Past's Brand escrita por Jr Stutzel


Capítulo 1
Muito verde, pouco movimento e rock.


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas se houver erros de gramática, mas assim que der, re-leio e corrijo possíveis erros.
Não me julguem por causa do título, só estou sem inspiração.
Espero que gostem desse primeiro capítulo, boa leitura.



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7 de julho de 1913 às 2:56.


Depois de ter retornado de um sonho assustador, nada me vinha à memória. Pescoço e testa empapados de suor me incomodavam, e a minha fonte de calor... Não! De novo não. Onde estaria Catarina? A última noite em que acordara sem sua presença, fora a pior da minha vida. Aqueles acontecimentos assustadores e diabólicos não saíam de minha mente, aconteceriam de novo?


A luz da lua cheia iluminava o piso de madeira de nossa casa onde sons ocos e ruídos eram inevitáveis. Meio tonto e ofegante levantei-me, me livrando dos lençóis encharcados. Com passos leves, caminhei até a cozinha onde a fraca luz do teto se encontrava acesa.

–Catarina? - minha voz grave ecoava por toda a cozinha.

Vestida em branco com seus cabelos negros esticados nas costas, Catarina estava em hipnose, seu olhar fixo na parede me assustava. Fora assim a útilma vez.

–Catarina, meu amor. Volte para a cama. Está tarde.

Temendo que acontecesse novamente eu me aproximava. De suas costas eu não podia ver sua face, o que multiplicava meu temor. Depois de tomar uma certa aproximação, levei minha mão direita ao seu ombro.

Em fração de segundos uma força invisível e inaudível me empurrou para trás. Senti minhas costas baterem contra a porta trancada do porão, quase me fazendo invadí-lo com violência. Com meu corpo estilhaçado no chão, as dores nas costas eram quase imperceptíveis considerando os calafrios e o formigamento que subia em minhas pernas.

–O que está havendo Catarina? Porque está fazendo isso?

Catarina começou a se mover, mas não tentava me atacar, seus pés descalços continuavam fincados no chão, apenas suas mãos se mexiam. Me sentindo tonto, fraco e incapaz, observava os seus atos. Suas mãos sangravam, e com seu próprio sangue Catarina marcava a parede: uma linha reta, outra linha reta, mais outra linha reta. Parecia estar desenhando uma estrela. Mas aquele símbolo não era uma estrela, não mesmo. Eu o conhecia. Eu já o havia visto antes várias vezes em sonhos, pensamentos, dejavus... Um pentagrama.

Depois de terminar de marcar o símbolo, Catarina se virou e eu pude vê-la. Graças aos céus aquela era a minha Catarina, não o monstro que eu havia visto da última vez. Era a minha Catarina, mas estava hipnotizada, seus olhos brilhavam fixados a sua frente até que suas forças se acabaram e seu corpo desabou no chão.

Com dificuldades me levantei para ajudá-la. Suas mãos ensanguentadas sujavam sua camisola branca e em seu rosto eu via amargura e tristeza. Me ajoelhei ao seu lado e ajeitei seu corpo no chão. Em sua mão eu pude ver o que a fazia sangrar. O mesmo símbolo em que desenhara a parede, estava cicatrizado em suas duas mãos. Tentei acordá-la, mas nada acontecia. Depois de um tempo de tentativas sem sucesso, enfim Catarina abriu os olhos.

Suas órbitas eram negras, seu rosto começou a se deformar e em suas duas mãos nasceram garras longas e afiadas. O mesmo impulso me empurrou novamente à bater minha coluna na porta do porão. Mas dessa vez não foi só um impacto. A força paranormal batia meu corpo com força na porta várias vezes. Senti meu corpo se dobrar para trás, causando uma dor enorme na minha coluna, até que fui solto no chão. Pouco consciente enxerguei com dificuldades Catarina se aproximando.

Seu rosto era assustador, seus olhos negros brilhavam e seus pés não encostavam no chão.

O demônio se abaixou para perto do meu corpo.

–Beidh tú bás duine. Fothaí a laige linn! - disse ao meu ouvido a voz demoníaca que se mesclava com a voz de minha esposa.

Meu corpo foi levantado sem minha vontade. Catarina estava longe. Fui colocado de pé em frente a porta do porão. Catarina se aproximou, sua fisionomia demoníaca ainda não tinha sido adaptada ao meu olhar, o que me causava calafrios absurdos. O demônio se envolveu a mim e sorriu, eu tremia de medo.

Catarina abriu a boca e com sua língua negra e asqueirosa lambeu meu pescoço. Naquele momento não senti medo, apenas atração. Eu parecia querer ficar com aquela mulher até a morte. Após outro sorriso ela mostrou seus dentes afiados e brilhantes.

Como se tivesse perdido novamente suas forças, Catarina desabou no chão. Sem reações fiquei imóvel, observando o monstro vomitar. Senti o líquido negro passando pelos meus pés. Era quente, nojento e queimava a minha pele.

Catarina tossia enquanto expelia o resto de seu vômito nojento.

–O que é isso? O que está acontecendo? - eu perguntava, cético.

Catarina riu e se levantou. Sua face demoníaca estava ainda pior. Sua risada tinha um tom grave e seu vômito sujara seu rosto e sua roupa branca.

–Bás, daonna!

Catarina se distanciou e me atacou com movimentos vorazes. E foi só o que vi.


