–--Noiva?! ---ela me olhou sorrindo abertamente. ---Entre, entre. Fique a vontade. ---disse me empurrando pra dentro da casa. Sorri de felicidade e apertei mais forte a mão do Michael, me sentindo nervosa como nunca.

–--É um prazer conhecer a senhora. ---falei sorrindo.

Ela parecia não saber o que dizer, então olhou pra mim e para o Michael e depois pra nossas mãos entrelaçadas e sorriu satisfeita.

–--Minha nossa. ---repetiu. ---Estou tão feliz por você está de volta, meu filho. ---completou abraçando Michael que retribuiu o abraço com fervor, só que ainda segurando minha mão, me deixando meio torta.

–--Desculpe ter demorado tanto. ---desculpou-se. ---Queria ter vindo antes...

–--Michael! ---gritou alguém no fundo da sala. Um garoto de mais ou menos 14 anos apareceu e fitou Michael com os olhos arregalados. ---Você voltou, cara!

–--É, eu voltei pirralho! ---riu Michael abraçando o irmão me levando junto com ele. ---Sentiu minha falta?

–--Cara, você não sabe... ---então olhou para as nossas mãos e então percebendo que eu estava ali, fitou a gente de boca aberta. ---Você está namorando?

–--Esta é a Sophie. Estamos noivos. ---disse orgulhoso. Sorri e olhei pra Michael, querendo apresentações.

–--Noivos?! Que barriu! ---exclamou o garoto animado.

–--Ah sim, esse é meu irmão, amor, discreto como sempre. ---riu e segurou minha cintura.

–--É um prazer. ---falei apertando a mão do irmão.

–--É um milagre, isso sim. ---falou assustado. ---O prazer é todo meu, Sophie.

Olhei para o Michael, tentando entender por que todos me tratavam com tanta surpresa.

–--O meu irmão é dramático. ---explicou, mas pareceu sem graça por algum motivo.

–--E o nome do seu irmão é... ---falei tentando mudar de assunto, mas não iria esquecê-lo.

–--Liam! Acho que o Michael pensa que todo mundo vai me chamar de irmão por aí. ---disse rindo. Ri também quando Michael fez uma careta.

–--Filho, por que não avisou que viria? Eu poderia ter feito um jantar, e por que não me disse que traria visitas? ---reclamou sua mãe cruzando os braços.

–--Sinto muito, mãe. Não queria dar problemas, eu só queria que vocês conhecessem a Sophie. ---disse e sorriu pra mim.

–--Ele fez o mesmo comigo. Quando já estávamos a caminho daqui, ele me disse que iria conhecê-los. Fiquei em pânico. ---falei sorrindo.

–--Ela ficou com medo de vocês não gostarem dela. Como se isso fosse possível! ---disse e me beijou ternamente. Quando me soltou, vi olhares surpresos em nossa direção, me deixando constrangida.

–--É claro que é, Michael. Eu não sou perfeita, como você diz.

–--Você é exatamente perfeita como eu digo. ---disse sorrindo.

–--E mesmo assim, querida, você não sabe o quanto é especial. Mesmo se não te conhecesse e soubesse que estavam noivos, eu iria gostar de você. ---falou sua mãe sorrindo pra mim.

–--Obrigado. ---agradeci mesmo não entendendo muito bem o que ela queria dizer.

–--Bom gente, vamos ficar aqui parados? Mãe, você não disse que iria fazer uma lasanha? ---falou Liam sorrindo.

–--Tem razão, eu vou fazer a lasanha e depois do jantar, vocês vão me contar exatamente tudo. ---disse sorrindo pra nós dois e entrando na cozinha.

–--Boa sorte. ---sorriu Liam e sentou no sofá.

–--Boa sorte por quê? ---perguntei enquanto eu e Michael sentávamos no sofá ao seu lado.

–--Por que minha mãe não estava exagerando quando disse que quer saber Tudo. ---falou e olhou pra mim. ---Do que você gosta?

–--Um pouco de tudo. ---falei dando de ombros. Ela pareceu impressionado.

–--É fanática por novela das seis? ---perguntou.

–--Que tipo de pergunta é essa, cara? ---perguntou Michael olhando para o irmão com desgosto.

–--Não. ---respondi sua pergunta. ---Mas não tenho nada contra.

–--Certo. Gosta de Anime? ---perguntou. Michael riu.

–--De alguns. ---falei sorrindo. ---Mas, sou fanática por Yu Yu Hakusho.

Ele olhou pra mim com os olhos brilhando e sacudiu Michael.

–--Eu amo a sua noiva! Me apaixonei por ela. ---falou ele admirado.

–--Sinto muito, mas ela já tem dono. ---brincou Michael bagunçando o cabelo do irmão.

