Nascido Do Sangue escrita por Viúva Negra


Capítulo 55
Mihaela




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O ferreiro já podia ouvir o ruído agudo das cordas de um violino misturado a risos, foi o primeiro a sair do veículo deparando-se com um palacete que fez-lhe cair o queixo, havia no mínimo quinze quartos distribuídos em três andares que pôde contar apenas deslizando os olhos pelas janelas, algumas pessoas estavam reunidas junto à entrada e perto da casa, em grupos ou em duplas, riam e conversavam.

___ Damian?___ ouviu a mulher chamando-o, então ele a ajudou a descer, a viu sorrir satisfatoriamente.

___ Está como sempre esteve ___ disse ela também passeando suas esmeraldas pela fachada adornada para aquela noite ___, vamos?

___ Claro ___ concordou o jovem deixando que a donzela pegasse em seu braço.

Ambos andaram até a porta, onde pararam diante de um homem elegante segurando uma prancheta e uma pena branca e longa, ele indagou-os:

___ Seus nomes, por favor?

___ Andreea Voiculescu e, este é meu amigo Damian Petrescu.

O sujeito conferiu a lista sobre a prancheta e sorriu para a dama.

___ Bine ați venit, senhorita Voiculescu, fique à vontade!

___ Mulțumesc.

O garoto percebeu o olhar do homem diretamente para si, uma expressão de desprezo, como se o jovem não fosse nada mais a não ser um tolo acompanhante temporário de uma desejada viúva rica, aquilo o incomodou.

Deram alguns passos em direção ao hall da mansão, até o jovem deparar-se com um majestoso salão completamente iluminado, uma dourada e sublime luz que emanava de diversos lustres feitos de ouro e cristais espalhados por todo o lugar, em um canto estavam músicos para alegrar o baile, garçons com bandejas trazendo bebidas e petiscos transitavam entre os convidados da alta sociedade de Bucareste, burgueses e aristocratas de todos os estilos e rostos.

O rapaz acompanhava cada detalhe com um olhar infantil, as safiras precisando ser contidas, pois num minuto sequer de descuido saltariam de suas órbitas, estavam arregaladas tentando absorver cada soberbo detalhe. Nunca vira nada tão magnífico em toda a sua curta existência, sua alma de camponês exalava expressões primitivas aos olhos dos demais convidados, os lábios desunidos em uma feição de espanto, admiração, os olhos querendo possuir o sentido do tato, pois as mãos não poderiam sair de perto do próprio corpo, uma lei que propôs, ou melhor, obrigou a si mesmo executá-la.

Por um instante sentiu-se alegre por estar cercado de pessoas com berço e requinte, por outro lado, sentiu-se perturbado e inseguro, seu lugar não era ali e cada semblante frio e arrogante que lhe encarava lhe dizia aquilo, seu lugar não era junto de pessoas ignorantes e fúteis, que usavam ouro e seda para mascarar suas almas hipócritas, até mesmo Andreea era uma delas, sorrindo e cumprimentando todos que passavam ao seu lado, todos aqueles rostos sombrios pareciam rir de sua face como em seu desvairado sonho, pareciam ver através de suas vestes elegantes, ali estava o ferreiro pobre e ingênuo que não tinha nada de bom a não ser o corpo voluptuoso e o venusto semblante similar a uma escultura de mármore.

Seu estômago estava embrulhado e sua boca seca, suas mãos tremiam e seus olhos corriam inquietos por todo o recinto, aquele ambiente não lhe era mais agradável, diferente de poucos minutos atrás, sentiu então uma mão pousando delicadamente em seu ombro e uma voz grave e familiar veio tocar-lhe o ouvido, consolando-o finalmente.

___ Ora, ora, ora, veja quem está frequentando bons lugares, enfim!

Seus olhos apenas lhe deram a certeza que faltava, sorriu ao encarar Benjamin bem ali ao seu lado, trajando roupas suntuosas e admiráveis, era como se lembrava dele.

