Eu o olhava com atenção, ele estava sempre da mesma forma. Parado na estante como se pudesse ganhar vida a qualquer momento.

Meu boneco preferido.

– Dark

Seu nome era esse, seus olhos azuis tão claros, e seus cabelos tão negros.

Lembro de quando brincava com ele.

– Quer mais chá?

Eu perguntava em minhas lembranças segurando uma xícara de mentira, toda a cena montada da minha infância, ele foi o único que sobreviveu com os anos.

Todos os brinquedos e bonecos não eram tão importantes quanto ele.

Às vezes via seus olhos azuis fixos em mim outras vezes sentia um olhar me seguindo pelo meu quarto.

Ele tinha belos Olhos azuis.

Às vezes era como se fosse humano, seus olhos de vidros tinham aspectos verdadeiros e até possuía certa emoção.

Eu não sabia de que matéria ele era feito, mas era macio, rígido, era como uma pele resistente, ele era único para mim.

Os inúmeros dias que passei com ele em minha infância solitária me fazia ter um laço de gratidão por ele.

Muitas vezes o abracei em quanto à tempestade não cessava lá fora e o frio dominava a cidade, Ele era a minha única segurança.

Doce amigo. Doce boneco companheiro.

Mais uma vez senti ser observada por uma presença desconhecida.

Talvez fosse ele esperando o memento certo para invadir meus sonhos e me acolher em seus braços.

Eu sempre desejei que ele tivesse vida, para assim não ficar mais tão solitária.

Agora uma Mulher de 23 anos não pode levar seu brinquedo preferido ao trabalho.

Espero que ele não fique sentido comigo por esquecer ele às vezes.

Um pequeno sorriso surgiu de seus lábios avermelhados.

Não me assustei. Aquilo deveria ser pequenos traços de humanidade.

E alem do mais, ele não iria me fazer mal e eu nem sabia o porquê de tais pensamentos.

Ele era apenas Meu Doce Boneco.