Hajimaru escrita por teffy-chan


Capítulo 19
Capítulo 19 O Preço de Ser um Crossdresser




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Na segunda-feira de manhã, Tsukasa e os outros avistaram Daisuke andando pelo pátio da escola, com a cara mais tranquila do mundo como se nada tivesse acontecido. Não havia nenhum rastro da cena assustadora que eles presenciaram (ou melhor, escutaram) no sábado, exceto pelas muitas ataduras no corpo do garoto. Podia-se ver bandagens envolvendo a palma da mão esquerda do Coringa, e adentrando a manga da camisa, como se elas se prolongassem até o braço. O braço direito estava pendurado em uma tipóia. Haviam dois band-dais em seu rosto, o lábio inferior estava cortado e ele estava mancando com a perna esquerda. Fora isso, parecia que nada de mais tinha acontecido.


Tsukasa e os outros queriam perguntar como ele estava (embora não fosse necessário, era óbvio que estava todo quebrado) mas não tinham coragem de mencionar aquele assunto. Enquanto tentavam decidir quem tocaria no assunto primeiro (apostando em jan-ken,po como de costume), viram o Diretor se aproximar do Coringa e lhe perguntar de um jeito nada discreto o que raios tinha acontecido com ele.


- Briga de rua - Daisuke mentiu com tanta naturalidade que Tsukasa teria acreditado se não tivesse ouvido os gritos agonizantes dele do outro lado da porta de seu quarto - Uns caras grandalhões me encurralaram no sábado, e, bem... esse é o resultado
- Ahh pelo amor de Deus, eu te deixei entrar para o Conselho, garoto, o que vão dizer se você continuar levando a pior em brigas mesmo depois disso?! Os alunos não vão te respeitar assim! - o Diretor exclamou, mais preocupado com a reputação da escola do que com a saúde do garoto
- Não eram alunos dessa escola. Não se preocupe - Daisuke respondeu simplesmente, e continuou seu caminho em direção a sala de aula.


Quando a aula começou na sala do sexto ano, o Coringa bem que tentou copiar a matéria que o professor escrevia no quadro, mas ambas as suas mãos doíam só com o esforço de segurar o lápis, e ele não conseguia escrever com a mão esquerda, então desistiu depois de rabiscar a quinta linha no caderno, decidindo que seria mais fácil pegar a matéria emprestada com alguém quando estivesse melhor.


Por ter passado a manhã toda sem fazer nada, a aula se arrastou mortalmente devagar na opinião dele, e quando finalmente chegou a hora do almoço, ele decidiu comer no terraço da escola, que era lugar mais deserto e tranquilo, para evitar ter que ouvir comentários desagradáveis dos muitos delinquentes de sua classe. Só não esperava que alguém tivesse tido a mesma idéia que ele.


