Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 7
Tragédia


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi :)
Vou postar 2 capitulos hj pq quero adiantar um pouco e consegui digitar e revisar esses dois essa semana.
Esses são uns dos mais importantes no fluxo da história, eu sempre penso neles dois como um divisor entre a infancia e a vida adulta da Sarah.
Espero mesmo que gostem :)



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A caminhada foi lenta, muito lenta na verdade, já que nenhum dos dois tinha pressa mesmo sabendo que estavam atrasados. Tão atrasados que o crepúsculo já dava lugar a noite quando finalmente viram a linha final de arvores. Mesmo momento em que Sarah parou de repente quase derrubando John, já que os dois vinham andando de mãos dadas. A expressão seria e concentrada dela o assustou.
–-Sarah, o que houve? ele perguntou.
–-Fumaça. Não consegue sentir o cheiro? ela estava concentrada na borda da floresta tentando ver alguma coisa.
–-Acha que a floresta pode estar... ele disse nervoso e não conseguiu concluir a pergunta.
–-Não. É cheiro de palha e mais alguma coisa. Eu não estou gostando disso, John o olhar dela era preocupado, algo não estava certo e ela sabia disso.
Começaram, então, a seguir pela mata de forma que vissem primeiro a parte de trás da casa dos Snowns. Foi quando viram a claridade, e só havia um jeito dessa luminosidade entrar tanto na floresta: a casa dele estava queimando. John tentou sair correndo, mas Sarah segurou-o e fez sinal para que ele ficasse quieto e escutasse. Só então ele ouviu: relinchos de cavalos, vozes masculinas falando alto e rindo, e o que mais os assustou, alguém chorando. Devagar e usando as árvores como cobertura eles se aproximaram da orla da floresta. Esconderam-se atrás de um enorme tronco caído, mesmo longe da parte iluminada pelo fogo ainda era uma proximidade perigosa. Olhando em direção à frente da casa eles tiveram a pior visão de suas vidas. A família inteira de John estava amarrada e de joelhos no meio de uma roda de homens. Eram 12; todos sujos, roupas muito remendadas e rasgadas, portando armas velhas e mal cuidadas. O típico retrado de um mercenário. Na hora o primeiro impulso de John foi sair de seu esconderijo e ir ajudar a família, mas Sarah o segurou.
–-Solte-me ele disse ainda olhando a cena, mas num tom próximo ao de um sussurro Eles precisam de mim.
–-Para quê? ela usou o mesmo tom. Sarah sabia o que iria acontecer, não queria acreditar, mas sabia Para ser amarrado lá, junto com eles?
–-Eu tenho que ajuda-los ele insistiu.
–-Ajude-os não os preocupando! ela tentava convencê-lo São 12 homens, John. Você não pode lutar contra eles desarmado!
–-Eles vão mata-los! São mercenários, Sarah. Você sabe que vão matar meus pais e me diz para ficar parado!?
–-Não quero perder você, John. Se for lá eles vão te matar também ela estava quase chorando, mas se controlava.
–-Só diz isso porque não são os seus pais ali assim que terminou de falar, John recebeu um soco no estomago, e quando olhou para ela viu as primeiras lagrimas tentarem forçar sua saída.
–-Você acha que eles ainda não estão lá? Que atacariam uma casa por vez esperando que os donos da casa seguinte ficassem para recebê-los? com muito esforço ela conseguiu segurar o choro.
–-Tem razão, me desculpe. Mas eu não posso ficar parado disse ele se preparando para levantar. Sarah o abraça pelas costas mantendo-o no lugar.
–-Eles não me perdoariam se eu deixasse você morrer a toa, John. Seus pais não me perdoariam. EU não me perdoaria ela disse contra as costas dele.
Agora eram os dois que estavam chorando. John sabia que ela tinha razão, se ele fosse até lá morreria junto com sua família. Mas ver e não fazer nada era terrível. Sarah até pensou eu tira-lo de lá e voltar para dentro da floresta, mas sabia que ele não aceitaria; ela não teria aceitado. Sabia que seria doloroso assistir, mas que ele se culparia ainda mais se não o fizesse.
Primeiro foi a mãe dele, um dos homens trespassou a espada no abdômen dela. Josh e o Sr.Snown gritaram e xingaram os bandidos que riam do desespero deles. Depois torturaram Josh quando ele conseguiu soltar as pernas e derrubar um dos mercenários. Então foi a vez de Miria, mas, antes de cortarem sua garganta, abusaram dela em frente à Josh. Ela estava no quarto mês de gestação. E por ultimo, enquanto as paredes da casa desabavam, eles cortaram a cabeça de pai e filho, os dois ao mesmo tempo. A essa altura tudo o que John e Sarah conseguiam fazer era ouvir os sons das laminas. Os mercenários foram embora logo depois; rindo e fazendo piada das pessoas inocentes que haviam acabado de matar. John e Sarah estavam abraçados, chorando e tremendo. Tremiam de raiva, ódio, decepção, tristeza e revolta. Os dois ficaram assim até o dia clarear.
