Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 33
Final Parte 2 - Novo Começo


Notas iniciais do capítulo

Era pra isso ter sido postado ontem, mas alguns imprevistos me atrasaram.
Bem, aqui estamos finalmente no final da história da Sarah
Espero que gostem e:

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9 meses depois – Inicio de Outono

Noroeste do Reino

Proximidades d’A Parede

Um cavalo montado por um cavaleiro usando uma capa preta e comprida se aproxima de uma estalagem numa pequena vila. A dona da estalagem sai pela porta e encara o viajante que se aproximava com uma expressão seria e desconfiada. Ela era uma mulher de pouco mais de 35 anos grande e alta, com cabelos castanhos avermelhados e olhos verdes. Quando o animal se aproxima ela fica ainda mais tensa ao ver a ponta de uma lança aparecer por baixo da capa. O animal para ao lado dela e uma voz pergunta:

--Existe algum quarto disponível? – a expressão da dona da estalagem muda para surpresa ao ouvir a voz feminina.

--Quem é você? O que veio fazer numa vila tão pequena? – perguntou de um jeito rude, mesmo se tratando de uma mulher ela ainda continuava desconfiada.

A moça retira o capuz revelando um rosto forte e bonito emoldurado por cabelos castanhos que estavam presos um uma trança que se perdia dentro da capa e olhos cinzas firmes e sérios. Elas se encaram por um tempo e a moça desmonta revelando uma enorme barriga.

--Pelos céus!! Você está grávida? Não deveria estar viajando nessas condições!! – exclama a mulher espantada.

--Estou na estrada a um bom tempo e tudo tem corrido muito bem, mas uma cama para passar essa noite seria muito conveniente, há um quarto disponível? – perguntou a moça de olhos cinzas.

--Meu nome é Margaret e sim, há muitos quartos. Viajantes são raros por aqui. Mesmo assim recomendo que você viaje mais 3 ou 4 dias até a vila mais próxima e pare por lá – respondeu a mulher com uma expressão preocupada.

--Na verdade estou um pouco em cima do meu programado. Pretendia parar aqui e depois seguir direto para a Cidade Portuária e pode me chamar de Sarah.

--Eu estaria perdendo um dos raros clientes, mas realmente acho melhor você não parar aqui.

--O que esta acontecendo na vila? – pergunta Sarah.

Margaret olha para os lados e suspira chamado Sarah para entrar. Elas se sentam em cadeiras de frente uma para a outra numa mesa perto do balcão.

--O que está havendo por aqui? – pergunta Sarah de novo, mas antes que Margaret pudesse responder um garoto entra correndo e para na porta.

O menino deveria ter uns 6 anos, tinha os cabelos loiros escuros e olhos castanhos. Ele para e encara as duas mulheres sentadas por alguns segundos. Depois se aproxima de Margaret, aparentemente com medo de Sarah.

--O que houve, Tommy? – perguntou Margaret encarando o garoto que apenas a encarou de volta – Ah, entendi – ela fala sorrindo – Espere aqui e não se mecha – a mulher se levanta e passa por uma porta que deveria levar até a cozinha logo voltando com um embrulho que entrega ao garoto – É tudo o que posso te dar hoje, mas volte amanhã que provavelmente terei mais.

O menino pega o embrulho e se vira saindo correndo, mas para na porta e olha para as duas de novo encarando Sarah por alguns segundos antes de correr para fora. As duas mulheres ficam encarando a porta por um tempo e Sarah pergunta:

--Quem era o garoto?

--Tommy, provavelmente quem mais sofreu até agora com o que esta acontecendo aqui – responde Margaret com uma expressão triste.

--Margaret, o que esta acontecendo com essa vila. E, por favor, não minta pra mim – fala Sarah encarando a outra seria.

