Com o fim da resistência de Daisuke, ele e os Guardiões tornaram-se amigos rapidamente, principalmente de Midori. Ela havia simplesmente adorado a versão feminina do novo amigo, e não cansava de repetir que era muito bom ter finalmente uma amiga com quem conversar (já que Mikoto não andava cumprindo muito bem esse papel), não ligando a mínima para o fato de Yui-chan ser na verdade um garoto travestido. Mikoto, por outro lado, o tratava como se ele e Yui-chan fossem duas pessoas diferentes. Mesmo sabendo da verdade, ela dizia que assim era mais fácil de lidar com a situação, e parecia simpatizar com ambos os lados de Daisuke, embora gostasse um pouquinho mais da versão masculina, já que a feminina vivia lhe dizendo que ela devia agir mais como uma garota e usar saia de vez em quando pelo menos, e isso realmente irritava muito a Às. Os garotos sentiram-se meio desconfortáveis com o lado menina de Daisuke no começo, é verdade, e não sabiam como tratá-lo, mas assim que Tsukasa teve a brilhante idéia de agir da mesma maneira que Mikoto e tratá-los como se fossem duas pessoas diferentes, o problema do desconforto acabou bem depressa.

Alguns dias se passaram e o ano enfim terminou. No primeiro dia do ano seguinte, os quatro Guardiões resolveram fazer uma visita matinal a um Templo da cidade, e se desapontaram quando Daisuke recusou o convite de ir junto com eles, dizendo que estaria ocupado o dia inteiro com uma tarefa importante em casa. No entanto, tiveram uma surpresa quando chegaram no Templo.

– O que estão fazendo aqui?! - Daisuke exclamou, tão surpreso quanto os quatro amigos ao vê-los ali, no Templo onde morava, bem diante da barraca para tirar os papéis da sorte na qual ele estava trabalhando. Ele estava com sua aparência masculina, que os Guardiões só tinham visto uma única vez na verdade, com os cabelos presos em um frouxo rabo-de-cavalo às costas, e trajando uma roupa de sacerdote parecidíssima com a de Junjou, sendo que a dele era branca, e a parte inferior era azul-marinho
– Nós é que perguntamos! Você disse que estaria ocupado o dia inteiro e que não ia poder visitar o Templo com a gente, então por que está aqui? - Aruto indagou
– Eu estou ocupado, porque estou trabalhando na barraca de papéis da sorte. Este é o Templo Yuiki, caso tenham esquecido. Meus pais são os donos desse lugar - Daisuke explicou
– "Templo Yuiki"... é claro, é o seu sobrenome! - Mikoto exclamou, e o amigo assentiu - Nossa, como não percebemos isso antes?!
– Vamos, vamos, não é isso que importa agora - Tsukasa falou, tentando acalmar os amigos escandalosos - Feliz ano-novo Daisuke-kun
– Ah... sim, é claro, feliz ano-novo. Espero poder contar com vocês esse ano também - o mais alto respondeu, agora mais calmo - E olha só, vocês vieram de kimono e tudo... até a Mikoto-chan! - ele admirou-se, e Mikoto se remexeu, obviamente incomodada
– Eu não tive escolha... meus irmãos me obrigaram a vestir esse kimono. Eles disseram que, ou eu vestia ele, ou eles não me deixariam sair hoje - a garota murmurou, obviamente desconfortável com a situação
– Pois os seus irmãos estavam certos, você ficou uma graça assim! - Daisuke exclamou, e a garota torceu as mãos, cada vez mais incomodada - Apesar de que o kimono da Midori-chan é bem mais bonito...
– É lindo, não é? Comprei pra usar especialmente hoje! - a garota deu uma voltinha, feliz que alguém ali tivesse bom gosto pra roupas
– É realmente lindo... ai, que inveja... - ele suspirou, de repente parecendo tão incomodado quanto Mikoto
– Inveja de que? De ouvir essa tagarela falando no nosso ouvido o dia todo sobre moda, e que qual cor combina com o que?! - Aruto exclamou, apontando para a Rainha
– Não, não é isso...
– Qual o problema Daisuke-kun? Você parece meio desanimado hoje - Tsukasa reparou
– É que eu detesto isso! - ele exclamou, parecendo cansado - Quero dizer, não o trabalho no Templo, eu gosto de ajudar meus pais com as tarefas, mas... eu detesto essa roupa! Ela é tão sem graça, sem vida, e.... masculina! As roupas delas são muito mais bonitas do que a minha!
– Vamos, vamos, não fique assim, Daisuke-kun... nós podemos fazer compras mais tarde, assim você pode usar um lindo kimono também! - Midori tentou animá-lo, enquanto Aruto revirava os olhos
– Ahh, quem me dera, eu vou ter que ficar aqui até de noite, então não dá - ele lamentou-se - Mas, já que vieram até aqui, por que não tiram a sorte?
– Ahh, essa sim é uma boa idéia! - Tsukasa rapidamente se animou, mais do que qualquer um ali - Então, primeiro as damas - ele abriu caminho, e Midori tirou o primeiro papel, depois Mikoto (um tantinho embaraçada por ter sido incluída no "primeiro as damas" do amigo), depois Aruto e por último o próprio Tsukasa. Eles desdobraram seus papéis e leram em silêncio.

