Hikaru X Haruhi: Fanfic 2 escrita por HikaruxHaruhi


Capítulo 5
Capítulo 5 - Final s2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem meus amores, fiz de coração s2



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            A viagem finalmente acabou e estamos em uma caravana de volta para nossa escola, Ouran. O que me surpreende é que o Hikaru veio andando meio tonto desde o início da semana. Inclusive está com o rosto machucado graças a um tombo que levou um dia desses. Ele anda sonolento e desastrado.

           

            Haruhi: Kaoru...

            Kaoru: Sim?

            Haruhi: O Hikaru... Ele tem alguma enfermidade contagiosa?

            Kaoru: Como assim?

            Haruhi: Porque você o odeia tanto?

            Kaoru: Digamos que... Eu vá durar mais.

            Haruhi: Durar mais?

            Kaoru: Cansei de conversar Haruhi, se quiser saber algo sobre isso pergunte a ele mesmo.

            Haruhi: - olha para Hikaru – Okay.

           

            Semanas vieram e ele não mudou nem um pouco, seu olhar está tão caído, sua pele tão pálida. Ele vem sendo muito mais carinhoso que o normal. Acho que só esses últimos dias nós dormimos juntos umas 4 vezes... Sempre segura minha mão e diz que não quer me perder. Nunca vi uma pessoa tão calma e desesperada ao mesmo tempo. Ele diz que está bem... Mas não sei o porque, sinto que isso não é verdade.

            Saiu do time de basquete e passa todas as aulas olhando para um pondo fixo na sala de aula. Oh meu amado, onde foi parar aquele seu brilho selvagem? Sinto que aquele animal perdido agora se encontra descansando em meio a mata.

            Ele sorri, toda vez que dirijo um olhar para ele está sorrindo. Você já viu dor no olhar de uma pessoa? Sentiu como se a pessoa mais importante da sua vida estivesse sofrendo bem na sua frente e você não pudesse fazer simplesmente nada? Mas porque me sinto assim? Acho melhor falar com ele sobre isso.

            Haruhi: Hikaru, precisamos conversar.

            Hikaru: Diga!

            Haruhi: Vamos completar 6 meses de namoro, certo?

            Hikaru: Sim, 6 meses. Porque?

            Haruhi: Você anda meio estranho ultimamente. Aconteceu algo?

            Hikaru: Não que eu saiba. – sorri docemente com a intenção de despreocupar Haruhi.

            Haruhi: Não minta...

            Hikaru: Vai ficar tudo okay! Só precisa acreditar.

            Haruhi: Okay.

            Hikaru POV:

            Porque é tão difícil esconder uma fraqueza? Desde os 5 anos de idade... Fui informado de uma tragédia muito devastadora em minha vida. Sinto que meu tempo está acabando. Porque não posso escolher amá-la para sempre? Escolher... viver para sempre? Alguma vez... já parou pra imaginar o quão triste é não se entender? Não ser capaz de enxergar nem mesmo uma pequena luz? Mas tudo bem, o importante é continuar.

Alguns dias depois:

            Hikaru: - tropeça e cai com o rosto no chão.

            Haruhi: HIKARU! – sai correndo para ajudá-lo.

            Hikaru: Tudo bem! – sai cambaleando.

           

            Suas pernas... porque não se movem mais como antigamente? Seus olhos... Porque sempre afogados em água? Queria essas respostas.

           

            Haruhi: Chega! Se não me falar o que está acontecendo agora Hikaru isso tudo terá um fim.

            Hikaru: É difícil pra mim agora. Vou dar o meu melhor okay? Força!

            Haruhi: Me diga o que está acontecendo com você...

            Hikaru: Eu vou ficar bem! – sorri – Mas... preciso ter uma conversa séria com você, ainda bem que me chamou.

            Haruhi: O que foi?

            Hikaru: Precisamos terminar.

            Haruhi: Porque? Você está louco? Um dia diz que me ama e que me quer do seu lado e no outro... me deixa de lado? Eu sou o que pra você? Um objeto sexual? Um brinquedinho? Sou a única naquela escola que te dou atenção e vc me nega tanta coisa... Só quero saber  que você tem! Pense melhor antes de tomar essa decisão.

