Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 12
Um Pouco de Historia.Parte 1:A Lenda de Graywolf


Notas iniciais do capítulo

Olá =]
No primeiro comentário q "Vidas em Guerra" recebeu, meu querido leitor Razgrix se perguntou como a família da Sarah acabou por estar numa pequena vila, sendo agricultores. Bom, esse cap e o próximo que vou postar ainda hoje explica tudo isso e mais um pouco =]
Boa leitura ;)



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Narração de Eliot:

“Há muito, mas muito tempo mesmo, só havia Maincrafss e os povos das ilhas a leste. O território de Maincrafss se estendia sobre o dobro da extensão atual. Aconteceu então do príncipe herdeiro se apaixonar por uma plebeia. O pai o deserdou e seus dois irmãos mais novos começaram a disputar o trono. Em seu leito de morte o velho rei se arrependeu e pediu que trouxesse seu filho de volta, mas os dois mais novos não cumpriram com a vontade do pai. A ganância dos dois acabou por destruir a família. Quatro gerações depois não havia um sucessor com o sangue dos Crasflow’s para assumir o trono no lugar de um rei doente. O tataraneto do príncipe, apesar de conhecer sua descendência, estava feliz com plebeu. Ele tinha em torno de 17 anos e os mesmos cabelos vermelhos da tataravó, foi quando os possíveis sucessores descobriram sua existência. Tentaram matá-lo varias vezes. Revoltado com aquilo ele contou tudo sobre si para as pessoas. Sendo alguém bem conhecido e nunca tendo dito uma mentira na vida, todos acreditaram nele. Mas, ainda assim, ele não queria o trono. Por isso, e contrariando aqueles que o queriam no poder, ele foi embora para oeste, saindo de Maincrafss.

Aquela região inexplorada do continente, no entanto, não era desabitada. Haviam lá tribos nômades e seminômades e o rapaz vez amizade com todas elas e passava seu tempo vagando de uma para a outra. Quando o rei morreu seu sucessor assumiu o nome de Crasflow e, decidido a acabar com o Herdeiro Perdido, contratou seis assassinos mercenários e lhes deu a ordem de trazer a cabeça do ruivo. Vamos chamá-lo apenas de Herdeiro; enquanto isso ele estava com uma tribo que vivia em pequenas vilas na base das Montanhas do Fim. Eles tinham minas das quais retiravam metais das rochas. O Herdeiro ficou impressionado pela forma com que aquele povo forjava aqueles estranhos metais. Ele também ficou amigo do velho líder da tribo que gostou ainda mais dele depois de conhecer a história do rapaz. Afinal, encontrar homens bons e íntegros como ele era difícil em qualquer lugar do mundo. O ruivo acabou se apaixonando pela filha mais nova do líder, mas a moça já era prometida de um dos melhores guerreiros da tribo.

Um dia o Herdeiro, o Líder e seus dois filhos mais velhos foram caçar, mas encontraram uma matilha de lobos. Só que não eram lobos comuns, eram Lobos das Montanhas. A matilha devia ter entre nove e onze animais e os quatro homens se viram cercados. O menor dos lobos tinha pouco menos de 1,30m de altura. O líder da matilha avançou primeiro, por ser o maior e mais forte ele escolheria primeiro sua presa e o restante dividiria o que sobrasse. Ele era cinza, com olhos vermelhos e tinha pelo menos 1,70m de altura. Naquela hora, encarando a morte nos olhos daquele animal, o Herdeiro pensou que não havia escapado de todas aquelas tentativas de assassinato para morrer pelos dentes de um lobo. Mesmo que esse lobo fosse quase tão alto quanto ele. O ruivo então soltou a espada longa e puxou duas adagas, logo avançando a passos lentos e encarando o enorme animal, lembrando-se da única vez em que já havia visto aquele tipo de lobos.

