A Sereia escrita por Santori T
Notas iniciais do capítulo
Seja bem-vindo (a)! É com uma dorzinha no coração que informo mais uma vez que nossa história está caminhando para o fim =/ Mas também é com alegria que afirmo que tem mais história vindo por aí e a nova trama já tem capinha pronta!! o/
Bem, por enquanto é isso. Espero que aproveitem, deixem seus comentários, nomes de textos indicações de leitura, suas trilhas sonoras ou afins ^^ Até logo!
Acesse aqui a trilha do capítulo!
Indo contra as leis de meu mundo, eu corri por entre os destroços e junto das pedras encontrei um bote de madeira. Agarrei as alças com as duas mãos e o reboquei até onde estava o marinheiro. Meu coração pinoteava violentamente dentro do peito e minha cabeça zumbia, como se meu cérebro enviasse alertas aos meus ouvidos de que o que eu estava fazendo era muito errado.
O humano me olhou com gratidão quando o ajudei a entrar no bote. Ele deitou-se no barco, ofegando e gemendo, o corpo tão gelado quanto uma noite de inverno. Seus olhos fixaram os meus por uns segundos e então ele sorriu.
-Você é tão bonita... Muito bonita... Como um belo diamante...
Eu sentei junto de seus pés, deixando metade de minha cauda para fora, ondulando na ´água. Tudo em mim desejava saber mais sobre aquele humano misterioso, o único sobrevivente do naufrágio do Queen Maria, mas meus olhos não conseguiam desviar de seu rosto sereno.
-Diga-me seu nome? – Me pediu, recuperando o fôlego.
Eu virei para o lado. De repente lembrei do quanto aquilo era perigoso, de como eu estava expondo toda uma raça que, na cabeça dos humanos, não passava de um mito. Inclinei-me para frente, mas antes de pular do barco ele segurou meu pulso, me impedindo de ir.
-Não, por favor – O cinza dos olhos do humano se dissipou, como um dia nublado que se vai com a chegada do sol. – Fique comigo. Não quero que vá.
Meu estômago se contorceu e minha respiração acelerou. A sensação de nossas peles se tocando fora demais para mim. Naquele minuto, eu abandonei minha sanidade e o medo. Não havia motivo para ir embora se tudo o que me segurava no mundo agora era aquele homem.
-Venha, deite-se comigo – Pediu ele afagando meus cabelos molhados.
Nos deitamos juntos, dividindo o pequeno espaço do barco. Encostei a cabeça em seu peito, ouvindo sua respiração cansada e seu coração tranquilo. Nada mais era importante. Meu mundo estava ali. Meu mundo era ele. Eu pertencia a ele.
Vagamos juntos por dois dias, e durante aqueles dias eu havia me esquecido totalmente de quem eu era, das coisas que fazia para sobreviver. Conversava com o humano chamado Elijah, ouvia suas histórias sem dizer uma só palavra. Me deixei encantar pela vida dele, invejei o que ele tinha, as aventuras que faziam parte dele.
-Minha rainha – Ele dizia, beliscando a ponta de minha orelha com os lábios macios. – Somente minha...
Na terceira noite, Elijah me fez um pedido que me machucou por dentro.
-Não sinta-se triste, meu amor – Ele falou com desapontamento. – Sabe que preciso voltar. Uma hora isso iria acontecer.
Fiz que não com a cabeça, como uma criança malcriada. Não queria que ele fosse. Não queria que me deixasse.
-Você não quis me matar, e nunca poderei agradecer por sua compaixão – Elijah repousou a cabeça em meu ombro e segurou minhas mãos nas suas. – Mas preciso voltar para minha gente. Preciso me alimentar, rever minha família – Ele suspirou, entristecido. – Também não quero te deixar. E não acho que precisamos dizer adeus.
Eu me inclinei em sua direção sem entender. Elijah sorriu, complacente.
-Me dê três luas, minha rainha. Apenas três luas para reorganizar meus negócios e volto para você – Ele acarinhou minha bochecha com as pontas dos dedos. – Me encontre aqui e então poderemos ficar juntos para sempre.
Meu coração saltou de alegria. Eu me atirei sobre ele, abraçando-o e beijando seu rosto. Naquele mesmo dia permiti que Elijah fosse embora. Então eu fiquei, e das pedras observei-o remar para sua terra.
* * *
Três luas haviam passado e com felicidade fui até o lugar onde havia marcado de me encontrar com meu marinheiro para enfim ficarmos juntos para sempre. E não demorou até que eu avistasse uma embarcação grandiosa que cortava as águas, rumando em minha direção. Quando o navio se aproximou o suficiente para que eu pudesse ver parte do convés, chamei por ele com a ansiedade de uma adolescente apaixonada.
-Elijah!
Mas para meu horror, no lugar dele, redes foram lançadas sobre mim. Eu gritei e me contorci, na tentativa de me desvencilhar das amarras, porém todo o meu esforço só fazia piorar as coisas. As cordas pareciam feitas com estilhaços de vidro e quanto mais eu forçava para sair, mais elas afundavam em minha pele.
-Ela é arredia, meu senhor!! – Gritou um dos marujos, enquanto içava a rede para o barco.
Meu corpo bateu contra o convés com um baque surdo. Eu tremia e gemia, apavorada. Ao meu redor os marinheiros zombavam, riam e gritavam gracejos vulgares. Alguns chutaram minha cauda, como se duvidassem que fosse legítima.
-Quem diria, hein, senhores!? – A voz familiar fez-me olhar para cima. Um homem bem arrumado e com ar presunçoso vinha descendo por uma escada em espiral. Muito diferente daquele que eu encontrara à deriva no mar, esse parecia se divertir com a minha aflição. – Sereias! Elas existem, afinal!
-E são essas porcariazinhas as responsáveis por nossos prejuízos!! – Vociferou um dos marinheiros, cuspindo no chão a minha frente.
-Senhores! – Elijah ergueu as mãos, pedindo silêncio. – Nossos problemas no mar... Acabaram!
O convés vibrou sob os gritos dos homens. Os corações acelerados deles ensurdeciam meus ouvidos e confundiam meus sentidos. Contudo, nada poderia afetar a ira que me ganhava por dentro. Um ódio frio e nefasto, que subia-me pelas veias. Naquele instante, aprisionada, inofensiva, eu me arrependi por não ter tirado a vida do marinheiro Elijah.
As botas do humano pararam a minha frente, depois o corpo. Ele abaixou-se e segurou meu rosto, forçando-me a olhar em seus olhos.
-Perdoe-me por isso, minha rainha – As palavras de Elijah ecoavam mortas dentro de minha cabeça. – Mas é necessário.
-Por que? – Rosnei entre dentes. Um ódio profundo e perverso se expandia dentro de mim e as redes eram o único obstáculo que me impedia de avançar contra ele. – Eu poupei sua vida.
-E eu pouparei a sua, minha bela – Elijah sorriu com malícia, os dedos passeando por meu semblante atormentado. – Você vai nos dizer exatamente qual é a rota para a sua casa e eu vou acabar com todos os outros primeiro. Você fica por último.
-Você... – Eu esbocei um risinho sem humor. – Você não sabe o que provocou.
De súbito, o céu cobriu-se de negro, anunciando a chegada da tempestade.
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