Happiness escrita por MissLerman


Capítulo 4
Capítulo 4 Overjoyed


Notas iniciais do capítulo

Olhem só quem voltou HEUHEUHEUHEU pois bem, tirei um tempinho da semana para escrever para vocês. Estou faz tempo querendo fazer isso, mas não tem dado muito certo. Mas enfim, estou de volta



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Qual é o segredo para que uma flor cresça forte e bonita? Água, solo fértil, proteção contra insetos, sol... Todos essenciais. Estive pensando nisso enquanto tomava banho. Com relação aos seres humanos, o que seria essencial? Comida e água, claro; mas e o resto? Talvez uma tarde como aquela não fosse o momento ideal para refletir sobre isso, mas meu sub consciente era automático. E, mais do que isso, fazia questão de me lembrar a todo minuto do "encontro" que consegui marcar com Percy Jackson. Quero dizer, não era exatamente um encontro, era... Um encontro entre dois amigos. Ou nem isso. Um encontro entre dois colegas.

Decidi tomar banho porque estava sentindo que minha cabeça estava cada vez mais cheia de tanto pensar nisso. Então, pensei comigo que seria melhor entrar debaixo d'água e relaxar um pouco. Engano meu, minha mente sempre voltava para o mesmo assunto: Percy Jackson. Era extremamente assombrosos o modo como aquele garoto que intrigava. Ele simplesmente... Fazia de tudo para conseguir me interpretar. Quando eu sempre fiz o oposto, me fechava para que as pessoas nunca vissem nada.

Saí do banho e vesti uma roupa confortável. E, quando me refiro à roupa confortável quero dizer confortável significa calça legging, camiseta comprida e tênis. Penteei meus cabelos e os deixei soltos, coisa que não costumava fazer. Peguei algum dinheiro guardado, que ficava como estoque de emergência e parti. Tínhamos combinado de nos encontrarmos em uma sorveteria, a melhor, por sorte localizada perto de casa. 

Enquanto caminhava, senti meu peito pesar. O que eu estava fazendo, exatamente? Indo me encontrar com alguém que não conheço muito bem. E, ainda por cima, sinto estas sensações estranhas. Por Deus, Annabeth, controle-se. É fácil falar, difícil mesmo é controlar as tais borboletas que teimam em querer sair de meu estômago. Caminhei rapidamente, não queria me atrasar. Seja lá o que fosse acontecer naquela tarde.

Assim que avistei a sorveteria, acelerei ainda mais o passo. Cheguei a quase correr quando me encontrava apenas a poucos metros. Quando passei pela enorme porta de vidro e avistei as singelas mesas amarelas e azul marinho, me dei conta de que Percy Jackson ainda não havia chegado. Bufei e olhei novamente. Só o que eu conseguia ver era um casal, uma mulher e uma criança, provavelmente sua filha. "Idiota", pensei comigo.

- Procurando alguém? - alguém sussurra em meu ouvido.

Como reflexo por tal ação, me viro rapidamente e dou uma cotovelada seja lá onde precisasse acertar. Porém, ele me segurou. Assim que me encontrei com aqueles olhos esverdeados, somente revirei os olhos. 

- Parece que alguém andou treinando. - caçoo.

Percy deu apenas um sorriso torto. Aquele sorriso era de fato encantador.

- Sabe como é, se quero este nariz bonitinho para sempre, vou ter que me preparar. Mas enfim. Muito animada para o nosso encontro?

Sinto, de repente, meu rosto corar. Aquela palavra, principalmente vinda dele, fez com que eu me sentisse envergonhada.

- Isto não é um encontro. - digo me virando para sentar-me em uma mesa, tentando assim esconder a vermelhidão de meu rosto.

Percy correu e chegou até a mesa primeiro do que eu. Ele, como um verdadeiro cavalheiro, arrastou uma das cadeiras e fez sinal para que eu me sentasse.

Arqueei as sobrancelhas. Conhecia aquele truque. Ele arrastara a cadeira, e, quando eu fosse me sentar, ele a puxaria de novo, fazendo com que eu caísse como uma jaca madura no chão. Apenas revirei os olhos, novamente. E me sentei na cadeira oposta. Já pegando o cardápio.

- Você é difícil. - Percy comentou, sentando-se de frente para mim.

- Como tomar sopa com garfo. - respondo.

Escuto o som de sua risada. Acho que por esta ele não esperava. Ri internamente, pois achei sua risada engraçada. E seu sotaque não a favorecia em nada.