Foi quando ele estava com uma tribo nômade e tinham cruzado com uma matilha. O chefe da tribo tinha lhe dito que tiveram sorte da matilha estar escolhendo um novo líder e, por isso, não terem vindo atrás deles. O Herdeiro se lembrou da forma com que havia visto dois daqueles lobos se encarando e tentou imitar. O enorme lobo alfa cinza reconheceu o desafio e o resto da matilha se afastou. Por um longo tempo eles se encararam, até que o animal rosnou. Os três que estavam assistindo tremeram com o som, mas o Herdeiro não o fez. Ao contrario, ele gritou com toda a força que podia e o lobo avançou. O ruivo avançou também e então homem e animal se encontraram numa disputa de garras, dentes e adagas. Tempos depois o ruivo saia debaixo do corpo do lobo. A roupa em frangalhos, manchada com o sangue dele e do animal misturados. E, quando ele gritou outra vez comemorando sua vitoria. Toda a matilha se dispersou, sem nenhum lobo a vista ele caiu, exausto e ferido, desmaiando logo depois.

O velho líder, com a ajuda dos filhos, levou-o para a vila onde, dias depois, ele acordou. Os garotos levaram também o corpo do lobo, do qual retiraram a pele e a prepararam para dar de presente ao ruivo. Alguns dias depois o mais novo dos dois irmãos daria ao rapaz o apelido de lobo cinza. Porque ele sempre usava a pele sobre os ombros, fazendo com que fosse conhecido por todos como Graywolf.

Um mês depois Graywolf estava em uma reunião com o Líder que era assistida por todas as pessoas da vila. O velho líder queria demonstrar sua gratidão por isso disse que atenderia a qualquer pedido dele. Graywolf, depois de pensar um pouco, pediu então a única coisa que queria em todo o mundo: a filha do líder. Quem não gostou nada do pedido foi o prometido da garota que, irritado, disse que o seu líder nunca permitiria tal absurdo. Mas o velho gritou, mandando-o calar-se, pois o homem a frente dele havia salvado não só a vida do líder com também a de seus amados filhos e, mesmo se Graywolf houvesse pedido todas as moças da vila, ele teria concedido o pedido. Mas o guerreiro não se conformou e pediu uma disputa, dizendo que Graywolf ter derrotado o lobo não tinha sido nada mais que sorte, o que irritou profundamente o ruivo.

Despido da pele e de sua camisa, para que todos vissem as feridas ainda não totalmente cicatrizadas que a luta com o lobo deixou, Graywolf pegou duas adagas e enfrentou o guerreiro que estava armado com uma espada longa. A luta não durou muito. Em pouco tempo o guerreiro estava no chão, exausto e ferido, enquanto Graywolf não tinham um único arranhão. Um mês depois ele se casava com a filha do Líder.

Semanas depois do casamento ele e os dois cunhados saíram para caçar, mas daquela vez, ao invés de lobos, encontraram abutres. Os seis assassinos tinham preparado uma armadilha. Quatro deles levaram os três amigos a uma emboscada onde os outros dois os atacaram pelas costas tentando matar Graywolf. O único que percebeu o truque foi o mais velhos dos irmãos que, sem uma alternativa para salvar o amigo, entrou na frente dos atacantes e, mesmo matando um, foi ferido mortalmente. A raiva dominou os outros dois. Graywolf mais se parecia com um lobo de verdade lutando contra os inimigos que tinham sobrado. Até que só restaram dois e estes, assustados, tentaram fugir, mas Graywolf não permitiu. Correndo pela floresta perseguindo os dois assassinos ele nunca se pareceu mais com um lobo, e aquele dois eram sua presa. Assim que o ultimo caiu morto o som que saiu da garganta de Graywolf foi como o uivo de um lobo se lamentando.

