Past's Brand escrita por Jr Stutzel


Capítulo 3
A amiga imaginária


Notas iniciais do capítulo

Olááááá! Como vão?
Sei que esse título demonstra algo BEM clichê, todos ja viram isso em filmes. Mas depois de pensar bem, descobri que era a única saída que eu tinha para fazer o que eu estava pensando em fazer. Então, não me julguem.
Coisas bem estranhas vão acontecer aí. Mas é só o começo.



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21 de janeiro de 2013 ás 9:30


Augusto acordou e sentiu o cheiro da manhã, o que sempre o lembrava de sua antiga terra. Espreguiçou e sentou-se na cama. Olhou sua esposa e pensou em beijá-la, mas achou melhor não acordá-la, o dia anterior fora bem cansativo e agitado.

Lembrou-se de sua filha, deitada ao lado da cama, a que na noite passada vira dormindo como um anjo abraçada com seu pequeno urso de pelúcia. Então foi acordá-la para tomar um gostoso café-da-manhã com ele, e quando olhou em direção ao pequeno divã ao lado da cama...

Lá estava ela.

Sua pele branca como vela brilhava à luz da manhã, seus cabelos cacheados, castanhos e macios como algodão estavam bagunçados entre a fronha e os lençóis.

Augusto de levantou e cruzou a cama. Se ajoelhou perto de sua pequena princesa e começou a acariciar seus cabelos até que a garota abriu seus profundos olhos negros... Negros? Augusto pulou e se distanciou, a garota sorriu e seus dentes eram afiados e cinzas.

–Oi, papai - disse, com uma voz grave, a garota, ou seja o que aquilo fosse.

Augusto estava paralisado e Lívia começou a se levantar, sem desviar o olhar sombrio do pai, e continuava sorrindo. De súbito o urso nas mãos de Lívia se transformou em uma faca ensanguentada.

Ana se moveu na cama.

–Guto - resmungou ela, virada para a direção oposta.

Lívia caiu no divã, sem forças, e a faca voltou a ser um urso.

–Guto, vem cá - disse, com mais precisão dessa vez.

Augusto tremia e soltava gemidos. Ana percebeu.

–O que houve, amor?

–Nada... É... Está tudo bem - tentava tranquilizar mais a si mesmo do que à Ana.

–Então vem aqui, vem...

Augusto, ofegante, obedeceu à esposa e caminhou até seu lado da cama, seu tirar os olhos da filha. Se senta, olha para Ana e dá um falso sorriso.

Ana puxa o marido para um beijo.

Augusto pula e arregala os olhos ao ver a filha se levantando.

–O que houve? - pergunta Ana. Ao ver o marido olhando para trás dela, se vira. - Oi, querida.

A garota olha para trás, sua fisionomia era normal. Nada estranho.

–Oi mamãe, oi papai - continuou andando.

Ana notou que Lívia deixara seu urso no divã.

–Filha, não quer o seu urso, olha - pegou-lhe e apontou para a garota, que o olhou com desprezo.

–Não preciso disso, isso é coisa de criança, eu já tenho amigos novos - sua voz dócil de repente pareceu tão rude.

A mãe ergueu as sobrancelhas e depois sorriu.

–Olha só, nossa garotinha está crescendo - se desviou para Augusto - Não é, amor?

–É - continuava cético - Vá brincar amor, preciso falar com sua mãe.

–Eu já estava indo, vocês dois que não me deixam em paz - retrucou a menina.

Os pais (inclusive Ana) estranharam a maneira com que a garota falou, mas não questionaram.

Ela deu um rápido sorriso e seguiu caminhando.

–O que foi amor? - perguntou Ana.

–Acho que estou precisando ir a algum médico. Quando eu acordei...

Um grito agudo e muito alto veio de longe. Os dois se assustaram e pularam da cama. Correram em direção à cozinha. "Lívia, onde você está?", "Filha, está tudo bem?", gritavam os dois.

–Quem gritou desse jeito? - perguntou a filha, parada atrás dos pais.

Os pais se assustaram e se viraram abraçando a filha.

–Você está aqui, graças a Deus - disse a mãe.

Outro grito.

Todos estranharam, pela voz não poderia ser Jonas. Quem seria naquela hora da manhã?

Jonas apareceu na escada correndo como um louco, ainda de pijama e com os cabelos arrepiados.

–Acho que é na vizinha - opinou ele, quase com certeza.

Todos correram de casa com as mesmas roupas no corpo, os gritos continuavam.

–Tá vindo daqui - Ana, com Lívia no colo, apontou para a casa à direita.

Mais gritos.

Augusto e Jonas pularam a cerca da casa e subiram uma pequena escada até a varanda pintada em amarelo ouro. Bateram uma velha porta de vidro.

–Ei - gritou Jonas - O que está havendo aí?

Agora de perto, podiam-se ouvir choros e lamentos.

–Abra a porta - gritou Augusto.

–Acho melhor arrombarmos - disse Jonas - E se ela estiver machucada?

–Vamos procurar outras portas ou uma janela baixa.

Jonas assentiu e os dois correram para os fundos da casa. Enquanto Augusto tentava arrombar uma janela baixa também fechada, Jonas foi para a parte de trás. Estava tudo em silêncio, ele se surpreesndeu com a incrível vista de lindos campos de flores e frutos de uma fazenda à distancia, havia algumas roupas no varal, um fogão à lenha e cheiro de madeira queimada e algo parecido com manjericão.

Os choros pareceram mais perto e Jonas encontrou uma porta branca. Toc-toc-toc.

–Com licença - ele disse, ao abrir a porta - O que está havendo?

Ao fundo de um corredor viu a garota loira. Estava encolhida entre seus joelhos e gemendo, lamentando sobre algo.

