Broken Mirror 2ª Temporada escrita por Renata Rodrigues


Capítulo 5
Capítulo 5 distração


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demora espero que gostem



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Quando o a luz do dia chegou à janela do meu quarto, despertando-me dos meus sonhos, eu abri meus olhos e me deparei com Tatia vestida apenas com a blusa que chegara e uma calcinha, os olhos grudados em mim, um sorriso tranquilo e alegre nos lábios. Ela segurava uma taça de vinho tinto, e parecia quase estar se divertindo ao me observar dormir.

- Eu já disse que você fica fofo enquanto dorme, Stefan? Parece um bebezinho... – disse ela abrindo ainda mais o seu sorriso e o transformando em um riso curto.

- Você é louca – eu disse passando a mão no rosto, tentando ao mesmo tempo acordar e colocar em ordem as ideias que ainda estavam emboladas na minha cabeça. 

1° Damon beijou Elena

2º Tatia está viva 
          3º Eu dormi com ela 

Era coisa de mais para o cérebro de qualquer um, e eu nunca fora muito bom em pensar logo pela manhã. 

- Qual é o plano dessa vez Tatia? – perguntei, me apoiando nos braços e me içando, sentando na cama.

Eu a conhecia bem o suficiente para saber que ela não estava aqui só a passeio. Tatia nunca joga pra perder e sempre há um jogo quando se trata dela.

- Eu não posso simplesmente estar aqui por coincidência e ter resolvido fazer uma surpresa para os meus velhos amigos?

- Ah, você me surpreendeu, com toda a certeza.

- Você também. Achei que me rejeitaria com já fez da ultima vez... – ela fez beicinho mais uma vez, o que sempre a deixava parecida com a criança mimada que ela era, de fato.

- Eu te disse não, é verdade, mas nuca disse que não te queria – corrigi, me levantando.

- Se me queria – ela pegou minha cueca em cima da mesa e jogou no meu rosto – por que me disse não? – mais biquinho...

- Porque você estava dormindo com meu irmão, e saindo com o melhor amigo dele? – inquiri, como se aquilo fosse mais do que óbvio.

- Isso não é resposta para minha pergunta.

Espera... Como assim não era resposta para a pergunta dela?

Ela não... Ela não queria realmente que eu ficasse com ela quando ela já estava com outros dois, um desses dois sendo meu irmão, queria?

A resposta era bastante clara. Sim, era exatamente o que ela queria.

Por um breve segundo eu havia me esquecido de com quem estava falando. De que Tatia era linda, divertida, esperta, e completamente sem escrúpulos. Não havia muitas coisas com as quais ela se importasse, realmente, então é claro que, para ela, não havia problema algum em dormir com três homens ao mesmo tempo, como costumava fazer antigamente.

- Velhos hábitos nunca mudam – resmunguei, mais para mim do que para qualquer outro.

Tatia subiu em cima de mim antes que eu pudesse terminar de me levantar, puxando a blusa que vestia pela cabeça e jogando-a no chão.

E então eu estava completamente disposto a esquecer do que quer que fosse que não pudesse me deixar ali.

Ela sorriu o sorriso cínico que sempre foi sua maldita marca registrada e se deitou completamente sobre mim, empurrando-me de volta para o colchão, deslizando a mão por meu peito nu, descendo as mãos até tocar a borda da minha cueca, deslizando-as devagar por baixo do tecido, me tocando habilmente e, por um segundo, eu me deixei levar completamente pela onda de prazer que me dominava.

Se antes eu estava disposto a ficar, agora só sairia dali forçado.

Isso até que ela parasse de me distrair.

Tatia lambeu minha bochecha por todo o caminho até a orelha e a mordeu, fazendo com que todo o meu corpo, já rígido, congelasse completamente, descendo a língua quente pelo meu pescoço em seguida, descendo novamente as mãos, arranhando todo o caminho até minha cintura. 

Deus, que mulher.

Mas eu tinha algo a fazer...

Me coloquei de pé em um salto, quase derrubando Tatia no chão no processo, lembrando-me que tinha que procurar Katherine.

- Porra Tatia – esbravejei, me afastando dela e de tudo o que podia me prender ali.

- Argh! O que foi agora? – perguntou, se sentando de joelhos na cama.

Ignorei-a, caminhando pelo quarto e vestindo minhas calças.