Com o corpo do amigo e cunhado nos braços ele entrou na pequena vila. Depois de depositar o corpo aos pés do Líder ele alegou-se culpado pela morte e ofereceu sua própria vida como tentativa de reparação. O velho disse que a vida do filho já não pertencia a ele mesmo e que o rapaz só havia cumprido com seu dever de honra ao protegê-lo e por isso não havia necessidade de reparação. Mas Graywolf não se conformou. Então, com a ajuda do cunhado que assumiu a liderança da tribo logo depois, ele fez o impensável. Em pouco mais de dois meses todas as tribos souberam do ocorrido e, indignadas, juntaram-se sob o comando de Graywolf para enfrentar Maincrafss e os Crasflow’s. Foi assim que teve inicio a primeira grande guerra do nosso mundo.

Lideradas por Graywolf as tribos se organizaram. O centro de comando deles se estabeleceu na primeira e maior vila criada por todas as tribos, onde hoje se encontra a capital do reino. Com o tempo as pessoas de Maincrafss passaram a ser a favor de Graywolf e a se juntar a causa dele. Entre essas pessoas estavam também alguns nobres que acabaram por ser a ajuda necessária para a organização que o Reino possuiria ao final da guerra. Pode-se dizer que a resistência contra as tropas de Maincrafss em primeiro momento e depois a vitoria de Graywolf só foi possível graças ao Clã de seu cunhado. Mesmo entre a tribo de ferreiros das Montanhas do Fim eles eram excepcionais. E, suas técnicas de forja, aliadas a inteligência, astucia e habilidade de seu jovem líder, proveu aos homens de Graywolf armas, equipamentos e proteções que superavam em muito as de Maincrafss.

No fim, e depois de assinar um tratado cedendo metade de seu território inicial, Maincrafss se rendeu. Durante os 50 anos de guerra muitas coisas mudaram. Graywolf foi coroado Rei do Novo Reino. As tribos deixaram de ser nômades. Seu cunhado se casou e teve vários filhos, também perdeu muitos nos anos de guerra. Graywolf e a esposa tiveram apenas duas crianças. Um morreu nas ultimas batalhas, o outro se tornou o herdeiro do trono. Inspirado na forma com que recebeu o próprio nome Graywolf concedeu a cada um dos lideres das tribos um sobrenome, um titulo e um território no Reino.

O cunhado dele, na época, ainda era o líder de sua família. Por sempre dizerem que ele tinha olhos de falcão por enxergar todos os inimigos em campo de batalha ele tinha, há anos, como animal de estimação um falcão enorme. Por causa disso Graywolf deu a ele o nome de Hawkey e o titulo de conde. E esse foi o primeiro Hawkey da história.”

–-Mas com assim, pai!?!?! – interrompeu Sarah – Você está dizendo que nós éramos nobres??? Então como foi que o senhor se tornou um simples agricultor???

–-Onde foi que você deixou sua paciência, Sarah? – perguntou Eliot irritado por ter sido interrompido.

–-Quem sabe não foi em cima da ultima árvore em que eu subi – ela respondeu com um sorriso sarcástico e um tom carregado de cinismo – Ou talvez no mesmo lugar em que nossa família deixou o titulo. Quem sabe, não é?

–-Sarah – disse Eliot num tom de repreensão.

–-Desculpe-me pai – ela disse meio arrependida.

–-Vamos para dentro e eu termino de contar a historia – disse ele se levantando.

Até aquele momento e durante toda a narrativa de Eliot os dois tinham estado sentados no chão, contra o tronco de uma árvore.

–-Certo – concordou ela se levantando também.

–-Aproveite e faça um chá para nós enquanto eu recomeço – disse ele depois de entrar e se dirigir a uma das cadeiras em frente a uma pequena mesa retangular.

–-Ainda falta muito? – Sarah perguntou indo em direção ao fogão preparar o chá que o pai tinha pedido.

–-Filha, acredite, pode não ser muito, mas é a pior parte da historia da nossa família – disse Eliot com um sorriso triste antes de recomeçar o relato vendo a filha preparar o chá.


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