You Found Me escrita por Bells


Capítulo 1
You Found Me


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.
Vou contar da onde veio a ideia da fic, pode ser?
Assim, eu estava salvando fotos para meu blog nolightnolight.blogspot.com
e para uma das páginas que sou adm, Mais um dia, mais um corte, achei essa foto, e dela veio uma ideia, que originou este conto, história, tragédia ou quem sabe realidade.
Algo que eu sempre gosto de pensar, ou que quem sabe eu não evito pensar, é será que com alguém do mundo inteiro isso já não aconteceu? É claro que sim, pelo menos com alguém. Em 7 bilhões de pessoas, aconteceu com uma.
Acho que sempre tem a porcentagem do 1%
Enfim, ouçam you found me.
Essa fica é dedicada a minha irmã, BibiDutra



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-Onde ela está?! - Ela chegou na delegacia batendo a porta de vidro atrás de si. Os pais adotivos de sua irmã estavam ali. A mãe enrolada no casaco de pele que com certeza havia comprado a pouco tempo e era mais importante que a filha. O pai fumava um charuto ao lado da mãe, nenhum dos dois demonstrava a mesma preocupação que ela.

Ela havia descoberto há um ano que a irmã havia sido separada dela logo que nasceu, foram enviadas para orfanatos diferentes. Ela havia crescido sozinha em um orfanato até completar dezoito anos e se virar sozinha na vida. A irmã havia sido adotada com cinco anos, mas nunca havia recebido a atenção  e carinho que merecia. Não que ela tivesse recebido, mas pelo menos ela não tinha ninguém para esperar que lhe desse isso. Sua irmã possuía duas pessoas, que nunca fizeram nada além de olhar para o próprio umbigo. Ela odiava os pais adotivos da irmã. Eles nunca a protegeram como deveriam, e o desejo dela era protegê-la.

Mas agora ela havia sumido, há uma semana. Os pais não haviam percebido. Já ela havia ligado para polícia no mesmo segundo em que percebeu que algo estava errado. A polícia não se mexeu. Então ela procurou a irmã, em todos os lugares que podia. Ela tentou entrar em contato. De todas as maneiras.

Agora a polícia havia começado a se envolver no caso. Agora eles avisaram os pais que nem queixa haviam dado. Estavam mais calmos do que o normal, apesar da filha nunca ter agido assim. Mas parecia um comportamento tão comum para uma adolescente de quase 17 anos.

Pena que eles não sabiam quantas vezes a filha deles chorou por eles. Desde pequena. Quando tinha cinco anos e foi adotada. Eles lhe deram um quarto cheio de brinquedos. Ela ficou maravilhada. Ela já os amava e o que a fazia feliz era achar que eles a amavam. Aos oito anos as amigas da escola a chamaram de feia e de gorda, ela veio para casa chorando e correu para o quarto junto da mãe, ela queria um abraço, e queria que a mãe dissesse que as meninas estavam erradas e que ela era linda. A mãe a chamou de fraca e o pai riu. Aos dez anos ela gabaritou todos os testes e ganhou a feira de ciência, o pai botou o projeto no lixo, pois ocupava muito espaço, a mãe não assinou o boletim e ela ficou em detenção por uma semana. Com onze anos ela fez um cartão de dia das mães e um café especial, ela  entregou e a mãe a xingou, não pendurou o cartão na geladeira e ignorou o café voltando a dormir, o pai a expulsou do quarto. Ela chorou. Aos doze anos eles faltaram sua apresentação de final do ano. Ela ficou duas horas sozinha esperando eles buscarem ela. Aos treze anos um garoto lhe roubou um beijo, ela contou para mãe que enfureceu e contou para o pai. Ele a surrou e a trancou no quarto. A proibiu de ver o garoto. E ela achou uma lâmina. Ela se cortou pela primeira vez. Aos catorze anos sua mãe engravidou, mas não de seu pai. No final da gravidez ele descobriu, e surrou a mãe, que entrou em trabalho de parto. Mas o bebê nasceu morto. Ela se cortou de novo, pois achou que o irmão seria o único amigo, além do avô que havia morrido. Aos quinze anos a mãe quis se separar, o pai negou, a mãe queria botá-la de volta no orfanato. Ela se trancou no quarto e chorou, ela tomou incontáveis remédios e fez um corte. Ela apanhou por ter passado mal e ter ido para o hospital. Eles a deixaram lá por uma semana sozinha, e quando deram alta mandaram um táxi buscá-la. Ao completar 16 anos ela fumou por causa de seu namorado, ela dormiu com ele e o pai descobriu. Ele a surrou até seu rosto sangrar e ela ficar inconsciente. Ela conheceu a irmã e teve esperança de que tudo ficaria melhor. Há uma semana ela tirou um D em física, a mãe ficou furiosa, e fez um escândalo, ela botou todos os CDs no fogo, junto com os livros e eletrônicos. Ela a chamou de inútil, o pai falou que ela era uma pedra no sapato dele. Os dois disseram que ela não deveria ter nascido, e a culparam por sua vida ser um inferno. Ela chorou e cortou os pulsos. Depois fugiu. E não havia sido achada.