Margaret a encarou por um tempo pensando, depois suspirou decidindo que esconder aquilo não valia a pena. Ela fecha os olhos e quando volta a abri-los encara o tampo da mesa enquanto começa a falar:

--Começou há uns três meses. Soubemos de bandidos atacando nas estradas por todo o Oeste. A vila toda ficou com medo, o que era compreensivo já que somos apenas um bando de agricultores. Foi quando eles apareceram. Liderados por um jovem que se dizia filho de algum nobre do Leste e que tinha sido enviado para o Oeste para capturar bandidos. Eram 7 homens no total; todos armados e fortes, parecendo mesmo bons guerreiros. Ofereceram proteção a nossa vila. Pode imaginar o quão felizes nós ficamos. Eles montaram um acampamento um pouco distante da vila. Na segunda semana apareceram aqui dizendo que só poderiam continuar a nos defender se déssemos o suficiente para eles se manterem aqui. Um vendedor ambulante tinha passado alguns dias antes e nos dito que havia bandidos atacando alguns vilarejos menores então aceitamos o que eles tinha pedido por medo do que poderia nos acontecer. Quem dera não tivéssemos aceitado. Duas semanas depois eles pediram uma quantia maior. Depois disso toda semana querem cada vez mais dinheiro e, há umas três semanas, aconteceu algo que nos deu mais medo deles do que tínhamos dos bandidos. Era meio da manhã quando eles chegaram. Aparentemente estavam meio bêbados e foram na casa do pequeno Tommy. O pai dele era um homem grande e forte, quando o grupo exigiu uma quantia maior do que ele podia pagar ele se recusou a entregar o dinheiro. Houve uma briga, acredito que no meio dela a mãe do Tommy pôs o garoto pra fora de casa sem que eles o vissem. Algo me diz que o menino ouviu ou viu o que fizeram com os pais dele. Tommy chegou aqui correndo e chorando desesperado, mas não tive tempo de tentar descobrir o que estava acontecendo. O grupo chegou aqui e eu empurrei o menino pra dentro da cozinha. Eles deixaram o corpo do pai do Tommy na porta da estalagem e me mandaram dizer a todos que era aquilo o que aconteceria com todos os que não quisessem entregar o dinheiro deles.

--Sabe, é muito bom que você tenha quartos livres – falou Sarah sorrindo e se levantando – Vai ser muito bom pra minha coluna e para as minhas pernas dormir numa cama quente essa noite. Você não saberia quando esses homens vão voltar para o próximo pagamento?

--Provavelmente na tarde de amanhã.... Espera. Está louca!?! Depois de tudo o que acabei de te contar você ainda quer ficar aqui? – exclamou Margaret assustada.

--Na verdade o que me contou só me faz querer ficar ainda mais – disse Sarah indo pra fora e começando a tirar suas coisas da cela de sua égua.

--Ficou maluca, Sarah??

--Sarah Hawkey; sou a primeira e única mulher a entrar e se formar na Academia do Exercito Real; também sou a primeira Capitã do Esquadrão Rapina. Nos últimos 9 meses eu entreguei mais de 50 criminosos ao exército para que eles providenciassem as devidas punições. Tenho permissão do próprio Diretor-Comandante Ron Rohkston para agir em nome da Academia e realizar prisões. Então acho que não estou maluca ainda – responde Sarah sorrindo confiante.

--Você está grávida, mulher!!!!

--Tenho certeza de que o bebe adora esse movimento todo – responde Sarah rindo e Margaret acaba rindo junto.

Na manhã seguinte, o sol havia acabado de nascer, a Hawkey estava caminhando pela floresta em volta da vila quando vê o garotinho da tarde anterior sentado no meio de uma pequena clareira em volta de algumas frutas silvestres fora de época. Por um momento ela pensou em recuar e se afastar antes que ele a visse, mas desistiu e decidiu se aproximar. Deu a volta na clareira tomando cuidado para não fazer ruídos e saiu de baixo das arvores em frente a ele. O menino ergue a cabeça notando o movimento a sua frente e encara Sarah com um olhar assustado. Ela sorri e dá um passo atrás; ele parece entender que aquilo queria dizer que ela não forçaria uma aproximação e relaxa. Ela se senta num tronco caído que estava ao seu lado e tira de um bolso interno da capa um livro de capa de couro e um pedaço de grafite e se concentra em escrever no pequeno caderno.

Um tempo depois o menino se aproxima curioso, ainda parecendo ter receio de chegar muito perto. Sarah para o que estava fazendo e olha pra ele com um sorriso calmo. Ela se lembra de Margaret contando sobre ele e de como o garoto não disse uma única palavra desde o dia em que os pais morreram.

