O Patrocínio do Mal escrita por Goldfield


Capítulo 9
Capítulo 9




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Capítulo 9

A escola de horrores.

O grupo ganhou uma pequena sala. À esquerda havia um balcão com uma entrada que levava à diretoria. À direita via-se a porta de um almoxarifado, e à frente iniciava-se um corredor possuindo acesso a vários outros locais. Reed achou melhor dividir o time, e por isso disse:

–         Zarek e Marrin, sigam até a diretoria e tentem encontrar algo útil! Eu, Young e Thompson avançaremos pelo corredor!

–         OK! – respondeu Dennis.

Assim se separaram, coração acelerado.

Passando pelo balcão, a dupla de agentes entrou no escritório da diretoria. Ambos estavam armados com pistolas Beretta 9mm. Por sorte, não precisariam usá-las por enquanto, já que o lugar estava vazio. Nenhum monstro ou cadáver, apenas sangue em alguns cantos. Peter se aproximou de uma escrivaninha onde, ao lado do monitor de um computador, havia um diário manchado de vermelho. Pegando-o, disse ao colega:

–         Este deve ser o diário do diretor!

–         Vamos dar uma lida nele! – sugeriu Dennis. – Talvez descubramos alguma coisa!

Marrin abriu o livro e iniciou a leitura dos relatos mais recentes:

Quarta-feira, 22 de outubro de 2008.

Às vezes eu reflito sobre como a FPA controla o povo desta cidade. Boa parte da população faz parte do grupo terrorista, e até o próprio prefeito simpatiza com ele. Os filhos dos principais líderes do movimento estudam nesta escola, e sempre me vejo obrigado a acatar suas ordens quando eles estão insatisfeitos em relação a algum professor ou aluno encrenqueiro (se bem que a grande maioria dos valentões são os próprios filhos deles). Se algum dia o governo iniciar uma ampla ação armada contra a FPA, esta cidade se tornará um verdadeiro campo de batalha. E temo imensamente pelas crianças daqui.

Quinta-feira, 23 de outubro de 2008.

Hoje os filhos dos membros da FPA não vieram à aula. Minha secretária me informou que a população está chocada com um crime de traços canibais que ocorreu ontem à noite perto da Madeireira Richards. A polícia ainda não possui nenhuma suspeita do assassino e o xerife, conhecido terrorista de Ronald Freewell, parece estar atrapalhando as investigações. Há algo muito estranho ocorrendo aqui em White Creek.

Sexta-feira, 24 de outubro de 2008.

Há assassinatos canibais ocorrendo por toda a cidade, alguns em plena luz do dia. Suspendi as aulas e recomendei que as famílias de meus alunos deixem White Creek o mais depressa possível. De alguma forma a FPA previa isso. Eu me pergunto até se eles são os responsáveis por esses acontecimentos.

Sábado, 25 de outubro de 2008.

Passei a noite aqui na escola, e quando acordei pela manhã, descobri que os zumbis haviam invadido o prédio. Sim, zumbis. Assim estão sendo chamados os assassinos canibais que assolam a cidade. Aqueles que não deixaram White Creek com antecedência (como eu devia ter feito) agora se vêem encurralados por essas criaturas horrendas. Já que as ruas estão ainda menos seguras do que aqui, esperarei a morte nestes corredores fedendo a morte. A esperança abandonou a todos nós.

–         É, foi mesmo o T-Virus... – murmurou Marrin, guardando o diário em seu colete.

–         Creio que não haja mais nada útil aqui! – afirmou Zarek. – Vamos voltar lá para fora!

–         Hei, espere!

Peter abriu as gavetas do móvel em busca de algo que valesse a pena. Dentro de uma delas encontrou um pente de balas para a Beretta e, apanhando-o, disse ao amigo:

–         Acho que o diretor já não vai mais precisar disto!

–         As salas de aula estão vazias, Reed! – disse Ash, voltando ao corredor junto com Ark após averiguar mais uma classe. – Nenhum monstro ou corpo até agora, apenas sangue e sinais de luta!

–         Bem, acredito então que precisaremos subir até o próximo andar... – murmurou Collins.

Os três membros da equipe se dirigiram até o final da passagem, onde havia uma escada que levava ao nível superior. Sempre destemido, o líder do time ordenou:

–         Esperem aqui, eu vou subir para ver se está seguro! Em caso afirmativo, lhes darei um sinal para que subam!

