''Lie awake in bed at night. And think about your life...'' Sim, mudei de toque de despertador. Acordar de novo ao som de Fall Out Boy, me faria pegar raiva da banda. Quis renovar e foi o que fiz. Como toque agora, uma musiquinha do 30 Seconds to Mars. 

Já pronta para ir para a escola, desço. Lá embaixo encontro minha mãe, meu pai e Alex tomando café. Como sempre, Alex e eu começamos a zoar um com o outro. 

- Pelo jeito a festinha lá com o seu namoradinho, não foi muito boa. Chegou cedo e sozinha. - disse Alex abocanhando metade de um pão com manteiga

A cena foi meio nojenta. Enquanto ele falava dava para ver a comida dentro da sua boca. Eca! Reviro os olhos e ignoro o momento provocação de irmão mais novo. Volto minha atenção para minha salada de frutas.

Olhando no relógio, vejo que era sete horas em ponto. Dá para ir andando. Chego na escola adiantada, penso. Me despeço dos meus pais e do meu irmão pentelho e saiu. Ligo meu Ipop, deixando tocar The Lasy Song, do Bruno Mars. Fico cantarolando baixinho, quase inaudível. 

Já a meio metro da entrada da escola, eis que vejo uma multidão, tipo uma rodinha ali. De longe, dava para escutar as pessoas gritando ''briga, briga, briga'', outras ''dá um soco de direita, uma chave de braço'' e blá blá blá. Desligo meu Ipop e vou andando na direção da tal briga. Vou me enfiando entre as pessoas, até que chego no centro da roda e sou surpreendida. 

- Mas que merda está acontecendo aqui? - pergunto aos gritos

Matt e Kevin brigando. Ou melhor, aos socos e chutes na frente da escola. Eles parecem nem me escutar, pois continuam parecendo primitivos. Tomo coragem e vou até Matt, o puxo com certa força de cima de Kevin. Ele me olha. Naquela hora sinto a raiva, a fúria e o ódio emanar dele. Confesso que senti um pouco de medo pelo olhar que ele me lançou. Mas em questão de segundos, aquela olhar foi se dissipando. Se tornando algo indecifrável. 

- Vai ter volta, Matt. - disse Kevin sendo ajudado a se levantar por um garoto de cabelos pretos. Amigo dele, aposto

Derrepente, o olhar que antes me deu medo volta. Matt se vira bruscamente para Kevin. Olhando para suas mãos, vejo elas sendo fechadas em um punho. 

- To pagando pra ver, Kevin. - disse com um tom de voz seco, grosso 

Podia perceber a irritação na voz dele. Logo Kevin foi tirado de lá pelo garoto de cabelos pretos. Não sei se foi sorte ou... Foi sorte, pensei. O diretor entrou. 

-  O que aconteceu? - perguntou ele

Matt se virou de costas para ele, ficando de frente para mim. Assim, de perto eu pude ver que ele tinha sinais de briga no rosto. Eu respirei fundo e antes que alguém nos visse ou perguntasse algo, nos tirei dali de fininho, sem ninguém perceber. 

Durante o caminho, fomos um do lado do outro. Sem falar absolutamente nada. Sem trocas de palavras, muito menos de olhares. Eu ia o levar para a enfermaria, mas se fizesse isso, iam perguntar o que houve e provavelmente uma suspensão ou até coisa pior estaria a caminho. Pedi para ele esperar do lado de fora. Entrei na enfermaria sem ser vista e peguei alguns itens de primeiros socorros. O puxei pela mão e o levei até o banheiro feminino. Trancando a porta, colando uma placa na maçaneta, com a seguinte frase ''interditado''. Pedi para ele se sentar em um banquinho que tinha ali. Ele me obedeceu, sem protestar e nem nada. Peguei um pedaço de algodão e molhei na água oxigenada. Ele se retraiu.

- Isso não doí, crianção... - disse rindo da atitude dele

Coloquei lentamente o algodão no local ferido. Ele se retraiu novamente. Revirei os olhos. Alguns minutos depois, já com o rosto menos machucado, terminei. Joguei na lata de lixo o que tinha usado. Fui lavar minhas mãos. Pelo espelho vi Matt sentado ainda, com a cabeça encostada na parede, de olhos fechados.

- E aí. - disse o fazendo abrir os olhos e me encarar - Posso saber o motivo da briga?

Ele balançou a cabeça negativamente. Aquilo me fez bufar de raiva. Dando de ombros peguei minha bolsa e ia indo em direção a porta.