–Menina, o que foi? - ele perguntou, parado na porta. Augusto apareceu também.

A menina continuou abaixada, sem dizer nada, apenas dando resmungos indecifráveis. Jonas entrou e correu até a garota, abaixou perto dela, que continuava encolhida.

–Me diz, o que foi?

Melanie apontou para a esquerda, onde ficava a cozinha. Jonas olhou e se assustou com o que viu.

–Augusto, chame uma ambulância - os seus olhos tristes quase choravam com a garota - Menina, eu não te conheço, mas seja o que foi que aconteceu aqui, eu sinto muito.

Melanie levantou a cabeça. Suas maçãs do rosto estavam avermelhadas e as sobrancelhas encharcadas. Sua boca tremia e as mangas da blusa estavam molhadas pela lágrimas.

Ela se aproximou de Jonas e o abraçou com voracidade. Sabia que chorava nos braços de um desconhecido, mas era o que precisava naquele momento.



21 de janeiro de 2013, ás 10:47


Tudo o que se ouvia no hospital era o barulho das rodas das macas arrastando no chão, uma voz feminina bem agradável falando ao microfone, toques de celulares, conversas paralelas e outros ruídos difíceis de entender.

Jonas permanecia sentado ao lado de Melanie, não entendia muito bem como uma garota jovem e bonita conseguia viver num lugar daquele sem nenhum parente, mas achou estranho perguntar. Quando vira a garota de longe não reparara em detalhes: seus lindos olhos azuis, os cabelos cor de ouro arrumados por trás das orelhas, tinha uma pele branca tão linda como a de uma princesa, o corpo era definido.

Em um certo momento, Jonas olhou para as bonitas pernas da garota e, olha, eram mesmo bonitas, brancas, definidas e atraentes.

Após vários minutos de silêncio Jonas resolveu dizer algo.

–Qual o seu nome? - indagou ele, suas bochechas coraram.

–Sou Melanie, e você?

–Sou Jonas, mas pode me chamar de Johnny. Quer dizer, só se quiser. É apelido, eu sei que é meio gay mas... - sua face agora queimava e ele se enrolava nos próprios dizeres.

–Tudo bem, Johnny - ela sorriu com o canto dos lábios, tentando ser simpática, mesmo naquele momento trágico.

Ele sorriu de volta.



A alguns quilômetros dalí, Augusto e Ana se preparavam para ir ao hospital buscar o filho.

–Não achou entranho o que aconteceu alí? - perguntou Ana - Quer dizer, a menina ficou parada, gritando.

–Não acho, tudo bem que essas coisas acontecem com idosos mas eu também me desesperaria, ouviu o que a garota disse? Ela não tem parentes por perto. Morar por aqui não deve ser fácil pra ela.

–Eu entendo.

–Papai - Lívia chegou abraçando o pai - Eu não quero sair daqui, fica comigo enquanto a mamãe busca o Johnny.

O pai abaixou e segurou a filha pelos ombros.

–Oh querida, não vai dar. Papai tem que trabalhar e você precisa ir com a mãe.

–Tudo bem - ela encarou o chão.

–Desculpe, filha - Augusto abraçou forte a filha.

Como uma vertigem ouviu a mesma voz grave de mais cedo passando pelos seus ouvidos: "Bás, daonna!".

–O que foi filha? - o pai se afastou.

A menina riu e correu.

–Acredita no que ela me falou hoje? - perguntou Ana - Disse que tem uma amiguinha, o nome é Tina.

–Ah, Tina? - Augusto indagou, confuso.

–Sim, tadinha, provavelmente imaginária, ela deve mesmo se sentir solitária aqui.

Augusto não respondeu, só ficou pensando no que estava acontecendo com ele. Será que estava enlouquecendo?

Enfim se levantou e pegou sua gravata na cama. Encarou-a e olhou para a esposa.

–Ana - chamou ele.

Ela o olhou e já entendeu o que ele queria.

–Ok, eu ponho.

–Obrigado - ele agradeceu - então... O que mais ela disse sobre a amiguinha?

–Só que o nome é Tina e que conheceu ontem a noite. Por que quer saber disso?

–Não... Nada.

Augusto tentou disfarçar, mas o que ela vira fora tão terrível que não conseguia agir normalmente. Ana não sabia o que estava havendo com o marido mas achou melhor deixar pra lá, pelo bem dele nesse começo de trabalho..

–Vamos, amor? Preciso estar lá às 11:30 - avisou Augusto.

–Vamos sim. Vou buscar a Lívia.

Ana terminou o nó na gravada de Augosto, saiu do quarto e foi procurar a filha. Por que, diabos, aquela menina nunca respondia quando chamavam?

Ao passar em frente à porta do porão Ana ouviu um barulho, não parecia com nenhum objeto caindo ou madeira batendo, era algo como um suspiro, uma ventania estranha.

Se aproximou e, com voracidade, abriu a porta. Estava tudo escuro e não havia barulho, só algo como: "Não, fique aqui..." te levar comigo"..."Tudo bem, venha"..."Cuidado pra ele não"..."você"....

–Lívia, você está aí? - gritou Ana, confusa e, instintivamente, amedrontada com as trevas.

A garota saiu encarando a mãe séria.

–O que estava fazendo aí? - perguntou Ana.

–Brincando com a Tina, mamãe.

–Não quero que você brinque com a Tina aí dentro, ok? Só aqui fora, entendeu?

–Sim, mamãe.

A mãe pegou a filha pelas costas e trancou o porão. E de repente sentiu como se algo não muito bom fosse acontecer... Como se algo ruim estivesse por perto.


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Notas finais do capítulo

Bem, o que acharam? Deixem reviews. Qualquer coisa ajuda, porque eu preciso do suporte dos meus leitores para continuar... :)