Ao Kill, com carinho - Capítulo único

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"Monstrinho, desde pequenininho,

Caramelo, veio-me como última opção,

Eu preferia um de pelos negros.

Arranhando minha blusa pela rua,

Só começou a gostar de mim depois da primeira tigela de ração.

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Um amor de canino cor caramelo, dizia eu,

Sentindo seu corpinho de filhote escorado no meu braço,

Sempre aos finais de um cochilo,

Na tarde ensolarada e recheada de sorvete, ao chão.

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Grande e bagunceiro, batalhando comigo pelo controle da guia,

Substituída por maiores; muitas ao passar do inverno.

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Grande cachorro cor caramelo, não tinha o controle de sua força,

Também era difícil conviver com todas as suas mordidas diárias,

Arranhões, rasteiras, cabeçadas...

Um dedo quase arrancado? "Quase".

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Mas não tinha como me enraivecer,

Quando ouvia seus latidos e ofegos aflitos, de alegria,

Antes mesmo de eu tocar no portão de casa, após um longo dia de aula.

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Cachorro cor caramelo, sempre junto a mim no tempo livre,

Sujando a minha casa, rasgando o lixo,

Compartilhando comigo seus banhos, acordando a vizinhança à noite,

Comendo metade das minhas guloseimas,

Sempre com olhar despreocupado e inocente,

Sendo ele mesmo, apenas.

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A alegria é feita de pequenos momentos, e os nossos estavam nos três quartos...

Desde filhote, cuidei do meu canino de pelos dourados,

Continuei cuidando, mas agora com medicamentos e comida especial.

Dedicação cada vez maior,

Quando as pernas ficaram fracas, os passos cambaleantes,

Quedas constantes...

Passos cada dia mais raros, até ficarem no passado.

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Um cachorro de porte grande, com coração e alma de dócil criança,

Esse foi meu mascote cor caramelo,

E assim houve de ser tratado, até o fim.

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Um desfecho artificial,

Uma clínica, uma injeção, uma última olhada,

A saída restante para aliviar a dor do pobre ser,

Que mais nada podia fazer por si próprio.

Toda a vitalidade levada por um vírus infeliz,

Junto com seus movimentos,

Vírus infeliz, levou meu amigo!

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Aqui dedico a minha vida com você, esteja onde estiver,

Foi única, foi intensa, foi curta;

Uma vida que surgiu no verão e terminou na estação do ano seguinte.

Lembro com saudades das raivas que me fez,

De cada tipo de latido, cada um com sua intenção,

Da sua boca babada no meu braço,

Da força que fazia para puxar sua guia.

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Mesmo fazendo agora um ano a sua despedida,

Tive finalmente ação para lhe dizer adeus adequadamente;

Para você isso pode nem mais fazer diferença, infelizmente.

De qualquer modo, ficam as memórias para os que continuam aqui,

E nelas você continuará existindo eternamente,

Oh, sim! E o corte no meu dedo mínimo também;

São suas lembranças para mim...

Então, adeus Kill, meu vira-latas de cor caramelo."