O Sol Da Meia Noite escrita por Midnight Sun


Capítulo 1
Sin'dorei: Cicatrizes Além da Carne




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O sol brilhava imponente naquela manhã. Seus feixes de luz incorporavam-se aos formatos de Quel'thalas e retocavam a beleza estonteante das formosas árvores da Floresta do Canto Eterno.

Os jovens elfos brincavam ao ar livre enquanto eram acompanhados por seus instrutores durante os ensinamentos diários de práticas mágicas que aconteciam por todos os santuários ao redor de Silvermoon. Todos felizes, cumprimentavam-se e agradeciam por aquele dia fabuloso e abençoado pela Sunwell.

A cidade estava adornada para as comemorações de solstício. Muita bebida e comida envolviam os elfos enquanto esperavam pelas apresentações principais onde o Rei Anasterian Sunstrider celebraria a abertura do evento com seu filho Kael'thas, que visitava a cidade após um longo período em Dalaran.

A música estava alta e muitos dançavam até que trombetas soaram. Era o anúncio de que o Rei se pronunciaria em breve.

Muitos já aguardavam ansiosos pela apresentação, locados bem próximo ao Espiral Sunstrider, onde o pronunciamento começaria e prosseguiria uma caminhada em direção à Sunwell. A caminhada retratava o êxodo dos seus ancestrais para as terras do sol eterno e as batalhas enfrentadas para que se firmassem, findando com a criação da própria fonte de poder élfica.

Enquanto os festejos continuam, Anasterian se prepara na sala do trono, fixando as presilhas de seu peitoral de placas, ajustando seus braceletes caprichosamente e por último Felo'melorn na sua cintura. Sua armadura resplandece a grandeza do rei de Que'thalas, o mais amado de todos os tempos.

– Está preparado, meu filho? - Pergunta o alto rei ao virar-se para verificar os trajes de Kael’thas.

– Pai, você sabe que não me interesso por estes eventos. Você estaria melhor se eu não participasse. Aliás, fique ciente que regressarei a Dalaran com o término dos festejos.

– Deixe de resmungar e se apresente impecável. Todos estão se divertindo lá fora e esperam por estas festividades o ano inteiro. Além de ser uma ótima oportunidade para novas conquistas. - Anasterian se aproximara para ajustar as vestes do filho.

– Como se fosse verdade. Ninguém vai à guerra, pai. É só uma festa entediante.

– O que foi que disse? - Uma risada reverberante do Rei ecoa pelo cômodo – Você realmente precisa se divertir mais. Se passasse mais tempo junto ao seu povo ao invés dos humanos gananciosos e corruptos do kirin tor, você encontraria alguém que...

– Essa conversa novamente não. - Kael’thas se afasta interrompendo o pai.

– Desde que a maga humana te rejeitou, você simplesmente... - O rei tentava retomar a discussão.

– Pare! - O olhar intimidante transparecia um rancor quase furioso.

– Meu filho, só quero que perceba que aqui é o seu lugar e que meu reinado está minguando. Um dia você deverá tomar a responsabilidade e liderar nosso povo.

Kael'thas disfarça a raiva e consente sem fitar os olhos do seu pai.

– Podemos ir? - Disse ao pai enquanto seguia se aproximando dele. Anasterian sorriu e voltou-se contra a saída da câmara.

Do lado de fora, as trombetas soaram mais uma vez. Dois magos que estavam de prontidão, após ouvirem o som que anunciara a aparição do rei, conjuraram chamas que dançavam ao céu enquanto tomavam formas aladas. As chamas se entrelaçaram, brilhando intensamente até que se chocam e formam o símbolo da dinastia Sunstrider, que também representa a civilização élfica - uma fênix flamejante.

Os expectadores vibraram aos gritos e aplausos!

Quando as centelhas das chamam se dispersaram, o rei de Quel'thalas e seu filho estavam de pé, a frente de seu povo. Kael'thas um pouco menor que seu pai ficara a poucos passos atrás dele e a sua direita, representando a linhagem da dinastia e sua posição na sucessão do trono.

O povo estava eufórico e gritava pelos nomes do pai e filho. Muitas elfas se animaram ao ver que Kael'thas participaria este ano e tentavam chamar a atenção deles repetidamente. Elas não passaram despercebidas aos olhos do rei e tão pouco aos do filho, que permaneceu estático quando seu pai se virou para ele e perguntou:

– Não me parece tão ruim, não é verdade? – Um sorriso vibrante acompanhava a pergunta de Anasterian ao príncipe.

O rei acena a todos, ainda com o sorriso no rosto, e aos poucos declina sua mão. O barulho da multidão diminui à medida que seu movimento se prolonga até restar somente sua voz:

– Anar'alah Belore! Sua empolgação com as comemorações deste ano deixam-me demasiadamente alegre e satisfeito. Nós fomos abençoados ao partirmos as correntes que nos prendiam à escuridão do passado e de fincarmos nossas raízes nesta terra maravilhosa. Nossa raça e cultura florescem, assim como os descendentes de nossa linhagem ancestral; As ameaças de outrora já não existem mais e a Sunwell ilumina e abraça cada um de nossos destinos. Porque, antes de tudo, somos todos belore'dorei - filhos do sol!

Mais uma vez o sentimento de entusiasmo contagia a multidão e uma salva às palavras de seu rei emerge retumbante.

Ao longe, escuta-se o soar do vento cada vez mais forte e próximo. O silêncio então consome Silvermoon completamente e aos poucos os vigorosos tons da cidade empalidecem diante das sombras que, antes quase imperceptíveis, crescem abruptamente em direção ao local onde ora o rei cumprimentava sua nação. A expressão do príncipe está totalmente diferente da qual sustentava momentos atrás, sua face parece ter sido imbuída pela pura insanidade e sua juventude havia sido substituída por cicatrizes que emanavam energia vil.

Em meio às milhares de faces aturdidas, os olhos dourados de um jovem elfo fitam Kael'thas e Anasterian. Enquanto todos parecem estáticos, num torpor sobrenatural que consumia a cidade. O agora perturbado príncipe saca Felo'melorn da cintura de seu pai enquanto pronuncia:

– Você está terrivelmente errado, pai! A partir de agora, e para sempre, nós somos os Sin’dorei! E nossos destinos estarão mergulhados em sangue.

O jovem elfo é o único que percebe a ação, desesperando-se.

Repentinamente, o filho insano encrava a espada lendária no coração do Alto Rei. O impacto da espada atinge não só Anasterian, mas todos os elfos, como se fossem um, compartilhando o sofrimento, fazendo-os cair de joelhos. O sangue escorria exuberante, transmutando as cores da cidade enquanto o vento assolava com frígidas correntes de ar. A dor e agonia tornam-se insuportáveis.

Por um instante, imagens desconexas surgem em flashes rápidos e embaçados, entre eles notavam-se: A ameaça de Kael’thas e seus seguidores; As sombras e chamas do senhor da legião ardente, Kil’jaeden, fluindo pela própria Sunwell; Um leviatã de sombras e fogo brotando dos confins do mundo; Os olhos ardentes de fúria dos trolls de Zul’aman; e por último um eclipse solar devassa as terras do sol eterno, consumindo a luz das florestas e da cidade, remanescendo apenas uma coroa de luz avermelhada como sangue em torno do sol e a absoluta escuridão.

Com o fim de tal visão, a consciência do jovem elfo retorna para si como se tivesse sido arrebatada e então ele grita, em incontido desespero.


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