___ O que faz aqui?___ perguntou o rapaz aparentemente tranquilo e contente ao mesmo tempo.

___ Boa noite a você também, meu de tineri.

___ Rău ___ entristeceu-se por perceber que havia sido rude e mal educado.

___ Não é necessário desculpar-se, băiat! Ora, fui convidado para o baile, assim como sua bela acompanhante.

___ Para ser sincero, eu sou o acompanhante.

___ Eu não pensaria assim, meu de tineri, Andreea precisa mais de você do que você precisa dela.

___ Verdade?___ Damian contraiu as sobrancelhas pensando nas recentes palavras do lorde.

___ Creio que somente você não percebeu isso, meu caro!___ murmurou Grigore ao ouvido do moço.

___ Conhece o Conde de Bucareste há muito tempo?___ inquiriu o jovem mudando de assunto.

___ Ah, Anghel era um grande amigo de meu pai, não seria espanto que me convidasse pessoalmente para este festejo.

___ Isso é fantástico, Ben, onde ele está agora? O Conde.

___ Está bem ali ___ apontou o sujeito para a direita.

Damian o viu, estava conversando com Andreea, era um homem alto e gordo, careca, pele morena, olhos castanhos e reluzentes ao fitar atentamente o decote da viúva, estava vestido elegantemente, como pedia a ocasião, usava um fraque roxo e vários acessórios de ouro puro, não parava de segurar a mão da mulher enquanto ela também sorria, ouviu o amigo sussurrar novamente ao ouvido:

___ Ele é um verme asqueroso, se pudesse, pisaria em sua carcaça gorda e o esmagaria.

O ferreiro nada disse, mas valorizou muito o comentário do lorde de olhos sensuais e voz penetrante, então avistou a senhorita Voiculescu acenando para sua direção, franziu a testa e dirigiu-se a Grigore, esperando que ele lhe ajudasse.

___ Andreea quer que eu vá até lá.

___ O que está esperando?

___ Mas...

___ Não se preocupe, meu de tineri, estou bem aqui.

O moço não sabia explicar, mas a voz daquele exuberante estranho lhe passava certa confiança que mais nada nem ninguém poderia lhe transmitir em todos esses anos, foi então caminhando até onde estava a dama e o gordo homem aparentando ter um pouco mais que sessenta anos.

___ Damian querido, este é...

___ O famoso Conde de Bucareste ___ falou o garoto interrompendo a viúva ___, é um prazer conhecê-lo, Andreea me falou a seu respeito.

___ Espero que sejam coisas boas, rapaz!

___ Magníficas, meu bom homem.

___ Mas este é um jovem tão educado, fico feliz em saber que os bons modos ainda não estão extintos entre os garotos!___ falou o velho abraçando e apertando o esquálido corpo do ferreiro.

___ Damian é meu bem mais precioso ___ disse a senhorita Voiculescu com um tom possessivo em sua voz.

___ Deve estar feliz com isto, não é, filho?

___ Certamente, senhor ___ o garoto apenas concordou, envergonhado.

___ Mas então, fiul meu, fale-me de você, não ouvi muitos rumores sobre a linhagem dos Petrescu, são descendentes de escoceses?

___ Não, senhor, minha família e eu nascemos e fomos criados bem aqui na Romênia.

___ Mas já estiveram na Escócia, não estiveram?

___ Lamento, mas nunca conheci outra coisa a não ser a comuna onde moro, senhor.

___ Mora em uma comuna?___ inquiriu o conde surpreso.

___ Sim, Chiajna. Um pacato e humilde vilarejo onde os habitantes são felizes e educados, um lindo lugar esquecido do mundo, perdido no tempo.

Andreea incomodou-se com a sinceridade do adolescente, porém mais ao longe Benjamin sorria sem desviar a atenção do trio.

___ Ora, pelo modo como fala de sua terra deve ser um ótimo lugar para se viver, filho, precisarei conhecer este povoado algum dia antes que meu coração pare de bater, sou um homem velho e creio que quando menos esperar, a morte baterá em minha porta.

___ Penso que o senhor não deve temê-la, pois parece que viveu ardorosos anos sem dever nada a ninguém, por que lamentaria a paz eterna?

___ Tem razão, rapaz, entretanto seria magnífico poder desfrutar da eternidade, não acha? Ora, para quem estou fazendo esta pergunta! Há um jovem coração batendo dentro de ti, ainda tem muito que viver e aprender.

___ Nunca se sabe quando a morte baterá em nossa porta, Conde, assim como o senhor, já me ocorreu a hipótese de desfrutar da eternidade, de atravessar as ruínas do tempo sem dano corporal algum, ser imortal e ter absoluto controle sobre a vida... E a morte ___ o tom de voz do menino tornara-se sombrio.