Young e Thompson concordaram movendo a cabeça, ao mesmo tempo em que Reed começava a subir pelos degraus, fazendo-os ranger a cada passo seu como se fossem uma pessoa soltando gemidos agonizantes. Durante o trajeto, Collins pensava em como estava sendo vivenciar aquela situação. Ele já lera tudo sobre o incidente em Raccoon City, mas agora era diferente. Encontrava-se ali, em meio ao pesadelo, lutando para permanecer vivo. Não desejaria isso a ninguém.

Logo venceu o último degrau, adentrando o primeiro corredor do segundo andar. Assim como aquele do piso inferior, havia entradas à direita e à esquerda levando a mais salas de aula. Reed prosseguiu, cauteloso, até que subitamente uma das portas se abriu.

O corajoso líder da equipe imediatamente apontou sua Glock. Esperava se tratar de algum sobrevivente ou talvez um zumbi sanguinário, mas era muito pior. Surgiu no corredor uma criatura verde corcunda que lembrava um réptil, possuindo garras afiadas em ambas as mãos. Ao ver Collins, soltou um berro de arder os ouvidos, saltando na direção de sua caça com incrível rapidez.

Ash e Ark aguardavam o sinal de Reed no andar de baixo, quando ouviram um barulho. Algo rolava pelos degraus da escada. Conforme o objeto descia rumo ao chão, os dois combatentes notaram sua forma oval e o rastro de sangue que deixava sobre a madeira. Só identificaram o que era quando o artefato parou sob a luz solar que entrava por uma janela: era a cabeça de Collins, separada do corpo e possuindo na face uma incomparável expressão de terror.

–         Merda! – berrou Young, deixando sua arma cair devido ao susto.

Logo depois vieram mais sons. Passos. Alguém ou algo descia pela escada. Ark apontou sua Samurai Edge, a antiga pistola padrão do S.T.A.R.S., enquanto Ash recuperava sua Colt calibre 45. A criatura concluiu a descida, e Thompson a reconheceu de imediato: era um Hunter. O mutante capaz de decapitar um ser humano com um só golpe de suas mortíferas garras.

Gritando de forma ensurdecedora, a aberração esverdeada tentou atacar Ark, mas o fogo das duas pistolas derrubou o monstro com relativa facilidade. Agonizando, o assassino de Reed se contorcia no chão sobre uma poça de seu sangue, enquanto Young exclamava:

–         Esse maldito matou o Collins! Jesus Cristo, isso não pode estar acontecendo!

–         Venha, é melhor avisarmos os outros antes que mais dessas coisas apareçam! – recomendou Thompson, já voltando pelo corredor.

Ash hesitou brevemente, porém seguiu o colega. O que menos queria naquele momento era ficar sozinho.

Em São Francisco, o furgão dirigido por Mike Graven percorria a ponte Golden Gate, que, imersa na baía iluminada pelo nascer do sol, compunha bela paisagem. Em seu interior, Leon S. Kennedy terminava de explicar a Rebecca e Jane o que havia descoberto por meio do agente Adams:

–         Concluindo, Josh Burke é Vincent Goldman! Ele sobreviveu à destruição da ilha Sheena e agora está cooperando com a FPA! Adams descobriu isso através de Sherry Birkin, que recebeu tal informação de um ex-cientista da Umbrella, atualmente na prisão!

–         Agora tudo se encaixa! – exclamou Weston. – Goldman sabia que Sherry conhecia seu segredo, e por isso encomendou a morte dela a FPA! Dessa forma, Jack Krauser orquestrou o atentado em Washington, usando Billy Coen para seus próprios interesses!

–         Billy Coen? – surpreendeu-se Rebecca.

–         Sim, ele estava trabalhando para Krauser, mas agora passou a nos ajudar, segundo o agente Adams – explicou Mike.

Chambers pensara que nunca mais voltaria a ouvir o nome de Billy Coen após o incidente na região de Arklay, porém acabou se enganando completamente. A grande questão era: será que tornariam a se encontrar depois de tanto tempo? Incerta quanto a isso, a ex-integrante do S.T.A.R.S. disse:

–         Mas há uma coisa que não entendo! O que aquela equipe enviada provavelmente por Burke veio procurar no Laboratório Vinnewood? E como o T-Virus foi parar lá?