            Hikaru: Eu vou começar a faltar. Não me procure. Não se lembre de mim.

            Haruhi: Hikaru?

            Hikaru: - sai andando.

            Haruhi: - agarra o pulso de Hikaru – Me solte!

            Haruhi: - começa a chorar – porque está fazendo isso comigo?

            Hikaru: - empurra Haruhi para longe – Não sei do que está falando estranha!

            Haruhi: HIKARU, HIKARU, HIKARU, HIKARU, HIKARU, HIKARU, HIKARU – grita enquanto o menino se afasta.

            Porque isso agora? Ele realmente se sente superior por me deixar assim? Acha que vai ganhar alguma coisa com isso? Não, ele não vai! Não sei o porque desse drama todo que ele vem fazendo, porque me preocupei? Isso deve ser apenas sono! Passa a noite toda comendo mil garotas e não consegue se dar bem na escola! Porque eu não desconfiei antes? Ele ficou tão distante e tão próximo ao mesmo tempo que pensei que estivesse doente. No final das contas o Kaoru foi quem realmente me amou, quem sempre me ajudou, quem sempre esteve ao meu lado nos momentos difíceis! Como pude ser enganada por um idiota desses? E ter pensado coisas erradas do Kaoru? A única coisa que consigo fazer agora é chorar... chorar e sonhar com um futuro que nunca conseguirei alcançar. Tenho que seguir a vida.

20 minutos depois...

           

            Haruhi: - atende o telefone – Moshi Moshi (alô alô)...

            Kaoru: Haru-chan?

            Haruhi: K-Kaoru?

            Kaoru: Acho que precisamos conversar, certo?

            Haruhi: Por favor...

            Kaoru: Estarei ai em 5 minutos.

            E assim foi, em 5 minutos ele apareceu aqui na porta de casa simplesmente para me ouvir. Isso é ser legal. Não sei como o término do namoro chegou tão rápido aos ouvidos dele! Só sei que deu graças aos céus por tê-lo ao meu lado. Um ombro amigo... Ou mais que amigo. Ele sempre zelou por mim. Mas por mais que eu tente, meu coração é do Hikaru.

           

            Kaoru: Haruhi... Eu sempre te amei.

            Haruhi: É sério isso?

            Kaoru: Como assim?

            Haruhi: Eu... – se afasta de Kaoru- pensei que você fosse meu amigo, que se importasse comigo. Eu acabei de ser chutada pelo seu irmão gêmeo que todos odeiam e que eu não consigo odiar. Pela única pessoa que permiti me amar e que nunca tive a oportunidade de dizer o quanto eu o amo... Nem uma vez sequer. E você aparece aqui do nada pra se aproveitar da situação, da minha fraqueza... se declara pra mim. Sério, esperava mais de você.

            Kaoru: - segura o pulso de Haruhi – Essa escolha... foi você quem fez, esse caminho quem está traçando é você. No dia em que tudo acabar não venha reclamar e desabafar suas mágoas comigo.

            Haruhi: Vá embora.

            Kaoru: - se levanta – Você vai se arrepender.

            Depois daquilo eu senti um peso no meu coração muito grande, aquelas palavras entraram como uma fisgada em meu coração. Como assim me arrepender? Ele iria aprontar algo contra mim?

           

            Haruhi POV:

            O Hikaru nunca mentiu. Começou a faltar as aulas a partir do dia em que me disse para esquecê-lo. Baka... como se isso fosse possível. Começou vindo dia sim e dia não... parou vindo 1 vez por semana e agora nem vem mais. O que ele está aprontando? Eu deveria mesmo esquecê-lo e tocar minha vida para frente? Depois que ele saiu todo mundo começou a falar comigo novamente, isso pode ser mais uma oportunidade.

            Tamaki: Haruhi-kun? A quanto tempo!

            Haruhi: Oh, Tamaki-senpai?

            Tamaki: Exatamente, que bom que lembra meu nome! Fez o que lhe pedi?

            Haruhi: Bem, isso tem alguns meses...

            Tamaki: 7 meses pra ser exato.