___ Por acaso é poeta, băiatul meu?

___ Ferreiro, trabalhava com meu pai, senhor.

___ Melhor assim, detesto poetas! Estive a ponto de jogar-me da torre do Castelo de Bran se o maldito pessimismo não fosse exterminado de toda a Europa ___ brincou o homem.

___ Se me permite dizer, senhor, sou um amante da literatura e aprecio as diferentes épocas do romantismo, em especial o pessimismo e o Byronismo, pois através deste mal do século podemos concluir que os homens não são nada mais do que criaturas imperfeitas invejando imaculadas criaturas divinas e lamentando por nunca poderem ser como elas, a não ser as mulheres, belas e sublimes como anjos, encantadoras como feiticeiras e... Misteriosas como a morte.

___ Julgo tudo isto como tolices passageiras! Estes escritores nada mais são do que homens sem virilidade, descrevendo sobre malfadados sentimentos enquanto nosso país decaía, suicidando-se por mulheres impuras e adúlteras que não passam de sórdidas meretrizes.

Damian começou a encarar o gordo conde como se estivesse memorizando cada detalhe de seu rosto redondo e enrugado, seus olhos inexpressivos, sua boca imunda, sua voz detestável, seu corpo grotesco, observava cada detalhe exterior e interior daquele sujeito tão repugnante.

___ Creio que o senhor deve ter vivido e aprendido muito para encher a boca de certeza, não é?___ sua voz agora tornara-se sarcástica e, um tanto ousada.

O jovem percebeu que Anghel estava embriagado, porém sabia que o álcool era um tipo de soro da verdade, pois a maioria dos homens revelavam seus segredos mais ocultos enquanto bêbedos.

___ Eu apenas fui um aventureiro, meu garoto, matando quem cruzava meu caminho, me deitando com a mulher que desejasse, por que perderia meu tempo com palavras pacóvias e melancólicas?

___ Entendo, senhor ___ no mesmo instante, direcionou seu olhar a Grigore e decidiu voltar para perto dele ___, com sua licença, preciso ver um amigo.

___ Damian, Damian...

O rapaz ignorou os chamados da bela dama e foi em direção ao lorde moreno de olhos azuis que estava com um sorriso no rosto e, de lábios selados, dava contidos risos.

___ De que tanto ri?___ perguntou o menino.

___ De você, meu de tineri.

___ De mim?

___ Aposto que apreciou a peculiar personalidade do Conde de Bucareste.

___ Um velho tolo e desprezível.

___ Pútrido e vazio, está correto, meu jovem.

___ Como pôde suportá-lo por tanto tempo?

___ Incrivelmente ainda me faço esta pergunta.

___ Ah, eu não queria estar aqui, Benjamin, todas estas pessoas... ___ passou mais uma vez os olhos pelo grande salão lotado e suspirou compungido ___ Parecem que podem ver através de mim, saber que sou um simplório camponês, certamente meu lugar não é aqui.

___ Faça o mesmo, então!

___ Como assim?___ mais uma vez o tom de Petrescu era de curiosidade e surpresa.

___ Olhe através destas pessoas, veja o que cada uma esconde por dentro, sugue, absorva cada lágrima que um dia derramaram, um sorriso que abriram, uma dor que sentiram, seja estas pessoas!

___ Como faço isso?

___ Ora, Damian, você tem um dom, posso senti-lo bem aí dentro, é só permiti-lo sair.

Petrescu deixou seu olhar passear pela multidão, como uma brisa tocando cada rosto sorridente, como um fantasma atravessando paredes, entrava e saía de cada um dos convidados observando o modo como encaravam um ao outro, a forma como articulavam as palavras, o movimento dos lábios, das mãos, cada toque, cada cumprimento, cada olhar, tudo automaticamente executado, algo tão frio quanto as engrenagens de uma máquina apenas seguindo ordens sem nem ao menos questionar.

A cada corpo risivelmente empobrecido de qualidades no qual deitava suas tão exuberantes safiras, sentia-as perderem o brilho, toda esta falta de alegria, todos estes costumes sufocantes, todas estas cordas invisíveis que controlavam todos ali feito marionetes, tudo lhe despertava repulsa e tristeza, um sentimento inexplicavelmente gauche e digno de pena. Até que seus olhos repousaram sobre uma silhueta feminina sentada em uma elegante cadeira recoberta de veludo bem em frente a uma enorme janela aberta.