–         O agente Adams ainda está averiguando isso – respondeu Leon. – Ele prometeu nos contatar assim que descobrir mais alguma coisa!

Os instantes seguintes foram de silêncio. O clima era pesado entre Mike e Jane. Durante o período em que haviam namorado, um escondera do outro o fato de trabalhar secretamente para o governo. E agora tudo vinha à tona sem mais nem menos. Pelo menos eles não tinham a missão de se eliminar mutuamente, como ocorrera no filme “Sr. e Sra. Smith”.

–         Você quer falar sobre isso? – perguntou Graven por fim.

–         Não estou com a mínima vontade... – replicou Weston em tom mesquinho.

–         Por mim tudo bem... – murmurou o agente, demonstrando indiferença.

Apesar do clima tenso devido ao que ocorrera no laboratório e a tragédia que poderia estar por vir, os ocupantes do furgão não puderam deixar de rir discretamente daquela embaraçosa situação.

Ao entrarem na diretoria, Ark e Ash viram que Peter e Dennis também confrontavam um Hunter, apontando suas armas na direção dele sem saber ao certo o que fazer. Temendo pela vida dos colegas, Thompson abriu fogo contra a criatura, encorajando os demais a fazerem o mesmo. Num piscar de olhos o monstro agonizava no chão, enquanto Marrin exclamava:

–         Mas o que é isso? Um lagarto mutante?

–         Nada mais que um fruto da infecção pelo T-Virus, e a escola está infestada deles! – respondeu Ark. – Collins infelizmente foi vítima dessa ameaça!

–         Droga! – praguejou Zarek, sentando-se no chão.

Todos estavam extremamente aturdidos. Apesar de saberem com antecedência que a FPA havia adquirido o T-Virus, eles não esperavam que a missão se complicasse daquela maneira. Para piorar, já haviam perdido o líder da equipe.

–         Eu espero que vocês tenham um ótimo plano em mente... – murmurou Young.

–         Devemos vasculhar a escola em busca de mais evidências, eu e o Dennis encontramos um diário que prova o envolvimento da FPA nesta tragédia! – disse Peter.

–         Você ficou louco? – indagou Dennis histericamente. – Nós temos de sair daqui o mais depressa possível! Não quero ser partido em dois por uma dessas coisas verdes!

–         Se permanecermos juntos, nossa vantagem perante essas aberrações será maior! – afirmou Thompson. – Concordo com o Marrin, há mais evidências nesta escola que devemos coletar! Se não trouxermos a FPA à justiça, o que houve nesta cidadezinha poderá se repetir numa grande metrópole!

Ninguém replicou. Ark tinha razão. Valia a pena arriscar a vida para arruinar os planos de um perverso grupo terrorista. E se a situação se tornasse insuportável, eles poderiam voltar à rua e fugir no helicóptero. Simples e rápido.

–         Vamos, então... – resmungou Zarek.

–         Começaremos pelo segundo andar! – explicou o ex-detetive, aproximando-se da porta. – Lembrem-se: permaneçam juntos! Quanto mais disparos simultâneos, melhor!

Dessa forma saíram do escritório.

San Jose, Califórnia.

Os dois helicópteros Black Hawk se preparavam para pousar no local de onde haviam decolado: uma movimentada base militar possuindo vários alojamentos e hangares. Ainda pendurado debaixo de uma das aeronaves, o major Jack Krauser apenas observava, murmurando:

–         Este não é o local combinado para a entrega... Vejo que realmente nos traiu, Josh Burke!

Os veículos aéreos se dirigiram até um heliporto situado a oeste das instalações. Pouco antes de tocarem o chão, o membro da FPA saltou, correndo até uma pilha de caixas, atrás da qual se escondeu. Sentindo raiva descomunal, o militar viu os soldados de Burke descerem dos helicópteros, carregando o barril criogênico até um hangar próximo. Entre eles estava Hunk, sem a máscara de gás, que distribuía ordens conforme andava.

–         Filho da mãe... – xingou Krauser, desejando retirar sua faca do cinto e degolar o líder do esquadrão ali mesmo.