- Você está bem? - uma voz tímida e feminina perguntou à porta, tão baixinho que ele quase não ouviu. Quando virou-se na direção da voz, viu uma menina de cabelos claros e ondulados, caindo por seus ombros, o rosto meio corado e preocupado, as duas mãos junto ao peito. Era a garota que Mizue e Souko tinham pedido para que os Guardiões ajudassem, Nodoka
- O que está fazendo aqui, Nodoka-chan? É meio perigoso andar por essa escola sozinha, viu? - ele respondeu a pergunta dela com outra pergunta, voltando a se concentrar em seu almoço
- Não... não é mais. Desde que você os outros... err... c-conversaram com aqueles sextanistas, que eu... não tenho tido mais nenhum problema. Ninguém nem mexeu comigo hoje - a garota respondeu, se aproximando lentamente dele. Depois de parar para pensar por alguns instantes, decidiu se sentar também - Então, eu queria dizer... obrigada
- Imagine, não foi nada. Mas você não tem que agradecer só à mim, sabe, os outros também ajudaram, eu não teria feito nada sem eles - Daisuke falou, encarando-a com o canto dos olhos
- Eu sei, já agradeci a eles também. Deixei você por último, porque... bom, eu não conseguia te encontrar - a garota admitiu - Por veio almoçar no terraço da escola?
- Eu não estava muito... muito afim de conversar hoje... ai, mas que droga de comida! - ele exclamou, tendo um súbito acesso de raiva por causa da comida que parecia fugir de seus hashis. Numa tentativa desesperada, resolveu espetar um onigiri com os hashis, mas eles apenas se desmantelaram - Droga, eu não sou bom em comer com a mão esquerda...
- Desculpe... é minha culpa, não é? - a menina murmurou tão baixinho que ele teve que se aproximar mais pra ouvir - V-Você ficou desse jeito p-porque teve que l-lutar com aqueles caras por minha c-causa... - ela soluçou, parecendo que estava prestes a chorar
- Não, não é sua culpa! - ele apressou-se a dizer, largando os hashis - Verdade que apanhei um pouco deles, mas isso é... bem.... eu não fiquei assim por causa deles. Acontece que, depois daquilo, eu... fui cercado por uns caras grandalhões e perversos, e... bem, eu estava sozinho, então não havia como eu lutar com todos eles, os caras eram mais fortes afinal - ele sorriu sem graça, tentando acalmar a garota. Não podia dizer a verdade sobre o motivo de estar assim pra ela, além de ser humilhante, só a deixaria mais preocupada, então achou melhor apenas repetir a mentira que havia contado pra escola inteira
- Então... está bem - Nodoka murmurou, tentando se acalmar - Mas... acho que vou te ajudar a comer
- O que?! - Daisuke berrou, sentindo o coração dar um salto - N-Não precisa fazer isso, Nodoka-chan, de verdade! Pode deixar que eu me viro, é sério!
- Claro que não! Ainda que você não esteja assim por causa daqueles caras, você se machucou por minha causa... é o mínimo que eu posso fazer - ela pegou os hashis dele sem pedir permissão, e pegou um onigiri, erguendo-o até a altura da boca do garoto - Vamos, coma. Ou por acaso está querendo morrer de fome??