--Seu nome é Tommy, certo? – ela pergunta e ele acena confirmando – Sou Sarah; quer saber o que estou fazendo, não é? – o menino volta a confirmar – Estou escrevendo sobre plantas medicinais e remédios que encontrei durante minhas viagens. Você sabe escrever? – ela pergunta e ele nega – Não tem problema, sempre há tempo de aprender – ela fala sorrindo e o garoto a encara curioso.

Tommy se senta ao lado dela no troco e Sarah volta a prestar atenção no que estava escrevendo até que um forte chute a faz soltar o gravite e se curvar um pouco segurando a barriga. O garoto a olha assustado e preocupado, ela sorri assim que a dor diminui.

--Está tudo bem – ela fala acariciando o próprio ventre – O bebê só esta um pouco inquieto essa manhã. Quer tocar? – ela pergunta e segura a mão de Tommy de leve.

Quando o garoto entende o que ela iria fazer e a deixa guiar sua mão. Sarah faz a palma da mão dele tocar o topo de sua barriga, segundos depois o bebê se move e Tommy se assusta puxando a mão rápido. Sarah ri da reação dele e alisa a própria barriga sorrindo. O menino parece entender que estava tudo bem e volta a colocar a palma da mão sobre a barriga dela. Quando o bebe meche outra vez ele não puxa a mão, mas a deixa no lugar e dá um meio sorriso. Sarah encara o garotinho sorrindo também.

--Não conte a ninguém porque se não vão dizer que estou meio maluca – ela fala sorrindo enquanto as mãos dos dois acariciavam seu ventre – Mas eu sei que a pessoinha que está aqui dentro é uma menininha – Tommy a encara curioso – É complicado demais explicar como eu sei, eu só sei. E ela é muito inquieta quando não estamos viajando, sabe. Por isso às vezes me acerta um chute um pouco mais forte quando fico tempo demais parada – ela riu baixinho e ele acabou sorrindo.

Tommy se levanta e corre até onde estava sentado trazendo algumas frutas bem vermelhas para Sarah. Ele as estende na direção da barriga dela como se perguntasse se o bebê gostaria de comê-las. Sarah sorriu e ele se aproximou encostando as frutas na barriga dela. O bebê chutou bem onde estavam as mãos dele fazendo os dois sorrirem. Sarah e Tommy ficaram mais um tempo comendo as frutas silvestres e depois voltaram caminhando para a estalagem. Na volta ele segurou a mão dela e parecia muito mais calmo e contente do que tinha estado desde que ela havia conhecido o garotinho.

Logo depois do almoço Sarah e Margaret disseram para Tommy ficar escondido na floresta e não voltar até de noite. Ele parecia não querer ir, como se entendesse que algo importante iria acontecer ali naquela tarde, mas as duas o fizeram prometer não ficar na vila depois do almoço. Um tanto relutante ele confirmou com um aceno que iria obedecer.

Era meio da tarde quando 7 homens entraram na pequena vila. Margaret estava sentada perto da janela do salão da estalagem e os viu chegarem montados em seus cavalos. Sarah saiu pela porta com uma expressão calma no rosto; as duas tinham combinado que quando a briga começasse Margaret passaria pra ela a lança que estava encostada ao lado da porta.

--Vejam só. Você tem uma cliente, Margaret – falou o menor deles encarando Sarah com um meio sorriso – Hoje com toda certeza não vai ter problemas em pagar a nossa pequena taxa.

--Ela não vai pagar nenhuma taxa – falou Sarah sorrindo – Na verdade nenhuma pessoa dessa vila vai entregar mais nenhum centavo a vocês.

--Como é? – ele perguntou rindo cético – Essa é boa. Moça, eles não tem escolha.

--Eles não tem escolha mesmo – ela respondeu ainda com um sorriso confiante – Afinal, eles não precisam pagar.

--Escuta aqui, mulher. Você não tem noção de quem eu sou não é? Meu nome é Anthon Culligan e você não é ninguém para dar opinião aqui. Eles vão fazer o que eu quiser que façam.

