Annabeth POV

Percy com certeza tem sérios problemas e isso acaba de ser comprovado.

Quer dizer, ele é bem estranho. Uma hora estamos conversando numa boa, e na outra, ele me puxa para trás de um carro e me abraça apertado - quase me enforcando - como se estivesse se escondendo de algo.

Por sorte, eu não me arrebentei, já que caí por cima dele, que ainda parece assustado com alguma coisa. Então eu saio de cima dele e me largo ao seu lado, rindo levemente.

– Por que está rindo? - pergunta, evidentemente surpreso com minha reação.

– Você. É. Louco? - respondo com outra pergunta, ainda sorrindo

Percy se levanta sem dizer nada e me puxa pela mão. Pego minha bolsa e o encaro. Ele é legal, mas a desconfiança sempre bate quando me deparo com essas atitudes estranhas.

– Tenho que ir. - digo suspirando. Ele me encara.

– Você deve estar pensando algo muito ruim de mim agora, não é?

– Talvez. - murmuro, recolhendo minha mochila do chão. - Olhe Percy, eu tenho que ir.

– Nos vemos amanhã? - pergunta, e noto um pouco de ansiedade em sua voz.

O encaro. Minha desconfiança aumenta, mas meu coração se derrete por vê-lo com essa carinha. Percy não é mau.

– Quem sabe? - resolvo deixar a dúvida, porque, às vezes, nem mesmo sei como consigo manter uma conversa com ele. As palavras parecem sumir quando encaro seus lindos olhos verdes.

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Percy POV

Sabe quando você está super feliz, animado, vendo as coisas ruins de uma forma nova? Eu estava assim. Entretanto, me sinto estranho agora. Será que Cronos voltou a me perseguir? Está tentando saber ainda mais sobre mim? Onde está Luke? E o mais importante, o que está fazendo? Pô, podia pelo menos deixar um bilhete na geladeira. Puto desgraçado. Eu poderia dar uma surra nele agorinha mesmo.

Chego em casa e vou direto pro meu quarto. Como não tem ninguém por aqui, fico sem fazer nada mesmo, apensar pensando em Annabeth, que nesse instante deve pensar que eu sou um delinquente.

Annabeth POV

Procurei, procurei, procurei, mas não achei nada que definisse o que estou sentindo em relação à Percy.

Chego em casa e fico feliz por, em dias, não ter nada para fazer. Ligo a TV, mas meus pensamentos estão bem longe daqui.

Merda, no que eu fui me meter?

Fico pensando, pensando... Até que resolvo ligar para Thalia. Ela com certeza pode me ajudar.

– Oi Annie. Algum problema? - pergunto-me como ela tem o dom de adivinhar as coisas.

– Preciso falar com você, Thalia.

– Sobre?..

– Percy.

– Ah, sim, claro. Meu primo inútil.

Reviro os olhos. Isso é que é amor.

– Que tal você vir aqui pra casa? Podemos assistir um filme, sei lá, conversar direito.

– Oh não.. você vai passar horas e horas falando sobre o Percy e os dilemas de estar apaixonada por ele. É demais pra mim. - ela riu, e eu fiquei nervosa. Estava quase dizendo que não precisava de mais nada, e que ela podia ficar em paz, na casa dela, quando a mesma acrescentou: - Eu estou brincando. Passo aí daqui uma hora.

(...)

Preparei alguns lanches e brigadeiro para nós duas. Tenho a impressão de que a conversa será longa. Jogo-me no sofá enquanto espero Thalia, batucando os dedos em uma almofada qualquer.

Finalmente a campainha toca.

– Qual o problema? - Thalia pergunta com um leve sorriso nos lábios.

– Você sabe. - digo, fechando a porta atrás de mim e caminhando até o sofá, onde ela já está sentada.

– Diga o que te aflige, minha querida. - ela muda seu tom de voz momentaneamente, me fazendo rir.

– O Percy é maluco!

Ela me encara como se EU fosse maluca.

– Ele? Louco? Não! - exclama, balançando a cabeça negativamente - Meu primo pode ser lerdo em todos os sentidos, ou ser um grande babaca, mas louco ele não é, isso eu te garanto.

Não fico muito convencida disso. Thalia nota e então pergunta:

– Que te faz achar que ele não bate bem da cuca?

– Sei lá. Ele parece estar sempre desconfiado, fugindo de alguma coisa. Hoje nós estávamos conversando, numa boa - nesse instante ela da uma risadinha maliciosa acompanhada de um 'hmmmmmm'. Me seguro para não rir, prosseguindo - E do nada ele se jogou no chão atrás de um carro que estava estacionado e me puxou com ele. - ela começa a rir loucamente, e eu não consigo fazer nada a não ser acompanhá-la.

– Annabeth, Percy não é louco. Ou pelo menos nem tanto. Você sabe o que aconteceu, poucos anos atrás, na noite em que você levou um tiro? - balanço a cabeça negativamente - Bem, você e ele não passam de vítimas. Levaram um tiro sem ter culpa de nada. Percy tem medo que isso aconteça de novo, e é só. - Ela toma fôlego e dispara a falar - Até porque, se bem o conheço, ainda se sente culpado por você também ter sido vítima daquilo. Na verdade.. - sussurrou - acho que ele está apaixonado por você. Isso é inédito! - grita a última frase.

– Que? Percy apaixonado por mim? Você só pode estar ficando louca! - Thalia volta a rir, se contorcendo oda. Jogo uma almofada nela, mas isso não basta.

– Ah.. ai Annabeth. Você está até vermelhinha. E claro que você gosta dele. Isso está mais que evidente. - Fecho a cara

– Não sei. E mesmo que estivesse, não iria te contar. Não gosto que fiquem rindo de mim. - ela respira fundo e se ajeita no sofá.

– Certo, desculpe. É que sua cara está realmente hilária. - seca algumas lágrimas que caíram de seus olhos - Annabeth, não leve meu primo a mal. Ele é um cara legal e super responsável. As vezes parece um velho de tão chato.

Eu sorrio levemente. Ouvir isso deixa-me um pouco mais aliviada.

Thalia come comigo, enquanto assistimos um filme, e depois de conversarmos muito sobre várias besteiras, despede-se e vai embora.

Largo-me no sofá, pensativa. Queria saber porque isso de amor é tão complicado. Porque as coisas tomam rumos diferentes inesperadamente. Quero saber o que Percy está fazendo agora. Se está pensando em mim, se gosta de mim, e mais um monte de baboseiras.

É, pensar realmente dói.