Akuma No Mai escrita por Izzy Hojou


Capítulo 11
At Noon: Esse mordomo, No casamento




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Com o inicio do mês de Abril, chega o aniversário de Letícia. Seus treze anos parecem mais um tormento do que uma data a ser comemorada. O barão encomenda um bolo e alguns aperitivos, e comemora sozinho, enquanto a menina fica no quarto, pensando numa forma de fugir do casamento.

Enquanto isso, na mansão Phantomhive, Ciel segue sua derrotada trajetória. Por mais insensato que pareça, o garoto não pede mais sequer que seu mordomo lhe leve o café da manhã. Ele mesmo se levanta sem precisar de alguém que o tire da cama, pois deixa as cortinas do quarto abertas toda noite e levanta junto com o sol.

Durante todo o mês desde que Letícia deixara sua casa, Ciel passou a se virar sozinho. Ele arruma a própria cama (muito mal, por sinal) troca de roupas, arruma seu banho, faz o próprio café da manhã e recebe pessoalmente as correspondências. Dentre as cartas, uma chegara sete dias atrasada. Parece ser um convite, mas dentro do envelope há apenas um bilhete:

“Estarei me casando dia 2 de abril ao meio-dia.”

Com raiva, Ciel amassa o papel e o joga longe. O garoto tem um acesso de fúria, e joga todos os objetos de sua escrivaninha ao chão, e indo de mesa em mesa, arremessa tudo o que pode contra as paredes, saindo do quarto, descendo as escadas e continuando com os enfeites da sala de estar. Assim que Sebastian percebe a total destruição e o que a provocara, intercede imediatamente, segurando o menor pelos braços e o parando.

- Senhor, assim não haverá mais decoração na casa. O que houve? Nunca o vi assim antes... – o mordomo pergunta.

- Me solte! Me deixe quebrar tudo o que eu quiser, ou vou te matar seu desgraçado! – Ciel se debate com todas as forças – Eu vou explodir se não fizer alguma coisa! Sabe por quê? Porque é hoje! É hoje que ela vai se casar com aquele cara! E eu não vou poder impedir! Eu não vou... – o menos para de se debater e começa a chorar de tristeza e raiva, e Sebastian o solta.

- Senhor... – o mordomo inicia.

- Não vou poder impedir... – ele se ajoelha.

O moreno olha para seu relógio de bolso, se apruma e então anuncia:

- Louise pediu-me para guardar isto em segredo, porém vendo como tudo se desenrolou, é melhor que o senhor fique sabendo: a senhorita Letícia vem sofrendo agressões constantes por parte do barão desde que passou a morar na casa dele. E provavelmente não passará muito tempo viva depois do casamento.

Ao ouvir as palavras do mordomo, o conde tem outro acesso de raiva, levanta bruscamente do chão e segura seu “criado” pela gravata, voltando a gritar:

- Como você pôde me esconder isso? Como teve tal capacidade? Hein?!

- Louise me pediu para não lhe dizer nada, pois o senhor poderia acabar fazendo algo de errado.

- Ah, mas é isso mesmo o que eu vou fazer – Ciel diz com um sorriso macabro nos lábios. Ele pega um caco de porcelana e acerta em cheio o pulso de Sebastian – Eu sei que vocês akumas têm no sangue a maior parte de seus poderes. E sei também que os grandes prodígios dessa sociedade beberam do sangue de demônios para serem o que são – o garoto aproxima a boca do ferimento, mas antes que beba sequer uma gota do sangue do mordomo, Louise aparece na janela da sala de estar.

- Esse sangue aí não é tão forte quanto este – ela fala, cortando seu pulso esquerdo e indo até onde estão os dois – Esta fonte é muito mais forte... – a loura sorri, e pegando uma taça semi-estilhaçada de cima da mesa, deixa escorrer nela certa quantidade do líquido vermelho de seu pulso – Agora beba.

A mulher oferece a taça a Ciel, que toma até o último gole. Ele sente uma tontura e um fraco enjôo, mas depois percebe suas habilidades aumentarem consideravelmente.

