Três semanas se passaram, e eu continuei assim: indecisa. Saia com o Jack, depois me divertia com o Josh. 

Nessas três semanas Julie se afastou muito de mim e Tod, o que é completamente estranho. Toda vez em que saiamos eu, Jack e Tod, ela ficava esquisita e ia embora mais cedo dizendo que estava com dor de cabeça ou na TPM.

Eu não posso mentir: eu sinto algo muito forte pelo Josh, mais forte que qualquer coisa que já senti em toda minha vida...

Mas não posso negar meus sentimentos pelo Jack.

Eu tenho alguma falha no cérebro, só pode ser isso. Estou enrolando dois meninos e nem sei qual eu quero.

Afastei esse pensamento e me concentrei em outra coisa: observar o Josh.

Nós estamos na aula de educação física, os meninos estão jogando futebol, algumas meninas estão praticando dança e outras andando pela escola. E eu estou aqui... sentada.

Tod está se enturmando com os meninos (agradeça a mim e Josh), e os meninos não ligam do fato de que ele é gay. O importante é jogar bem. E por incrível que pareça, Josh é um ótimo jogador.

Escuto o sino bater, pego minha bolça e prendo meu cabelo. Preciso ir para casa antes que minha funcionaria jogue fora meu trabalho de ciências. Ja consigo ouvir ela falando “Aquele trabalho parecia lixo menina, o lugar de lixo é no lixo.”

- Mia gatinha, quer carona? – perguntou Tod se aproximando.

- Claro! Eai? - eu disse.

- Bom, eu decidi que serei jogador. Sabe? Mas não sei se vou aguentar ficar perto de tantos homens bonitos e...

- Mia, ham... eu posso falar com você? – chegou Josh interrompendo Tod.

- Claro! Pode falar. – respondi.

- É meio particular. – ele disse sem graça.

- Tod entendeu! Estou indo... Mia, te espero no carro!

- Ok – respondi e fiquei observando ele se afastar, agora eu e Josh estávamos sozinhos na quadra. – O que você precisa falar?

- Mia... – ele começou a falar, estava realmente estranho, parecia nervoso – Eu quero te falar o que eu sinto por você.

- Josh...

- Não, me escuta. Eu gosto muito de você. Eu não sei se tem algo acontecendo entre você e o Jack...

- Não tem. – interrompi. Ok, não é completamente verdade. Nós nos beijamos uma vez, mas só isso. E eu estava bêbada.

- Continuando – ele disse me dando uma bronca por ter interrompido. Segurei o riso – Eu não consigo mais suportar esse sentimento. Não quero e não consigo mais guardar ele só para mim. Eu não consigo ver você abraçando outro cara que não sou eu, eu não suporto o pensamento de você com outro cara que não sou eu. Quando eu fecho os olhos, você é a primeira coisa que vem na minha mente. Talvez eu seja um idiota por querer você só pra mim, talvez até egoísta. Mas você é minha prioridade. Você é a pessoa com quem me importo desde o dia em que foi na minha casa me dar uma aula de matemática. Qualquer sorriso, qualquer passo e qualquer movimento que você faz me faz querer desmaiar. Eu me sinto um tolo por apenas me sentir assim, nunca achei que isso fosse acontecer... mas aconteceu... você aconteceu.

- Josh...

- Eu só queria te falar isso Mia, se você não sente o mesmo... eu vou entender. – ele disse isso e saiu andando pela quadra.

- JOSH! – eu gritei e corri até ele.

Nesse momento, eu tive certeza. .

O resto desse momento foi como se tivesse sido desenhado, planejado, escrito. No segundo em que ele virou em minha direção eu cai em seus braços e nos beijamos. O melhor beijo da minha vida, (não que eu tenha dado tantos) eu senti como se tudo estivesse certo. Perfeito. Tudo se encaixava.

Eu interrompi o beijo quando a luz da quadra apagou, sinal de que já estavam fechando a escola e se não saíssemos de lá ficaríamos preso.

Não que a ideia de ficar presa em algum lugar por uma noite inteira sozinha com Josh fosse ruim, mas era melhor não arriscar, tenho certeza que alguns espíritos abitam aquela escola.

Corremos para fora da quadra de mãos dadas, sem falar nada. Não era preciso.

Fomos até o carro de Tod, que já estava bravo com a demora. Mas o rosto dele se transformou no segundo que me viu de mãos dadas com Josh.

- POR AFRODITE! – ele gritou – MIA E JOSH? JUNTOS? AMEI! AMEI! QUE BADALO!

- Que “badalo”? “Afrodite”? – perguntou Josh rindo.

- Vocês nunca estão na tendência né? Af, héteros. – disse Tod.

- Josh, você quer carona para ir embora? – perguntei.

- Epa, o carro é meu! Eu decido se ele pode ir. – disse Tod – Ok, ele pode.

- Muito obrigado! Eu adoraria. – disse Josh fazendo uma reverencia para Tod.

- Entramos no carro. Tod dirigindo, eu e Josh no banco de trás.

- Então... vocês se beijaram? – perguntou Tod como se estivesse se segurando a anos.

- TOD! – eu gritei ficando vermelha.

- Não precisa ficar vermelha Mia. – disse Josh naturalmente – E sim Tod, nos beijamos.

- A! – Tod começou a gritar e buzinar. – ADORO! JURO, SEMPRE TORCI PARA VOCÊS DOIS! – gritava Tod fazendo eu e Josh rir.

O resto do caminho foi todo baseado em Tod dando ideias de nomes para nossos filhos, e falando que precisávamos trocar o status do facebook e coisas assim.

Quando cheguei em casa, abri a porta e fui até meu quarto.

Encontrei Julie na minha cama no meu computador.

- Julie? Tudo bem? – perguntei.

- Não, mas vai ficar. – ela disse indo até minha direção. – Olha aqui menina, só porque você é loira de olhos azuis acha que é a única que pode arrumar meninos?

- Ham?

- Isso mesmo, você fica enrolando o Jack e o Josh e eu aqui, sem ninguém. Você se acha melhor que eu.

- Julie, eu nunca disse isso. Por acaso você bebeu?

- Eu aguentei você por muitos anos, mas agora basta. O Jack vai ser meu, e nem pense em ficar com ele mais uma vez, eu juro que venho te visitar e trago um revólver.

- Julie, o que você está falando? – eu disse com os olhos cheios de lágrimas.

- Que eu vou fazer da sua vida um inferno. – ela respondeu sorrindo.

- Eu não quero o Jack! Eu acabei de beijar o Josh, eu quero o Josh. – respondi gritando.

- Então eu também quero o Josh. – ela disse rindo – Tudo que eu quero é fazer sua vida um inferno. E farei o que for preciso para isso.