Eu criei várias ilusões e uma delas foi que tu amavas-me. Eu sabia que nunca amaste-me mas eu estava cega. Deixei o que o meu amor por ti cegasse-me e entregasse-me a perdição. Quantos “nãos” ouvi? Um “amo-te” falso era mais do que suficiente para eu voltar a criar ilusões.

Deixei-te fazer tudo comigo. Eu era aquela com que tu brincavas e chamavas de cadela. Descontavas a tua raiva toda em mim. E eu sempre suportei tudo para depois tu abandonares-me e dizeres que amavas outra. Por tantos anos eu contia as lágrimas e agora estou derramando-as por palavras que nunca esperei ouvir da tua boca.

Eu sabia que esse momento ia chegar mas nunca adivinharia que irias dizer-me que amavas outra.

Custou-me imenso ver-te partir com outra mas isso não compara-se a dor que estou sentido agora.

Eu fiquei grávida de ti e tive um filho igualzinho a ti. Também nasceu com a ficção pelo metal e com a teimosia de deixar os cabelos crescer. Ele era a tua cópia.

Essa não foi a minha dor foi a minha esperança. Aquele sentimento que sinto é de te ver com outra mulher e com uma filha nas capas das revistas. Vejo que conseguiste o que sempre quiseste. Alcançaste o sucesso e tiveste a família que sempre quiseste.

Parece que conseguiste todo sem mim enquanto eu não consigo nada sem ti.

Odeio-me só porque não consigo odiar-te.

O nosso filho cresceu bastante. Tem o mesmo talento para tocar como tu. Ainda lembro-me que no inicio do nosso namoro tu disseste-me que iriamos ter um filho, e que tu irias ensina-lo a tocar para que um dia fosse muito famoso como tu planeavas ser.

Mas parece que esse dia nunca vai chegar nem sabes da existência do nosso filho, não é? Não sabes o quanto ele sofre calado. Ainda não disse-te mas dei-lhe o teu nome, Castiel. Como tu sempre quiseste.

Bem, ainda lembras-te do dia em que pediste-me em casamento? Eu sim. Foi o dia mais feliz da minha vida. Todos os dias perguntava-me como é que tinhas tido coragem para pedir-me tal coisa a frente de tanta gente.

Pensava que tinha acertado na minha escolha mas errei redondamente. Parece que com o tempo esqueceste-te daqueles sentimentos tão lindos que sentias por mim. Eu nunca esqueci-os.

E fico feliz de pelo menos poder ver que conseguiste alcançar o teu objetivo, o teu sonho e a tua ambição. Tornaste-te um excelente guitarrista. Mas lamento-me de não poder ser eu e o nosso filho a aparecer nessas revestas contigo. Isto foi um adeus definitivo, pois nunca mais irei-te incomodar com as minhas cartas, isto foi a minha despedia para a humanidade pois já esta na hora de eu partir.

Sei que vou fazer o meu filho sofrer ainda mais mas conto contigo para curares todas as suas feriadas do passado, e dares a ele uma família melhor do que eu só podia dar.

Eu amo-vos tanto, lembra-te disso sempre que pensares em mim e diz isto ao nosso filho sempre que ele pensar em mim. Adeus.

Arumi

–Eu também te amo… - Acabou de ler a carta, a última carta dela pela quinta vez com lágrimas a rolar pelo seu rosto. Dobro-a e pôs ela na gaveta junto com as outras. Já se tinha passado anos desde que soubera da sua morte e da existência do seu filho mais velho, o seu orgulho. Amava-a apesar de tudo. Podia estar com outra mulher mas era ela quem amava e até hoje ainda não perdoou-se pelos seus atos que levaram a mulher que mais amava a suicidar-se.

–Pai o almoço já está pronto! – Sorriu para o menino de dez anos e pegou na sua mão estendida, para irem juntos para a cozinha. Fora a única coisa que ela deixara-lhe.