- Hmm... e-está bem - ainda sentindo o rosto em brasas, ele comeu. E enquanto ela repetia o ato de levar a comida até a boca dele, Daisuke se perguntava como uma garota tímida como aquela conseguia não ficar embaraçada fazendo aquilo, mas estava com tanta fome por não ter conseguido comer direito no dia anterior por causa das mãos machucadas que logo deixou o assunto de lado e apenas devorou a comida que a garota lhe oferecia.


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Mais tarde, na reunião diária no Royal Garden, Daisuke também estava agindo como se nada tivesse acontecido, o que preocupou ainda mais os outros Guardiões. É claro, ele não sabia que seus amigos tinham escutado seus gritos, mas ainda assim deveria dar ao menos uma explicação. Depois de alguns minutos em silêncio, em que todos pensavam em como começar aquele assunto, Tsukasa falou:

- Daisuke-kun... o que aconteceu no sábado, depois que nós fomos embora?
- Nada de mais... apenas o de sempre. Esqueça isso, não é importante - o mais velho deu de ombros, fingindo estar concentrado em um documento à sua frente sobre o revezamento da quadra para os clubes esportivos
- Mas... você está tão machucado - Tsukasa insistiu - Não teria sido melhor você ter ficado em casa hoje descansando ao invés de vir pra escola?
- Não. Eu não queria... ficar em casa com "ela" - o mais velho abaixou um pouco mais a cabeça, de modo que a franja lhe cobrisse os dois olhos agora, e Tsukasa podia jurar que viu o corpo dele estremecer. Alguns instantes depois, Daisuke ergueu a cabeça de novo e acrescentou - Eu já disse, não importa. Não se preocupe com isso, está tudo bem - ele ergueu os olhos do documento por um instante, forçando um sorriso tranquilizador para Tsukasa, e voltou a baixá-los para a folha de papel logo depois
- Ora, por favor, pare de fingir que está tudo bem! Nós ouvimos os seus gritos! - Aruto exclamou com irritação, cansado de todo aquele fingimento. Daisuke parou de fingir que estava lendo o documento e empalideceu - Nós somos seus amigos, não somos? Então conte a verdade, pelo menos pra gente!
- Então vocês ouviram aquilo... francamente, aquela mulher... nem esperou vocês saírem - Daisuke baixou os olhos, de modo que a franja os escondessem completamente outra vez - Lamento que tenham escutado aquilo. Mas não precisam se preocupar, é sério. Eu estou bem, foram só alguns arranhões
- Alguns arranhões, sei... e esse seu braço quebrado?? - Aruto indagou
- Não está quebrado. Eu só desloquei um pouco. Vai ficar bom em alguns dias, não é nada de mais
- Francamente, quer parar de fingir que está tudo bem?! Mesmo você dizendo que foram só alguns arranhões... então o que é isso aqui, hein?? - perdendo de vez a paciência, Aruto saltou sobre a mesa, partindo pra cima do mais velho e o derrubando no chão. E, sem mais aviso, começou a despi-lo.


