Pérfido Amor escrita por SlowCif


Capítulo 1
Pérfido Amor


Notas iniciais do capítulo

Esta é mais uma idéia da minha cabeça e graças a Dryka eu a escrevi.E ela também betou.
Lembrem-se que apesar de estar bem de acordo com a estória original, ainda é uma Fanfic.
Boa Leitura!



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Mais um dia exaustivo e estressante de trabalho findou. Meu pai estava alguns dias fora tratando de negócios, e havia me deixando tomando conta de tudo sozinho. Estava descansando na sala, deitado no sofá e apreciando o silêncio que me era proporcionado após o jantar. Mas como o que é bom dura pouco, Ende entrou na sala com seu violão em uma mão, e papel e lápis na outra.

Sentou-se no chão com as costas encostadas no sofá em frente onde eu estava. Começou a tocar algumas notas, depois parou e escreveu no papel. Ajeitei-me novamente para ver se conseguia tirar ao menos um cochilo, mas ele continuou por alguns instantes com essa mesma ação. Tocava alguma nota, escrevia no papel... E assim ele insistiu por diversas vezes. Aquilo estava me atrapalhando, e meu plano de relaxar no silêncio foi por água abaixo.

— Droga Ende! Vai pra outro lugar, não tá vendo que estou tentando relaxar!? – falei impaciente.

Às vezes sou um pouco grosseiro, ainda mais quando estou estressado por causa do cansaço.

— Calma irmão! – ele respondeu calmamente com um sorrisinho no rosto, que estava se repetindo diversas vezes ultimamente – Por que tanto estresse? Estou apenas escrevendo uma musica.

— Você escrevendo uma musica? – perguntei, e logo após dei uma gargalhada irônica. – Não tem nada melhor pra fazer não, pirralho?

Era só o que me faltava! Além de passar o tempo com coisas inúteis por não ter força o suficiente para aguentar um dia duro de trabalho, agora ele estava dando um de músico. Sinceramente, eu não sabia o que esse menino iria fazer da vida.

— Ah irmão! Tenho que expor melhor meus sentimentos e emoções, e essa foi a melhor maneira que encontrei para fazer isso. – disse ele com um olhar sonhador e um olhar diferente.

Parecia... apaixonado?

Espera! Ende apaixonado? Haha.

Não acreditava que meu irmãozinho havia encontrado alguma moça na vila e estava caindo de amores por ela. Quem será? Esperava que não fossem algumas daquelas oferecidas das irmãs Oliveira. Elas não! Meu irmão é novo e inexperiente, e eu não o quero envolvido com essas vadias. E como eu sei disso? Digamos que eu já tive experiências com elas, peguei todas e são facinhas demais. E por serem assim, não são dignas do meu irmão. Ele merece algo melhor, e com certeza nunca será nenhuma delas.

— E quem é a moça, meu querido irmão? – perguntei logo, sendo direto.

Vi as feições dele mudarem para surpresa.

— C-como assim? – gaguejou, com o rosto adquirindo um tom avermelhado.

Tamanha foi a sua surpresa que ele ficou envergonhado. Sentei-me rápido. Agora eu tinha certeza disso, ele estava apaixonado! Só me restava saber uma coisa, quem era a garota?

— Ende, eu sei que você está apaixonado, e isso não tem como negar. Dá pra ver na sua cara, e eu não sou idiota pra não perceber isso. – sorri sarcasticamente e continuei. – Então não me engane, quem é a moça? Não minta para mim...

Houve um silêncio e eu encarei-o mais seriamente.

— Mais cedo ou mais tarde eu descobrirei. – falei com um tom enigmático pra ele ter certeza de que eu sempre consigo o que eu quero.

— Está bem, você está certo... Eu estou apaixonado sim. – respondeu, deitando o violão no colo e suspirando. – Sim, muito apaixonado! – disse por fim, levando o cotovelo direito até o violão e apoiando o queixo na mão. Estampava um sorriso bobo no rosto. – Mas não sei se quero te falar, é a primeira vez que sinto isso e eu fico envergonhado falando assim com alguém. – finalizou timidamente.

Oh céus, não sei por que tanta vergonha.

