Seu sangue descia pela minha garganta lentamente, ele era doce e gélido, um bom sabor para se experimentar. Puxava cada vez mais rápido seu sangue e Nicholas reagia com uma respiração forte e profunda. Cada dente de minha boca estavam afiados tornando-se mais fácil a perfuração em sua pele, conseguia ouvir o sangue fluindo de seu corpo tão alto e claro que me dava mais prazer em continuar. O modo como eu estava, aproveitando o gosto o máximo possível, sentindo a sensação da vida se acabando daquela pessoa em meus braços, poderia ser confundida com um animal devorando sua caça.

Parei minha degustação por um barulho que havia escutado, olhei o lado e percebi a presença de Amelia, que havia deixado sua bolsa cair. Ela me olhava assustada com lagrimas no olhar indicando que havia presenciado todo o momento aquela cena. Olhei-a e não entendia o porque do desespero. Foi ai que eu pude perceber o que realmente havia feito, eu havia matado-o.

Lagrimas saiam de meus olhos e minha respiração estava ofegante, comecei a chorar e desesperadamente deixei Nicholas cair ao chão, que até então estava apoiado em meus ombros. Estava chorando desesperadamente tentando me lembrar como e por que eu havia feito aquilo, e como eu pude gostar, estava me segurando em pé para não cair por causa do desespero. Amelia correu em direção a Nicholas que ainda respirava mas com dificuldades, ela se ajoelhou ao seu lado e tentava faze-lo reagir, mas suas tentativas fracassaram constantemente. Amelia levantou sua cabeça que estava cabisbaixa e olhou em meus olhos, suplicando para eu ir embora, pelo menos naquele momento.

Eu não poderia ir, eu teria que ficar... eu teria que ajuda-lo, mas logo percebi que minhas roupas estavam cobertas de gotas de sangue, minha boca estava completamente suja. Como poderia explicar esta situação para qualquer um que pergunta-se? Olhei novamente para Amelia que ainda insistia para eu ir. Andei para trás em pequenos passos ainda olhando os dois, lentamente me virei e corri em disparada deixando algumas lagrimas escorrerem dos meus olhos durante o percurso para minha casa. Antes mesmo de atravessar a rua pude ouvir de longe, o alto grito de Amelia pedindo ajuda, me sentia suja por dentro e por fora, como poderia machuca-lo? Depois disso comecei a correr mais rápido ainda para tentar esquecer pelo menos por um minuto o que tinha acontecido.

Cheguei em casa com minha cara totalmente inchada e roxa, meus olhos estavam vermelhos, e meu aspecto tinha voltado ao normal.. meus dentes agora eram os dentes que eu sempre conheci. Andei devagar pelas escadas para não fazer barulho pois todos estavam dormindo. Fui direto para meu quarto tomar um banho para me limpar. Já estava no banheiro e liguei o chuveiro, entrando de roupa e tudo nele, deslizei ate o chão sentando-me e chorei por horas de baixo d'água. Já eram 6 da manha quando resolvi me despir e realmente tomar um banho. Me levantei e tirei minhas roupas jogando-as ao lado do box. Coloquei meu pijama e ia me deitar para descansar porque dormir seria impossível, minha cabeça estava estourando, a mil, não parava de pensar no que estava acontecendo, quando percebo a presença de um estranho na porta do meu quarto. Levei um susto e pensei em gritar mas logo ela chegou na minha frente tapando minha boca, como um vulto preto de tão rápido não pude vê-la se mover de lugar, simplesmente havia aparecido em minha frente.