– E então? Como foi? - Daisuke perguntou curioso
– Eu tirei uma coisa estranha - Mikoto falou primeiro - Aqui diz que alguém que antes era meu rival, e que tem interesses muito parecidos com os meus, vai se aproximar de mim, com interesses em algo mais do que apenas a mesma coisa que nós dois gostamos... eu não entendi. Isso é sorte ou azar afinal??
– Bem, eu não sei se é sorte ou azar, mas... acho que fala do Souma-senpai - Tsukasa arriscou, sorrindo
– Ehh?! Por que do Souma-senpai?! - Mikoto exclamou surpresa
– Pensa bem: Vocês eram inimigos, e rivais quando se conheceram. E têm um interesse em comum, o vôlei - Aruto explicou - Agora, quanto ao resto...
– Espera Aruto-kun! - Midori interrompeu - Acho que vai ser mais divertido deixar ela descobrir sozinha
– Tá brincando?! Ela vai levar anos pra decifrar isso! - o violinista exclamou
– Não sei porque, mas não estou gostando disso... - a ruiva resmungou contrariada
– Ora vamos, não seja tão desconfiada, Mikoto-chan! - Midori exclamou, sorrindo para ela - O meu também não faz muito sentido, escutem só: Diz aqui eu que eu vou conhecer uma pessoa nova, que se tornará minha melhor amiga rapidamente... mas que os meus interesses anteriores podem interferir na minha amizade com essa pessoa. O que isso quer dizer?
– Etto... acho que fala da Yui-chan - Tsukasa arriscou - Quero dizer, de todos nós, você foi a que mais se deu bem com ela
– É, mas e a parte dos meus interesses interferirem na nossa amizade?
– Não se preocupe com isso, você logo vai descobrir o que significa - Mirai intrometeu-se, falando como se realmente soubesse o significado daquela previsão
– Mas...
– "Mas" nada, você já teve sua vez, agora escutem a minha! - Aruto interrompeu a amiga - Aqui diz que estou envolvido em um complexo triângulo amoroso, e que logo terei que fazer uma escolha importante na minha vida. Mas avisa também que eu estou desconsiderando um fator importante que, não importa o que aconteça, eu não consigo perceber, e fala pra tomar cuidado ou posso acabar magoando alguém importante pra mim. O que significa?
– Bem... a parte do triângulo amoroso é fácil - Midori falou - Fala da Souko-chan e da Mizue-chan
– Mas e parte sobre ele estar deixando escapar algo, e poder acabar magoando alguém? - Mikoto perguntou
– Bom... isso é mais complicado - Midori admitiu, pensativa - Só se... ah! N-Não pode ser... - ela virou lentamente a cabeça para a esquerda, na direção de Tsukasa, até que o mesmo a interrompeu
– Vamos, vamos, não podemos descobrir tudo agora, ou não vai ter graça! E é minha vez agora! - ele exclamou, mais alto do que o necessário - Diz aqui que eu tenho muitos objetivos a serem conquistados, e um longo caminho tortuoso à minha frente. Diz também que companheiros com características únicas me ajudarão a atingir minhas metas, que muitas pessoas virão até mim pedindo ajuda, e que um dia vou conseguir realizar meu sonho original. Mas que um dos meus desejos... talvez o mais importante... não vai ser realizado - ele abaixou a cabeça, até que sua franja cobrisse os olhos lilases, e se calou. Os demais se entreolharam, nervosos, sem saber o que dizer. Ninguém sabia ao certo como interpretar aquilo, mas estava na cara de que o final não seria bom
– Sabem, essas profecias quase sempre se realizam, então é bem capaz de estar certa, dependendo do modo como você a interpretar... mas as profecias daqui também têm fama de ter um significado oculto em suas palavras, um objetivo a mais por trás da predição óbvia que nós conseguimos interpretar - Daisuke contou - Então não fique com essa cara, Tsukasa-kun! O ano mal começou, muita coisa vai acontecer ainda... não leve essa profecia tão á sério!
– Daisuke-kun... sim, você tem razão! Foi por isso que tive aquela idéia quando te conheci... é claro, você é perfeito pra isso! Não... só você pode fazer isso - ele exclamou, aproximando-se da barraca, parecendo totalmente recuperado da profecia agourenta
– Quê... d-do que está falando?? - o maior indagou confuso
– Daisuke-kun... quero que venha estudar em Seiyo com a gente, e que se torne um membro do Conselho Estudantil! - ele exclamou, como se fosse completamente normal pedir à alguém que você conhece há uma semana pra mudar de escola
– O que?! Conselho Estudantil? Mas que idéia é essa agora?? - o mais velho recuou alguns passos, surpreso em ver tanta convicção em uma frase maluca como aquela
– Venha pra Seiyo também, e nos ajude a colocar ordem naquela escola! - Tsukasa repetiu
– Tsukasa-kun, pense bem no que está dizendo - Midori interveio - Também adoraria se a Yui-chan... q-quero dizer, se o Daisuke-kun estudasse com a gente, mas você não pode simplesmente pedir pra ele mudar de escola assim de uma hora pra outra...
– Mas ele é perfeito pra isso! -Tsukasa exclamou para a amiga - Pense bem Midori-san: Ele tem Shugo Charas, como nós, e dois ainda por cima! E tem aquela coisa que encontramos pra ele, o cadeado... eu não sei bem porque, mas tenho a impressão de que aquele é um objeto muito poderoso. Com ele do nosso lado, teríamos mais força, mais opções de como lidar com os delinquentes do colégio... ele precisa ir até lá! Por favor, Daisuke-kun! - ele se virou de novo para o garoto, com os olhinhos brilhando de um jeito adorável que por alguma razão lembrava a chantagem emocional de Loli
– N-Não... eu não... pare de jogar esse olhar fofo e pidão pra cima de mim! - Daisuke desviou o rosto com dificuldade - Eu não vou mudar de escola só porque você quer, está me ouvindo?! E agora saiam, eu preciso trabalhar!
– Isso não vai ficar assim. Vou te convencer a ir pra Seiyo, você vai ver! - Tsukasa exclamou como se estivesse declarando guerra
– Eu não tenho tempo pra isso agora... depois discutimos isso. Agora vão.