Daisuke berrou, e tentou tirar o Valete de cima de si, mas era impossível com um de seus braços imobilizados. As meninas gritaram também, Midori escondendo o rosto corado com as mãos, e Mikoto apontando escandalosamente para os dois, xingando Aruto de tarado, pervertido, maníaco sexual e várias outras coisas do gênero. Tsukasa gritou também, corando furiosamente. Em poucos segundos, Aruto tinha conseguido deixar o mais velho sem camisa, e finalmente saiu de cima dele. Sem as roupas escondendo seu corpo, era possível ver que as ataduras envolvendo a mão esquerda realmente se prolongavam até o cotovelo. Seu abdômen também estava enfaixado, como se ele tivesse quebrado uma costela ou coisa parecida.


- Você tem tantas ataduras no corpo que parece uma múmia. Como isso pode ser estar bem?! - o Valete exclamou quando se pôs de pé, ainda com o uniforme do mais velho em suas mãos
- Devolva minhas roupas - foi tudo o que Daisuke disse, virando o rosto para o lado, envergonhado
- Não até você nos contar o que realmente aconteceu! - Aruto insistiu. Daisuke o encarou com irritação por alguns segundos e, tendo uma súbita idéia, começou a gritar
- Kyaaaaaaa!! Esse maníaco sexual está querendo me violentar!! Socorro, alguém me salve antes que ele abuse de mim!!! - ele gritou escandalosamente, usando a voz de Yui-chan, o que teve um efeito surpreendentemente poderoso. Seu rosto corado, e o fato de ter colocado a única mão que conseguia mover livremente ao redor do peito, de forma protetora, enfatizavam ainda mais a imagem de uma pobre garota inocente que estava sendo vítima de um ataque violento, transformando Aruto no vilão da história
- M-M-Mas o que você pensa que está f-fazendo com a Yui-chan, seu imoral?! - Midori gritou, apontando acusadoramente para o Valete
- Que decepção, hein Aruto-kun... logo você, abusando de uma pobre menina machucada assim?! Não tem vergonha na cara não?? - a Às apoiou, com uma cara de quem queria bater nele
- O que?! Mas essa não é a Yui-chan, é o Daisuke! - Aruto gritou, tentando se defender, sem muito sucesso
- Não interessa, você tirou as roupas dela em público, o que mais poderíamos pensar se não que você quer abusar dela?! - a Rainha exclamou, o rosto ainda mais corado do que o de Daisuke/Yui-chan
- Seu pervertido, vou te ensinar a não mexer com garotas indefesas! - Mikoto gritou, avançando contra ele, fazendo Aruto recuar pra longe
- Parem com isso, suas loucas, ele é o Daisuke, é um garoto!! - Aruto tentou lembrá-las desse fato - E você também, pare de gritar com essa vozinha de menina! - ele gritou para a pessoa ainda esparramada no chão
- Não paro não! Você me despiu em público, seu pervertido! Agora não vou poder mais me casaaar!! - a Coringa gritou com voz aguda, berrando cada vez mais alto, encarnando completamente a pose de donzela violada
- Não acredito que fez isso, Aruto-kun... logo você... - Tsukasa pronunciou-se, também caindo no teatro do mais velho, parecendo terrivelmente magoado e decepcionado com Aruto - N-Não se faz uma coisa dessas com uma garota!
- Ahh, você também não, Tsukasa! - o Valete exasperou-se - Droga, como foi que eu virei o vilão da história?! Pare de choramingar como uma garotinha violada, só está piorando as coisas! - ele tornou a gritar para o mais velho
- Então devolva minhas roupas - Daisuke tornou a pedir, deixando o teatro de lado e falando com a voz masculina de novo, o que deixou todos confusos.