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Quando amanheceu eles se levantaram. Sarah puxou-o para o lado contrario dos corpos, ela sabia que ainda não era a hora dele encara-los. De mãos dadas eles seguiram pela floresta em direção a casa dela e a cada passo o medo em Sarah aumentava. John apertava de leve a mão da amiga para dar apoio a ela, mas não adiantava muito. No entanto, ao chegarem lá, viram algo completamente inesperado. Eliot, o pai de Sarah, estava sentado no chão, chorando e abraçado ao corpo da esposa; e em volta dele sinais de luta e sete corpos caídos. Não haviam sinais de fuga, de alguma maneira ele havia matado todos os sete mercenários.
–-PAI!!! Sarah correu na direção dele.
Eliot levantou o rosto e novas lagrimas começaram a cair quando ele viu a filha viva e bem.
–-Sarah!!! ela se atirou ao lado dele caindo de joelhos e o abraçando Minha filha, eu achei que tinha te perdido também.
Os dois ficaram abraçados e chorando por algum tempo. John olhava para eles um pouco distante, queria perguntar ao senhor Hawkey como ele tinha derrotado tantos homens, mas sabia que não era a hora certa para isso. Ver Sarah chorando pela mãe o fez se sentir culpado pelas coisas que havia dito a ela na noite anterior. Vendo-a daquela forma ele percebeu o quanto deveria ter sido difícil para ela não correr pela mata para procurar os pais. Ela tinha ficado lá com ele, apoiando-o naqueles momentos quando o que deveria querer era estar em outro lugar procurando a própria família.
Depois de um tempo pai e filha se separaram e ela e John contaram a Eliot o que tinha acontecido na propriedade dos Snowns. Ninguém tocou no assunto dele estar vivo e sem nenhum ferimento, haviam coisas mais importantes a serem feitas. Assim que acabaram-se os relatos Eliot disse aos dois se prepararem para ir até o vilarejo. John ficou encarregado de recolher e prender os cavalos dos sete mercenários mortos enquanto Sarah preparava as bagagens com tudo o que fosse útil ou tivesse valor dentro de casa. Eliot iria até a casa dos Snowns ver o que havia sobrado e fazer túmulos para os mortos. Já estava escurecendo quando John conseguiu encontrar o ultimo animal, ele chegou à casa dos Hawkeys junto com Eliot. Foi decidido que iriam para o vilarejo na manhã seguinte. Eliot mandou os dois irem dormir, ele, apesar do dia cheio e da noite em claro não conseguiria descansar. Assim que comeu a pequena refeição feita por Sarah e se certificou que eles estavam nos quartos Eliot saiu. Antes da meia-noite ele terminava de enterrar a esposa.
E eu sei que você não é capaz de entender a historia dele ainda, mas gostaria que compreendesse uma coisa: Eliot e Liana Hawkey se amavam. Mais do que muitos casais são capazes de se amar. Eles eram a vida um do outro. Tanto que a vontade dele naquele momento era estar ali junto dela, morto e enterrado ao lado da mulher que sempre amou. Mas ele não podia. Por tudo que os dois enfrentaram e todas as coisas das quais abriram mão para estarem juntos e por todos os momentos que passaram para criar a filha, ele não podia se permitir cair agora. Não depois da promessa que fez a esposa.
Em seus últimos momentos nos braços do marido Liana havia dito que Sarah iria perguntar. Que sempre soube que um dia a filha faria as perguntas, mas que ver o que o pai tinha feito com os mercenários faria aquelas perguntas aparecerem mais cedo. Então, antes de morrer, ela pediu a Eliot que quando o dia chegasse e Sarah quisesse saber ele não deveria mentir. Ela o fez prometer contar tudo a filha; quem era, de onde veio, porque algumas coisas acabaram por acontecer. Mas a grande promessa que ela o fez fazer foi a de apoiar qualquer decisão e Sarah, integralmente, mesmo que o caminho escolhido pela filha fosse o mais difícil de seguir. E Eliot prometeu, mesmo pensando que Sarah deveria estar morta, ele prometeu. E ali, de joelhos na terra úmida e fofa sobre o tumulo de Liana, Eliot lembrou e pensou em tudo aquilo. Ele passou o resto da noite pensando naquelas palavras da esposa, e quando o amanhecer deu seus primeiros sinais ele decidiu que cumpriria a promessa, mesmo que o caminho que Sarah escolhesse fosse o mais difícil para ele também.


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