---Está linda! ---Exclamou Jane olhando meu vestido de noiva, embasbacada. Não existia palavras para o que eu via. Meu coração acelerou quando eu me vi no espelho e notei que aquele vestido pertencia á mim. Sem perceber soltei o ar que ainda me restava e á procura de mais ar, coloquei minha mão no peito. ---Sophie, você está bem?

Pronto! Eu ia ter um ataque cardíaco. De repente, minhas mãos começaram a suar frio, e eu senti um arrepio subindo pela minha espinha. Um arrepio bom.

---Está muito apertado? ---perguntou preocupada, vindo me socorrer. Eu balancei minhas mãos pra indicar que eu estava bem.

---Tudo bem. ---só consegui dizer isso, por que eu estava definitivamente tendo um colapso nervoso. Eu vou me casar! Com o cara que eu amo mais que tudo. Olhei para o anel que ele me deu e me lembrei de quando fiquei quase um mês admirando seu brilho e de como encaixava perfeitamente no meu dedo. De repente, comecei a chorar admirando o vestido lindo que me encarava de volta. ---Não, eu não estou bem. ---Funguei.

---Ai Deus, você não gostou do vestido? ---perguntou Jane assustada. Também! Até eu estava assustada com a minha reação. Eu queria responder que amei o vestido, mas eu não conseguia falar, invés disso abracei á Jane, que me olhou perplexa. ---Tudo bem. Tudo bem. ---Disse me dando tapinhas nas costas.

---É lindo... Eu amei. ---murmurei entre lagrimas. Depois de me controlar um pouco, Jane me olhou preocupada.

---Se gostou, por que está chorando? ---perguntou.

---Por que estou emocionada. ---expliquei. ---É o vestido que eu imaginei entrar na igreja. ---Eu queria completar: “ E ver o Michael babando nele”, mas na época que eu me imaginei num vestido desses, não imaginava que o homem no altar era o meu melhor amigo. Sorri com a mudança.

---Que ótimo. ---falou Jane sorrindo, acho que Jane é a pessoa mais feliz com esse casamento com exceção de mim, é claro! Ela adora o Michael o que me deixaria com ciúmes, se eu não soubesse que ela é fã de nós dois juntos. ---Vou falar com a Karoline.

Suspirei a vendo sair correndo á procura da minha vendedora.

Então lembrei do dia em que o Michael me pediu em casamento:

Flash Back!

Depois de um dia cheio e cansativo, não via a hora de voltar pra casa. De ver o rosto mais lindo do mundo e de me aconchegar nos seus braços até esquecer os problemas do meu dia e só ter seus lábios nos meus.

Com um suspiro de cansaço abri a porta de casa esperando encontrar a casa vazia, como sempre, já que o Michael tinha arranjado um emprego que o libera depois de mim, Quando encontro á casa cheia de pétalas de rosas e velas espalhas por todos os lugares. Meu coração pulou uma batida e eu pensei que ia cair no chão.

Por mais que o Michael já tenha feito isso antes pra me preparar para as futuras declarações de amor, eu ainda conseguia ficar surpresa com essas coisas. Flores e depois isso!

Quando Michael apareceu, segurando uma caixinha e sorrindo daquele jeito que me faz ficar tonta, eu não aguentei e caí de joelhos no chão.

Dor. Meu Deus, é doloroso cair de joelhos.

Michael veio até mim correndo, todo preocupado e eu me senti a pior pessoa do mundo, por acabar com a sua surpresa romântica.

---Meu amor, você está bem?---perguntou preocupado. Eu tentei responder com clareza, sendo que a dor estava tomando cada pensamento da minha cabeça.

---É lindo... ---murmurei tentando sorrir. Ele sorriu de lado e me carregou até o sofá, onde me colocou no seu colo delicadamente, como se eu fosse uma pétala de rosa. Depois passou ás costas da sua mão em meu rosto. Inclinei a cabeça, buscando mais.

---Eu pensei que já estava preparada pra uma surpresa assim. ---sussurrou sorrindo. ---Eu não sabia que ainda reagiria dessa forma.

---É só com você. ---falei encarando seus olhos azuis. Ele me olhou sem entender. ---Qualquer coisa que você faz, me leva a loucura. Qualquer coisa que você diz, pode me causar um desmaio.

---Eu não sabia que eu surtia esse efeito em você. ---sussurrou sorrindo de lado. Ai Deus, ainda bem que eu não estava no chão, provavelmente eu cairia.

---Não sabia? ---falei com ironia. ---Você fez de proposito! Tenho certeza, que armou tudo isso pra me fazer cair em seus braços.

Ele riu. O som mais lindo do mundo.