Aruto jogou o uniforme dele sobre seu peito de má vontade, e Daisuke tornou a vesti-lo, com certa dificuldade por estar com um braço imobilizado. Depois de vários minutos, quando ele finalmente terminou de se vestir, Aruto perguntou:


- Nós vimos as ataduras por baixo do seu uniforme. Você estava escondendo mais machucados do que nos contou, não é? Por acaso tem algum ferimento na perna também?
- Minhas pernas estão ótimas, obrigado - o mais velho respondeu de má vontade
- Você estava mancando - o Valete lembrou - Vai nos contar, ou eu vou precisar arrancar sua calça fora também pra comprovar minhas suspeitas??
- Está bem, tenho ataduras na perna direita também - Daisuke respondeu à contragosto, corando diante da ameaça
- O que aconteceu com você depois que fomos embora? - Tsukasa voltou a perguntar - Aquela mulher que nós vimos... ela é sua mãe, não é?
- Bem, tecnicamente sim... ela me deu a luz, se é o que querem saber - o mais velho respondeu, voltando a se sentar na cadeira em que estava antes, soltando um longo suspiro. Não costumava falar disso com ninguém que não fossem seus Charas, mas, depois de toda essa baderna que eles fizeram, concluiu que não teria escapatória além de contar a verdade - Minha mãe é a sacerdotisa do Templo Yuiki. O Templo é, originalmente, da família do meu pai, mas ele passa muito tempo fora trabalhando, então mamãe é quem toma mais conta dele. E, como puderam ver, ela... não gosta que eu seja a Yui-chan, digamos assim. Ela diz que isso é um crime, e um ato pecaminoso.... diz que eu estou difamando o Templo e destruindo a reputação dele. Pessoalmente, acho que o Templo ficou muito mais conhecido por causa dos boatos sobre a "criança travesti do Templo", mas isso não vem ao caso. Eu sempre achei bonito e admirei as roupas femininas, sabe... mas só comecei a me travestir quando tinha oito anos de idade. Ela só descobriu sobre isso quando eu tinha dez anos, e foi então que isso começou. É claro, seria muito mais fácil acabar com essa situação se eu simplesmente parasse de me vestir como menina, mas... eu tinha passado os dois anos mais felizes da minha vida fazendo isso, inclusive a Loli nasceu na época em que me tornei a Yui-chan. Eu não podia simplesmente parar, devia isso à Loli. E, sempre que minha mãe me flagrava usando vestidos... isso acontecia. A minha mãe... ela tem um distúrbio emocional, que só ficou pior depois que descobriu sobre a Yui-chan. Meu pai tem feito ela visitar um médico, mas ela quase sempre falta às consultas, e eu sinceramente não acredito que um psicólogo vá resolver o problema dela. Quando isso acontece, ela... diz que sou uma criança impura... e, que através da dor, irá me purificar e curar o meu "problema". Francamente, depois de três anos fazendo isso, era de se esperar que ela percebesse que isso não está dando certo - ele deu um sorrisinho amargo - Levar vocês até a minha casa no fim de semana foi um erro... eu me descuidei, não deveria ter deixado vocês irem até lá. Pelo menos não enquanto eu era a Yui-chan. Eu já estou mais do que acostumado com isso, então vocês não precisam se preocupar. Não há motivo pra vocês se envolverem nesse assunto, isso é um problema só meu, está bem?
- Não, não está nada bem - Tsukasa levantou-se, ficando mais alto que o Coringa - Nosso amigo esteve sofrendo em silêncio por anos, como eu poderia estar bem com isso? Estou realmente horrorizado, e revoltado com a sua situação... e acredito que os demais sintam o mesmo - ele olhou para os outros, à procura de apoio
- Mas é claro que estamos! - Midori levantou-se também, tão angustiada em saber que o amigo sofreu tanto por tantos anos e nunca ninguém lhe ajudou, que parecia que ia começar a chorar - Não acredito que você passou tanto tempo sofrendo desse jeito.... e nunca contou nada à ninguém... não acredito que sua própria mãe... como aquela mulher pôde fazer isso com alguém tão adorável quanto a Yui-chan?! - ela se jogou em cima de Daisuke, pendurando-se no pescoço dele e o envolvendo em um sufocante abraço, parecendo mesmo que ia começar a chorar
- Aiii!! M-Midori-chan, cuidado! - o mais velho gemeu de dor quando ela apertou forte demais o ferimento em sua costela
- Ahh, desculpe! - ela mudou de posição, afrouxando um pouco o abraço, mas sem soltá-lo - Mas é que... e-eu estou tão indignada... como aquela mulher tem coragem de fazer isso com você?!
