Eskalith escrita por haru


Capítulo 14
Na hora errada


Notas iniciais do capítulo

eu estou tão nervosa.
Eu não sei se é uma boa ideia falar disso, mas uma das partes lemons da historia esta se aproximando e eu estou tão nervosa para escreve-la T_T EU TENHO QUE PARAR DE PENSAR NISSO,

Enfim, boa leitura! >:3



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Foi realmente atordoante pegar no sono aquela noite. Fazia um frio insuportável. Era uma madrugada chuvosa e barulhenta.

Os raios e trovões faziam uma festa de sons e luzes, que entravam pela janela me convidando a fazer parte de tal cerimônia. Eu me revirava na cama esperando o sono me domar, porém, mesmo me sentindo exausto, não conseguia pregar os olhos.

A voz e a imagem de Kurione Yuki não saiam de minha cabeça, junto com o pensamento sobre Suzuno Fuusuke tentando acabar consigo mesmo.

“O que diabos aquele cara poderia estar fazendo?” Me perguntava.

Aquela noite, dormi muito mal, se é que se pode dizer que eu dormi.

Na manha seguinte, eu estava novamente como um zumbi no trabalho.

Gouenji me encarou um tanto incomodado, mas não brigou. Ele parecia do tipo que se preocupava com as pessoas ao seu redor, e sabia que se as coisas continuassem assim eu acabaria sendo demitido.

– Esta deixando o cabelo crescer? – perguntei a ele, em tom de brincadeira, um pouco antes do almoço.

Ele me olhou sério.

– O que?

– Parece maior.

– Ah, isso... bem, eu apenas não tenho mais tempo para coloca-lo em pé, digamos assim – ele olhou o próprio reflexo num espelho.

Como estávamos em uma loja de materiais para construção, havia uma sessão com espelhos, onde ficaram as coisas para equipar o banheiro, onde eu e Gouenji estávamos checando o estoque de pias e vasos sanitários.

– Parece que vão contratar mais alguém – comentou Gouenji, um tempo depois.

– Isso é bom ou ruim? – perguntei, anotando quantos vasos de colocação cinza ainda restavam.

– Bom, eu acho. Já que só nós dois não daremos conta, agora que a loja esta aumentando.

– Ah sim, verdade.

De repente, escutamos alguém entrar na loja.

– Nagumo, é a sua vez – falou o moreno-loiro.

Balancei a cabeça e me dirigi ao balcão.

– Torneira, eu preciso de uma torneira – falou o rapaz, que havia entrado.

O encarei um pouco. Sua aparência me era familiar. Altura normal, pouca coisa mais alto do que eu. Pele um pouco morena, e cabelos esverdeados, amarrados num rabo-de-cavalo. Seus olhos eram finos e castanhos escuros.

“Quem é mesmo?”.

– Bem, temos várias, se vier por aqui eu posso... – comecei, fazendo gesto para ele me seguir, mas antes de continuar, ele arregalou os olhos para mim.

– Oh, Nagumo, é você? – perguntou ele.

Olhei para ele intrigado. “Então nos realmente nos conhecemos..mas..”

– Sou eu, Midorikawa, se lembra? – ele apontou para si mesmo.

– Midori..hmm..

– Seu maldito, como pode ter se esquecido de mim? Midorikawa Ryuuji – Midorikawa bufou.

Foi então que me lembrei. Quando era mais jovem, Midorikawa era um dos melhores amigos de Hiroto, do qual acabava sendo uma espécie de amigo para mim também, mesmo que na realidade ambos não íamos muito com a cara um do outro, e parecíamos disputar a atenção de Hiroto o tempo todo.

– Ah, é você, cara de alface – falei – eu estou trabalhando, não esta vendo?

– Estou – ele me olhou, fazendo pouco caso – nunca imaginei que você trabalharia assim.. quero dizer, como vendedor.

– O que você quer dizer?

– Você não se dá bem com “publico”.

– Eu me dou sim, você realmente não me conhece!

Ele me olhou provocador e levei um tempo para perceber que ele estava tentando indicar que havia alguém atrás de mim. Me virei, e Gouenji fez uma careta.

– Você vai querer ver as torneiras ou não? – perguntei, voltando para Midorikawa.

Ele balançou a cabeça e eu o guiei entre as prateleiras atrás da sessão de torneiras e chuveiros.

– Se você continuar tão grosseiro, vai acabar demitido – comentou o verde, enquanto observava algumas mercadorias que eu havia entregado a ele.

Resmunguei.

– Este é um modelo barato, mas dizem que é muito bom – recomendei.

Ele me deu um sorriso.

– Ah sim, mas eu quero algo realmente bom.. não importa se é caro, eu prefiro não correr riscos.

Suspirei, pegando outro modelo – de torneira – e entregando a ele, dessa vez o mais caro.

– Parece apropriado.

– É o dobro do preço daquele, e faz as mesmas coisas – comentei, enfezado.

– Se custa mais caro é porque tem algo em superior aos baratos. Céus, você é um péssimo vendedor.

Fechei a cara e o conduzi até o balcão para pagar. Gouenji atendia outro cliente, mas me observava de longe.

Midorikawa pagou, me dando um ultimo sorriso.

– Te vejo por ai – falou ele.

– Ah, claro – respondi desanimado, o vendo sair.

Um pouco depois, Gouenji se aproximou de mim, um pouco irritado.

– Você não pode tratar os clientes daquele jeito, Nagumo – disse ele.

– Tudo bem, eu sei, mas eu o conhecia.

– Mesmo assim... se algum outro o visse, poderia não pensar nessa possibilidade e achar que aqui só há vendedores mau-criados.