Sempre se movendo de forma rápida e discreta, Jack seguiu até um caminhão, que utilizou como novo refúgio. Pelo visto, Burke possuía mais cartas na manga do que pensara. Ele tinha ali um exército numeroso e bem treinado, o qual poderia tomar de assalto facilmente uma cidade de porte médio... Ou então vigiar um determinado lugar com total eficiência.

O major precisava descobrir o que estava sendo tramado ali. Sem ser visto, adentrou um alojamento localizado a alguns metros de distância do caminhão, preparado para tudo. Inclusive uma guerra.

–         Ao meu sinal! – sussurrou Ark, apoiado na parede ao lado da entrada.

Os demais aguardaram alguns segundos, até que Thompson fez um gesto com a mão direita e abriu a porta num chute. O grupo entrou na sala de aula rapidamente, encontrando um Hunter que vagava pelo local. O monstro, aos berros, tentou atacar os invasores, porém foi mortalmente alvejado pelas armas inimigas, voando sem vida sobre uma fileira de carteiras.

–         Vasculhem tudo! – exclamou o sobrevivente da ilha Sheena, examinando a mesa do professor.

Marrin se aproximou de uma parede onde, num painel, encontravam-se pendurados vários desenhos feitos pelos alunos. A maioria deles retratava cenas de intensa violência, com mutilações e execuções facilmente perceptíveis apesar da imaturidade das representações. Havia também um grande exagero de cor vermelha.

–         Pobres crianças... – lamentou ele. – Por que têm como pais justamente aqueles malucos da FPA? Eu imagino a educação que eles lhes dão...

–         Encontrei algo! – informou Zarek.

Os outros agentes caminharam até Dennis, que segurava uma folha de papel. Nela havia o seguinte texto:

Aos senhores pais, membros da FPA:

Espero que já estejam prontos para deixar a cidade nos próximos dias. Nosso grupo colocará o plano em ação esta noite, portanto é possível que logo surjam os primeiros sinais da epidemia. Lembrem-se de beberem apenas a água mineral fornecida pelo movimento no período em que ainda permanecerem em White Creek. Deixem seus filhos em casa a partir do dia 23, pois a escola não será mais um lugar seguro.

Em breve os hipócritas do governo conhecerão nosso verdadeiro poder.

Atenciosamente,

Helena Baker, Professora da Escola Elementar White Creek, 20/10/2008.

–         Isso nos leva a concluir que a contaminação da cidade foi realmente proposital! – disse Ark. – Nada mais que um plano da FPA para intimidar as autoridades!

–         E eles conseguiram... – murmurou Peter.

Súbito, um alto e desesperado grito tomou a sala. Os combatentes se voltaram para a entrada do local, onde um Hunter acabara de ferir Ash Young gravemente no peito com suas garras cortantes.

–         Acabem com ele! – exclamou o agente ferido, se contorcendo de dor sobre o chão.

Os demais abriram fogo, cravando de balas a carne mutante do monstro. Soltando berros irritantes, a criatura caiu morta, e Ash foi cercado pelos colegas, que procuravam averiguar a gravidade de seu ferimento. Os cortes haviam sido muito profundos, e além disso Young perdia sangue demais. Dennis balançou negativamente a cabeça, suspirando:

–         Adeus, meu amigo...

Logo depois o integrante da equipe parou de respirar. Marrin se abaixou ao lado do corpo e fechou os olhos deste com uma das mãos. Mais uma baixa, e para Zarek aquela seria a última:

–         Já chega! Encontramos uma prova importante, agora vamos dar o fora daqui! Não quero presenciar a morte de mais nenhum colega!

Todos concordaram, e assim voltaram às escadas que levavam ao térreo, passando novamente pelo cadáver decapitado de Reed Collins. Depois de descerem pelos degraus, prosseguiram até a entrada da escola, quando ouviram um uivo assustador. Mesmo receosos, ganharam a rua. Logo estariam bem longe dali... Ou não.

A cena era grotesca. Os vidros do helicóptero estavam quebrados e tingidos de rubro. Algo pendia para fora da aeronave. Aproximando-se mais dela, Ark e os outros perceberam se tratar do corpo sem vida do piloto, todo estraçalhado e desfigurado como se houvesse sido arremessado dentro de um liquidificador gigante. Os agentes imediatamente levantaram suas armas ao ouvirem um rosnado. Thompson já sabia o que enfrentariam...