            Haruhi: É! Ele havia aceitado, mas não vem mais pra escola. Sinto muito.

            Tamaki: Porque esse olhar tão tristonho? Sente falta dele?

            Haruhi: Como você...?

            Tamaki: Se precisar conversar eu estou aqui! – sorri.

            Eu conversei com ele por uma tarde inteira. Não nos tocamos, apenas trocamos palavras durante muitas horas. Ele ouviu tudo atentamente. Apesar de ser muito rico e bonito não demonstrou ser soberano em momento algum! Sua humildade e gentileza me assustaram. Deve estar pensando que sou gay agora...

            Tamaki: Você é uma garota, certo?

            Haruhi: Sim...

            Tamaki: Ele foi um babaca.

            Haruhi: Sim...

Tamaki: Muitas pessoas ainda vão entrar e sair da sua vida Haruhi. Do mesmo jeito que você vai entrar e sair na vida de muitas outras pessoas e sem perceber acabar magoando elas.

Haruhi: Eu não faria uma coisa dessas, sei o quanto dói! – lacrimeja.

Tamaki: - seca a gota de lágrima que teimou em cair – É um belo pensamento esse! Mas veja por outro lado, se isso não acontecer... como os outros vão crescer?

Haruhi: Você ainda é tão jovem pra dar conselhos tão maduros Senpai...

Tamaki: Eu já vivi bastante Haruhi... Mas ainda sou uma criança. Viva sua vida como quiser. Lute pelos seus ideais. Mas nunca, jamais quebre uma promessa. Entendeu?

Haruhi: Sim...

Tamaki: Menos mal! Agora tenho que ir. Quer que te encontre amanha? Aqui?

Haruhi: Por favor.

E foi sem perceber que comecei a conversar com aquele Senpai todos os dias no mesmo lugar. Sabia muito pouco sobre a vida dele e ele já entendia todos os meus problemas. Nunca o vi nervoso ou tristonho, estava sempre sorridente e calmo, como uma lagoa cristalina. Isso me lembra tanto o sorriso bobo do Hikaru... Como eu queria ver aquilo de novo, só mais uma vez... talvez duas... ou pra vida inteira... Onde ele está agora? Já estou em pleno final de semestre e ele nunca mais veio a uma aula sequer.

1 ano depois...

            Professor: Haruhi Fujioka, por favor dirija-se a diretoria.

Lembro-me dessa frase como se fosse uma chamada ao inferno. Minha vida não andava muito bem, mas digamos que ainda havia esperança em meu peito. Aquilo deu um fim a tudo isso.

            Haruhi: Claro.

            A voz do diretor saia com dificuldade e era possível perceber o olhar entristecido que ela me lançava. Seu rosto pálido exibia expressões de afeto, senti a partir daquele momento uma palpitada em meu peito. Ainda sem entender o que estava acontecendo sentei-me do lado dela esperando ouvir uma notícia ruim... Não a pior de minha vida.

            Diretor: Haruhi, o senhor é muito amigo de um ex aluno da escola, o senhor Hitachiin Hikaru, certo?

            Haruhi: Sim... o que aconteceu?

            Diretor: Ele...

           

            Porque ele tocou no nome do Hikaru? Depois de tanto tempo que ele saiu da escola, porque um diretor, que precisa cuidar de tantos jovens se lembraria logo dele? Porque logo eu fui chamada? Só sei que nesse momento minha garganta deu um nó tão grande que senti como se respirar fosse impossível.

           

            Haruhi: O que aconteceu? Me diga de uma vez por todas, acabe com isso! – lacrimejando.

            Diretor: Tome... – entrega um papel para Haruhi – Ai está o número do quarto em que ele está. Por favor, vá visitá-lo.

            Haruhi: Okay – pega o papel com suas pequenas mãos trêmulas.

           

            Não pode ser... 6487-4874? Porque? Porque esse número? Ele estava na cama do Hikaru no dia que nos unimos... Quarto?

           

            Haruhi: Ele está... Internado?

            Diretor: Ligue e converse com ele. Ele precisa de você mais do que nunca. Vá para casa agora, tome um banho, se informe e vá para o hospital o mais rápido possível.

