Eu olhei para frente e um sorriso amigável se formou em meu rosto. Ela não se apaixonou? Se não, então somos dois...

- Mas a gente não sabe o que aconteceu entre a Heather e o Bryce. No fundo, não sabemos. Ela podia ter muitas razões para estar ressentida.

- Ressentida com ele, acho que sim – Eu odiava ter de concordar com ela. - Mas não com você. Ela não tinha direito de tentar machucá-la.

Eu estava ficando furioso novamente e ela percebeu. Ficamos quietos por um tempo, ainda estávamos um pouco longe de casa.

- Mas e você? Como foi mesmo que morreu?

Ela realmente me pegou de surpresa. Eu estava começando a pensar que ela iria ficar quieta o resto do caminho, novamente me enganei. Eu estava suando frio por dentro. Eu respondia? Ou Ficava quieto? Optei por responder, pois ela poderia ficar perguntando isso até eu responder. Eu comecei a lutar contra um FlashBack. Continuei olhando para frente em silêncio. Já estávamos no início da ladeira de nossa casa. A subida era longa e cansativa – para ela – eu continuei em silencio me perguntando em como começava a minha longa história.

- Hmm... – ela disse. - Sabe o que mais? Esquece. Se não quiser, não precisa me dizer...

Surpreendi-me, achei que ela esperaria pelo resto da noite pela        minha resposta.

- Não - respondi. - Tudo bem.

Não estava tudo MUITO bem, mas não queria magoá-la.

- É só que eu estava meio curiosa, só isso. Mas se você achar que é uma coisa muito pessoal...

- Não, não é. – Havíamos chegado a nossa casa. Eu fui até a garagem e guardei a bicicleta. Fiquei na sobra e recomecei a dizer:- Como você sabe, nem sempre esta casa foi uma casa de família.

- É mesmo?!

- Sim. Houve uma época em que era um hotel. Quer dizer, mais uma estalagem propriamente do que um hotel.

Minha voz estava aborrecida, sofrida na verdade. Eu estava lembrando coisas que eu fazia questão de nem sequer pensar.

- E você estava hospedado aqui? – Sua voz estava ansiosa e animada, como uma criança pedindo ao pai uma história para dormir.

- Sim.