– Mas eu não fui...ah, tudo bem, me desculpe.

Gouenji suspirou e saiu. Não conversamos durante o almoço.

Eu estava ansioso demais, na verdade. E não adiantava o quanto eu tentasse tirar Suzuno da minha mente, eu era incapaz de fazer isso. Eu só queria chegar logo a universidade e procurar por ele, agarra-lo pela camisa e dar-lhe um soco, só então fazer as perguntas.

As horas pareciam se passar muito lentamente. Eu o procurei pelo campus, pelo corredor, todos os lugares, mas ele não estava à vista. Fui à biblioteca durante o intervalo, e ele não dera as caras. Só me restava espera-lo no portão, na saída.

Me retirei da sala de aula mais cedo, apenas para não correr o risco dele sair antes de mim. Haveria ainda a possibilidade dele não ter aparecido em nenhuma aula, mas eu tive esperança de que sim.

Corri pelo corredor em direção a saída. O chão estava liso – aparentemente haviam acabado de limpa-lo – e eu acabei deslizando, num escorregão, e esbarrando em alguém.

O choque do impacto derrubou nos dois no chão. Eu havia caído em cima de um calouro de cabelos brancos, que aparentemente planejara ir embora mais cedo aquela tarde.

– Achei você – falei, ignorando o fato de nosso encontro ter sido complemente desastroso.

Suzuno fez uma careta. Ele parecia fraco demais para me puxar de cima dele, mas estávamos no corredor da escola e eu realmente não queria que ninguém nos visse naquele estado, então me levantei, estendendo a mão para ajuda-lo.

Ele se sentou no chão, mal humorado, e por um instante, pensei que ele recusaria a minha ajuda. Seus cabelos estavam bagunçados e pareciam mal cuidados agora. Ele usava um moletom vermelho.

Mangas longas.

Sua mão fria agarrou a minha e eu o puxei para cima.

Ele estava tão leve.

– Se machucou? – perguntei, tentando ser gentil.

Suzuno virou o rosto para mim, batendo as mãos em seu moletom para tirar qualquer vestígio de sujeira.

– Ficou mudo? – tentei novamente.

Ele olhou para mim, ferros. Seus olhos azuis me fuzilaram e eu tive uma imensa vontade de bater nele. Coisa que eu provavelmente não era capaz de fazer, já que por dentro eu estava tão preocupado com Fuusuke, que mal podia pensar em qualquer outra coisa, se não nele.

Abaixei-me e peguei um livro que ele estava segurando quando o derrubei.

“Desamparo e Trauma: transferência e contratransferência”.

“Mas que porra de titulo é esse?” Pensei, entregando o livro a Suzuno, que tomou da minha mão, grosseiro.

– Você estava me perseguindo? – perguntou o albino, finalmente falando.

Sua voz parecia mais baixa do que o habitual, e um pouco mais rouca também.

– De certa forma – respondi, sério.

– Quer alguma coisa, por acaso? Ou apenas me perturbar?

Revirei os olhos.

– Vamos para casa? – perguntei.

Suzuno me olhou com ar de desaprovação.

– Eu não vou para casa.

– Aonde você vai?

Ele sorriu provocador, e se virou para sair. Eu pensei em segurá-lo, mas não o fiz.

– Você não vai querer ir, de qualquer forma – comentou.

Comecei a andar, logo atrás dele.

“– (...) Fuusuke vai a lugares onde eu não posso ir... e eu não tenho força para impedir que ele faça qualquer coisa...”.

As palavras de Kurione ecoaram pela minha cabeça, num sussurro, me fazendo seguir Suzuno até a saída.

Eu sabia, no entanto, que eu o seguiria mesmo se ela nunca tivesse pedido qualquer ajuda. Por 2 motivos.

Eu odiava que me deixassem curioso;

Fuusuke havia dito que eu não iria, o que fez com que ele parecesse me desafiar, e eu jamais rejeitaria um desafio.

Suzuno andava ligeiro, e ignorava minha presença completamente. Mesmo que isso fosse algo típico dele, daquela vez, aquilo me pareceu incomodar de uma forma diferente. Quando me dei conta, a distância entre mim e ele era realmente grande.

Minha cabeça doía, e eu me sentia tonto. Era mais um de meus devaneios, que amam aparecer quando eu mais preciso me manter em pé. Suspirei e apertei os olhos para não perder Suzuno de vista, mas ele era tão rápido, tão branco naquela paisagem de nada.

Minha vista começou a embaçar e eu acabei precisando parar e escorar em uma parede. Logo, eu não sabia exatamente onde estava, mas podia escutar uma musica logo a diante. Parecia longe, mas o som era forte.

Uma festa.

Esfreguei meu rosto, tentando recuperar a visão, mas não ajudou. Continuava embaçado demais e minha cabeça latejava.

“Não... agora não, porque agora?”

Não pude esconder de mim mesmo o meu desgosto.

“–(...) Eu sou.. apenas uma garota fraca.. mas você pode tentar impedir ele.. mesmo que a força, você pode arranca-lo de lá.”

“Eu também não tenho força...” Falei para mim mesmo.

Minhas pernas ficaram bambas e eu me sentei ali mesmo, no chão. A raiva que eu senti de mim mesmo era tão profunda, que eu não me importaria se alguém aparecesse e me matasse ali mesmo.

O que me restava fazer era esperar.

Esperar que isso passasse.

Que eu recuperasse minha força.

Era ver minha visão escurecendo e minha consciência se dissolvendo, enquanto meu desejo era estar atrás daquela pessoa, e impedi-la de ir onde quer que ela planejasse ir.

Eu era um fracasso, mas ainda não havia desistido.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler ♥



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