Eskalith escrita por haru


Capítulo 7
Pequeno degrau


Notas iniciais do capítulo

Confesso que esse cap não ficou tão detalhado como eu gostaria. acontece que tive uns problemas de familia hoje, e eu o fiz um pouco desanimada eu acho.Juro que fiz o que pude :c



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Hiroto me deixou em frente ao meu prédio por volta das 3 da tarde. Havíamos passado mais tempo naquele restaurante do que pretendíamos, acabamos conversando muito.

Subi as escadas me sentindo meio tonto. Ainda não estava cem por cento recuperado da noite passada. As vezes um sonho pode sugar mais de sua energia do que você imagina.

Parei no corredor e pensei em bater na porta de Shigeto, mas a ideia de Nepper estar com ele me fez seguir direto para meu próprio apartamento.

Fui direto para a cama, mesmo que não pretendesse dormir. Ouvia-se o barulho do quarto ao lado: meus vizinhos pareciam estar no meio de alguma briga. Tentei ignorar as vozes e os gritos de raiva e palavrões que atravessavam minha parede. Aquilo me irritava.


Não foi um dos meus melhores fins de semana. No dia seguinte, Shigeto apareceu as 11 da manha, trazendo o almoço. Não era algo que ele costumava fazer, mas eu provavelmente não teria almoçado se ele não tivesse aparecido.

– Onde você foi ontem? - perguntou ele.

Estávamos sentados no chão da sala.

– Hiroto me levou para almoçar fora.

– Éh? E nem me chamaram!

– Você estava com "visitas".

– Se você quer saber, Nepper tinha ido embora na mesma noite - ele pareceu um pouco emburrado. - falando nisso, onde você estava aquela noite?

– Caminhando.

Shigeto terminava de mastigar e engolia antes de me responder, coisa que eu não estava fazendo.

– Estava com aquele cara, né? Você podia ter me avisado que não iria embora comigo, ou ao menos atendido o celular.

– Eu não pensei que precisasse disso. Nem sei onde anda meu celular, também.

Shigeto não era o melhor cozinheiro. O arroz estava meio duro e a carne um pouco salgada, mas eu tentei parecer nem notar.

– Eu esperei você por um tempo e perdi o ônibus. Por sorte eu encontrei Nepper no caminho e ganhei uma carona.

Nepper.

Aquele cara de novo.

Senti uma certa onda de desconforto. Talvez eu fosse como um irmão ciumento. Essa era a unica explicação para todo meu negativismo exagerado para o lado daquele cara. Eu simplesmente não ia com a cara dele. Era como se ele fosse uma espécie de ameaça terrivel, em meu território. Como se eu soubesse que ele estava me tirando algo "precioso" e eu não podia fazer nada...nada além de esperar que esteja errado, que fosse apenas impressão minha.

Shigeto deixou sua tigela de lado. Aparentemente nem ele estava gostando de sua comida. Ele suspirou, sentado de pernas cruzadas, batendo a mão nos joelhos.

O ar estava particularmente seco aquele dia. Eu me via esfregando os olhos com frequência, e meus lábios estavam constantemente secos.

– Eu acho que eu devia te dizer, eu realmente não confio naquele cara, se é que você liga para o que eu penso. - ele falou, me encarando sério.

– Aquele cara você diz.. Suzuno Fuusuke? O que tem contra ele?

– Eu não sei, ele só não me passa confiança. Tem algo nele que me incomoda.

– Tem algo que me incomoda em Nepper também.

Shigeto pareceu pensativo por um instante. Ele não se moveu, mas eu pude perceber seus olhos se movendo para o lado, como se estivesse lembrando de alguma coisa.

– Estamos kits então.


O domingo se foi, e a semana que vinha prometia ser mais quente do que o habitual. De manha, fui atrás do emprego que Hiroto havia me recomendado.

Era numa loja de materiais para construção, como caixa.

Eu me dava bem com números, pelo menos.

Na universidade, o clima parecia um pouco tenso. Suzuno Fuusuke passava por mim e me olhava com rancor. Eu pude experimentar da sensação que outras crianças experimentaram quando eu passava pelo corredor da escola e as ameaçava.

"Você vai ver, na saída".