Sarah gargalhou ao ouvir quem ele dizia ser. O homem se espantou com a reação dela e a encarou com uma cara de idiota. Ela parou de rir e o olhou divertida.

--Anthon Culligan é só um nobrezinho mimado que tem muitos para fazer o que ele quer que façam. Mas, apesar de você falar como ele e ser tão arrogante quanto o verdadeiro, você não é Anthon Culligan, por que se fosse estaria dando meia volta e fugindo como um cachorro medroso com o rabo entre as pernas. E sabe o por quê? – ela falou e fez uma expressão seria antes de dar um passo em direção a ele, os olhos cinzas ficando sérios e frios – Porque eu já dei uma bela surra naquele imbecil e daria mais uma com todo o prazer. Agora, se um idiota como você conhece o Culligan para se fazer passar por ele, deve saber quem eu sou pelo menos de ouvir falarem de mim. Então, acho que vou te fazer um favor e te dar a opção de não apanhar. Sou Sarah Hawkey e, se resistir, vai apanhar tanto quanto seus amiguinhos aí atrás e será capturado do mesmo jeito que será se resolver se entregar pacificamente.

Ao ouvir o nome dela ele recuou um passo arregalando os olhos. Todos os sete conheciam aquele nome e a mesma reação de espanto foi refletida no rosto deles. Mas, para o azar deles, decidiram não se intimidar pela fama do nome dela. Os sete ficaram sérios e o que tinha estado conversando com Sarah disse, num tom cínico, tentando parecer superior:

--Sendo Sarah Hawkey ou não, você é só uma mulher grávida. Pra sua segurança e a da cria que esta esperando, sugiro que suma do nosso caminho.

A Hawkey estreitou os olhos, depois fez um movimento de negação com a cabeça como se não acreditasse que eles tinham mesmo escolhido o jeito difícil. Assim que ela encara os sete de novo esta com um sorriso divertido, como se estivesse esperando por aquilo. Na mesma hora em que ela tira a grossa capa preta, que cai no chão aos pés dela, Margaret aparece na porta e joga a lança para ela que segura a arma e espera que eles façam o primeiro movimento para provarem que pretendiam mesmo enfrentá-la.

Para esclarecer a você leitor(a); toda a vila já sabia o que iria acontecer naquela tarde. Entretanto, apesar de nenhum deles ter ido ao campo trabalhar naquele dia, permaneceram todos dentro de suas casas com medo de sair e esperando para descobrir o que iria acontecer. Não que Sarah esperasse o contrario, na realidade ela sabia que era aquilo o que eles fariam. Margaret era quem estava inconformada com a atitude de seus vizinhos. Apesar de saber que só atrapalharia a Hawkey, ela ainda estava na janela da estalagem assistindo a tudo pronta para ajudar Sarah se visse que fosse necessário e não escondida com medo da briga como o resto da vila.

Sarah girou a lança em volta de si mesma apenas para aquecer um pouco os braços, podia-se dizer que estava até animada já que não tinha uma boa luta há meses. Os sete sacaram as espadas e a cercaram deixando-a com um sorriso ainda maior. Ao contrario do que era esperado ela não tinha nenhuma dificuldade em desviar e defender os ataques deles, nem parecia estar grávida. Na verdade ela parecia estar se divertindo.

Sarah girava esquivando das espadas; defendia golpes com a lança; desequilibrava alguns deles com pequenos toques com o cabo da lança longa em joelhos e pés. Foi assim por alguns minutos em que ela apenas analisou os inimigos. Nenhum deles era bom o bastante. Ela golpeia com o cabo o que estava atrás dela e gira saindo do meio deles e parando ao encará-los.

--É a ultima chance de vocês não levarem uma bela surra – ela fala sorrindo e parando com a lança atrás do corpo pronta pra o próximo golpe.

--ESTÃO ESPERANDO O QUÊ?!?!?! ACABEM LOGO COM ELA!!!! – gritou o menor que era o líder do grupo.