20 de janeiro de 2013 às 14:32



Jonas observou a casa de longe, era velha, feia, distante de tudo. Soube naquele momento que sua razão sobre não querer se mudar aumentara. Não conseguia aceitar o fato de ter que viver numa casa tão horrível aos 16 anos de idade. Ele queria seus amigos, sua antiga casa, sua internet, sua cidade... Mas não teria nada de volta, ele sabia que não.


E tudo por causa daquele homem horrendo, era gordo, feio, nojento, porco... Seu cheiro o dava náuseas e sua presença o causava calafrios, mas não de medo e sim de nojo.

Sua mãe era tão bonita, ainda com seus 30 anos, cabelo amarelo liso tímidamente arrumado por trás das orelhas, olhos azul-céu, pele branca com rugas quase imperceptíveis, usava roupas de senhora apesar de sua idade e estava sempre com o cordão que ganhara do primeiro marido. Como poderia ter se casado com aquele homem?

Ao chegar à assim chamada "nova casa", após soltar um lar doce lar com sotaque de interior, Augusto saiu de sua velha picape, caminhou até o porta-malas e retirou tudo de lá. Após retocar seu batom no espelho do carro, Ana o usou para olhar os dois filhos no banco de trás. Emburrado como sempre, Jonas bufou propositalmente alto, Ana o encarou com um sorriso acalmador e piscou para Lívia, a caçula de 5 anos, que riu alegremente.

–Vão sair por conta própria ou eu vou ter que tirá-los a força daí? - ironizou Augusto, ainda com seu sotaque do interior, andando para dentro da casa.

–Já vamos sair, querido. Só estou intimidando as crianças - disse Ana, de dentro do carro num volume consideravelmente alto - Vamos lá! Não é tão ruim assim, ok?

–Claro que é ruim - abafou Jonas - Olha em volta, não tem nada aqui, quase não temos vizinhos, e com certeza aqui não tem internet nem TV a cabo.

–Pare de pensar nisso Jonas, pense em mim e no seu p...

–Eu já te disse que ele não é meu pai - tentou ser rude mas manteve a voz baixa.

–Ele é pai da Lívia e...

–Eu não me importo. Eu amo a Lívia, eu amo a senhora, mas eu não quero viver com esse imundo.

–Não fale assim do seu padastro, Jonas. Estamos aqui porque Augusto consegui um bom emprego e teremos uma vida muito melhor do que tínhamos.

–Bom, eu duvido.

Ana o encarou com um olhar triste e saiu do carro, abriu a porta de trás e pegou Lívia no colo.

–Entre quando quiser, pode dormir aí também, eu já cansei disso - pôs Lívia no chão, pegou em sua mão e caminhou em direção à casa.

Jonas fez o que sua mãe disse, ficou parado no carro. Olhou em volta para saber direito o que enfrentaria.

Poucas casas e nenhuma delas o agradava, muito verde, pouquíssimo movimento e rock... Rock? Ou ele estava louco ou realmente estava escutando rock. Como alguem de um lugar daquele podia escutar rock? Todos eram inferiores ao mundo real, não? Tentou seguir o som e achou a origem. Uma casa grande, não muito bonita mas a melhor que pôde ver, dois andares, pintura e janelas brancas, notou que por dentro tudo era bem arrumadinho e viu uma senhora grisalha e gordinha sentada na varanda olhando para a sua "nova casa" de olhos arregalados. Estaria surpresa por ter vizinhos novos? Jonas notou que a senhora agora o encarava, então desviou o olhar para a lateral da casa, fingindo desinteresse. Ao fazer isso, viu uma outra janela que não tinha notado antes, ela ficava no andar de cima e na frente da casa, estava aberta, e quando ele olhou, a cortina de voil lilás se mexeu. Alguem estaria alí?

Jonas voltou seu olhar para a senhora, agora ela estava dentro da casa, escutou uns gritos, apesar do som alto, e ele abaxou. A senhora voltou à varanda e se sentou em sua cadeira de balanço novamente, encostou a cabeça e fechou os olhos.

Jonas achou melhor entrar. Guardou na mochila sua revista de animes, a qual esquecera que ainda segurava em mãos, saiu da picape, pendurou a mochila em um dos ombros e caminhou à entrada da casa.

Antes de entrar, deu uma última olhada para a janela: nada. Nada além da cortina lilás balançando ao vento e o som agradável do solo em Sweet Child of Mine tocando em volume baixo.

Tentou deixar a curiosidade de lado e continuou caminhando. Só então pode ver a casa realmente bem.

Era uma típica casa de interior, na entrada havia uma pequena escadinha que dava à varanda a qual usava colunas de madeira azul-bebê para apoiar um telhado de PVC alaranjado o que, visualmente, era a única coisa na casa que aparentava ser atual. As paredes, também azul-bebê, estavam desbotadas e manchadas pelo tempo. Ao atravessar a varanda, Jonas viu uma enorme ratazana sair da casa e passar pelo meio de suas pernas. Jonas levou um certo susto e pulou para o lado.

Ah que ótimo, terei que conviver com ratos, cobras e gambás... E o Augusto. Pensou Jonas.

Se recompôs, tomou seu fôlego e encarou o que teria de encarar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? O que pode ser melhorado? Podem comentar qualquer coisa.
Até o capítulo 2.