- Como eu disse, ela sofre de um distúrbio emocional, e anda um pouco mais desequilibrada do que o normal ultimamente... - o maior falou como se não fosse nada, completamente acostumado com isso
- Mas mesmo assim!! Ela não pode fazer isso com o próprio filho!! - Midori voltou a abraçá-lo com força outra vez
- Fico feliz que se preocupe comigo, mas acho melhor você me soltar agora... acho que o Fujisaki-kun não iria gostar nada se te visse tão perto assim de mim - ele provocou, tentando deixá-la embaraçada para fazer a garota sair desse estado depressivo
- Isso não interessa. Minha melhor amiga Yui-chan está aqui dentro, então não tem problema eu abraçá-la, mesmo que indiretamente - Midori respondeu simplesmente, tocando o coração do mais velho com a palma da mão ao dizer isso, mas o soltando em seguida
- Mas a Midori-chan tem razão, isso é revoltante! - Mikoto pôs-se de pé também - Como aquela mulher tem coragem de fazer isso com o único filho...
- Na verdade não sou o único filho dela - Daisuke corrigiu - Tenho um irmão mais velho, mas ele está estudando no exterior agora, em um internato na Inglaterra
- Sorte a dele então... foi esperto o bastante pra fugir pra longe dessa maluca - Aruto resmungou baixinho
- Meu irmão nem sequer sabe sobre essa história... bem, talvez seja melhor assim mesmo - Daisuke falou - À propósito, eu me lembrei de uma coisa! Midori-chan, você levou meus vestidos com você?
- Sim... estão na minha casa
- Ai, ainda bem! - Daisuke levou a mão livre ao peito, aliviado - Eles foram tão caros, seria um desperdício se eles fossem destruídos antes mesmo de eu usá-los...
- Destruídos? Como assim??
- Ah, bem... sabem aquelas roupas que eu mostrei pra vocês no sábado? Estão todas no lixo agora, em pedaços
- Nãoooo!! - Midori gritou, tão abalada como se as roupas dela tivessem sido destruídas - A-A-Até aquele vestido rosa com rendas...?
- Principalmente ele. Aquele vestido virou cinzas na verdade, não sobrou nenhum pedaço. Quando minha mãe encontra as roupas da Yui-chan, ela sempre às destrói... não sei nem como ela ainda me deixa manter o cabelo comprido, é incrível que não tenha cortado meu cabelo com uma faca ainda ou coisa parecida - o mais velho comentou, e Midori ficou tão abalada que parecia que ia desmaiar diante dessa informação, a pele branca feito papel e suas pernas tremendo. Tsukasa ajudou a amiga a se sentar outra vez antes que ela acabasse desabando no chão
- Mas isso é horrível demais! - Mikoto berrou pela amiga, que parecia que não ia conseguir dizer mais nada - Daisuke é filho dela, e só porque ele se veste como menina... b-bem, tudo bem que isso não é uma coisa comum, mas... mesmo assim, não é motivo para ela espancá-lo, ou destruir as coisas dele! Aquela... bruxa velha horrorosa, ai que vontade de bater naquela mulher e acertar a cara dela com uma bola de vôlei!!!
- Modere as palavras, Mikoto! - sua Chara exclamou ao lado da dona - Lembre-se que, por mais terrível que seja, ela ainda é mãe do Daisuke-kun, você não pode ofendê-la assim!
- Ah é... foi mal - a Às acrescentou, ainda que não estivesse arrependida
- Tudo bem, é verdade mesmo - o mais velho deu de ombros
- Você realmente vem passando por isso sem se queixar durante três anos?! - Aruto exclamou incrédulo - Quero dizer, ninguém nunca fala nada sobre isso na sua casa... e o seu pai? Ele ao menos sabe sobre isso?
- Ele sabe, é claro. Também não ficou nada feliz quando descobriu sobre a história de eu me travestir, mas simplesmente fez uma careta, deu de ombros e resmungou algo do tipo "é, acho que não tem mais jeito" e deixou o assunto pra lá. Ele não gosta que eu faça isso, mas também não briga comigo nem nada... acho que ele pensa que é só uma fase. Depois que descobriu sobre a mamãe, ele tentou conversar com ela várias vezes, e a convenceu a frequentar um médico, mas não há muito o que ele possa fazer, ele está sempre trabalhando o dia inteiro, então nunca vê isso acontecer - Daisuke explicou - Olhem, eu entendo que vocês estejam... ahn, indignados em saber disso, mas esse é realmente um assunto complicado, e não acho que haja algo que vocês possam fazer pra ajudar. Na verdade, acho que só pioraria ainda mais as coisas, poderia acabar sobrando pra vocês, se é que me entendem. Então, eu prefiro que vocês não se metam nisso e deixem essa história pra lá... por favor.