- Onde está Damon? – perguntou de cara fechada algum tempo depois.

- Em algum quarto desse lugar – respondi simplesmente, sabendo que isso a deixaria brava.

- Ra-rá! Não me diga... Que quarto, Stefan?

- A dois quartos daqui, mas acho que ele saiu.

- Não diga que ele já me esqueceu? – sorriu para disfarçar o despeito.

- Mais ou menos – respondi, sorrindo também. – Ele passou a noite fora. Deve estar procurando por Katherine, que era o que eu deveria estar fazendo agora. 

Eu tinha cometido um pequeno deslize, é verdade, mas agora ia corrigir isso. Eu precisava encontrar Katherine e torcer pra que ela não tivesse encontrado Damon antes. Ou então torcer para que Katherine encontrasse Damon aos beijos com Elena.
Podia acontecer, e se acontecesse eu ficaria devendo uma a Deus pelo resto da vida.

- Eu vou com você – disse ela, se levantando e pegando o sutiã do chão.

- Você o que? – exclamei, parando o que estava fazendo e me virando para encará-la.

Sendo um vampiro, eu havia escutado muito bem o que ela havia dito, mas o que eu queria saber era por que Tatia quereria procurar Katherine.

- Você me escutou – retrucou, passando a blusa pela cabeça sem olhar para mim nem por um segundo.

- Por que quer ir atrás de Katherine? Você nem a conhece.

- Acreditaria se eu dissesse que eu só quero te acompanhar? – perguntou, a expressão pensativa.

- Acreditaria se eu fosse Damon, mas como não sou... – respondi, debochado, observando sua expressão se transformar em uma carranca enquanto ela dava de ombros e colocava a saia.

- O que você quer com Katherine? Falando serio agora – insisti.

- Você me confundiu com ela ontem... Só quero saber o quanto ela é parecida comigo.

- Ela é a sua duplicata. O quanto acha que são parecidas? – eu disse vestindo minha blusa. 

- Mesmo? Tanto assim?

- Mais do que você imagina, querida – falei, lançando lhe um sorriso desprezível.

Tatia estava prestes a dizer algo, mas foi interrompida pelo toque irritante do telefone. É Damon.

- Achou ela? –pergunto logo que atendo.
- Achei – disse Damon, mas sua voz parecia mais aflita do que contente, como deveria estar. – Mas ela me viu beijando Elena e desapareceu. 

Não era possível... Não era possível que meu único desejo estivesse se realizando assim, tão prontamente...

- Ela esta morando com uma garota no centro. – Eu sorri. Katherine era esperta o bastante para morar com humana, assim nem um vampiro poderia entrar. – Ela me trouxe até a casa das duas, mas não tem ninguém. 

- Acha que ela pode estar fugindo? 

- Tenho certeza – disse Damon, parecendo culpado. – Estou indo atrás dela com Marie. Marie é... a garota que está morando com Katherine.

- Estou saindo de casa agora – eu disse fechando o zíper da calça jeans. – E você não vai acreditar...

Tatia meteu-se na minha frente, colocando o indicador sobre os lábios, indicando para que eu não dissesse nada a Damon.

- O que foi? – perguntou ele.

- Esquece... Isso pode esperar – digo, desligando antes que ele tivesse a oportunidade de perguntar mais alguma coisa. 

- Estou pronta. – Me virei para ver Tatia terminando de enrolar seu cabelo em um coque alto e cruzar os braços, esperando.

- Eu não me lembro de ter deixado você ir – protesto, cruzando os braços também.

- E eu não me lembro de ter pedido a sua autorização pra fazer alguma coisa – retrucou, petulante.

- Ah, dane-se, vamos logo! – eu exclamei, colocando o celular no bolso e saindo porta a fora. Era inútil discutir com Tatia. Sempre foi...
POV KATHERINE


- Você é gostosa e rica – disse Vicky batucando as unhas no balcão –, por que está bebendo em um bar ás 7 da manhã?

Por que eu estava em um bar ás 7 da manha?

Porque eu não queria voltar pra casa. Porque eu sabia que, na minha casa, estariam Damon e Elena, o casal 2013, e eu realmente não estava afim de ficar parada observando a alegria deles; eu precisava me distrair. 

- Não quero voltar pra casa – respondi simplesmente.