As pessoas, uma a uma foram esvaindo-se, suas peles desfaziam como um tecido de má qualidade, seus músculos atrofiavam e diminuíam até reduzirem-se ao tamanho de um átomo, suas veias secavam e seus ossos tornavam-se poeira ao vento, um a um ia se desintegrando, abandonando aquele salão sem nem ao menos deixar saudade até somente restar aquela garota, não podia ver seu rosto, pois estava de costas, tinha cabelos louros com lindos cachos que caíam sobre seus ombros desnudos, usava um longo vestido dourado e duas longas luvas lúridas, suas mãos sobre as coxas, uma em cima da outra em forma de concha, notou que ela olhava tristemente através da janela pelo modo como sua cabeça estava reclinada, quase tocando seu ombro direito.

Concentrou toda a sua atenção naquela etérea figura, olhou para o seu peito, sua respiração era branda, pois mal podia ser percebida através de seu vestido, todavia nos momentos em que soltava longos suspiros parecia que estava desolada, de tempos em tempos apertava as mãos uma contra a outra, foram minutos a fio sentada na mesma posição, como uma gélida e pálida escultura.

Algo começou amedrontar o jovem, após passar tanto tempo admirando aquela desconhecida donzela, uma angústia invadiu-lhe o peito e doía um pouco mais cada vez que ela dava um suspiro, sentiu também uma pontada de nervosismo e desespero e uma forte vontade de fugir dali e aparecer em algum lugar onde ninguém pudesse vê-lo ou tocá-lo, um lugar onde sabia que estaria seguro e a figura de um amplo e airoso quarto veio-lhe à mente.

Porém aquele medo sem nome logo se aconchegava em seu peito ganhando sua confiança, ainda não estava contente com a angústia invadindo-lhe daquela forma, mas a deixou se instalar, a deixou ficar e cada vez que seus olhos buscavam a figura angelical daquela jovem, aquela mágoa doce fazia diminuir as batidas de seu coração num ritmo como se a qualquer instante a morte viesse abraçá-lo.

___ Aquela é Mihaela, filha do Conde de Bucareste ___ sussurrou Benjamin no ouvido do moço.

___ Por que está tão triste?___ indagou sem tirar seus olhos dela.

___ É seu último baile, na manhã seguinte seu pai a mandará para um convento na França.

O magnífico rapaz notou a indagação no rosto do ferreiro, que por um momento, desviou-se para fitar o amigo ao seu lado.

___ Estava apaixonada pelo filho do cozinheiro do Conde, ele os flagrou juntos certa noite no jardim e desde então, ela vive trancada nesta casa até o momento de partir para um convento, o velho acordou com o padre, ela só sairá de lá quando a morte for buscá-la.

___ O que aconteceu com o filho do cozinheiro?

___ A noite caiu sobre os seus olhos, sem luar, sem estrelas, apenas a escuridão.

Ao saber sobre a história daquela jovem, a angústia cresceu mais forte no peito do garoto e um frio percorreu seu corpo ao ouvir a última frase pronunciada pelo amigo.

___ É realmente uma pena ___ Damian não conseguiu explicar nem ao menos para si mesmo o quão sincera fora aquela frase.

___ Ela é órfã de mãe e o pai nem sequer olha em seus olhos, foi sozinha desde sempre.

___ Isso é terrível.

___ Mas não precisa ser assim para sempre.

___ Do que está falando?

___ Acabe com o sofrimento dela, meu de tineri.

___ O-o que? Vo-você está querendo que... Eu...?___ balbuciou o adolescente espantado.

Benjamin riu e segurou o ombro do jovem.

___ Não, não seja tolo! Vá até ela e ao menos por esta noite, faça com que um sorriso brote em seu lívido semblante.

___ Mas e o Conde?

___ Está tão bêbado que nem ao menos notaria se seu corpo estivesse ardendo em chamas e estes parvos, não irão nem ao menos percebê-los juntos.