— Fala logo homem! – disse impaciente. – Sou seu irmão, pode confiar em mim. Quem sabe eu possa até te ajudar, hein!? – terminei com uma piscadela, incentivando ele a confiar em mim.

— Está bem – concordou por fim. – O nome dela é Briana, filha do Sr. Lince. – falou rápido, atropelando as palavras.

Ah não, logo aquela garota? pensei.

 Ela era tão esquisita e chata. Não tinha atrativos nenhum e parecia sempre doente. Ficava sempre em companhia da outra esquisita da Ibi e, quando não estava com ela, estava calada naquela loja do pai. Estranhamente, não sabia praticamente nada sobre aquela garota.

O que ele viu nela?

Eu não gostava nem um pouco de Briana, e me aparecia que ela também sentia o mesmo por mim. Se bem que eu nunca soube nada dela, nada mesmo, nem mesmo que tivesse namorado. O que seria um ponto positivo, já que Ende também nunca namorou. Mas a meu ver, ainda era uma péssima ideia.

            — Você tá de brincadeira comigo? – perguntei pra ter certeza. Ele apenas confirmou com a cabeça e eu fiquei surpreso. – Como foi que isso aconteceu?

            — Nem sei direito como foi isso irmão. Mas eu sei que estou completamente apaixonado... Ela é linda! Seus olhos verdes me prendem ao encontrá-los... Seus cabelos negros longos, quando balançam ao vento, a faz parecer a criação perfeita de Deus quando combinados com o seu sorriso. Meu coração bate freneticamente, parecendo que vai saltar do meu peito... E minha respiração... Nem me lembro de respirar, é como se tudo parasse e só ficasse ela e eu. – terminou com aquele olhar sonhador.

É... Definitivamente ele estava apaixonado! Ele enxergou beleza nela, que eu nunca havia visto. E eu sou de reparar muito bem nas mulheres.

            — Tem certeza disso? Eu estou surpreso.

E realmente eu estava surpreso, mas por hora, eu não faria nada, talvez deixasse acontecer pra ver no que daria. Se ela fosse mesmo tão bonita quanto ele descrevia, podia ser que desse certo.

Olhei para o papel que ele acabara de pegar no chão e logicamente deduzi que era uma musica para ela. O que ele estava fazendo, era um ato bem romântico, chegava a ser fofo, se fosse uma criança! Tentei pegar, mas ele não deixou.

— Ah! Qual é Ende, me deixa ver! – disse decepcionado.

— Ainda não está terminado, mas quando eu terminar, quem sabe talvez eu te mostre. – falou sorrindo, enquanto se levantava rapidamente e saía.

Antes de passar pela porta ele se despediu.

— Boa noite Reiki.

Hum... – bufei irritado. – Boa noite Ende.

Levantei e fui para o meu quarto. Estava exausto e precisava muito da minha cama. Preparei-me e fui me deitar. Tive um ultimo pensamento antes de cair no mundo dos sonhos: Como Ende podia se apaixonar por Briana, logo ela? Ele devia estar maluco.

Lembro-me de estar cavalgando a noite, pela floresta que ficava aos arredores de nossa casa. A lua alta no céu estava cheia deixando tudo mais claro e visível naquela noite. Era estranho, não me lembrava de ter algo importante para fazer a noite naquele lugar. Mas continuei galopando.

Conhecia aquele caminho e sabia que iria para uma cachoeira que ficava em nossa propriedade. Ela era grande, com uma queda d’água de mais ou menos uns 4 metros de altura. A água cristalina que jorrava, dava a impressão de ser verde. Era magnífica. Não seria má ideia ir até lá. A noite estava mesmo quente e um banho naquela água seria muito refrescante.

Após esse pensamento, fiz com que o cavalo corresse para chegar mais rápido. Quando cheguei, desci do cavalo e o guiei até a beira da água para que bebesse e descansasse. A visão da cachoeira parecia mágica. A luz do luar fazia com que as águas ficassem com uma cor prateada brilhante, como se a água tivesse vida própria.