Ela estava preocupada com a irmã, ela havia prometido que a levaria para morar consigo, prometeu que tudo melhoraria. E ela estava prestes a cumprir isso. Quando sua irmã desapareceu.

-Ande! Onde ela está? Se me chamaram é porque a acharam, não é?

-Sinto muito senhorita, a chamamos para saber se tem algum depoimento a dar. Ou se tem alguma informação sobre  o paradeiro de sua irmã?

A mãe adotiva bufou, odiava quando consideravam essa garota irmã de sua ''filha'' parecia algo tão sujo.

-Escute, estou perdendo meu tempo. Ela vai voltar. É uma adolescente. Adolescentes choram, fogem, gritam, são mimados! - Falou o pai como se não fosse nada.

Ela levantou uma sobrancelha e ficou vermelha de raiva.

-Está perdendo seu tempo? Devia ter pensado isso há 12 anos atrás quando adotou uma garotinha órfã no orfanato! Quando se adota uma criança você a adota para dar carinho, atenção e amor! Não para desprezá-la como fez a vida inteira dela! Por que você acha que ela fugiu? Ela está machucada! Você finalmente a magoaram a ponto dela querer desaparecer do mundo! Qual foi a ideia dos dois em adotar uma criança se apenas a maltrataram? E o mais importante o que pensavam o conselho tutelar ao dar a guarda dela a vocês?

A mãe riu.

-A garota nunca bateu bem da cabeça. Nunca se enturmou. Era feia demais para isso. É claro que seria problemática. Nós adotamos um filho porque nossa reputação pedia isso. Agora temos culpa se essa criança é uma rebelde sem causa?

-Rebelde sem causa? Sua cobra!  Ela merecia amor! Atenção! Vocês deram dor à ela! É claro que ela seria depressiva, sua vadia. Você nunca apoio sua filha, você a menosprezou. Nunca prestou atenção na beleza dela e nas qualidades. Não viu que tinha um tesouro na mão. E agora ela sumiu! -Ela acertou um tapa na cara da senhora de quarenta e três anos.

Um policial a afastou enquanto  ela esperneava e berrava falando que queria acabar com a raça dessa vadia sem coração.

-Senhorita controle-se! Não poderemos fazer nada assim! - Manifestou-se o delegado.

Imediatamente ela se acalmou por fora, mas desejava acabar com a raça desses abjetos. Ela sentou-se com a mão na cabeça, conteve as lágrimas e desejou sentir o aperto quente do abraço da irmã. Desejou alisar seus cabelos com as mãos e sussurrar que tudo ficaria bem, dizer que a amava e que estava ali para ela, para sempre.

Mas precisava achar a irmã para fazer tudo. Mas e se nunca a encontrassem?

E por que ela foi embora sem avisar? O quê ela pretendia fazer?

-Qual foi a última vez que falou com sua irmã? - Começou calmamente o delegado.

Ela suspirou. Vincou a testa tentando lembrar.

-No mesmo dia em que ela sumiu. Acho que era 12:30. Estávamos nos falando por mensagem. Ela disse que logo voltava.

-Aham -Ele tomou nota. Ela se sentiu desconfortável - E ela lhe disse o que foi fazer?

-Sim. Falou que precisava mostrar logo a prova e levar ela assinada para escola. Disse que a mãe nunca ligou para as ótimas notas que ela sempre tirava, por que ligaria para a nota baixa? Depois disso ela não voltou mais. Eu fui a casa dela, o pai dela disse que ela não estava em casa. Fui na casa do ex namorado dela, ele disse que não a via há um mês. Fui à escola. Fui ao shopping. A pista de skate. A cafeteria. Ao parque. Fui em todo o lugar que ela vai, que nós vamos.

-Ela não estava em nenhum?

-Nenhuma pista dela.

Ele fitou os pais adotivos.

-Como reagiram a péssima nota?

-Fiamos furiosos. Ela pode dar seu melhor e me aparece com essa nota. Manchará totalmente nossa reputação. Nós a punimos. Demos um fim em seus eletrônicos, livros e cds. Nós lhe falamos umas boas verdades. - Contou o pai.

