livro assim? – A perguntei e logo em seguida me aproximei dela, sentando se em sua cama.

– Não sei, mas acho que tem um pouco haver comigo. Mesmo Alice e Jasper cuidando de mim, eu me sinto sozinha as vezes. Acho que tem haver com a condição de ser vampira.

– Eu não posso te ajudar muito nessa questão já que sou mista e isso me ajuda muito. O pior lado é ter essa sede insaciável por sangue ou a eternidade eminente. Eu sinceramente não gosto nada disso.

– E quem gosta né? – Ironizou Lucy e rimos juntas. – Eu só tenho a agradecer aos meus pais por eu estar viva agora, mas se eu soubesse antes como seria viver nesta condição, eu teria escolhido morrer.

– Acho que a maioria teria escolhido assim né. – Retruquei.

– Menos a Bella né? – Rimos juntas novamente. – Sua mãe mesmo sabendo o que ela enfrentaria escolheu viver assim, por amor. Eu gostaria de ter um amor assim... – Lucy foi ficando longe e acabou se distraindo olhando para a janela. Levantei da cama sem que ela notasse e me afastei dela, me aproximando do banheiro. Depois de um ótimo banho, coloquei uma calça jeans e uma blusa e voltei para o quarto. Lucy ainda olhava para a janela e ela não percebeu que eu estava saindo.

Encontrei com a minha mãe enfrente ao quarto dela.

– Nessie, que bom vê-la filha! – Ela sorriu e me abraçou. – Está descansada agora?

– É bom vê-la também mãe! E sim eu descansei. – Era bom estar com a minha mãe, eu a amava mais que tudo. – Onde está Edward?

– Seu pai está La em baixo, ele ligar para Carlisle. – Ela me respondeu enquanto pegava em minhas mãos. – Vai tudo dar certo Nessie. – E em seguida ela sorriu novamente.

– Eu espero que sim mãe! – E eu sorri. Eu me sentia confortável em seus braços. Minha vida inteira ela me amparou nos momentos mais difíceis para mim e eu sabia que isso nunca mudaria.

– Você não quer descer? – Perguntou minha mãe e eu sorri. Pegamos o elevador e fomos até o térreo. Passamos pelo saguão e fomos até o hall. Um lugar não muito grande e discreto. Um sofá de veludo vermelho encostado na parede embaixo de um lindo e grande quadro que exibia uma linda pintura de cavalos que corriam no meio de um vasto campo. Meus olhares penetraram o quadro tirando a minha atenção por uns minutos que nem percebi que minha mãe já não estava mais comigo, mas provavelmente com meu pai. Eu resolvi conhecer um pouco mais do hotel. Pude sentir o cheiro do álcool que vinha das bebidas no bar, fui para o mesmo. Me aproximei lentamente do balcão. Um senhor não muito velho estava o limpando. Quase todos os bancos estavam ocupados, exceto por um, no qual eu me sentei. O senhor se aproximou.

– Gostaria de pedir alguma coisa senhorita? – Ele sorriu simpaticamente.

– O que você poderia me oferecer? – Perguntei a ele já que não conhecia muito sobre bebidas. Ele sorriu e pegou o cardápio e me entregou na mão. Eu passei os meus olhos rapidamente sobre ele, mas não encontrava nada que me agradasse.

– Por que você não experimenta o “Sex on the Beach”? - Uma voz surgiu do banco ao lado. Olhei rapidamente e uma menina talvez da minha altura, loira e sorridente, olhava para mim. – É um dos meus preferidos. – Ela continuava sorridente.

– Acho que vou experimentar esse! – Eu sorri, e depois, chamei o tendente e pedi o drink que a menina havia me sugerido. – Obrigada.

– Acho que seu rosto não me é estranho! - Ela fez uma cara de duvida. – Ah! Por quê eu não havia reparado nisso antes?... Renesmee Cullen! – No estante que ela disse meu nome, quem ficou confusa havia sido eu. Ela me conhecia?

– Como sabe quem eu sou... ? – Franzi a testa.

