A Sereia escrita por Santori T


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

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Com o passar dos dias, mais próxima de nós Jade ficava. Yen aprendera a conviver com ela, a aceitá-la e a ver nela mais do que uma refeição. Ele estava aprendendo a ver como eu. Talvez ele fosse muito mais parecido comigo do que pensava. Apenas não queria admitir.

–E então, quanto tempo vai ficar? – Jade lhe perguntou na tarde de seu penúltimo dia conosco. Fazia sol e nos sentamos na varanda do chalé para conversar e aproveitar o calor.

–Somente até amanhã – Explicou ele, muito à vontade com Bela cochilando em seu colo. Até mesmo o bichano, agora gorducho depois de semanas de comida farta, parecia gostar da presença de Yen na casa. – Preciso voltar para o ….

–Família – Intervi antes que meu amigo falasse mais do que deveria. Vi o rosto corado de Jade me espiar desconfiadamente, mas eu dominava bem a arte da convicção. – Ele precisa voltar pra casa e contar a nossa família que estou bem aqui.

–É – Yen forçou um sorriso frouxo e pouco convincente. Mentir era uma habilidade que ele dominava muito mal.

–Tudo bem – Jade deu de ombros, enquanto amarrava os longos cabelos negros numa trança perfeita. – E quando volta?

Ele ficou tenso ao meu lado. Também não pude evitar me sentir desconfortável com a pergunta. Ambos sabíamos a resposta, mas não desejávamos pronunciá-la em bom som. O fato era que havíamos nos acostumado a viver juntos durante aqueles dias e nenhum dos dois queria ver uma despedida.

–Eu não vou voltar, Jade – Contou ele, focando sua atenção nos pinheiros que se balançavam com o vento na orla da floresta.


* * *


Choveu durante a noite e o ar havia esfriado. Depois que Jade tomou seu caminho para casa, Yen e eu nos sentamos para conversar. Eu sentia medo, mas precisava saber à que conclusão ele chegara sobre Jade. E se sua decisão fosse de que o melhor seria matá-la, então eu teria de fazer alguma coisa para impedir. Qualquer coisa.

–Eu não quero fazê-la sofrer mais, Aleerah – Disse ele ao meu lado, segurando minhas mãos nas suas, os olhos cintilantes fixos nos meus. – E preciso admitir que a menina não faz ideia do que somos. Parece que ela vive bem aqui. Gosta de você.

–E eu gosto muito dela, Yen – Apertei seus dedos entre os meus, deixando o calor de seu corpo percorrer o meu. – Não estou dizendo que quero mudar quem eu sou... Eu sei o que sou, e sei o que preciso fazer para sobreviver. Eu entendo isso. É da minha natureza.

–Você não é humana – Completou ele, gentil. – Não precisa lutar contra os hábitos da sua espécie, porque não é errado.

–Eu sei – Sorri para ele, aliviada. – Agora eu entendo isso. Eu sempre me senti horrível por matar os humanos, mas... Essa sou eu e não posso fugir de quem eu sou. Não farei isso.

–É bom ouvir isso – Yen deslizou os dedos por minha bochecha num gesto involuntário, mas assim que recobrou a noção do que estava fazendo, se afastou. – E sobre a menina... Eu... Verei o que posso fazer.

–Verdade!? – Meus olhos encheram-se de lágrimas e meu peito estufou-se de felicidade. – Então não vai...

–Não, Aleerah – Ele sorriu, satisfeito com a própria decisão. – Você provou que os humanos não são todos iguais e que poderíamos conviver em paz com eles, se fosse preciso. Não se preocupe, eu vou levar isso até o Conselho.

Eu me inclinei sobre ele e o abracei com gratidão. O leve cheiro de maresia de Yen me fez lembrar de casa, mas quando suas mãos tocaram minhas costas e nossas peles se encontraram, eu esqueci do mundo a minha volta. Apesar de tê-lo deixado pelo marinheiro Elijah na adolescência, o que eu tinha com Yen, a nossa conexão, não era como nenhuma outra já existente.

–Me desculpe – Murmurou ele, sem jeito, afastando-se de mim.

Eu não respondi. Sob nossas leis, quando dois Sirens eram prometidos um ao outro, nada poderia separá-los. Nunca. Sob nenhuma circunstância eles conseguiriam se envolver com outros de sua espécie. Era um laço eterno, inquebrável. Talvez uma maldição, como eu costumava pensar.

–Não se desculpe – Eu disse respirando devagar. – Acho que você já esperou por tempo demais. E eu também.

Yen me olhou com surpresa. Contudo, não lhe dei tempo para analisar o que viria a seguir. Apenas me levantei, sentei-me em seu colo e enlacei meus braços em volta de seu pescoço, puxando-o para mim. Ele não resistiu. Havia muitas coisas nadando no lago plácido de seus olhos e todo o ressentimento que envenenara seu coração em outro tempo, agora se dissolvia.

Quando nossos lábios se uniram, vi os olhos de Yen brilharem, metálicos. Dentro deles, os meus próprios também irradiavam luz.

–Todo esse tempo – Yen se levantou, pegando-me em seus braços. – Pensei que fosse enlouquecer.

–Também senti sua falta – Murmurei, abraçando-o com amor. – Agora me leve para o lago.

Separar Sirens destinados era como matá-los aos poucos. Mas esse fora o maior castigo imposto pelo Conselho de meu clã. Com meu banimento, não apenas eu fora ferida, mais Yen também. Meu castigo? Traição. O dele? Se deixar ser traído por um humano. Quando o mandaram para matar Jade, todos no Conselho sabiam exatamente que no meio dessa batalha, eu também acabaria morta, justamente pelas mãos daquele que deveria se tornar meu marido. Era algo triste. Mas eu nunca disse que Sirens eram confiáveis. Ou piedosos.



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Notas finais do capítulo

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