Com relutância, Tsukasa se afastou, seguido dos outros Guardiões, e Daisuke voltou a distribuir os papéis da sorte aos outros visitantes do Templo, sem conseguir parar de pensar no que o novo amigo lhe dissera. Tinha gostado da idéia, apesar de ser meio maluca, afinal, seria bom ter alguns amigos na escola pra variar, já que na dele ele não tinha nenhum. Mas essa decisão infelizmente não dependia só dele, e seria difícil convencer certas pessoas a aceitar essa transferência repentina.

Várias horas depois, quando o sol já estava se pondo e os visitantes do Templo indo embora, Daisuke enfim começou a fechar a barraca de predição da sorte, quando Tsukasa se aproximou novamente.

– Você terminou seu trabalho agora?
– Sim, terminei - ele fechou o último lacre da barraca e se virou de frente para os amigos - Não acredito que ainda está aqui. Ficou esperando esse tempo todo?!
– Tá brincando?! Esse daí, quando cisma com uma coisa, faz de tudo pra conseguir! - Aruto exclamou, apontando para o mais novo como se o estivesse acusando
– É verdade, eu sou meio teimoso às vezes - Tsukasa admitiu - E é por isso mesmo que vou conseguir que você venha pra Seiyo com a gente
– Aff... por que você quer tanto que eu vá pra Seiyo? Só por que eu tenho dois Shugo Charas? - Daisuke perguntou cansado
– Admito que é um dos motivos, embora não seja só isso - Tsukasa abaixou os olhos, parecendo repentinamente triste - Há algumas semanas atrás, nós conhecemos um segundanista da escola... ele estava sendo importunado pelos garotos mais velhos, como costuma acontecer com os calouros de lá... de alguma forma nós conseguimos ajudá-lo, e logo depois, descobrimos que ele também tinha um Shugo Tama. Eu fiquei muito feliz por ter encontrado outra criança que teria um Shugo Chara, as únicas pessoas que o possuem naquela escola somos nós quatro afinal. Mas logo depois... uma pessoa que ele admirava desistiu do seu projeto, e o menino ficou realmente arrasado... ele se descontrolou e, acidentalmente, acabou quebrando seu próprio Shugo Tama antes mesmo que ele nascesse. Nós vimos acontecer. Eu me senti péssimo com aquilo... por mais que me falassem que não foi minha culpa, eu sentia que poderia ter evitado aquela tragédia, mas não pude fazer nada por ele. O menino deixou a escola logo depois, e nós não tivemos mais notícias dele. E logo depois eu conheci você... uma pessoa incrível, com não apenas um, mas dois Shugo Charas, e que apesar de não possuir muita força física nem ser atlético, é tão corajoso... fiquei impressionado quando vi você enfrentando aqueles três delinquentes, mesmo sabendo que iria perder. Eu preciso de pessoas assim ao meu lado, pra me apoiar e me ajudar a transformar aquela escola em um lugar melhor... mas não é só isso. Ao mesmo tempo em que quero a sua ajuda, eu sinto vontade de te ajudar também... quando vi pelo que você passa apenas porque... b-bem, porque se veste como menina... bom, aquilo não é justo, ninguém tem nada a ver com a sua vida afinal. Você... passou por aquele tipo de situação várias vezes, não é? - ele perguntou, e o maior balançou a cabeça, confirmando - Eu sabia. Todos nós passamos. Por isso acho que você devia se unir á nós
– Não é tão simples assim, Tsukasa-kun - Daisuke falou, sem saber como recusar o pedido depois de tudo que tinha ouvido - Eu admito que gostei da idéia, mas... mudar assim de escola de repente...
– Aonde você estuda agora? - o menor perguntou - Não pode ser muito melhor do que Seiyo, a maioria das escolas da região são assim...
– Estudo em um colégio masculino há três quadras daqui - Daisuke respondeu - Bom, pelo menos estudava...
