Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 9
Escolha


Notas iniciais do capítulo

Foi mal aí (p quem ainda lê =]) fiquei sem pc desde quarta e ñ pude postar, mas aí está. atrasou só um pouquinho ;)



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–-Vou dizer só mais uma vez: Não. Faça. Isso repetiu Sarah pausadamente.

–-Sarah, por favor, eu não quero brigar com você disse John depois de um suspiro e com uma expressão triste.

–-Então largue essa espada retrucou ela.

–-Eu tenho que fazer isso, Sarah ele disse sério Alguém tão orgulhosa quanto você deveria me entender.

–-Orgulho era para ser o meu defeito, John. Não o seu disse Sarah impaciente.

–-Isso é por honra também ele ainda tentava convencê-la de que ela estava errada.

–-Que se dane a honra!! Sarah gritou Não vou perder você também.

–-Sarah, eu... ele tentou argumentar, mas foi interrompido.

–-Tire essa espada da bainha e eu nunca mais olho na sua cara ela disse séria e num tom baixo.

Os olhos dele se arregalaram. John não conseguia acreditar que ela estava dizendo aquilo, que ela o estava forçando a escolher. Eliot tentou acalmá-la:

–-Filha, Clinfort pode decidir que ele não é bom o bastante. Não force-o a essa escolha, como homem ele tem que pelo menos tentar disse ele de forma calma.

–-Pai; John e eu sabemos que ele acabaria com o imbecil caído atrás de mim sem esforço algum. Então, fique fora disso, por favor ela pediu sem olhar para Eliot.

–-Sarah, eu não pretendo morrer disse John calmamente.

–-MAS EU NÃO POSSO ARRISCAR!!! ela gritou, depois respirou fundo e falou um pouco mais alto que o normal Acha que eu não quero caçá-los também?!?! Não foi só você que perdeu alguém John!

–-EU PERDI TODOS!! PERDÍ-OS DIANTE DOS MEUS OLHOS!!! John também gritou.

–-EU SEI!!! uma única lagrima escorreu dos seus olhos antes dela continuar, agora sem gritar Eu os considerava como minha família também. E você não perdeu a todos, John. Eu ainda estou aqui, não estou? Mas se você desembainhar essa espada e for com eles, porque eu sei o quão bom você é e que passaria nesse teste, então esqueça que já ouve dias em que eu estive ao seu lado.

–-Sarah, não diga isso, eu ... ele tentou argumentar, mas ela o interrompeu outra vez.

–-Se suas mãos tirarem essa espada da bainha, se você for com eles, se ... ela respirou fundo Se você for, não precisa mais voltar. Eu não estarei te esperando. Eu me recuso a passar as próximas noites em claro me perguntando se você esta ferido, se ainda esta vivo, se esta voltando pra mim. Eu. Não. Vou. Ficar. Esperando.

John baixou a cabeça. A espada dela ainda tocava o queixo dele, tão dura quanto às palavras que ele tinha acabado de ouvir. Sarah viu três pequenas gotas molharem o chão aos pés dele. Mas, quando John ergueu o rosto de novo, qualquer outra lagrima que por ventura pudesse ter acompanhado as três primeiras já havia sido contida. Lentamente ele levou a mão direita ao punho da espada e apertou-o.

–-Não disse Sarah baixinho, como se aquela única palavra fosse um pedido.

Os dedos dele ficaram brancos pela força ao apertar o punho, depois de alguns segundos voltaram a cor normal fazendo Sarah pensar que ele iria soltar a arma. Mas ele não soltou. John puxou a espada com um movimento tão lento quanto o que tinha usado para levar sua mão até a mesma. As lagrimas de Sarah iam aparecendo junto com a lâmina. E, enquanto a espada dele saia da bainha, a dela caia lentamente até parar paralela ao lado dela, assim como a dele ficou quando John soltou a bainha no chão. Estava claro para qualquer um o quão doloroso aquilo era para os dois, mas não parecia que algum deles fosse ceder. Foi quando a dor nos olhos dela se tornou raiva. Não raiva dele exatamente, mas dela. Da escolha que ela o forçou a fazer, do caminho que ele escolheu, das circunstancias que levaram os dois até aquele momento. Mas a raiva estava lá, e John viu isso. O único jeito de diminuí-la seria colocá-la pra fora, ele sabia disso também. E foi assim que começou.