Os outros seis avançaram ao mesmo tempo. A lança girou desviando os golpes. Um passo para o lado e Sarah voltou sua arma desarmando um deles. Um passo a frente e ela acerta o cabo na cabeça de um deles fazendo o primeiro dos seis cair. Ela gira com a lança paralela e afastada do seu corpo; mais um é desarmado. Ela se abaixa girando e batendo a lança nos joelhos de dois deles. Um cai e ela acerta o cabo da arma na cabeça dele deixando mais um desacordado. O outro manca para trás e Sarah avança desarmando-o com a ponta da lança ferindo a mão dele. A arma da Hawkey vai para a mão esquerda dela que maneja a lança para trás defendendo um golpe lateral enquanto a direita acerta um soco na garganta do que ela havia acabado de desarmar fazendo-o cair no chão também. Ela gira trocando a lança de mãos; um dos restantes avança e ela aproveita o giro e chuta-o na cabeça com a perna direita derrubando-o antes que o golpe baixo dele chegasse a suas pernas.

Aquela altura da briga quase todos estavam assistindo tudo pelas frestas de portas e janelas. Alguns até já estavam com o que poderiam chamar de armas (facões, enxadas e outros instrumentos de trabalho no campo). Estavam todos prestando atenção e torcendo por Sarah. Os dois últimos que sobraram se olharam como se não soubessem quem atacava primeiro, e na verdade não sabiam mesmo porque ambos estavam com receio de atacá-la. O maior deles resolve ser o primeiro. Um golpe vem do alto e Sarah segura a lança com as duas mãos acima de sua cabeça desviando o golpe para a esquerda e, em seguida, jogando o cabo da arma na direção do rosto do inimigo que consegue recuar a tempo, mas não é rápido o bastante para evitar o golpe dela quando a Hawkey gira para o lado contrario e acerta a ponta da lança no braço dele que segurava a espada fazendo ele soltar a própria arma. Assim que a espada cai no chão um chute frontal dela na barriga do homem o joga no chão.

Faltava apenas um deles para cair e o líder que estava perto dos cavalos quando acontece algo inesperado. O primeiro a ser derrubado por ela era o arqueiro do grupo. Ele tinha começado a tentar se levantar quando o menor, o líder do bando, se aproxima rápido do companheiro jogando-o no chão para puxar o arco e flechas que esse tinha preso ao cinto. Todos estavam olhando para Sarah que estava derrubando o quinto deles e por isso não viram o menor puxar o arco apontando para ela. Todos, exceto um.

--CUIDADO!!!! – grita a voz infantil e uma pedra voa em direção ao arco fazendo a primeira flecha atingir a mão do ultimo bandido em pé a frente de Sarah.

Quem gritou e atirou a pedra foi o pequeno Tommy que, desobedecendo a Sarah e Margaret, havia se escondido atrás da estalagem. Todos se viram para o líder do grupo que tinha uma expressão furiosa e pegou outra flecha. Sarah acerta o cabo da lança na cabeça do que estava a sua frente e se vira para encarar o líder deles. No instante em que faz isso ela nota duas coisas. A primeira: ela não conseguiria chegar perto o bastante para impedir que ele atirasse a segunda flecha. A segunda: não era exatamente nela que estava a mira dele. Sarah entendeu a segunda coisa no instante em que viu o sorriso maldoso que ele deu, segundos antes de disparar a flecha.

--NÃO!! – grita ela com raiva.

Ele dispara. Sarah se vira para ele e coloca o braço dobrado na direção da flecha que perfura o antebraço dela e logo em seguida faz um corte no braço antes de parar com a ponta da flecha tocando a barriga dela. O grito de dor e raiva que sai da garganta da Hawkey faz ele se assustar e arregalar os olhos. Ela cai de joelhos por causa da dor já que a flecha havia quase acertado seu osso no antebraço. Sarah desdobra o braço e o sangue começa a escorrer do corte sem eu braço e da perfuração no antebraço esquerdo. Nesse meio tempo todos saíram de suas casas armados com o que possuíam e impediram que os que ainda estavam caídos se levantassem. Tommy e Margaret correram para onde Sarah estava, mas não tiveram tempo de se aproximarem antes dela se levantar. O falso Culligan aproveitou o tempo que tinha para montar em um dos cavalos e sair de lá o mais rápido que pode. Sarah arremessou a lança na direção dele, mas já era tarde demais para ela alcançá-lo.