O belo adolescente olhou novamente para a garota com certo receio, porém voltou a fitar o companheiro quando ele disse:

___ Acabe com a dor dela.

Damian pôde ouvir o choro melancólico do violino e as notas fúnebres dedilhadas nas teclas do piano ecoando por todo o salão, ele mirava sua tétrica figura, como um ebúrneo fantasma que ninguém podia ver, como a brisa que ninguém podia tocar, ela estava lá, olhando a lua, pedindo para a noite cair sobre seus olhos há muito tempo sem luz e sem esperança.

Como uma força envolta de seu corpo, seus passos eram em direção à desventurada dama, não havia mais como voltar atrás e a cada passo a angústia transformava-se em pesar, em martírio, em lágrimas amargas, que somente o envolviam e o puxavam para mais e mais perto daquela figura melancólica, ao tocar-lhe o ombro quase não pôde suportar a dor que dilacerava seu peito, como se a lúgubre essência que residia no âmago daquela jovem passasse para si através de seus poros e alojassem-se em seu tenro coração.

Ela se virou, um arrepio doloroso correu pelo corpo do rapaz, isto significava que ainda estava vivo e que havia visto a donzela mais sublime de todo aquele local, os olhos dela eram grandes, os tons de azul e cinza se misturavam friamente, por mais magnífica que fosse aquela união de cores, não havia brilho algum para dar vida àquele olhar, notava-se uma delicada vermelhidão em torno deles, era o sinal da dor, a dor que não mais cabia naquele peito tão jovem e já tão desiludido.

Assim como os olhos, o pequeno e arredondado nariz também estava carmesim, assemelhando-se a um tênue botão de rosa enquanto sua face estava alva como as asas de uma gaivota que voa livre e suave em busca do calor do sol, seus lábios eram carnudos e delineados, vermelhos como o vinho, porém teriam o mesmo doce sabor ou estavam secos e amargos como uma velha solteirona?

___ Aceita dançar comigo, senhorita?___ indagou Petrescu estendendo a mão num gesto cavalheiresco.

Apesar de o garoto estar sorrindo e este sorriso estar implorando por um pouco de vida da parte da donzela, sua expressão continuou friamente inerte, entretanto, pegando a mão do moço, ela levantou e dirigiu-se junto dele até o centro do grande salão.

Uma das ebóreas mãos do adolescente tocou carinhosamente a fina cintura da jovem enquanto apertava a pequena mão feminina junto à sua, o ferreiro durante os primeiros minutos de dança percebeu que ela o encarava com certo espanto, em todo o momento ele apenas sorria buscando transmitir-lhe confiança e um pouco de alegria, mas aqueles grandes olhos acinzentados apenas o fitavam surpresos.

___ Qual o seu nome?___ inquiriu a moça em tom baixo, mas muito curioso. Sua voz era tão fina quanto a de uma criança, porém estava rouca e baixa feito a de uma senhora.

___ Damian Petrescu, e o seu?

___ Mihaela.

___ É um lindo nome, foi dado em homenagem a alguém?

___ Minha avó, Condessa Mihaela de Bucareste, como sabe?

___ Não sei, foi apenas um palpite.

No fundo ele sabia, não entendia como ou por quê, mas no fundo sabia.

___ Eu nunca o vi antes.

___ É a primeira vez que venho a um baile oferecido pelo Conde.

___ É filho do Imperador?

___ Não, não, sou apenas um humilde ferreiro.

___ O que um ferreiro está fazendo dançando com a filha do Conde?

___ Acho que estou sendo imprudente a ponto de arriscar meu pescoço para passar alguns minutos com a mais bela jovem deste salão.

Mihaela abaixou a cabeça e sorriu encabulada, aquilo fez com que o rapaz implodisse num completo deleite, não há nada mais cândido do que ver o sorriso de um anjinho tétrico.

___ Seu sorriso é mais precioso do que qualquer bem aqui encontrado, sua voz é mais doce que a melodia que as cordas do violino exalam ___ embora Petrescu estivesse sendo sincero, cada palavra era minuciosamente escolhida.

___ É muito gentil, senhor.

___ Não sou nenhum velho para me tratar deste modo, chame-me de Damian apenas.

___ Como quiser... ___ sorriu ela um tanto sem graça ___ Damian.

___ Assim está melhor, senhorita.

___ Chame-me de Mihaela.

___ Mihaela ___ pronunciou ele sorrindo.


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