Fiquei parado admirando aquela beleza até que uma coisa inesperada aconteceu. No meio da correnteza – que se espalhava por alguns metros ao redor da cachoeira formando um pequeno lago – a água começou a brilhar e se dispersar para os lados formando um buraco espiralado. Estava girando, dando a impressão de um redemoinho.

            O vento começava levemente a dançar ao redor do ambiente onde se encontrava a cachoeira e ao redor dela. Não era forte, mas como uma brisa suave. De repente vejo algo saindo do buraco recém-aberto no lago. Mas não era algo, era alguém!

            Ao ver que a bela silhueta usava um vestido branco Justo, marcando o molde de seu corpo, pude constatar que se tratava de uma mulher. Os longos cabelos negros pareciam flutuar. Sua cabeça um pouco cabisbaixa não deixava ver claramente quem era, enquanto seu corpo emergia por completo da água.

            Logo depois disso, a água voltou ao seu estado natural. E mulher que ali se encontrava permaneceu imóvel por alguns instantes, enquanto eu, paralisado, a observava esperando o que viria a seguir. Não sentia algum tipo de medo, estava mais era surpreso e curioso.

Observei ela levantar a cabeça devagar, e vi seus olhos se abrirem juntamente com tal movimento. A primeira coisa que notei foi seus olhos e me surpreendi quando reconheci a cor deles. Eram de um tom de verde radiante, lindo. Mas minha maior surpresa foi ao reconhecer aquele rosto. Além dos olhos verdes e cabelos negros, notei a pele branquíssima, que chegava a ser pálida. Só podiam ser de uma pessoa: Briana Lince.

Pela primeira vez eu olhei de verdade para ela e constatei tudo aquilo que Ende tinha me falado. Ele estava certo, ela era linda. Os traços delicados no seu rosto, os olhos pareciam hipnotizar quando encarados diretamente. Os cabelos negros e longos ondulavam no ar parecendo dançar ao seu redor. Sua pele parecia ser feita de porcelana, e dava a impressão de ser delicadíssima. Tive vontade de tocá-la e sentir a delicadeza que aparentava ter.

Ela sorriu para mim e de repente eu pensei comigo: ela é um anjo! Foi impossível não sorrir-lhe de volta. Ainda flutuando, ela caminhou se dirigindo até mim, sem nem sequer tocar na água. Encarava-me e em nenhum momento desviou o seu olhar. Eu não conseguia afastar o olhar daquela linda mulher. Eu a chamava de garota, mas ela não era uma garota... Era uma mulher, uma linda mulher!

Aproximou-se e em minha frente levantou sua mão direita bem devagar sem desviar os olhos de mim. Tocou delicadamente meu rosto com a ponta dos dedos, contornando-o. Depois levantou a mão esquerda e, com ambas as mãos tocou minha face como se segurasse algo delicado. Abriu a boca pronunciando meu nome, de um jeito totalmente lento e angelical.

            — Reiki... – falou demoradamente. E eu gostei de ouvir meu nome sendo pronunciado pelos seus lábios rosados e muitos atraentes, em minha opinião.

            Sorri para ela com intensidade e toquei sua mão que repousava do lado direito do meu rosto. Ela tirou sua mão da minha face e segurou em minha mão levando-a até sua cintura. Chegou mais perto de mim e a mão dela que permanecia do outro lado do eu rosto deslizou até a minha nuca afagando meus cabelos delicadamente.

Briana... – sussurrei demoradamente, querendo fazer o mesmo que ela.

E ela sorriu para mim. Seu riso era o mais lindo que já tinha visto. Sentia-me encantado por ela.

Briana aproximou seu rosto mais ainda do meu. Logo entendi o que ela pretendia. Queria me beijar. E eu também queria isso, oh céus! Queria beijá-la pela primeira vez. Levei minha outra mão para sua cintura segurando firme.

Fui de encontro a ela e logo nossos lábios se tocaram. Senti uma corrente elétrica passar do seu corpo para mim, percorrendo cada músculo. Uma satisfação enorme com apenas o tocar de lábios.

Eu estava louco só pode! Nunca tinha sentido isso na minha vida.

            Abracei-a apertado, enquanto ela rodeou-me o pescoço com os braços também me envolvendo com intensidade. Aprofundamos o beijo e pude sentir a doçura de seus lábios.