--MALDITOO!!! – gritou a Hawkey vendo sua lança cair no chão a muitos metros do fugitivo.

--Sarah!! Pare, você precisa tratar esse braço – fala Margaret tentando para-la ao notar que a mesma estava subindo em sua montaria – Sarah. Pare. Tem que parar esse sangramento.

Margaret segura as rédeas da égua e recebe um olhar frio e cheio de raiva. Sarah não estava com raiva dela, mas aquele olhar assustou a dona da estalagem fazendo-a soltar as rédeas do animal.

--Faça com que eles amarrem os que estão aqui – falou Sarah seria, mas ainda num tom que deixava toda sua raiva transparecer – Mantenha-os bem presos até eu voltar. Trate dos que estão feridos e mande os 6 homens mais fortes da vila se prepararem para viajar por pelo menos 8 dias e deixe tudo pronto para que possam sair assim que eu trouxer o desgraçado que tentou acertar meu bebê.

Não houve tempo para responder. Sarah saiu galopando rápido deixando para trás Margaret e Tommy muito preocupados. O que realmente aconteceu entre ela e o fugitivo aquela tarde continua um mistério a todos na pequena vila. O que se sabe é que, logo antes do sol se por, ela voltou montada e trazendo-o arrastado, cheio de cortes e muitos hematomas, como se tivesse levado a pior surra do mundo, tales pudessem até dizer que o homem havia sido torturado não fossem os ferimentos não estarem em regiões de tortura tamanha eram a quantidade deles. Os homens que saíram a escoltar os prisioneiros da Hawkey levaram duas cartas. Uma lacrada que deveria ser entregue ao primeiro mensageiro com destino a Academia e a segunda era uma declaração de captura feita por Sarah para ser entregue aos soldados do posto fixo do Exército junto ao emblema de Capitã dela que eles também tinham em mãos. Com aquilo os soldados prenderiam e garantiriam que os bandidos fosse julgados por seus crimes, na carta Sarah também esclarecia que os ferimentos feitos em um deles era de responsabilidade dela e por isso o motivo deles existirem nunca foi contestado.

A própria Sarah orientou os cuidados com seus ferimentos. Ela mesma ajudou Margaret a retirar a flecha, fechar a entrada e a saída da mesma e cuidar dos outros ferimentos deixados em seu braço. Depois disso ela ficou na estalagem se recuperando. Sarah contou muito de quem era a Margaret. Contou também que a carta lacrada era para o pai que enviaria outra ao pai de sua criança que deveria estar a caminho da Cidade Portuária para encontrá-la. Explicou que quando descobriu a gravidez John já tinha voltado ao campo de batalha, mas que os dois mandavam cartas um para o outro e ele sempre perguntava sobre ela e a criança. As noticias de bandidos ainda chegavam, mas a vila aprendeu que com Sarah que, desde que ficassem unidos e preparados, poderiam lidar com a maioria dos grupos que por ventura aparecessem ali.

Nos 15 dias que passou ali a Hawkey se recuperou quase que completamente do ferimento, que, apesar de ainda não completamente cicatrizado, já não incomodava muito. Durante esse tempo ela passou muitas tardes e manhãs com Tommy na pequena clareira em que tinha conversado com ele pela primeira vez. O menino ainda não falava muito, mas quando estava com ela e Margaret ele não ficava mais mudo, chegando até a interagir um pouco com outras pessoas quando uma das duas estava por perto. Sarah acabou se apegando ao garoto e começou a ensiná-lo a usar um arco. Ela mesma esculpiu em uma madeira relativamente flexível que encontrou na floresta um arco e algumas flechas adequados ao tamanho dele para ensiná-lo.

Naquela manhã os dois estavam na clareira; Tommy estava treinando com o arco e Sarah estava sentada no tronco caído. Estava tudo normal, até Sarah começar a sentir as dores. Ela estava prevenida demais para não saber o que aquilo significava, afinal, era para seu bebê ter nascido há alguns dias. Sarah, no entanto não esperava que a dor fosse tanta. Seu grito fez Tommy correr pra ela assustado.