- Posso te fazer uma pergunta? - Percy perguntou.

Ergui meus olhos, isto fez com que eles automaticamente se encontrassem com os dele. Seus olhos me intimidavam. Senti um pequeno arrepio na espinha assim que olhei para eles, mais um vez. Era como se não tivessem fim. Como se aqueles pequenos pontos verdes fossem apenas uma pequena passagem para algo bem maior. Algo mais profundo. Desviei meus olhos assim que senti meu rosto esquentar.

- Que tipo de pergunta? - digo deixando o cardápio de lado.

Percy deu aquele sorriso de lado novamente.

- Quero saber mais sobre você. - ele disse apenas.

- Não sou interessante. - disse eu, me virando para evitar o encontro com seus olhos novamente.

Pude notar que Percy se mexeu um pouco. Eu ainda não olhara para ele. Ele então tocou meu antebraço, isto fez com que eu recuasse. Foi um gesto instantâneo.

- Quando você tem um sótão - ele começou - e guarda tudo o que mais gosta lá, onde estão as melhores coisas? Nas caixas onde todos podem ver, ou naquelas que você esconde tão bem, que só você consegue achar?

Metáforas. Eu odiava metáforas. Mas, tinha que admitir, aquela era uma excelente metáfora. E, claro, as melhores coisas nós escondemos. Para que somente nós mesmos possamos ver e desfrutar das tais.

Não respondi nada. Permaneci calada, assim como Percy.

Uma garçonete então se aproximou, e nos perguntou o que gostaríamos de pedir. Percy pediu uma Banana Split. Fiquei mais um tempo refletindo e vasculhando o cardápio em busca de algo para comer, quando fui interrompida:

- Ela também vai querer uma Banana Split. - Percy disse, sorrindo para mim.

Quando estava pronta para me impor, a garçonete saiu. Me virei para Percy e ele expunha um sorriso de vitória no rosto. Não entendi ao certo. Ele realmente me intrigava.

- Por que quer saber sobre mim? - perguntei, quebrando o gelo.

- Então quer fazer um jogo de perguntas e respostas? Hummm interessante, sabichona. - ele disse arrumando a gola de sua camisa pólo azul clara. Azul realmente lhe caía muito bem.

- Por que quer saber sobre mim? - pergunto, novamente.

Percy pareceu me analisar por um minuto. Senti seus olhos me percorrerem. Senti-me envergonhada, e completamente vergonha. Mas não disse nada, apenas esperei que ele respondesse.

- Não sei. Talvez você tenha me intrigado. - Percy disse, e, após isso, voltou sua atenção para a garçonete, que chegava com duas taças completamente recheadas de sorvete. Agradeci mentalmente por ter comido apenas um pão no horário do almoço.

- Deve haver um motivo. Pessoas não agem sem um motivo. - digo arrumando minha taça sobre a mesa e pegando a colher, dei meu primeiro bocado, e estava realmente delicioso.

- Gosto de pessoas inteligentes. - Percy disse, imitando meu gesto.

Não pude deixar de me sentir um tanto feliz por aquilo. Mas, ao mesmo tempo, me senti envergonhada. Aquilo fora um elogio e tanto. Tentei, novamente, voltar minha atenção ao sorvete, para disfarçar meu rosto completamente vermelho. Percy era esperto, e, como todo homem, em meu intimo algo gritava dizendo que ele e seu sotaque sedutor tinham segundas intenções.

- E eu gosto de pessoas com sotaques diferentes. - disse eu, sentindo meu rosto ficar ainda mais vermelho. Preferi não olhar em seus olhos.

Escutei Percy rir.

- Por que? - ele perguntou.

Ele fizera de propósito, pois o modo como pronunciava "por que", não era como nós americanos falamos. Tinha uma entonação diferente no "r". Quase dei uma bela gargalhada. Sempre gostei de sotaques britânicos, mas aquele australiano me pareceu realmente melhor. O sotaque, quero dizer. Percy riu comigo. Ele também parecia estar se divertindo.

- Posso fazer minha pergunta agora? - perguntou ele voltando a devorar o sorvete.

- Pode. Mas depois é minha vez. - digo comendo um pedaço de banana que estava entre o sorvete de flocos.

- Então - Percy disse, e pareceu tomar fôlego para continuar - Você, Annabeth, a garota loira de olhos acinzentados, por que uma garota como você não sorri?