As espadas se encontraram embaixo, inverteram as direções e se cruzaram em cima. Continuaram alternando as direções dos golpes, ela sempre atacando e ele sempre defendendo. Foi assim até um golpe falso que começou subindo de baixo na diagonal e se transformando numa estocada no meio do caminho. Com esforço John conseguiu usar a sua espada para desviar a dela. As lâminas se arrastaram, fio sobre fio, até as empunhaduras se tocarem ao lado do rosto e sobre o ombro esquerdo dele. Sarah enroscou as guardas das duas espadas e as travou, depois puxou a sua na horizontal, um pouco inclinada e com força, trazendo junto a espada dele e jogando-a a alguns metros a direita de John. E, enquanto a espada dele caia, o vermelho de raiva que tingia a visão dela se apagou, dando lugar ao vermelho do sangue dele que escorria pela espada dela formando gotas na ponta da lâmina que imitavam as que os filetes que saiam do corte no rosto dele formavam ao chegar a linha da mandíbula de John. O corte começava perto da orelha e descia por baixo da maçã do rosto até acabar acima do canto superior esquerdo da boca. Era estreito, mas um tanto profundo e os filetes escorriam até formarem pequenas gotas que ora caiam sobre o peito dele ora seguiam até a ponta do queixo caindo sobre a terra.

Por um tempo os dois permaneceram imóveis, cada um por um motivo próprio. John estava surpreso e em seus olhos via-se mais ressentimento do que dor, e o pouco dessa não era relacionado com o ferimento. Sarah estava assustada; seus olhos vagavam do sangue em sua espada para o sangue no rosto dele e dali para os olhos de John, recomeçando então o ciclo. Foi assim até que a incredulidade ser substituída pela negação e, enquanto o sangue pingava, pelo arrependimento e pelo remorso. Sarah não sentia remorso pelo que havia feito em si, mas pela forma com que o fizera. Desde os cinco anos ela não o feia com a intenção de o fazer, quando acontecia era devido a acidentes durante suas brincadeiras. Mas aquele corte no rosto dele não era acidental e ela sabia disso. E isso a feria mais do que a escolha que ele havia feito, mais do que ver toda a família dele morrendo pensando se a sua estava tendo o mesmo destino, muito mais do que chegar em casa e ver o corpo inerte da mãe nos braços de seu pai. A dor era tanta que sufocou suas lagrimas e prendeu sua voz. Mas não faria diferença Sarah poder falar, não haviam palavras que pudessem expressar a dor ou o arrependimento dela. Então Sarah se limitou a recuar torcendo para que, como sempre, seu olhar fosse o bastante para ele entendê-la. Torcendo também para que aquilo a tivesse ferido mais do que a ele e amaldiçoando a si mesma pela própria impulsividade. A dois passos do pai ela finalmente deu as costas a John, devolveu a espada a bainha na cintura de Clinfort, passou por entre eles e correu. Correu como nunca havia corrido antes, agradecendo aos anos de pratica por não tropeçar já que as lagrimas haviam conseguido sair e lhe nublavam a visão.
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No instante em que ela começou a correr John quis segui-la, mas sabia que seria inútil. Primeiro porque ele não conseguiria alcançá-la e segundo porque sabia que ela não iria encará-lo agora. Por esses motivos ele só encarou o chão, suspirou e andou até a própria espada.

–-Vá atrás dela!!! gritou Eliot Não viu o estado em que ela estava, John? O que ainda está fazendo aqui?

–-Ela não vai falar comigo John disse enquanto uma lagrima escorria se misturando ao sangue e causando uma ardência desconfortável que ele ignorou Não agora Talvez nunca, ele acrescentou em pensamento Sarah vai querer ficar sozinha agora.

–-E você está bem com isso!?!? Eliot continuou exaltado Depoisde tudo, você está bem com ISSO??

–-MAS É CLARO QUE NÃO!!! John gritou também e depois suspirou A mulher que eu amo acabou e dizer que não vai me esperar. É obvio que não estou bem com isso, mas se eu for lá agora só a farei chorar ainda mais.

Depois disso não houveram mais discussões. Eliot sabia que John estava certo. John sabia que estava certo e se odiava por isso. Já não havia mais volta. O que estava feito estava feito e era impossível reverter.


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Notas finais do capítulo

Gosto e ñ gosto desse cap pq ele mostra uma parte da personalidade da Sarah q eu considero muito conflitante, mas é um dos pontos iniciais para o q vem a seguir.
Espero q tenham gostado e prometo ñ atrasar mais =]



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