--Margaret...corra até...chame ela – conseguiu dizer a Hawkey entre gemidos de dor.

Enquanto isso...

--Com licença – disse um homem parando na soleira da porta da estalagem fazendo a dona se virar para encará-lo – Eu gostaria de uma informação se não for incômodo – continuou o homem entrando.

--Não será incômodo nenhum – respondeu Margaret encarando-o.

Ele usava uma grossa capa de viagem preta, e suas roupas tinham tons de vermelho pelo que ela podia ver. A espada e o barulho de cota de malha que vinha dele quando andava diziam claramente que era um soldado. O jeito calmo e gentil dele de falar mostravam também que era alguém confiável. Quando ele ia se apresentar Tommy entra correndo.

--MARGAREEET!!! – gritava o garoto assustado – Ajuda...Sarah...ajuda ela.

--A criança – murmurou a mulher entendendo o que tinha deixado o garoto assustado.

--Ele disse Sarah? – o homem fala encarando Margaret.

--Desculpe, senhor. Não posso ajudá-lo agora. Uma amiga esta dando a luz e tenho que chamar alguém para trazê-la pra cá – falou ela passando ao lado do homem e sendo parada por ele.

--Sou John Snown; e vou ajudar de qualquer forma, mas responda-me, por favor, essa Sarah que o garoto falou é Sarah Hawkey?

Margaret arregalou os olhos. Ela sabia quem era John Snown; era o pai da criança de Sarah.

--Tommy leve ela até onde ela esta, agora – ordenou Margaret ao garoto que encarou John sério, mas saiu porta afora mostrando que iria obedecer.

Assim que ouviu a mulher mandar o garoto guiá-lo John soube que estava no lugar certo e tinha chegado, aparentemente, bem em cima da hora. Ele correu seguindo o garotinho pela floresta até escutar um gemido alto de dor. John não precisou mais seguir Tommy e correu desesperado na direção em que tinha ouvido Sarah. Ao chegar lá ele se ajoelha ao lado dela tirando a capa. Sarah parece reconhecê-lo e tenta sorrir, mas uma nova onda de contrações a faz soltar outro gemido alto de dor. Tommy pega seu arco e fica encarando John com receio, mas por não poder fazer nada por Sarah ele permite sem reclamações que o Snown chegasse perto dela e a envolvesse com a capa logo depois a levantando do chão e a carregando em seus braços.

John anda o mais rápido que o peso e a presença de Sarah em seus braços permitia. Ele chega à estalagem e rapidamente leva a Hawkey até um dos quartos no andar superior. Uma parteira já estava lá esperando por ela. Assim que a deita na cama Margaret começa a empurrar John e Tommy para fora do quarto.

--ELE FICA..AAAAHHH – gritou a Hawkey entre as contrações ao ver John saindo do quarto.

Ninguém teve coragem de contrariá-la. O próprio Tommy escapou de Margaret e ficou no quarto. John ficou o tempo todo sentado atrás de Sarah segurando as mãos dela. O parto em si só acabou perto do fim da tarde quando um choro de criança encheu toda a estalagem e as proximidades. Um bebê grande, saudável, forte e com um belo pulmão, pois seu choro era alto e forte. Foi Margaret quem limpou a criança e a levou até os braços de Sarah com um enorme sorriso.

--É uma menina – falou ela entregando a pequena nos braços de Sarah.

Sentado atrás delas John, com lagrimas que ainda não tinham escapado de seus olhos, as abraçou.

--Conheça sua filha, Snown – falou Sarah com um sorriso enorme, o maior que ela deu em anos – Que nome vai dar a ela?

Ele encara a menininha nos braços de Sarah. Se inclina beijando o topo da cabeça dela e depois o rosto da Hawkey. Suas lagrimas finalmente caíram sobre o ombro da mulher que tanto amava e que agora lhe dava uma família novamente.

--Nossa filha, Sarah. Nossa filha – ele murmura sorrindo tão largamente quanto ela – E não me importo se os costumes sejam do pai dar nome aos filhos. Quero que escolha você o nome da nossa filha – ele termina encarando os olhos cinzas que apesar de cansados transpareciam uma felicidade imensa.