–--Cara, que demais, agora eu sei por que você a trouxe pra casa. ---disse abrindo um sorriso enorme parecido com o do irmão. Não entendi o que ele falou e fiquei ansiosa pra perguntar para o Michael depois.

Ficamos conversando sobre besteiras e me vi encantada pela aquela família. Liam era parecido com Michael, só que mais direto e espontâneo, o que o tornava meio louco ás vezes, era incrível de se ver. Depois de um tempo a lasanha estava pronta e fomos para a sala de jantar.

–--Eu queria que o Max estivesse aqui pra ver o quanto você está feliz, filho. ---disse encantada com as gargalhas do Michael e olhando com um sorriso enorme nossas mãos que permaneciam grudadas uma na outra.

–--Ainda bem que não está. ---falou ele e resmungou alguma coisa.

–--O que foi? ---perguntei pra ele.

–--É só que eu não gosto do meu padrasto. ---falou desconfortável.

–--Tudo bem, não vamos falar dele. ---disse e sorriu. Era tanta coisa pra perguntar pra ele depois, que estava com medo de esquecer. Suspirei devagar pensando no por que de tantas coisas ao mesmo tempo.

–--Amor, você está bem? ---perguntou pra mim. ---Está cansada? Podemos ir embora agora se quiser.

Sua mãe ficou triste por um momento, e eu sabia que eu não podia separá-los agora.

–--Não estou cansada. ---o acalmei. ---A comida estava maravilhosa. ---completei olhando pra ela. Ela me olhou agradecida.

–--Obrigada, querida. Eu faria melhor se um rapaz não tivesse me pegado desprevenida. ---brincou sorrindo recolhendo os pratos.

–--Não começa mãe. ---sorriu. ---Quer que eu a ajude? ---perguntou levantando.

–--Não precisa, amor, faço questão de ajudar sua mãe. ---falei levantando e a ajudando a recolher os pratos. Quando estávamos já na cozinha e lavando os pratos, ela olha pra mim na expectativa.

–--Fico feliz que tenha aparecido. ---falou sorrindo. Olhei pra ela, confusa. ---Sabe, a ultima vez que ele esteve aqui, o seu estado era deplorável. Foi a mais ou menos10 meses. Chegou aqui praticamente chorando. Pensei que queria se matar. Nunca o vi daquela forma.

O que aconteceu a mais ou menos 10 meses que pode ter feito o Michael ficar daquele jeito? Pensei um pouco e descobri. O meu namoro com o Jonathan. Foi quando eu disse que iria embora e ele se declarou pra mim. Me encolhi com a lembrança de seu olhar decepcionado contra o meu.

–--E o olhando hoje, vendo o modo como ele te olha e percebendo que a única mulher que poderia machuca-lo seria você, vi que ele chegou aqui daquela forma por sua causa. ---disse, mas não foi em tom acusador, era mais compreensivo.

–--Eu magoei muito o Michael quando achava estar apaixonada por outro homem. ---confessei sabendo que não conseguiria mentir para aquela mulher. ---Até eu estava tentando me convencer de que não estava apaixonada pelo Michael.

–--Eu entendo você, o Michael não era um homem confiável. Você se sentia insegura perto dele?

–--Na verdade não. Nunca me senti insegura perto do Michael. E ele nunca me decepcionou. ---falei sorrindo.

–--Então por que tentava se convencer?

–--Não sei. Acho que eu não queria perder sua amizade. Era tudo muito estranho pra mim. ---respondi encarando a panela.

–--Bom, agora eu só peço uma coisa a você. ---falou sorrindo. ---Que cuide do meu filho. Ele ama você de verdade. Nunca vi algo assim.

–--Eu também nunca senti o que eu estou sentindo por ele com ninguém.

–--Hei, ta acontecendo o que aqui? As mulheres mais importantes da minha vida estão fofocando sobre a minha pessoa? ---disse entrando na cozinha e abraçando minha cintura.

–--Estamos, mas não fique convencido.

–--Eu sou convencido, meu amor. ---disse sorriu. ---e isso é tudo culpa sua!

–--Por que eu te dou muito amor? ---chutei sorrindo, esquecendo por um momento a presença de sua mãe.

–--Exatamente. ---disse e me beijou. ---Mas não estou reclamando.

Ri.

Fomos pra sala de estar e ficamos conversando sobre tudo. Contamos como começamos a namorar, tirando algumas partes estranhas.

–--Caramba, você ajudou um cara a se apaixonar por ela? A cabeça deve ter ficado pesada. ---riu Liam.

–--Por que, Liam? ---perguntou sua mãe.

–--Por causa da galhada que cresceu. Ornnnn! ---imitou um touro com chifres na cabeça. Eu ri e Michael deu um tapa na nuca dele.

