O Triste Fim De Olívia escrita por naegabs


Capítulo 1
O Primeiro. O Último. O Único


Notas iniciais do capítulo

Queria fazer do conto uma história, mas gostei tanto dele assim que vou postar desse jeito mesmo. Espero que seja de bom grado a todos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/346671/chapter/1

Era uma vez uma menina que se chamava Olívia. Ela era solitária. E um belo dia ela morreu.

Fim, essa é a minha história. É eu sei. Curta, sem esclarecimentos. Mas como um espírito conta a sua própria história? Ok, vamos lá.

Eu tinha 13 anos quando parti daquela que eu estava para onde eu estou no momento. Na realidade não era exatamente aqui, mas era um lugar parecido. Foi uma morte horrível e ainda sinto a sensação de morrer.

Era um dia bonito até, a rua da minha casa era cheia de árvores com flores amarelas que deixavam as ruas parecendo tapetes. E lá estava eu, no mesmo balanço, brincando do mesmo jeito monótono de todos os dias. Sem amigos, somente minha boneca. E então, quando eu menos poderia imaginar, um carro desgovernado entra no quintal e BUM... Morri.

Na realidade não morri naquele momento, ainda estava viva. Mas era tanta dor que parecia que eu já havia morrido. O carro acertou o balanço em cheio e eu fiquei presa nas ferragens tempo suficiente para não conseguirem fazer nada pra me salvar a não ser livrar aquele delicado corpo daquele monte de ferro retorcido.

Eu estava com um vestido tão bonito aquele dia. Acho que era um dos meus favoritos. Vermelho com bolinhas brancas e cheio de rendinhas. Acho que não teria vestimenta melhor para ser morta por um doido bêbado em um volante.

Pronto, essa é a minha triste história. Nada emocionante.

O problema é que, naquele dia, antes de tudo isso acontecer, eu vi um menino. Mas não era o típico garoto de 13 anos que atrai as garotas da sua idade. Ele tinha alguma coisa diferente.

Não era bonito, mas também não era feio.  Era ruivo, um pouco mais alto que eu, e tinha olhos castanhos claros que quase se confundiam com verde. O que me fazia olhar pra ele fixamente era a linda camiseta vermelha com listras brancas. Eu não sei, acho que eu realmente tinha uma obsessão por essas cores.

Só que eu, Olívia, branca que nem papel, loira e de olhos azuis, que pra mim nunca foi um charme, não me sentia linda, nem interessante pra nenhuma pessoa.

Mas pra ele, eu me sentia... Completa. Era como se eu fosse metade dele, e ele fosse minha metade. 

E então, por mais engraçado que pareça, cinco segundos depois que eu o vi ele sumiu.  Sem deixar nenhum rastro. Fui até a calçada para ter certeza absoluta de que ele não tinha entrado em nenhuma das casas vizinhas. Mas ele simplesmente sumiu. Deixei a história de lado e voltei pro meu monótono e velho balanço e quando eu menos esperava aconteceu a catástrofe.

E lá estava a pobre Olívia, presa naquelas horríveis ferragens que estragavam todo o meu belo vestido e perfuravam todo o meu corpo quando de repente, do meu lado, aparece o garoto ruivo. Eu sei, poderia ser minha imaginação, mas não era.  E ninguém via ele. Só eu. E ele estava sorrindo pra mim e estendendo aquela mão franzina, com um pedido tentador de segurá-la. Mas era tão errado. Minha mãe gritando desesperada, os vizinhos se aglomerando pra saber o que havia acontecido, aquele motorista com bafo de cachaça.

Era tudo tão injusto. Eu ali, com 13 anos, toda uma vida monótona pela frente, sendo morta daquele jeito.

E o garoto ruivo estendia a mão pra mim, com aquele sorrisinho encantador, e a tentação falando mais forte. A dor que eu sentia me atravessava com ondas cada vez mais intensas.

E quanto mais dor eu sentia, mais vontade de segurar a mão daquele garoto eu tinha. Mas eu não podia deixar minha mãe. Eu sabia que a amava, que ela era tudo pra mim, que ela iria sofrer minha perda, que nunca mais iria se recuperar. E então, uma dor extremamente forte explodiu dentro de mim, e quando eu achei que não poderia mais aguentar ela, o garoto me abraçou.

Era como se o mundo tivesse parado. Eu via as cenas em câmera lenta. Minha mãe gritando, os médicos me retirando das ferragens e mais nada. Sem dor, sem pânico. Somente o abraço daquele belo garoto ruivo.

E então eu entendi. Eu havia realmente morrido. Mas não era nada comparado a dor, nem a mágoa, nem a tristeza.

Eu entendi que não era pra eu estar mais naquele lugar. Eu não fazia mais parte dele. Eu só fazia parte de uma mísera existência pra entender que aquele nunca foi meu lugar. E quando eu olhei para o lado, lá estava eu de mãos dadas com o garoto ruivo. O sorriso dele irradiava de uma forma descomunal, que me fez entender que aquela era minha verdadeira existência.

Desse dia em diante eu notei que eu não tinha morrido.

Eu vivi, renasci na verdadeira existência que eu sempre deveria estar.

Desde então, cada dia é um belo dia, com todos os sentimentos que não existiam na minha antiga “eu”.

Daquele dia em diante eu notei que nunca foi um fim triste, na realidade aquele dia é mais conhecido como “O belo começo de Olívia.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Triste Fim De Olívia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.