Eu havia passado a noite na casa de Vicky, se é que se pode chamar aquilo de casa, já que ela mora encima do bar onde trabalha, em um quartinho que só tem uma cama, um notebook e um banheiro.

Dormimos na mesma cama, mas eu a havia convencido a somente dormir. Pela manha deixei o dinheiro que havia conseguido com o Joe para Vicky. Não era muito,  mas acho que ajudaria.

- Preciso de alguma coisa pra me distrair.

- Pode ficar o quanto quiser gatinha – disse Vicky amarrando o avental na cintura. – Vai melhorar a vista.

- Posso trabalhar com você? – perguntei. 

Aguentar gente chata provavelmente me tiraria Damon da cabeça. Talvez ter realmente alguma coisa pra fazer me distraísse, já que a cocaína que eu ingeri na noite passada me ajudou a relaxar mas não tirou aquele homem da minha cabeça.

- Você? – ela perguntou debochando. - E você sabe o que é trabalhar? 

- Sei...

-Okay, quem sou eu pra dizer não – resmungou, se abaixando para pegar um avental como o seu embaixo do balcão.

- Seu chef não vai ligar de me ver aqui?

- Você vai cobrar o dia de trabalho? – perguntou. 

- Não... 

-Você está bêbada?

- Não.

- Então ele vai adorar. 

Ela me posicionou de costas para ela, deslizou a mão pelo interior da minha coxa, subindo até chegar à minha virilha, contornou minha cintura lentamente com as mãos e, por fim, amarrou o avental e deu um apertão na minha bunda. 

- Gostosa – ela sussurrou no meu ouvido. 

- Comporte-se Donavan – eu disse, com uma risada.

-Difícil - ela disse, beijando o meu pescoço. 

Até agora eu ainda não tinha acreditado que havia beijado uma garota. Quer dizer, eu tive uma experiência lésbica, dá pra acreditar?! E foi tão normal e... limpo. Nada diferente de beijar qualquer outro garoto que eu já tivesse beijado.

Ou talvez eu estivesse drogada demais para perceber a diferença. 

Passei meu dia com velhos e velhas bêbadas, cornos e cornas bêbados, com jovens e menores de idade bêbados; todos felizes apenas por estarem com um copo nas mãos.

Até eu estava feliz depois de ficar fedendo a cigarros, lavar pratos, ser cantada por tudo quando é tipo de pessoa e levar tapas e beliscões na bunda o tempo todo. Alguns deles foram de Vicky, outros de babados, viciados e Deus sabe mais o que. Havíamos ganhado 50 dólares de gorjeta cada uma por nos beijarmos na frente de um bando de colegiais.

Eu não fiz por dinheiro, eu realmente não preciso, mas foi divertido. Foi divertido ficar de bobeira e poder fingir que tudo o que me importava era beber de graça e ganhar uns trocados, assim como foi divertido fingir que eu não me importava com Damon nem com Elena, nem com toda essa coisa de vampiros e assassinatos.

Foi legal fingir, mas eu fingi o tempo inteiro.
POV DAMON


       Eu estava lendo o diário de Katherine enquanto Marie dirigia para os lugares que Katherine costumava ir.

Ela havia me dito para chama-la pelo apelido, mas eu não me sentia confortável fazendo isso. Não sabendo que ela, na posição de amiga de Katherine, me odiava. Parecia intimidade muito além do que tínhamos de fato, o que correspondia a um nível bem próximo de nulo.

Elena havia partido ninguém sabe para onde depois que eu a acusei de ter matado Isobel.

Eu não devia ter dito aquilo. Simples assim. Não devia ter dito.

Eu atei as folhas, esperando para ver qual lembrança dela eu leria agora.

Quando viemos para Chicago eu fizera questão de trazer todos os diários de Katherine. Era reconfortante lê, saber como ela pensava. Enquanto eu estava com a cara enfiada naqueles diários era como se ela nunca tivesse partido.


16 de março de 2012 segunda feira.