–--Idiota!

Rimos e continuamos contando nossa história dando ênfase nas loucuras que fizemos.

–--Michael, não acredito que quis forçar a garota te beijar trancando ela numa sala com você! ---falou Indignada sua mãe.

–--Não foi bem com a intenção de forçar... Eu pretendia ver se acontecia alguma coisa por si só. ---falou envergonhado.

–--Poupe-nos de detalhes sórdidos. ---reclamou o irmão.

–--Então Sofia, você faz o que? ---perguntou sua mãe sorrindo.

–--Eu sou sócia de empresa de computadores. ---respondi de imediato.

–--Você aceitou a promoção? ---perguntou Michael.

–--Eu não te contei? ---falei confusa. Mas depois entendi por que não tinha contado. Envolvia Jonathan. ---Bem, eu resolvi aceitar.

–--Mas... ---ele pareceu se controlar pra não discutimos assuntos pessoais na frente da sua família e apenas sorriu e olhou para a mãe que olhou pra gente desconfiada.

–--É um bom cargo. Barriu. ---elogiou Liam tentando mudar de assunto. ---Vocês vão se casar quando?

–--Daqui a duas semanas. ---respondi toda feliz. ---Já escolhi o vestido.

–--Ah eu queria ter visto, sua mãe estava presente? ---perguntou sua mãe.

–--Minha mãe... É uma pessoa complicada. Mas acho que vai estar presente.

–--A mãe dela é maluca. ---disse Michael, eu dei um tapa nele.

–--Quê isso, Michael! ---reclamou sua mãe.

–--Mas é verdade, estou louco pra vocês a conhecerem! ---riu Michael.

–--Ok, mas e o seu pai? ---perguntou. Michael gargalhou. Eu o repreendi com os olhos. Liam riu.

–--Meu pai meio que... Não gosta muito dessas coisas. ---tentei falar de um jeito que não parecesse que meus pais são imprestáveis.

–--Só de futebol americano. ---respondeu Michael sorrindo.

–--Basicamente isso. ---concordei sorrindo.

O tempo passou rápido e eu sabia que tínhamos que ir embora, mas não queria tirá-lo de perto da sua família. Ele parecia tão feliz e conversava tão naturalmente, na sua feição não existia nada além de felicidade e satisfação. Parecia que tudo estava completo e no lugar certo. Toda vez que ele falava alguma coisa olhava pra mim e apertava minha mãe que passou a maior parte do tempo grudada na dele.

–--Bem, temos que ir. ---disse ele e fiquei feliz de não ser a que ia estragar o clima. ---O papo esta bom, mas está tarde.

–--Vocês tem que ir mesmo? ---perguntou sua mãe com uma tristeza evidente.

–--Podemos voltar amanhã. ---falei sorrindo.

–--É. Estamos cansados mãe.

–--Então vocês podem dormir aqui. ---disse.

–--É! ---Exclamou Liam feliz. Eu via que todos amavam muito Michael e eu tinha que mantê-los o mais perto possível.

–--Tudo bem. ---concordei antes mesmo de pensar. Michael olhou pra mim.

–--Tem certeza? Não precisa aceitar se não quiser.

–--Eu quero. ---falei sorrindo. Michael me olhou agradecido e com uma adoração contida.

–--Ótimo! Estou tão feliz! Venham, vou lhes mostrar os quartos. ---disse a mãe sorrido extasiada.

–--Quartos? ---perguntou Michael sorrindo. ---Só precisamos de um, mãe.

–--Um? Mas... ---ela corou confusa.

–--Nossa mãe, que mico. Eles vão se casar, fala sério. ---exclamou Liam. ---Já devem ter feito o desconhecido. ---completou rindo. Michael deu um tapa na nuca de Liam e este saiu correndo.

–--Desculpe, é tão incomum que... Eu sou careta por que nunca meus filhos apareceram com uma garota em casa, querida. ---disse. ---E espero que demore pra outra garota aparecer aqui! ---completou gritando para Liam.

–--Eu ouvi, mãe! ---gritou Liam de baixo. ---E pode deixar, talvez eu nunca traga!

–--Duvido, se Michael que eu pensava que não ia trazer nunca, trouxe, imagine Liam. ---disse e abriu a porta do quarto.

–-Valeu mãe. ---agradeceu Michael abraçando a mãe. O quarto era lindo e grande. Tinha uma cama de casal enorme no centro.

–--Nossa, é lindo. ---elogiei.

–--É de vocês essa noite. Durmam bem. ---disse e saiu. Assim que a porta se fechou, Michael olhou pra mim, aquele olhar malicioso e cheio de significado escondido. Coloquei minha bolsa na mesa e fui até ele sem tirar os olhos seus dos seus.