Aquela pergunta fez com que toda a pouca felicidade que eu conseguira acumular se esvaecera. Nunca me considerei uma pessoa feliz, porém, também nunca gostei de pessoas curiosas que queria saber meus motivos. Era muito incômodo isso. Parei de tomar o sorvete por um instante. Não estava a fim. Eu tinha meus motivos, e não tinha a mínima intenção de dividi-los com alguém. Mordi meu lábio fortemente, não sabia ao certo o que falar. O que se pode falar, quando não  há o que falar? Preferi ficar em silêncio, encarando o chão.

- Tudo bem se não quiser falar. Sei que pode ser particular. E na verdade, isso não importa. - Percy disse, passando o dedo em meu sorvete e depois passando em meu nariz. Senti o gelo, assim que o mesmo entrou em contato com a minha pele. Estremeci com o gelo repentino.

- Percy! - digo, alterando um pouco minha voz. Peguei um pequeno papel que estava na mesa e limpei meu nariz.

- Não deve levar a vida tão a sério. - ele disse, ainda sorrindo para mim.

- Acontece que a vida não é bela, como muitos dizem. - disse eu, já começando a me estressar.

- Não, de fato não é. Mas é bom sonhar. Estar focado na realidade não faz bem.

Suspirei. Percy estava certo. E eu sempre soube disso. Mas era como se a vida sempre me entristecesse. Então desisti de sonhar.

Voltei para o meu sorvete, já que nada parecia estar rendendo. Mas Percy pareceu insistir um pouco mais.

- Sua vez de fazer uma pergunta. - ele disse terminando sua enorme Banana Split.

Olho para o lado tentando me concentrar em outra coisa. Me perguntei, mentalmente, onde Percy fora feito, e se era realmente um homem. Já que, conforme já havia notado, garotos da minha idade não são muito espertos. E, principalmente, preferem pensar com a cabeça de baixo, e não com a cabeça de cima.

- Por que veio pra cá? - pergunto, enquanto chegava na metade de minha enorme Banana Split.

Percy limpou os lábios e depositou o papel sobre a mesa. Parou por um minuto e em seguida respondeu:

- Meus pais. Eles não queriam que eu seguisse o mesmo rumo que eles. Eles são comerciantes, não tiveram acesso à faculdade, e essas coisas. Além de que, tenho uma tia que mora por aqui, e vivia fazendo propagando sobre Nova Iorque. Um dia, então, eles decidiram se mudar. Não foi fácil, mas tive que concordar com eles, afinal ainda moro com eles. Rachel sempre me disse que eu ia gostar deste lugar. O único problema é que não tem praia, com isso eu ainda estou me acostumando. - ele disse, rindo.

Dei-lhe apenas um leve sorriso. Quase não conseguia imaginá-lo surfando, ou algo do tipo. Percy me parecia o tipo "branco demais para isso". Não que eu fosse negra, mas ele era um tanto branco para um australiano que gosta de praia. Meu sorvete ainda não tinha acabado, tentei fazer o máximo para que ele acabasse logo. Apressei os bocados.

- E você, veio de onde? - Percy perguntou.

Estranhei. Não havia comentado com ele que não era de fato americana. E eu não tinha nada com relação à sotaque britânico. Mas bem, era Percy. Aquele provavelmente poderia ter sido um chute no gol.

- Vim de Londres. Mas não, eu não tenho aquele sotaque sensual. Minha mãe é americana, e se mudou pra lá ainda solteira, quando conheceu meu pai. E como eu tive mais contato com ela, tenho apenas sotaque americano.

Percy sorriu. Ele pareceu convencido com a minha história.

- E você, Percy Jackson, o que esconde na caixa mais secreta de seu sótão? - pergunto após, finalmente, terminar meu sorvete. Estava satisfeita.

Percy sorriu daquele jeito, e se inclinou na mesa. Seu rosto agora me parecia um completo mistério. Era como se ele estivesse guardando algo. Não escondendo, mas sim guardando. Guardando para si mesmo. E, em determinado momento, poderia mostrar a todos.

- Um dia, talvez, você saiba. - ele disse, me lançando uma piscada.

- Um dia talvez? - pergunto.

- Um dia, talvez. - Percy repetiu.


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Notas finais do capítulo

Bem gente, é isso. Ta meio sem graça ainda, mas é que a parte principal ainda não chegou HEUHUEHUEHUE até o próximo, verei quando poderei postar novamente. Beijo e NHAC, até o próximo capítulo :3