            Internado? Era por isso que ele não estava se movendo normalmente? Que pediu que eu o ignorasse? Ele está doente? Porque faltou todo esse tempo? Deve ser algo realmente sério... Céus, Hikaru! Porque faz isso comigo?

30 minutos depois no hospital...

            Haruhi: Licença, gostaria de ver o Hikaru Hitachiin.

            Recepcionista: Seu nome, por favor.

            Haruhi: Fujioka Haruhi, somos amigos.

            Recepcionista: Sinto muito, mas não está autorizado a entrar. O senhor Hitachiin deixou bem claro que não tem nenhum amigo.

            Haruhi: POR FAVOR MOÇA! – começa a chorar.

            Recepcionista: Seguranças... por favor... – olha para baixo.

            Haruhi: Nãão! Eu preciso ver ele! Ele precisa de mim! Precisa... De mim...

            Doutor: Parem com isso agora!

            Todos: - olham para ele.

            Recepcionista: Doutor, esse rapaz quer falar com... o Hitachiin.

            Doutor: - encara Haruhi – Você, qual é o seu nome?

            Haruhi: Fujioka Haruhi.

           

            Não consegui entender naquele momento o porque de toda aquela palidez que o doutor havia ficado... Suas pupilas dilataram e era legível seu único pensamento: É ELA? Ele me olhou como se eu fosse um cristal que se quebrava aos maus olhados.

            Doutor: Venha querida.

            Todos: QUERID “A”?

            Doutor: Não temos muito tempo, dixe para se impressionar mais tarde, acho que tem alguém que precisa te ver, certo?

            Haruhi: Claro! – enxuga as lágrimas e sai andando rápido atrás do Doutor que a guiou até uma porta grande que dava entrada a um quarto de hospital.

            Doutor: É aqui. Daqui pra frente é com você.

            Haruhi: Como me conhece?

            Doutor: Ele fala muito de você.

            Haruhi: - pega na maçaneta para abri-la quando é interrompida pelo Doutor.

            Doutor: Espere! Antes tem algo que precisa saber...

            Haruhi: Diga.

            Doutor: O Hikaru sofre de uma doença chamada Degeneração Espinocerebelar. Até agora não há cura para ela e nenhum tratamento. Ela atinge o cerebelo que é o responsável por todos os movimentos do corpo, mas mantém a consciência perfeita, ou seja, ele vê toda a evolução da doença e entende tudo o que as pessoas dizem ao seu redor. Ela evolui em um tempo diferente em cada pessoa, por sorte o Hikaru é um garoto muito forte e está conseguindo viver. Mas... precisa de cuidados especiais já. É uma doença hereditária, porém seu irmão gêmeo nasceu “perfeito”. Desde muito pequeno é submetido a exames muito dolorosos. Lembro-me do seu aniversário de 10 anos, foi quando lhe falamos que seu tempo de vida iria no máximo até os 20 anos. Você sabe o que é para uma criança ouvir isso? Mas era a melhor solução. A pior parte dessa doença não é como ela evolui e sim a pessoa aceitar que tudo o que ela vive vai ser possuído pela doença, tomado, pisado... perdido. É um fardo maior do que qualquer um de nós pode imaginar, Haruhi.

            Haruhi:...

            Doutor: Fui eu quem pedi para o seu diretor lhe chamar. O Hikaru nunca quis que viesse, dava uma de durão, mas sempre falava sobre você... e sempre com um sorriso bobo no rosto. Chamava você de “pequena” agora entendo o porque. Você tem noção do que é para ele? Cuidado com as palavras faça desses últimos anos os melhores da vida de vocês dois. Ele me disse que a coisa que mais sentia falta era do seu sorriso...

           

            Eu abri aquela porta... E junto daquela maçaneta estavam indo todas as lembranças que havíamos vivido. Eu o vi prostrado em uma cama olhando para uma janela. Havia uma toca em sua cabeça, pois seu cabelo havia caído, suas mãos estavam contorcidas e seu rosto deformado pela doença. Ao seu lado uma cadeira de rodas e alguns livros.