– Colégio masculino?! - Mikoto exclamou - Que estranho, não combina com você
– Espera, Mikoto - Aruto a interrompeu - Como assim "estudava"?
– Eu fui expulso da escola - Daisuke contou, parecendo não se importar muito com aquilo - Pouco antes do começo das férias de Natal, eu... b-bem, eu entrei na escola como Yui-chan, fingindo ser uma garota perdida... é que eu não aguentava aquela escola, só tinha garotos horríveis, eu odiava aquilo! Então um dia eu não aguentei mais e acabei fazendo isso... o Chara Change com a Loli só piorou as coisas... bom, no fim eles acabaram descobrindo quem eu era, e acabei sendo expulso
– Então! É perfeito! - Tsukasa exclamou, parecendo ainda mais motivado do que antes - Você não se matriculou em nenhuma escola ainda, pode se matricular na nossa!
– Mas não é tão simples assim... não vai ser fácil convencer minha mãe a me deixar estudar em um colégio misto
– Quer que a gente fale com ela? - Tsukasa indagou
– NÃO!!! - Daisuke gritou tão alto que assustou o mais novo, que recuou alguns passos - Q-Quero dizer... é melhor não... minha mãe é meio... d-de qualquer forma, não é só isso. Aquele é um colégio só para o primário, nem sei se aceitaria crianças da minha idade!
– Como assim? Em que série você está? - Mikoto indagou
– Estou no sexto ano
– Mentira?! - Midori deixou escapar - Não pode ser, você tem quase o meu tamanho! - ela exclamou, se aproximando alguns passos para medir suas alturas
– Acho que até eu sou mais alto que você - Aruto comentou, também duvidando
– Não é não, eu sou alguns milímetros mais alto, tenho certeza! E mais velho que você também! - Daisuke rebateu, parecendo ofendido - Apesar de que sou realmente pequeno pra um garoto do sexto ano, eu era o menor da minha classe no outro colégio... é por esses motivos que fico muito mais adorável como menina!
– É, admito que você não é muito masculino mesmo - Aruto concordou, dando uma risadinha, mas Daisuke não pareceu se ofender
– Já sei o que podemos fazer - Tsukasa falou, tendo uma súbita idéia - Vamos fazer uma aposta: Se eu ganhar, você vem estudar em Seiyo, e se tornará membro do Conselho Estudantil. Se você ganhar, eu desisto dessa idéia e nunca mais toco no assunto. O que me diz?
– Por mim tudo bem, mas... no que vamos apostar?
– Jogo de cartas - Tsukasa falou sorridente, tirando um baralho de cartas do bolso
– Você anda com essa coisa no bolso o tempo todo, é?! - Mikoto exclamou com uma gota na cabeça
– Sim! Nunca se sabe quando se vai precisar - o mais novo respondeu sorridente - E então, o que acha?
– Bem...
– Não aceite!! - Aruto interrompeu o mais velho - Pode não parecer, mas esse garoto é mestre em todo e qualquer tipo de jogo de cartas, ele vai te vencer rapidinho! Seria mais rápido você concordar logo com essa idéia maluca e se transferir!
– Ora, que isso, Aruto-kun, ele não pode ser tão bom assim... - Daisuke falou descrente
– Mas ele é!! Conheço o Tsukasa há anos e nunca o vi perder em um jogo de cartas! Já passei por coisas horríveis por causa dessas apostas dele - Aruto resmungou, fazendo uma careta ao se lembrar das tarefas do Valete que ainda era obrigado a realizar toda semana por conta de apostas perdidas - É realmente impossível derrotar o Tsukasa! Acredite em mim!!
– Não seja exagerado Aruto-kun, isso não é verdade! - Midori intrometeu-se. Ela sabia que Tsukasa realmente nunca perdia um jogo, é claro, mas também tinha gostado da idéia de ter Daisuke como membro do Conselho - Não ligue pra ele, o Aruto-kun que é um péssimo jogador mesmo
– E então, vamos jogar ou não? - Tsukasa perguntou novamente
– Ahn... - Daisuke murmurou indeciso, sem saber a quem dar ouvidos - Acho que tudo bem... certo, vamos jogar!