Era quase certeza que se eu tentasse falar com ele, não acabaria bem. Mesmo assim, eu insistia em provoca-lo com alguns sorrisos. Eu sabia que isso o irritava.

Passei também a acenar para ele da janela, quando o via no campus. Eu via seu dedo médio subindo em minha direção, correspondendo ao meu "tchauzinho", e isso me fazia rir. Não tenho certeza se ele conseguia ver direito, mas com certeza ele me daria outro soco se eu risse assim perto dele.

Eu estava começando a agir como um garotinho bobo, e mal percebia. Quando me dei conta, eu tinha uma espécie de sorriso, que me fazia parecer uma pessoa normal, com um comportamento adolescente normal. Como um cara apaixonado, normal.

Mas é claro que eu negava isso a mim mesmo. Para mim, isso era apenas a sensação de estar jogando um jogo no qual eu tinha tudo para me dar bem. Para mim, eu conseguiria ter o calouro em meus braços, provando que eu conseguia ter tudo o que eu quisesse.

Isso me fazia me lembrar de meu reflexo no espelho. Aquilo que eu era. Mas a sensação de desconforto não era a mesma, eu estava aceitando aquilo. Eu não me importava.

Suzuno "parecia" não gostar de mim, ou na "melhor" das hipóteses, eu conseguia mexer com ele. Faze-lo se sentir irritado era fácil para mim, mas o que eu queria mesmo era sempre chamar sua atenção.

Eu pensei que estava tudo bem, com isso.


Certa tarde eu estava saindo de minha classe de calculo avançado, e avancei pelo corredor, procurando por minha próxima aula. Eu estava atrasado, no entanto, e não havia ninguém alem de mim naquela parte da instituição. Pelo menos foi o que eu pensei.

O sol entrava pela janela, mas não era como na primeira vez que nos vimos. Este sol era apenas quente, e iluminava normalmente. Suzuno fez uma careta para a janela, e parecia incomodado com a luz em seus olhos. Ele estava usando uma blusa azul, da mesma cor do céu aquele dia.

– Hei, Fuusuke - chamei ele, acenando com a mão.

Ele me olhou com dificuldade.

– Você de novo. Não se cansa não ? - falou, se aproximando.

Por um instante, eu pensei que ele fosse parar para ficar comigo. Mas é claro que isso foi apenas meu desejo de vê-lo me tratando "bem". Ele só disse aquilo e continuou andando.

Eu bufei.

"Até quando esse cara vai continuar me ignorando?"


Fui atrás dele. Claro, ele notou e começou a andar mais depressa. Eramos como duas crianças: uma estava emburrada com a outra por ter pego seu doce, e a outra corria para dizer que não fora nada demais, e que ainda íamos brincar juntos.

Mas nós não íamos brincar, infelizmente.

Ele chegou até a escada.

Parei e o observei subindo cada degrau. A cada passo que ele dava, eu podia ver como sua bunda se apertava em suas calças. Como ele parecia trabalhar cada movimento em seus glúteos para obter tal forma sexy, o que realmente compensava bem. Eu não podia dizer que ele percebia isso, mas era seu castigo por estar usando calças tão apertadas.

"Uau?"

Voltei a realidade e comecei a seguir as escadas também. Suzuno parou no topo, e eu tentei alcança-lo.

Foi quando senti a sola de meu tênis deslisar no piso da escada. Meu coração apertou.

Eu pude ver a cara de Suzuno um pouco assustado antes de tudo ficar escuro. Por uns instantes, senti uma pancada forte em minha cabeça.

Era como se eu fosse espremido entre o chão e o ar. Minha vista ficara instantaneamente embaçada, mas eu ainda podia ver um vulto descendo em minha direção, num pulo.

– Nagumo? - ele chamava.

Sua voz soava como uma melodia delicada para meus ouvidos naquele momento. Porém, era doloroso como ela parecia tão distante.. como se tivesse sido gritada a milhares de quilômetros de distância.



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Notas finais do capítulo

Talvez não tenha sido tão ruim.Antes que alguém desconfie de mim, essa parte da história já havia sido planejada a um bom tempo :x
[spoiler]E não, ele não vai entrar em coma.



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