- O senhor tem quinze minutos para impedir aquela união – Louise pronuncia.

- Precisarei de menos – o conde diz. Ele vai até o quarto e volta vestido em uma longa capa negra, com um tecido amarrado na face como uma máscara e as mãos cobertas por luvas – Ela é MINHA – e com as últimas palavras, ele deixa a mansão pela mesma janela que Louise entrara.

Os mordomos então seguem o garoto de longe, observando a agilidade com que ele se move entre os telhados.

- Ótima escolha. Dará um prefeito akuma quando perder a alma – a menor ri.

- Concordo – o moreno ri também.

Já na igreja, o barão espera ansiosamente sua vítima entrar pela porta. Todos o cumprimentam e lhe dão os parabéns por ter conseguido dobrar a Lady de Ferro. Após alguns minutos, finalmente Letícia aponta no início do corredor e começa sua entrada. Ela anda triste e odiosamente, envolta num vestido longo e cheio de rendas, com um véu sobre a cabeça e a face e um buquê de camélias nas mãos. Seus passos são pausados de acordo com a marcha nupcial. A cauda do vestido parece levitar sobre o piso com um tapete vermelho.

Ao chegar sozinha no altar, ela deixa as flores sobre a bancada do padre e tem sua mão beijada por Gray com toda a delicadeza.

- Monstro... – a menina sussurra.

Os dois se ajoelham perante o padre, que vai falando calmamente todos os votos. Letícia sente raiva de si mesma e sequer dá ouvidos ao que o padre tagarela à sua frente. Já o barão finge uma serenidade astutamente bem, e passa o tempo todo sorrindo, segurando a mão da menor com tamanha força que chega-se a escutar um estalido de osso quebrando, e a menina geme de dor, recebendo um olhar mortal do maior em seguida.

Ao fim dos votos do padre, cada noivo faz seus próprios votos, começando por Letícia, que treme ao colocar a aliança no dedo de Gray. Em seguida, o homem faz o mesmo, e quando está prestes a por o anel no dedo da menina, um vulto adentra bruscamente a igreja e toma a noiva das mãos do barão, a segurando no colo.

- Vim buscá-la, pois você é minha – Ciel sussurra para a menina em seus braços, fazendo-a chorar. Ele então anuncia tenebrosamente para todos os presentes na igreja:

- Não permitirei que este monstro faça mais uma vítima. Ele já assassinou muitas como essa aqui.

As pessoas se assustam, mas não crêem no que o estranho fala. Assim, ele arranca a maior parte da saia e as mangas do vestido de Letícia, mostrando a todos os hematomas no pequeno corpo da noiva.

- Saia daqui seu intrometido! – Gray tenta interceder, mas em troca recebe um forte chute na cara, o qual joga o albino para o lado de fora da igreja.

- Cale a boca! – o menino grita – Você é digno de morte, pois teve a capacidade de espancar uma criança! E ainda tem o despeito de tentar me enfrentar!

Os convidados ficam boquiabertos com toda a situação, e muitos homens se levantam de seus lugares.

- Os senhores não terão pena de um monstro, certo? Pois creio que aqui, muitos de vocês tenham filhas com a idade noiva ou até menos, não? Espero de vocês nada mais que o que for correto na sociedade londrina! – Ciel grita, e com um salto, deixa a igreja e corre pela cidade descontroladamente. Ante toda a situação, a menina em seu colo só consegue chorar de alegria.

O conde então para no prédio mais alto da cidade. Ele descobre por completo seu rosto, e sorrindo para a menor em seu colo, anuncia:

- Eu Te Amo...

Em seguida, ele a beija como se fosse perdê-la para sempre, e ela retribui com uma imensa alegria. Os segundos deixam de passar, e as duas crianças ficam ali, sob a luz do sol ainda frio de abril, logo após os treze anos da menor, com os dons da akuma correndo nas veias do garoto. Finalmente, dois solitários encontraram-se.


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