- Acho que... - ele disse, porém parou

Me virei para ele, o encarando. Ele me olhou.

- Acha o que? - insisti

- Esquece. - disse saindo em minha frente

Bufei mais uma vez de raiva. 

- Ah, e Cass. - falou se virando para mim antes de abrir a porta - A ruiva que você estava falando na mensagem. Ela que me agarrou. E não ao contrário

Arqueio uma sobrancelha. Aham, acredito nisso. Balanço a cabeça.

- E vai me dizer que sua boca não quis aquilo. Vai me dizer que suas mãos não queriam agarrar a bunda dela. Vai me dizer também que ficou todo animado porque não queria. Ah, faça-me o favor, Matt. E mais, isso não me interessa. Somos namorados de mentira, ou seja, come em quiser. - disse cuspindo as palavras e o empurrando da frente da porta e saindo de lá

Pude ouvir os passos pesados dele vindo atrás de mim. Entrei na sala. Havia só umas seis pessoas ali. Inclusive, Calli e Nate. Eles me olharam com uma expressão confusa. Depois voltaram seus olhares para a porta. Matt entrava agora. Ele nem cumprimentou eles e seguiu para o seu lugar de costume. Chegando perto deles, mexo com o dedo para que não me perguntem nada. 

A aula de física passa rápido. A aula de geografia, também. A aula de história, parece ser parente de alguma tartaruga, pois nunca vi aula para passar tão devagar assim. Quase dormindo, peço para o professor que me deixe ir ao banheiro. Ele autoriza. Eu me levanto e vou. Chegando no banheiro, passo uma água no rosto. Derrepente, pelo espelho vejo Matt entrar e fechar a porta. Me viro para ele, mas antes que eu diga alguma coisa, ele avança em cima de mim. Deixando seu corpo encostado no meu, nossos rostos a centímetros de distância e nossas respirações super audíveis. 

- O que pensa que está fazendo? - pergunto 

Ele apenas me olha e logo depois me beija. No começo, nos primeiros segundos eu me rebati, mas depois permitir o beijo. O beijo que estávamos dando era diferente. Era algo mais carnal, mais íntimo. Me vejo em cima da pia, sentada. Com Matt entre minhas pernas. Com uma mão na minha nuca, aprofundando o beijo e a outra em cima da minha coxa. Derrepente escutamos barulhos de passos vindo para cá. Cessamos o beijo e nos encaramos. O puxo para dentro de uma cabine e peço baixinho que ele fique quieto, sem falar nada. As meninas entram no banheiro. 

- Cara, ficaram sabendo que a Lizy pegou o Matt na festa? - disse uma menina com uma voz insuportável

Olhei para Matt, que tinha os olhos arregalados. Parecia tenso. 

- Mas ele não namora a tal de Cassie? - uma perguntou

- Sim, mas isso não impediu que ele comesse a Lizy no banheiro mesmo. 

Pronto aquela foi a gota d'água para mim. Não conseguir olhar para Matt, mas de soslaio pude ver sua mão tentar me tocar, porém me afastei. Minutos depois, elas saíram. Sem falar nada, me retirei da cabine e fui em direção a porta, mas antes me virei para Matt

- Pode comer quem quiser, Matt Dixon, o nosso namoro, que nunca existiu, chega mesmo de existir. - sorriu falsadamente para ele e saiu dali

Durante o resto das outras aulas, não falei nada. Nem com Calli, nem Nate. Muito menos com o filho da puta do Matt. Deu onze e meia, fui andando para casa. Chegando em casa, fui direto para o meu quarto, me joguei na cama e fiquei olhando para o teto. Isso tá virando rotina já, pensei. Puis meus fones de ouvido e coloquei em uma música qualquer. Over You, do Daughtry começou a tocar. Ok, legal. Conspiração é? Olha só a tradução da música, disse meu inconsciente. 

As horas haviam de passado, já era nove da noite. Depois do jantar, deu boa noite para todos e subi para meu quarto. Ouço batidas na porta, quando olho era Alex.

- O que quer? - pergunto ríspida

Ele chega perto e me abraça. Estranho aquilo.

- Eu sei como se sente, Cass. É horrível mesmo, mas com o tempo passa. - falou saindo do abraço e indo para o seu quarto

Por um momento paralisei com aquela situação. Não sabia o que dizer, simplesmente suspirei e peguei no sono logo depois.