Os dois jogadores sentaram-se diante da barraca de ler a sorte, agora fechada, e arrumaram as cartas, com os outros três em volta, assistindo ao jogo. Assim como Aruto previu, não deu outra: Mal se passaram cinco minutos desde o início do jogo, e Tsukasa gritou:

– Bati!! - ele mostrou os três pares de Ases, Reis, e dois Valetes com um Coringa que tinha na mão, com um sorriso triunfante no rosto
– Não pode ser... eu não consegui fazer nem duas trincas ainda!! - Daisuke exclamou boquiaberto
– Hehehehe... não tem como ser derrotado quando se tem um Coringa na mão - o mais novo ergueu a carta escrito "Joker", sorrindo de orelha a orelha
– Eu avisei - Aruto sentenciou
– É, avisou mesmo... e eu devia ter de ouvido - Daisuke bufou mal-humorado
– Não interessa quem devia ter ouvido quem, você prometeu, Daisuke-kun - Tsukasa lembrou - Eu venci a aposta honestamente afinal!
– Eu ainda duvido da parte do "honestamente"... mas você realmente venceu - o mais velho suspirou derrotado - Está bem, eu dei minha palavra afinal... ainda não sei como, mas vou dar um jeito de convencer minha mãe a me transferir pra Academia Seiyo. Satisfeito agora?
– Muito! - Tsukasa ergueu-se num salto, quase pulando de tanta alegria, e estendeu a mão para ajudar o mais velho a se levantar. Daisuke a aceitou e pôs-se de pé também, com um pouco menos de empolgação do que o loiro - Seja bem-vindo à bordo... meu caro Coringa.

*** Próximo Capítulo: Preparativos ***