---Pode ter certeza que eu preferia que você caísse em meus braços. ---disse. ---Mas, acho que o chão foi mais rápido.

---Sinto a dor até a agora. ---falei normalmente, Michael olhou pra mim preocupado e depois olhou para o meu joelho. ---Não, Michael, eu estou bem. Já está passando... ---minha voz morreu quando ele se inclinou e beijou bem delicadamente meu joelho. Juro que a dor passou quando a única coisa que eu conseguia sentir era seus lábios na minha pele.

---A dor passou? ---sussurrou inclinando-se pra mim, com um sorriso. Eu retribuí o sorriso e coloquei minhas duas mãos uma de cada lado do seu rosto;

---Eu te amo, sabia? ---sussurrei bem perto do seu rosto.

---Eu já imaginava. ---brincou sorrindo e me beijou apaixonadamente.

Segurei seu cabelo como se minha vida dependesse disso, como se esse fato impedisse qualquer coisa de me tirar daquele beijo. Meu coração batia tão forte que achei que ele ia sair do meu peito, mas me mantive firme, por que eu nunca quis tanto uma coisa. Ele segurava minha cintura com tanta força, que achei que ia me desfazer nos seus braços, mas não era uma força que machucava, era mais como uma possessão, sabe? Como se ele estivesse deixando claro que eu era dele e de mais ninguém.

De repente, consegui respirar de novo, por que seus lábios descolaram do meu por um momento, e eu percebi que eu estava grudada a ele de todas as formas possíveis. Não existia uma parte minha que não estivesse na dele.

---Ainda não. ---arfou sem folego de olhos fechados.

Fiquei decepcionada. Quero dizer, depois de um dia cansativo de trabalho, imaginava encontrar o Michael e fazer o que eu passei o dia todo querendo fazer.

---Não? ----perguntei confusa. Ele me beijou assim, pra me deixar louca de vez, então.

---Não. ---murmurou parecendo se divertir com a minha decepção. ---ainda não...

Ele me tirou do seu colo, e eu sentei no sofá, totalmente confusa. Depois percebi que devia ter um motivo para o Michael fazer essa surpresa pra mim...

Quando ele voltou, segurava uma caixinha preta e me olhava sorrindo. Eu não conseguia pensar. Alias, eu duvido que eu sequer esteja respirando.

---Michael, o que é isso?

---Não entre em pânico. ---avisou no momento em que se ajoelhou na minha frente. Minha respiração já nem existia mais. Fiquei olhando para aqueles olhos impenetráveis. ---Eu já perdi a conta... ---continuou olhando pra mim. ---... De quantas noites sonhei em casar com você. De quantas noites desejei que você percebesse que eu era o cara certo. ---ele fez uma pausa. Respirou fundo e voltou a me encarar. Seus olhos brilhavam agora. ---Não sabe como fiquei feliz quando disse que me amava. E não sabe o quanto vou ficar feliz em fazer você á mulher mais feliz do mundo. ---então abriu a caixinha preta. Um anel fino dourado, e nele tinha escrito: “Eu te amo”. Era o anel mais lindo que eu já tinha visto.

Sem perceber derramei uma lagrima e sorri.

---Você aceita ser minha mulher? ---perguntou feliz pela minha reação. Eu peguei o anel, coloquei no meu dedo e admirei o anel que ficaria pra sempre no meu dedo.

---Não. ---respondi, ainda olhando o anel. Depois olhei pra ele, e o vi me encarando confuso. ---Por que eu já sou sua mulher.

Ele riu, aliviado e me beijou. Depois á centímetros do meu rosto, murmurou:

 ---Que tal minha esposa, então?

---Eu pensava que nunca faria essa pergunta. ---brinquei sorrindo. ---É claro que sim.

Ele me agarrou. É a única palavra viável. Não que eu me importe, alias achei até que demorou pra ele me agarrar daquele seu jeito possessor, que gosto de pensar, é sua paixão por mim.

---Eu te amo, sabia?---disse beijando de leve meus lábios á caminho do quarto.

---Eu já imaginava. ---repeti o que ele falou pra mim, e foi nesse momento que eu puxei ele pra cama.

***

Sorri de orelha á orelha lembrando do dia mais feliz da minha vida. Que foi exatamente á três meses atrás. Nem acreditava que já tinha se passado tudo isso desde o dia em que coloquei pela primeira vez esse anel no meu dedo.

---Consegui! ---gritou Jane. Me assustei e a encarei. Acabei pisando no vestido, assustada.

---Conseguiu o que? ---perguntei chocada. Fui tirada dos meus devaneios tão abruptamente que minha cabeça parecia girar.