            Já passou pela sua mente alguma vez a possibilidade de ver aqueles olhos que esbanjavam superioridade, agora sem cor? Aquele corpo que todos invejavam, deformado? Aquele cabelo ruivo e tão macio quanto ceda sendo trocado por uma toca? Já pensou alguma vez em ver a pessoa que você ama perdendo tudo de uma só vez? Os estudos? O namoro? A família? O corpo? O sentido da vida? A dor que eu senti não foi nem 1 terço da que ele sentiu, mas garanto que a única coisa que fui capaz de fazer... foi cair de joelhos e chorar.

            Sorte que ele não me viu, estava dormindo, tranqüilo... Nem imaginava que eu estivesse ali... Ou talvez essa fosse a única coisa que ele imaginasse. Me aproximei, toquei-lhe a face e esperei por uma resposta. Abria levemente os olhos...

           

            Hikaru: HARUHI? – tosse.

            Haruhi: ... – com a voz trêmula – Oi...

            Hikaru: O que... está fazendo aqui? Eu estou dormindo?

            Haruhi – ri – não está tudo bem, eu estou aqui.

            Hikaru: Quem te chamou?

            Haruhi: - beija a boca de Hikaru – Eu te amo.

            Ele não disse nada, apenas me olhou por um longo tempo, acho que nem ele era capaz de acreditar no que estava acontecendo.

            Hikaru: Haruhi... Eu também... Te amo. Mas não me resta muito tempo de vida, o doutor disse que tenho apenas mais umas semanas.

            Haruhi: Semanas?

            Hikaru: Posso... Te... – engasga.

            Haruhi: Se acalme!

            Hikaru: Pedir... algo? – fala com dificuldade.

            Haruhi: Qualquer coisa, meu amor!

            Hikaru: Diga... meu nome... mais... mais uma vez.

            Haruhi: Hikaru... Hikaru... Hikaru – começa a chorar HIKARU!

            Hikaru: Não chore... pequena!

            Doutor: Sinto muito, mas ele está muito mal Haruhi, por favor, venha aqui fora para que eu possa cuidar dele.

            Muitos minutos se passaram e o Doutor não saia da sala...

            Doutor: Volte pra casa, filha. Ele vai ficar bem.

            Haruhi: Posso vir amanha?

            Doutor: Claro!

            Voltei pra casa... Mas é como se uma parte de mim tivesse continuado no hospital. Eu o odiava, passei anos da minha vida detestando aquele idiota, depois passei anos amando... Ele foi meu primeiro em tudo. Mas nosso tempo está acabando. Amanha vou para a aula, o Hikaru me pediu isso enquanto falávamos a sós. Ele falou como quando nos conhecemos, daquele jeito mesquinho que eu amo. Mesmo que de vagar e com dificuldade eu vou ouvi-lo, eu vou esperar o tempo que for preciso!

           

No dia seguinte...       

            Escola... Cada aula passava lenta como uma tartaruga. Todos estavam preocupados comigo, principalmente os professores. Eu nunca era de ficar em um canto cabisbaixo. Já o Kaoru mesmo sabendo que o Hikaru está internado não foi nem no hospital visitar o irmão. ANIMAL! Isso é o que ele é. Acho que finalmente estou conseguindo me concentrar na aula...

           

            Diretor: - invade a sala de Haruhi – Licença professo, Haruhi, rápido venha! Não temos tempo.

            Meu peito novamente latejou! Eu sai correndo com todas as minhas forças para o carro do professor, ele ligou e saiu mais rápido que uma bala em direção ao hospital! Quanto mais nos aproximávamos mais meu coração doía.

           

            Diretor: CORRA!

           

            Ao chegar no quarto dele me avisaram que ele não se encontrava mais lá e sim na sala de reanimação, ele tinha acabado de ter uma parada cardíaca! Por Deus, cada choque daquele era um litro de lágrimas escorrendo de meus olhos! Seus peitos estavam todos roxos pelo choque, sua pele mais pálida que a de um vampiro, sua cabeça nua... Ele cheirava a morte, mas ainda havia esperança...

           

...

            E foi quando o aparelho parou de tocar.