Um a um, três cães dobermann saíram de trás do destroçado meio de fuga da equipe. Possuíam diversas fraturas expostas em seus corpos, orelhas mutiladas e seus olhos eram globos brancos inanimados. Mais seres infectados pelo T-Virus e por isso transformados em sanguinárias aberrações.

Olhando em volta desesperado, Peter avistou um jipe aparentemente intacto estacionado numa esquina a aproximadamente cem metros de onde se encontravam. Vendo que as feras atacariam a qualquer instante, exclamou, apontando para o veículo:

–         Corram, rápido!

Os três sobreviventes iniciaram o trajeto até o lugar indicado por Marrin, perseguidos pelo veloz e ameaçador trio de Cerberus. Quando estavam a cinqüenta metros do jipe, Ark se voltou para os cães e disparou com a Samurai Edge, acertando um deles fatalmente na cabeça. Os outros dois, todavia, continuaram seguindo os fugitivos, rosnando sem parar.

Ao finalmente atingir o veículo, Zarek sentou-se agilmente diante da direção, aguardando que seus dois parceiros também se acomodassem a bordo. Por incrível sorte, a chave estava no contato. Dennis girou-a, e o som do motor ligado abafou o barulho provocado pelos monstros caninos. Afundou o pé no acelerador, e o jipe arrancou pela rua, deixando a esquina para trás.

–         Pensei que não conseguiríamos! – afirmou Peter, aliviado e feliz por ter se enganado.

–         Vamos apenas sair deste inferno! – bradou o motorista. – Leadville não está muito longe, de lá poderemos comunicar Denver sobre o que aconteceu!

–         Vão vocês! – disse Thompson em tom seco. – Eu ficarei aqui nas montanhas!

–         Quê? – espantaram-se os outros dois homens.

–         Preciso me infiltrar no esconderijo da FPA! Alguém deve fazer algo para que eles não utilizem mais o T-Virus em atos terroristas!

–         Mas você não conseguirá sozinho! – argumentou Marrin. – Deve haver centenas de membros do movimento naquela base!

–         Eu preciso tentar... Se for necessário, chamarei reforços pelo rádio! Apenas me deixem na estrada que leva até a área do esconderijo e sigam para Leadville!

Mesmo sem concordar com aquela atitude por parte de Ark, Peter e Dennis moveram a cabeça positivamente. Após terem atropelado alguns zumbis, já deixavam White Creek por uma estrada asfaltada. O amigo de Leon armou-se com o rifle de mira telescópica que trazia pendurado às costas, apanhando algumas balas para ele de dentro dos bolsos de sua jaqueta. Estava na hora de seguir sozinho, e seu forte senso de justiça faria com que dependesse mais uma vez de uma arma para permanecer vivo...

San Jose.

Jack Krauser seguia por um dos corredores do alojamento sem causar ruído algum. O movimento de soldados era intenso, levando a crer que Burke estava planejando uma grande operação para muito em breve. Sempre cauteloso, o major adentrou uma sala de arquivos, onde acreditava poder encontrar algum documento que revelasse os intentos inimigos. Porém, enquanto revirava um armário, o militar ouviu o engatilhar de uma arma atrás de sua cabeça:

–         Não se mova! – ordenou o indivíduo que surpreendera o invasor.

–         Hunk... – murmurou o membro da FPA, reconhecendo a inconfundível voz do “Sr. Morte”. – Há quanto tempo!

–         Realmente... Lembra-se quando trabalhávamos para Wesker? Costumávamos ser bons amigos!

–         Tudo muda, meu caro...

–         Sim, eu concordo!

Logo após dizer isso, o combatente de Burke injetou o conteúdo de uma seringa no pescoço de Krauser, afirmando:

–         Com esta belezinha correndo nas suas veias, perderá sua força gradativamente e ficará incapaz de usar aquela sua garra nojenta!

–         Você diz isso como se fosse uma pessoa normal...

–         Reconheço que também sofri mutações por conta de um vírus da Umbrella, mas pelo menos não utilizei esse poder para ingressar num grupo terrorista patético como a FPA! Aliás, meu chefe ficará feliz em saber que eles enviaram um espião até nós!

–         Dane-se o maldito Burke!

