Nascido Do Sangue escrita por Viúva Negra


Capítulo 22
Devaneios II




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Todos os habitantes deixaram a arena e seguiram para a igreja onde seria celebrada uma missa de boas vindas à primavera, o velho padre Cosmin iria ficar durante duas horas falando sobre como aquela estação era próspera e formosa, o quanto o vilarejo aguardou por aquele momento, o quanto Deus era justo e poderoso a ponto de conceder-lhes bons frutos nas colheitas e felicidade entre os indivíduos daquela pequena aldeia.

Damian conseguiu fugir de todas aquelas palavras que julgava tolas, passando pelas pessoas que aglomeravam-se na porta da igreja, dando uma desculpa diferente da outra a cada vez que lhe perguntavam para aonde estava indo, se não ficaria para ouvir a missa entre outras coisas. Correu até o lago escondido por entre as árvores do pequeno bosque, despiu-se sem perder um só segundo e mergulhou naquelas águas claras e mornas aquecidas pelo sol fraco do fim de tarde, ficou submerso e perdido em pensamentos como de costume.

Precisava ficar sozinho, aquele fora um dia tão agitado e confuso e ainda não havia terminado, antes mesmo da noite cair havia mudado novamente a história daquele povoado, vencera novamente, dominado pela raiva e o ciúmes, porém vencera, havia ganhado um lindo e desejado prêmio, o que mais o perturbava, pois não parava de pensar em como seria àquela noite quando ambos estivessem entrelaçados sob os lençóis...

Ás vezes não tinha nada em que pensar, tentava criar algo para preencher-lhe a mente, não suportava o fato de a maioria das pessoas nas quais convivia ter a cabeça tão vazia e fechada como um poço seco, sabia que era diferente, tinha preferências e gostos diferentes, vivia sonhando com algo que não sabia ao certo o que era, mas que não encontraria naquele pacato lugarejo.

Deixou seu corpo misturar-se à água, deixou o silêncio entrar pelos seus ouvidos e dominá-lo, sentiu-se flutuando nas mais altas nuvens daquele céu azul, tão azul quanto seus olhos que no momento estavam fechados, a visão era desnecessária naquele instante, apenas a imaginação tinha vida.

Parecia não querer mais pensar em nada, tantos devaneios o confundiam a toda hora, procurou esquecer tudo e apenas ouvir o som das ondas que iam e vinham, batiam em seu corpo lívido e desnudo, como era deliciosa a sensação que a brisa fria lhe proporcionava quando tocava sua pele, os arrepios que eriçavam seus pelos, estava tudo tão calmo e perfeito.

Sempre era como num estado de transe, deixava-se entregar ao universo, permitia que seu espírito voasse para longe, tão longe que não poderia nem ao menos calcular a exata distância, mas ao mesmo tempo tão perto que ainda podia sentir a presença da vida rondando sua carcaça inerte e sonolenta. O calor ia e vinha, o frio o beijava timidamente e aos poucos sentia a vida e a morte brincando consigo como se não passasse de um pequeno marionete, quem venceria e poderia brincar com o rapaz?

O jovem nunca deixava realmente as sensações terrenas, a todo instante lembrando-se dos afazeres, se não fosse por isso, poderia morrer e viver quando bem entendesse sem ficar sonambulando inconsciente entre dois distintos mundos.


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