...

            Eu senti um pedaço de mim sendo levado com ele. Ele se foi sem que eu pudesse dizer adeus.

            Hoje tenho um pensamento mais maduro sobre isso, seria diferente se eu soubesse que aquela seria a última vez que eu diria seu nome? Que me declararia? Que veria aquele sorriso bobo e egocêntrico? Que olharia no fundo daqueles olhos? Que ouviria aquela voz? Seria diferente? A verdade é que ninguém quer um adeus... Mas todos sabemos que um dia ele vem, como a morte...

            Eu precisava vê-lo de qualquer jeito, só pra olhar naqueles olhos, fazê-lo rir, brigar com ele, irritá-lo, sentir seu cheiro de roupa limpa. Precisava de qualquer palavra dele, qualquer promessa impossível.

            Por muito tempo não consegui pensar em muita coisa, semanas prostrada em uma cadeira pensando que a vida não tinha mais sentido. Até que fui chamada até o hospital novamente.

           

Doutor: Ele deixou algo para que lhe entregasse antes de sua morte.

            Haruhi: ...

            Doutor: Essa carta, leia para todos em sua sala de aula. Esse foi seu último pedido.

            Haruhi: - pega a carta – Sim senhor...

De volta a escola após 1 semana...

            Haruhi: Licença, professor. Posso ir a frente por um minuto?

            Professor: Claro!

            Haruhi: O que trago aqui é uma carta de nosso falecido companheiro de classe e amigo, Hikaru. Por favor respeitem, pois aqui estão escritas suas últimas palavras.

           

“Acho que tem pessoas que sabem... Minha doença não tem cura. Parece que não há um tratamento. Um dia, caminhar e se levantar... e também falar não conseguirei mais. Foi o que o médico me disse. Durante esse ano as coisas óbvias que podia fazer, uma por uma deixei de conseguir. Dentro dos meus sonhos, eu caminhava com meus amigos enquanto conversávamos e jogava basquete correndo com tudo, mas ao abrir meus olhos eu vejo um corpo que pode mais se movimentar livremente. Todos os dias acabavam mudando. Para que eu não caísse, como eu deveria caminhar? Como comer rápido meu almoço? Como... ignorar o olhar das pessoas? Eu tinha que pensar em cada coisa. Eu não poderia viver assim. Vir para o ensino médio, ir a universidade, ir trabalhar, o futuro que eu imaginava que seria dessa forma, ficou no zero. Não consegui encontrar um caminho para viver, não conseguindo ver nem uma pequena luz por causa da doença. Eu pensei várias vezes que minha vida desmoronou. Mas... apesar de ser triste é a realidade. Por mais que eu chore, eu não consigo fugir dessa doença. Mesmo querendo voltar ao passado, o tempo não volta. Sendo assim, eu mesma, tenho que gostar do jeito que estou agora. Assim eu pensei. Afinal, depois que meu corpo ficou assim foi que eu percebi várias coisas pela primeira vez. Mesmo estando por perto, me sinto agradecida por ter minha família. As mãos dos meus amigos, que me apóiam, sempre tão quentes. Ter saúde e apenas isso já é uma grande felicidade. O fato de ter essa doença não me trouxe apenas perdas. Esse corpo sou eu. Pode-se dizer que é um obstáculo, um pesado fardo, eu... sou o que sou agora. Pensei em viver com orgulho, por isso eu mesma decidi ir a escola para deficientes. Diferente de vocês, estarei em um outro lugar. A partir de agora dentro do caminho que eu mesma escolhi, passo a passo, quero encontrar a luz. Até que eu pudesse dizer isso tudo sorrindo, pra mim, foi preciso no mínimo de um litro de lágrimas. Por isso, mesmo que eu deixe essa escola, não pensarei que algo está terminado. Todos, por terem sido tão gentis até agora... Muito obrigada, de verdade.”

            Haruhi: E até o último momento... ele nos agradeceu, ele sorriu.

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            Acho que hoje eu só precisava ouvir qualquer palavra dele... preciso dele com qualquer humor, com qualquer sorriso.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem meus amores, fiz de coração s2