        Eu costumava odiar segundas feiras, mas não esse últimos dias. Tinha um garoto novo na escola trabalhando como voluntario na biblioteca. Ele destoava completamente dos livros chatos e velhos, com aquela blusa preta e a aquela jaqueta jeans surrada, e de velho não tinha nada.
           Eu passei a manhã suspirando por ele e o restinho da tarde dando em cima dele com a Cristal. É divertido quando ele devolve a cantada.
             Mas talvez ele seja só um carinha bonitinho por quem eu tenho uma quedinha.
              Não queria ficar apaixonadinha por ele, nem nada assim.
Quando gosto muito das pessoas, elas se vão. Minha mãe, meu pai... Bom, ele não morreu, mas eu o perdi pra tia Jenna, de um jeito ou de outro.
         Jenna; a mesma que tomou meu pai segundos depois levar minha mãe, e a mesma que me obrigou a entregar meu ursinho favorito a Elena.
            Argh, como eu odeio ela!
         Mas, voltando ao assunto, por enquanto, tudo oque eu queria saber era o nome do moreno com olhos de lua...


            Eu fechei o diário e inalei o cheiro de canela que provinha dele. O cheiro de Katherine...

Uma lagrima caiu dos meus olhos antes que eu pudesse me controlar.

-Olhos de lua – eu sussurrei, fechando o livrinho e apertando-o.

- Ela ainda te chama assim, sabia? – disse Marie, olhando para frente.

- O que? – eu perguntei, me voltando para ela, só a gora me lembrando de que não estava sozinho no carro.

- Olhos de lua – ela repetiu, finalmente olhando pra mim, e fiquei surpreso ao perceber como ela estava calma. – Você sabe por que ela te chama assim?

- Não. Katherine só me chama assim em seus sonhos, e nos diários que costumava escrever...

- É, bom, ela me disse que sua mãe, Isobel, dizia que ele era revolta como o mar, e que a lua...

-... Tem poder sobre o mar – eu completei, pensativo.

- Ela sempre foi louca por você, Damon! Eu não acredito que a trocou por aquela cópia! – exclamou, a voz alta novamente, e eu soube que o momento de calmaria havia passado.

-Elena... – eu tentei corrigir, mas ela sequer me ouvia. 

- Não importa o que ela diga, ela é uma copia de Katherine. Será que você não percebe? Tudo o que ela quer é ser com ela! Elena é uma invejosa! Quer dizer, que tipo de pessoa mata a outra e toma seu lugar? Ainda mais quando essa pessoa é sua irmã! Isso é completamente doentio e... – ela exclamava, cada vez mais e mais indignada, e desliguei completamente minha audição, deixando minha cabeça voar. Não estava pra isso hoje.

Eu me sentia mal pelo que havia dito a Elena. Sabia que não era apenas culpa dela, e que Jenna a havia usado para um plano seu, mas eu amava cada defeito e cada qualidade de Katherine e não podia permitir que ela falasse daquele jeito dela, uma vez que tudo de ruim que Katherine passou havia sido culpa dela e da Jenna, que lhe tiraram a mãe, a casa, a vida, os sonhos e, por fim, toda a esperança.

Era pedir demais para que eu me controlasse em uma situação como aquela, e eu havia perdido a cabeça, como seria natural que perdesse.

Mas nenhuma dessas desculpas fazia com que eu me sentisse menos culpado.

A chuva fina caia do lado de fora da janela enquanto dirigíamos para um barzinho que Katherine e Marie costumavam frequentar. Sem pensar muito ou olhar em volta na vizinhança, você poderia confundir com o Mystic Grill.

Tinha a aparência de um típico bar de cidade pequena, aconchegante e acolhedor, com mesas de sinuca e um balcão com uma garota atrás. Katherine devia se sentir de volta ao lar aqui.

Eu olhei em volta, observando, procurando, e por fim eu a encontrei. Os olhos castanhos estavam vermelhos, de tanto chorar. Havia sangue em sua blusa branca e ela não estava maquiada, mas continuava linda. O emaranhado de cachos cascateava encobrindo um pouco o seu rosto e, ignorando todas as 16 pessoas no bar, voei em direção a ela.

Não importa que me vissem, por que tudo o que importava o fato de que eu estava ali, com ela, finalmente. 

Eu me sentei à sua frente, sentindo o cheiro de canela, agora mais fraco e misturado ao odor forte da garrafa de wiskey quase vazia que ela tinha na mão.

- Olá, Katherine. – Não consegui esconder a alegria em pronunciar seu nome, nem o sorriso que tomou meu rosto em seguida.

- Damon – disse ela, a voz fraca e baixa, mas o sorriso zombeteiro presente nos lábios. Mas era inútil, porque no momento em que ela levantou os olhos para mim, eu sabia que aquele sorriso não era nada a não ser fachada


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