--Aria – ela fala sem pensar muito – O nome dela vai ser Aria.

--Aria Hawkey – fala John sem se importar em acrescentar o próprio sobrenome e beija o rosto de Sarah outra vez sussurrando no ouvido dela – Você já não é a ultima Hawkey.

--Bem vinda ao mundo minha pequena Aria Hawkey – sussurra Sarah beijando a bochecha da filha com carinho.

Aquela altura todos estavam saindo do quarto para deixar os três sozinhos. Tommy, que tinha ficado todo o tempo num canto do quarto começa a andar devagar em direção a porta tentando não ser notado. O que não funciona, pois Sarah o vê. Ela encara John apontando o garoto. Os dois se encaram por um tempo até que ele entende o que ela queria fazer. O Snown sorri ao entender o que ela queria.

--É uma ótima ideia – ele sussurra no ouvido dela fazendo-a sorrir contente.

--Tommy – ela chama o garoto antes dele sair.

--Oi – ele se vira surpreso e envergonhado.

--Vem aqui um pouquinho, por favor? – pede ela e ele chega perto da cama – Senta aqui do nosso lado, sim – ele obedece – Eu te falei sobre o John, não falei – Tommy acena confirmando – Essa é Aria – Sarah fala abaixando um pouco o bebê que tinha se acalmado no colo dela.

Tommy se estica um pouco e sorri olhando para a bebezinha que parecia dormir no colo da mãe.

--Ela é pequena – ele fala sorrindo e tocando a ponta do indicador de leve no topo da cabeça do bebê.

--Ela vai crescer – falou John sorrindo – E, sabe, ela e Sarah vão precisar de companhia quando eu tiver que voltar pra guerra.

--Tommy, o que queremos dizer é: você não te família, como eu e John. Mas agora eu e ele temos essa pequenina. Eu não tive irmãos, mas John sempre me disse que era muito bom; acho que ela iria adorar ter um irmão mais velho.

--Você gostaria de ser o irmão mais velho da Aria, Tommy? – pergunta John sorrindo.

O sorriso do garoto foi o maior que ele deu desde a morte dos pais. O pequeno Tommy talvez nunca tenha ficado tão feliz quanto naquele dia. Afinal, depois de perder uma família inteira uma vez, ganhar uma inteira de novo toda de uma vez com toda certeza era um grande motivo para sorrir.

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Notas finais do capítulo

Gente, qualquer erro me desculpem, só metade desse cap foi revisado direito porque eu queria postar ele hj.
Bem, eu nunca pedi comentários e sempre deixei claro que iria postar toda essa história tendo ou não leitores. Mas se um de vcs for um pouco detalhista vai notar que eu nunca me referi a história da Sarah com o nome que dei a Fic. Isso pq Vidas em Guerra está no plural exatamente pq eh uma história sobre mais de uma vida envolvida na guerra entre o Reino e Maincrafss. Sarah eh apenas 1/3 da história que eu gostaria muito de continuar contando. Mas agora eu realmente quero saber se tem alguém disposto a ler e continuar acompanhado pq o resto dessa história eh algo muito importante pra mim pq o próximo personagem central é um dos primeiros personagens q nasceu dentro da minha cabeça maluca e tem estado aqui dentro por um tempo enorme.
Se alguém tiver curiosidade (ñ precisa ser nos comentários, se ñ quiser deixar comentário pode me mandar MP q eu ñ me importo e respondo do msm jeito) pode falar cmg. Tenho o prologo da segunda temporada pronto e dependendo da resposta que o esse final me der quero começar a postar no mês que vem.
Era isso
Muito obrigada msm, de coração, a tds q acompanharam e aos q, por ventura, venham a encontrar e ler a fic depois. Quero que saibam que fiquei muito feliz com cada comentário e cada leitor; q quase dei pulos td vez q vi um leitor novo aparecer; q fiquei ansiosa a cada cap esperando alguém resolver comentar; q fiquei triste qnd vi leitores desistindo e, principalmente, q foi incrivelmente prazeroso responder a cada um dos q falaram cmg
Muito obrigada mesmo ^_^
Té outra história, Bjs p vcs



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