–--Viu? Tudo deu certo. ---disse feliz.

–--Me beija, vai. ---implorei e o puxei pra perto de mim. Ele segurou minha cintura e me puxou pra perto. Ele me beijou com toda a paixão que guardou só pra mim assim ficássemos a sós. Joguei ele na cama, ficando em cima dele, e beijei seus rosto todo enquanto fazia carinho no seu cabelo. ---Estou feliz por ter conhecido sua família.

–--E eu estou feliz por minha família ter conhecido você. ---disse alisando a parte descoberta das minhas costas.

–--Certo, pode falar. ---disse sorrindo.

–--O que?

–--Por que todos estavam surpresos comigo. ---falei tocando sua boca com meu dedo.

–--Por que eu prometi que nunca levaria nenhuma garota pra casa. Nunca. ---falou me encarando.

–--Sério? E eles não acharam que era blefe?

–--Não. Eu demostrei que não era blefe. Enquanto você estava fazendo faculdade eu era um canalha.

–--Você não era!

–--Era. ---disse sério me pondo do seu lado e virando-se pra me encarar. ---Eu não prestava nenhum centavo.

–--Isso não é verdade. ---teimei.

–--É claro que é. Mas aí... Você voltou. E eu meio que só vivia pra você. Sem nem saber o porquê. ---falou e beijou minha orelha. ---Acho que minha mãe pensou que eu nunca iria me apaixonar.

–--Você acha que ela gostou de mim?

–--Eu não acho. ---disse e sorriu. ---Eu tenho certeza. ---riu e me beijou. ---Eu te amo mais que tudo.

–--Não mais que eu. ---falei e tirei sua camisa.

***

–--Então... Realizada, satisfeita, estupidamente feliz, ou absolutamente feliz? ---perguntou Michael enquanto andávamos até em casa depois de uma viagem longa.

–--Que tal cansada?

–--Sério? De todas as opções que eu dei...

–--Eu estou todas essas opções e mais uma. ---ri. ---Estou muito cansada, mas muito feliz.

–--É tudo o que eu queria ouvir. ---disse e me beijou.

–--Enfim encontrei vocês dois em algum lugar. ---falou alguém atrás de nós. Quando eu olhei era Jonathan sorrindo, mas contrariado com o que via. Não mais que eu, com certeza.

–--Jonathan? ---perguntou Michael totalmente surpreso com o que via. ---O que está fazendo aqui?

–--Você parece surpreso em me ver. E nada feliz, devo acrescentar. ---disse com as sobrancelhas juntas. Michael respirou fundo pra se acalmar e eu pensei que ia ter um troço. O que eu mais temia aconteceu e eu estava chocada demais pra fazer qualquer coisa.

–--Você está certo. ---disse Michael com desprezo. ---Não estou nada feliz em te ver.

–--Mas não justifica estar surpreso. ---falou Jonathan levemente confuso. ---Sophie não disse que me viu?

Michael olhou pra mim na mesma hora e eu vi confusão nos seus olhos azuis. Depois magoa quando eu não falei nada pra contrariar.

–--Não. ---disse. ---E há quanto tempo está aqui?

–--Já faz algumas semanas. Estou feliz por estar de volta. ---disse feliz. Eu queria esganar o Jonathan por trazer discórdia pra minha vida. Michael respirou fundo de novo.

–--O que está fazendo aqui, Jonathan? ---repetiu de novo com um tom ameaçador.

–--Vim ver como estão ás coisas aqui...

–--Mentira. ---falou ele. ---Você veio por causa dela, não é? Seu filho da mãe! ---e num piscar de olhos Michael estava em cima do Jonathan. Eu fui até ele e tentei tirá-lo de cima de Jonathan que lutava pra respirar.

–--Michael, pare com isso! ---exclamei assustada. Ele se afastou, mas seu olhar estava virado pra mim. Ele se afastou sem falar nada e antes de segui-lo lancei um olhar de raiva pra cima de Jonathan que me olhou afetado.

Tentei acompanhar Michael que andava como se estivesse possuído na minha frente. Assim que chegamos em casa, ele jogou as malas no chão e sentou no sofá. Fechei a porta com as mãos tremendo, não por medo, mas por culpa. Virei devagar e o encarei nervosa com seu estado. Ele estava do jeito que achava que ficaria com á noticia.

Michael...

Ele olhou pra mim e vi uma agonia nos seus olhos que nunca tinha visto antes. Uma lagrima caiu do meu rosto e limpei rápido.

–--Michael...

–--Por que não me contou, Sophie? Em? ---falou ainda sentado olhando pra mim. ---Por acaso ainda sente algo por ele?