---Ora, Sophie, eu consegui fazer a mulher ajeitar seu vestido em menos de duas semanas. ---Disse orgulhosa. ---Ela disse que era impossível, mas eu fiz a cabeça dela.

---Sério? ---Sorri aliviada. Fui até Jane e a abracei. ---Obrigada.

----Você sabe que é um prazer! ---Falou com um olhar significativo. Na mesma hora uma dor invadiu meu peito. Eu queria desesperadamente ver o meu futuro esposo. ---Que cara é essa? ---depois se lembrou. ---Ele ainda não voltou?

---Não... ---falei mexendo desajeitadamente no vestido. ---Ele ainda não me ligou desde ontem.

---Será que aconteceu alguma coisa? ---perguntou sem querer. Pelo menos, eu acho que foi sem querer, já que, como amiga ela já devia saber que eu agiria da forma que agi. Comecei a ficar preocupada, afinal Michael sempre ligava quando viajava a trabalho.

---Será? Mas... Eu vou ligar pra ele. ---falei rápido pegando meu celular e discando seu número rapidamente. Chamou e ninguém atendia. A ligação caiu e eu pensei que ia cair também. ---Jane, O que aconteceu?

---Eu não sei. Nem sabia que ele tinha viajado! ---tentou, mas eu estava em pânico. E se o Michael tivesse se metido com alguma gangue ou até traficantes? Não de proposito, mas o Michael é desconfiado como eu, talvez... ---Sophie! Tenha calma, o Michael só deve estar ocupado, ou o telefone pode ter descarregado.

Frustração. Tentei ligar mais uma vez. Nada.

---Algum problema? ---perguntou a estilista.

---Meu noivo sumiu! ---exclamei nervosa.

---Não sumiu, ele só não está atendendo ás ligações. ---disse Jane suavizando o pior.

---Será que ele não tem outra? ---falou a estilista com pena. Eu tive vontade de voar em seu pescoço. ---Desculpe.

---Tirem esse vestido de mim agora. ---falei estressada.

---Não fale assim. O vestido não tem culpa. ---reclamou Jane. Eu realmente não gostava de colocar minha frustração no vestido, mas eu estava nos nervos.

---Eu preciso tentar falar com o Michael. ---falei apenas, tentando de novo ligar pra ele.

**

---Chama, chama e ninguém atende! ---exclamei revoltada. ---O Michael sempre liga, Jane! Sempre!

---Eu sei. ---tentou me tranquilizar.

---Estou tão preocupada! ---falei nervosa. Estávamos andando até minha casa, esperando que o Michael retornasse minha ligação.

---Você não estava preocupada até eu falar aquilo pra você. Eu e minha boca grande! –disse.

---Você só fez eu perceber que não é nem um pouco normal o Michael não ligar! Na verdade, eu estava afastando esse pensamento, até que você falou e eu percebi que não era paranoia minha! ---falei rápido.

---Ele vai ligar, provavelmente só aconteceu um imprevisto.

---Um imprevisto não o impediria de ligar pra mim! ---exclamei preocupada. Tudo bem, eu posso estar parecendo uma maluca obsessiva. Mas, caramba, a ultima vez que ele não atendeu o celular, ele estava preso.

---Acho melhor você voltar pra casa e descansar. Tenho certeza que ele está bem. ---tentou Jane. Eu sabia que ela estava certa. Quero dizer, sobre eu descansar em casa. Mas, eu também sabia que meu cérebro não iria descansar até encontrar o Michael na sala bebendo sua cerveja. Simples assim.

---Tudo bem. ---falei cansada. Sinceramente, minha vida não é fácil, quero dizer, hoje foi um dia perfeito, em que eu experimentei o meu vestido de noiva. Chorei de emoção e tal, e agora estou assim, como se nada disso importasse, e não importa mesmo. Não sem o Michael.

Andei até em casa, exausta e com vontade de chutar a lixeira daquele vizinho louco que não gosta do Michael. Se o Michael desaparecer vou culpar ele.

Abri a porta de casa e me deparei com a casa vazia. Como estava á uma semana desde que o Michael tinha ido numa viagem de trabalho. Coloquei minha bolsa no sofá e fui para o quarto. Nada. Nunca senti tanta falta de alguém em toda minha vida. É como se um pedaço de mim tivesse ido embora.

Precisava entrar na minha banheira e relaxar antes que eu tenha um ataque cardíaco. Tirei minha roupa, depois me enlacei na toalha, pronta pra me afogar, quero dizer, relaxar.

Mas, quase cai dura no chão de tão aliviada, quando vi que minha banheira já estava ocupada. Esse invasor olhou pra mim, e abriu aquele sorriso que me faz sair do chão.

---Oi, amor. ---murmurou olhando pra mim com aqueles olhos azuis penetrantes.