Ela cerrou os punhos e falou entre dentes:

-Vocês a magoaram de novo! O que foi? Socou ela novamente também?

-Socar? - Interveio o delegado.

Ela meio que sorriu sentindo a justiça.

-Quando eu a conheci, quando eu a encontrei, ela possuía um roxo na face. Achei que havia sido o namorado dela. Ela falou que ele seria o último a fazer isso. Sentamos de baixo de uma árvore e ela me contou toda sua vida. Eu ouvi paciente. Ouvi cada detalhe, ouvi ela descrever como o pai a batia e quantas vezes ela se machucou intencionalmente por estar machucada por dentro. Quando ela foi para o hospital. Eles a deixaram sozinha e mandaram um táxi a buscar quando ela ganhou alta.

-Está me dizendo que eles a agrediam tanto fisicamente quanto verbalmente?

-Exatamente!

-Isso é ridículo - Exclamaram em coro.

-Se fosse mentira ela não estaria sumida!

-Por que não denunciou isso antes, senhorita?

-Ela não deixou. Não os queria magoados, presos, falou que era eles que a criaram e cuidaram dela. Apesar de tudo. Ela tinha de ser grata. Ela nunca faria nada para machucá-los, embora tenha sido tudo o que eles tenham feito à ela. - As lágrimas arderam no rosto dela. Ela lembrou do rosto da irmã, roxo, a primeira vez que ela a viu. Lembra-se de que a irmã chorou e que ela a deitou no seu colo enquanto acariciava seu cabelo. Lembra de ter querido socar a árvore pela raiva de ter sido separada dela e por ela ter sofrido tanto. Ela quis, quer, remediar o sofrimento de todos os jeitos possíveis.

-Oficial, leve esses dois a salas separadas de interrogatório. - O delegado fez menção aos dois ''pais'' que protestaram enquanto eram empurrados pela nuca.

O delegado pigarreou, ela limpou algumas lágrimas que escaparam.

-Está me dizendo que não tem ideia de onde ela esteja? Nem pista? Pensou em todos os lugares possíveis?

-Eu... Eu... - Ela fez um esforço enorme para lembrar, ela deitou a cabeça e soluçou.

Uma luz se ascendeu, como ela havia esquecido logo esse lugar. Ela levantou a cabeça.

-Não. Falta um lugar. - Ela levantou.

-Onde?

-Ela queria ser policial.

Dito isso ela correu para o elevador sem perceber que estava sendo seguida, o elevador subiu com ela até o terraço e ela olhou ao redor desesperada, ela chorou e berrou o nome da irmã;

A irmã se tornou visível. Estava na beirada do prédio. Ela morria de medo de altura então não estava admirando a vista.

Com passos pequenos ela se aproximou da irmã que chorava lágrimas silenciosas.

-Irmã...  -Ela chamou..

A irmã virou e sorriu fraco.

-Você me encontrou.

-Vim te buscar. Você ficará bem. O policial deixará você comigo... Venha vamos.

-Eu não posso ir.

-Claro que pode.

-Sou uma pessoa ruim.

-Não é, venha - Ela estendeu a mão tremula e desejou que a irmã a pegasse para puxá-la para seu abraço e tê-la segura.

-Não posso.

-Ah, meu Deus, por favor, não faça isso. Eu preciso de você, irmã, eu te amo.

-Eu também te amo, irmã.

-Não me deixa. Agora que eu te encontrei...

-Só um pouco tarde... Você me encontrou.

De costas para o mundo a irmã se soltou e caiu. Ela estendeu a mão para pegá-la e quando não conseguiu gritou:

-NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!

Ela subiu no parapeito e observou o corpo de sua irmã cair, as lágrimas do rosto dela ainda o molhavam, e ela estava cada vez menor, cada vez mais perto do fim.

Ela soluçou.

O policial e delegado chegaram. Ela não olhou para eles. Ela apenas se jogou de encontro a irmã e fechou os olhos com as mãos estendidas. Ela alcançou na queda o corpo da irmã e o abraçou soluçando.

-Para sempre. - Sussurrou.

Ambas atingiram o chão, ambas se chocaram contra ele e ambas perderam a vida por um erro de duas pessoas que deviriam lutar para apenas cometer acertos.

 

 

Duas perderam a vida porque prometeram ficar eternamente do lado uma da outra. E ficariam.


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Notas finais do capítulo

Enfim, o que acharam?
Alguém chorou?
Alguém sorriu?
SE CHOREI OU SE SORRI O IMPORTANTE É QUE EMOÇÕES EU VIVI.
oK, parei.
Alguém se identificou?
Quem quer comentar?
Eu adoraria comentários ou uma recomendação, porque ta bonito né?