Hunk algemou Jack, levando-o para fora da sala ainda sob a mira de uma arma.

Na sala de comando da base, Josh Burke, sentado atrás de sua mesa, percorria com os olhos os vários papéis dispostos dentro da pasta que tinha em mãos. Possuíam linguajar complicado, repleto de dados e termos técnicos. Quando começou a ler um relatório intitulado “Projeto Nemesis X”, a porta do cômodo se abriu, desviando sua atenção.

Hunk entrou junto com dois soldados fortemente armados, trazendo Jack Krauser, algemado e de cabeça baixa, até o superior. Este se ergueu da cadeira, indagando sem demora:

–         O que esse homem está fazendo aqui?

–         A FPA mandou um membro para nos espionar, senhor! – disse o “Sr. Morte”, sorrindo discretamente por ter subjugado o arrogante major. – Eu o encontrei na sala de arquivos do alojamento “C” tentando roubar documentos sigilosos! Mas, se me permite o jargão, a única coisa que ele achou foi sarna para se coçar!

Com ar de superioridade, Josh caminhou até Krauser, andando ao seu redor enquanto o examinava de alto a baixo. Calado e sem ousar fitar o rosto de Burke, o integrante da FPA parecia uma perigosa fera enjaulada no zoológico, que agora servia de atração aos indivíduos que desejassem apreciar e zombar de seu infortúnio.

–         O que Freewell pretendia enviando-o? – inquiriu o comandante das instalações.

Jack permaneceu em silêncio.

–         Estou falando com você, seu miserável! – exclamou o interlocutor.

–         Você não tinha o direito de nos enganar, Burke... – rosnou o militar.

–         Aprenda uma coisa, Krauser: eu tenho direito de enganar a quem eu quiser, porém não admito que pessoa alguma tente me fazer de bobo! Esse é um erro mortal pelo qual meus inimigos pagarão sem piedade, não importa quem sejam!

–         Não irá vencer...

–         Isso é o que nós vamos ver! Sabe, eu sempre fui um leitor assíduo, e a cada romance que termino de ler, sempre me vem a mesma pergunta: por que o mal nunca vence? Por que motivo os mocinhos sempre triunfam sobre o vilão? Por que o mais bem arquitetado plano maligno sempre possui algum tipo de falha ou brecha que provoca seu fracasso? Por que o Ciclope não devorou Odisseu? Por que o Dr. No não matou o 007?

–         O que isso tem a ver com a sua maldita traição, Burke?

–         Tudo, meu caro! Estou disposto a qualquer coisa para triunfar, inclusive realizar atos que qualquer ser humano politicamente correto repudiaria sem pestanejar! Eu utilizei esse seu grupo terrorista de quinta categoria para meus próprios propósitos, e agora poderei me livrar de quaisquer acordos sem qualquer tipo de temor! Você achou mesmo que eu queria contribuir para a difusão do “verdadeiro americanismo”, Krauser? Ora, não me faça rir...

–         Desgraçado...

–         Seus insultos são para mim elogios. O mal vai vencer. Vou romper com o clichê, e não será você quem irá me impedir! Hunk, tire essa escória da minha frente! Ah, e não se preocupe, Jack, pois enviarei um presente para seus superiores no Colorado, para assim retribuir à sua cordial visita!

O prisioneiro foi levado para fora da sala, ao mesmo tempo em que Burke voltava para sua mesa. Sentou-se novamente e, apanhando um rádio que se encontrava sobre o móvel, contatou um de seus pilotos:

–         Aqui é o comandante!

–         Estou ouvindo, senhor! Algum problema?

–         Lembra-se daquele imprevisto cuja probabilidade de ocorrer eu havia mencionado? Bem, realmente aconteceu, e preciso que aja rápido! Parta rumo ao Colorado e entregue o pacote nas montanhas! Ninguém no esconderijo da FPA deverá sobreviver para contar a história!

–         Compreendido, senhor! Estou a caminho!

Josh desligou o aparelho, e pouco depois ouviu o som de um avião a jato decolando da base, voando em direção às Montanhas Rochosas. A vingança era doce. Imaginando os gritos desesperados de Ronald Freewell, Burke voltou a apanhar a pasta que antes examinava, deixando à mostra o emblema de um guarda-chuva vermelho e branco no verso desta...

Continua... 


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