– Não está lembrada de mim? – Ela riu. – Sou eu, Christine Newton. Brincávamos juntas quando éramos crianças! – E naquele instante, a ficha caiu. Como poderia esquecê-la? Christine Newton, a filha mais velha de Mike e Jéssica Newton. Eles foram amigos de classe dos meus pais quando eram do ensino médio.

– Menina, como você está grande! – Eu estava surpresa ao vê-la ali. Ela estava realmente diferente, não parecia aquela menina de oito anos atrás.

– Você também está muito diferente. O rosto é quase o mesmo, mas o resto está totalmente irreconhecível. – Ela sorria e também estava surpresa.

– O que está fazendo aqui em Forks? Não estava morando em Nova York?

– As coisas mudaram, muita coisa aconteceu, eu voltei já tem uns dois meses. – Ela riu. – E você, também não estava fora? Soube que estava morando no Brasil...

– Sim, eu estava. Mas vim visitar meu avô Charlie. – Sorri. – E o que está fazendo aqui nesse hotel, não está na casa da sua mãe?

– Ah sim! – Ela riu. – Estou sim... É que vim encontrar meu namorado, ele está hospedado aqui! – Seu sorriso no rosto não deixava duvidas de que ela estava animada com esse namoro.

– Voltou a pouco tempo e já esta namorando! O que Nova York fez com você menina? – Franzi a testa, nos fitamos e depois nós rimos. Christine era muito tímida e se escondia em agasalhos e calças jeans velhas. Os cabelos sempre presos e sobrancelhas sempre por fazer, essa é a ultima coisa que me lembrava dela. Mas agora ela estava totalmente diferente, os cabelos soltos e extremamente loiros, um vestido prateado que não alcançava seus joelhos, transmitia uma garota totalmente confiante e sociável. O tipo que deixava marcas por onde passava.

– Quando cheguei no meu novo colégio, descobri que as coisas poderiam ser diferentes. Ninguém me conhecia então poderia tentar algo novo sem ter medo. E foi o que fiz, logo no segundo dia, já estava com um vestido amarelo e os cabelos soltos. Também tratei logo de fazer novas amizades. Foi um pouco difícil, mas logo me acostumei com um novo eu, e no final do meu primeiro ano, eu já era a garota popular do colégio. A minha saída de Forks só me fez bem! – Ela me olhava intensamente, eu sabia o que tinha naqueles olhares. De repente um rapaz branco, moreno e com um simpático sorriso apareceu do lado dela, lhe pegando pela cintura. Ela rapidamente se virou, sorriu e o beijou. Depois ela voltou-se para mim.

– Nessie, esse aqui é Ryan! – Disse ela enquanto apontava para ele. Ele se aproximou e me cumprimentou.

– Nessie, é assim que se chama? – Ele sorriu.

– Não, é apenas meu apelido, meu nome mesmo é Renesmee! – Respondi a ele, e retribui o sorriso.

– É um nome curioso, aposto que é em homenagem a alguma bela mulher da sua vida! – Ele esticou a ponta dos lábios dando um pequeno sorriso de canto da boca. Seus olhos me fitavam, me deixando envergonhada. Sim, ele era atraente.

– Sim, mas na verdade são duas belas mulheres. Minhas avós Renée e Esme! – Sorri ao lembrar delas, eu as amava tanto.

– E Bella e Edward, eles estão por aqui? – Christine me perguntou, cortando o assunto entre eu e Ryan.

– Estão sim, mas não sei exatamente onde. – Passei meus olhos rapidamente pelo bar para ver se eu os via, mas sem sucesso. Também me concentrei em ouvir o mais longe que podia, mas também nada.

– Bom, estamos indo lá fora. Vamos dar uma volta pelo centro, quer ir com a gente? – Era Ryan, sendo educado.

– Sabe, eu até gostaria, mas prometi a minha prima que não ia demorar aqui embaixo, e voltaria para assistirmos a um filme juntas. – Menti, é claro. Não poderíamos sair do hotel até sabermos se era seguro lá fora. Com os Volturi atrás da gente, poderia ter espiões deles por todo lugar.

– É uma pena, mas foi bom reencontra-la. – Disse Christine sorrindo. Ryan acenou e os dois saíram. Terminei de beber o drink que eu havia pedido, peguei e também deixei o bar. Fui andando pelo hotel procurando minha mãe e Edward.