Os quatro mais novos se entreolharam, inquietos. Nenhum deles queria deixar o assunto de lado, na verdade queriam era ir até aquele Templo agora mesmo e bater na cara daquela mulher horrível até ela perceber o filho maravilhoso que tinha, mas sabiam que não podiam fazer isso, só iriam causa mais problemas para Daisuke caso se intrometessem. Eles chegaram a um acordo mútuo e silencioso apenas trocando olhares, e Tsukasa falou:


- Está bem então. Se é isso que você quer, não vamos nos intrometer, nem falar mais sobre isso
- Ótimo.... eu agradeço, de verdade - o Coringa suspirou aliviado - Agora, será que podemos voltar ao trabalho? Deixamos muita coisa pendente quando cancelamos a reunião do sábado pra resolver o problema da Nodoka-chan. Qual era a próxima tarefa?
- É essa aqui - Tsukasa estendeu um relatório na frente dele - Aparentemente, os garotos que andavam perturbando a Nodoka-san realmente a deixaram em paz, porém já arranjaram novas vítimas. São os irmãos Hinamori do terceiro e do quarto ano, e o garoto Mashiro do segundo. Parece que foram intimidados essa manhã por aqueles três, e hoje, na hora do almoço, tiveram seus lanches roubados. Eles vieram nos pedir ajuda
- Sempre os mesmos caras... já estou ficando cansado disso - Aruto resmungou
- Nee Tsukasa-kun, esses irmãos Hinamori... a irmã mais nova está na sua classe, não está? - Midori perguntou
- Sim, a irmã mais nova está no terceiro ano, e o irmão mais velho está no quarto - o menor respondeu - Foi ela quem veio falar comigo, aliás
- Ahh, então está explicado... - a Rainha deu um sorrisinho estranho e, ao reparar que Tsukasa continuava confuso, acrescentou - Não sabia? Dizem que aquela menina gosta de você, Tsukasa-kun!
- Quêêêêêêê??! - o garoto gritou, sentindo seu rosto queimar - N-N-Não invente essas coisas, Midori-san, nós só estamos no terceiro ano! Ainda é muito cedo pra... p-pensar nessas c-coisas...
- Mas é verdade, as meninas vivem comentando como ela olha abobalhada pra você! - a Rainha confirmou
- Espera aí Midori-chan - Mikoto interrompeu - O boato que eu ouvi foi que a Hinamori-chan gosta é do Hotori-senpai!
- Sério?! - Midori pareceu confusa - Mas o Hotori-senpai gosta da Mizue-chan...
- Exatamente, aí que está o problema! - Mikoto exclamou
- Ano nee... acho que o ponto principal não é de quem a Hinamori gosta ou deixa de gostar - Aruto interrompeu, parecendo irritado com o rumo da conversa
- O Aruto-kun tem razão, só precisamos pensar em um jeito de ajudá-los! - Tsukasa apoiou, ainda meio envergonhado com a acusação da amiga - De quem ela g-gosta ou não gosta... n-não vem ao caso agora
- E como é que vamos resolver esse problema? - indagou o Valete - Não podemos fazer toda aquela armação de novo, e ainda estamos machucados por causa da última briga, não tem como vencê-los!
- Mas dessa vez vai ser diferente. Estamos dentro da escola, o que significa que nosso poder como membros do Conselho prevalece - lembrou Midori - Vamos tentar falar com eles primeiro, e se não der certo... o que eu tenho certeza de que não vai dar.. podemos ameaçá-los em dar uma suspensão, ou até expulsão
- E se isso também não funcionar, podemos chutar os traseiros gordos deles! - exclamou Mikoto, que estava realmente louca pra dar uma surra em alguém
- É realmente um ótimo plano... mas eu terei que ficar de fora dessa vez, lamento - anunciou Daisuke - Se eu levar mais alguma pancada, acho que vou acabar quebrando ao meio, então...
- Ah, é claro.... tudo bem, não se preocupe - respondeu Tsukasa - Então... você pode terminar de carimbar esses documentos pra nós? - ele apontou incerto para uma pilha de papéis sobre a mesa
- É, eu não estava conseguindo escrever também, mas isso eu posso fazer - o Coringa sorriu sem graça - Vão lá, e boa sorte
- Valeu, boa sorte pra você também. Cuidar desses documentos é tão chato... - Aruto falou, se espreguiçando. Os demais o seguiram para fora do Royal Garden, deixando Daisuke sozinho, e ainda desejando poderem fazer alguma coisa pelo amigo.


*** Próximo Capítulo: Desentendimentos no Conselho ***


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Notas finais do capítulo

Konbawa minna!
Então, pois é... eu inventei essa história sobre a mãe do Daisuke estar doente e ter um distúrbio emocional, mas.... preciso ser sincera, a mulher é maluca mesmo -.- Mas cá entre nós, perto dessa mulher, a mãe do Nagihiko parece uma santa, não parece?? (santa do pau oco, só se for ¬¬ ) Bom, é só pra mostrar que, por mais que a mãe de um travesti seja uma pessoa horrível, a coisa sempre pode ser pior u__u
É claro, esse problema do Daisuke com a mãe está longe de ser resolvido, mas será deixado de lado por um tempo pra fic poder se focar em outras coisas... aliás, eu aposto como teve alguma leitora que surtou com a parte do Aruto despindo o Daisuke e resolveu shippar esses dois juntos, que nem aconteceu com algumas leitoras que por algum motivo resolveram achar que o Daisuke/Yui-chan ficaria kawaii junto com o Tsukasa! Tenho certeza de que deve ter tido ao menos uma leitora que pensou isso, então sejam sinceras nos reviews pra eu saber se estou certa, onegai!!
Já nee~