O beijo mais perfeito da minha vida.

Não demorou muito e finalizamos. Ela se afastou um pouco, sorrindo. Quando pensei que ela iria falar alguma coisa, escutei uma voz irritante gritando meu nome. E logo depois tudo desapareceu e o que eu vi foi um clarão.

            — Reiki! Acorde! – escutei novamente a voz azucrinante.

Quando minha visão estava se acostumando com o claro das janelas abertas do meu quarto, pude constatar quem me acordara do meu sonho maravilhoso. Era minha tia chata Talita.

Droga, bem na melhor parte do sonho.

Não! Espera, eu estava sonhando? E com Briana! Logo com a garota por quem Ende estava apaixonado. Droga! Isso só podia ser brincadeira. Meu humor já era hoje.

— O que quer tia? – perguntei, em tom grosseiro e sentei na cama.

— Hoje é meu ultimo dia aqui e quero aproveitar ao máximo a companhia de vocês. – respondeu como se fosse o óbvio e depois olhou sério para mim. – Você poderia ser menos grosso. Deveria fazer como Ende, ele é tão educado e sensível...

— Eu não sou o Ende! – retruquei.

Olhei para o relógio e vi que era 6:00 da manhã.

— Droga tia! Eu só tenho o dia de hoje para dormir até mais tarde e você me acorda uma hora dessas. E ainda por cima quer que eu fique de bom humor? Por favor, me deixa dormir em paz! – falei deitando novamente na cama.

— Tudo bem, seu estúpido. Desse jeito não vai arranjar uma esposa decente. E tenho pena da coitada que conseguir casar contigo. – ela abriu a porta do quarto e, saindo rapidamente, bateu a porta.

Deitei-me de lado, tentando dormir novamente. Foi em vão. As cenas do sonho estavam em minha cabeça e eu não conseguia parar de pensar em Briana.

Droga, não conseguia mais dormir.

O melhor era me levantar e procurar ocupar minha mente para não pensar nisso. Ende gostava dela, e eu nunca faria isso com ele. Ele é meu irmão e é o mais importante para mim, pra eu me dar ao luxo de querer a garota que ele gosta.

Arrumei-me e fui para o vilarejo. Talvez encontrasse algo interessante lá. Dirigi rapidamente e parei em frente à Biblioteca. Ocuparia-me lendo um livro – coisa que nunca fiz na vida, nem mesmo na escola, porque achava perda de tempo. Mas eu precisava realmente me distrair. Ficar pensando em Briana não era nada bom.

Entrei na Biblioteca e fiquei bem impressionado com a quantidade de livros ali. Logo busquei pela seção de livros que me interessaria. Fiquei vasculhando as prateleiras sem me importar se tinha alguém ali ou não. Andava devagar e sem perceber, esbarrei em alguém.

E advinha em quem eu esbarrei? Naquela esquisita da Ibi Vieira. Logo que a vi, me lembrei da Briana e consequentemente me recordei do sonho. E confesso que me irritei. Irritei-me mais ainda porque eu gostei da lembrança.

— Olha por onde anda garota! – falei ríspido.

Ela ficou surpresa e confusa. Apenas me virei rapidamente e segui para outra seção.

Continuei minha busca, e encontrei um livro interessante desalinhado na estante, chamado Lendas e mitos dos E-Yai. Tirei-o da prateleira para analisá-lo. Ele serviria.

De repente ouvi passos e percebi que um dos empregados da minha casa estava ali e vinha em minha direção, rapidamente.

— Sr. Reiki, uma das vacas da fazenda está dando cria, precisamos do senhor agora! – disse, ofegante.

            Segui-o rapidamente. Na saída falei com a bibliotecária, avisando que depois resolveria com ela sobre o empréstimo do livro. Saí dali o mais rápido possível. Ficaria bem ocupado e isso seria bom.

Essa loucura logo iria passar e eu iria esquecer Briana.

Foi só um sonho, nada mais. Assim espero.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Eu gostei muito de escrevê-la.
Aceito reviews de muito bom grado!
Pois é bom saber se gostaram ou não por isso a opinião de cada um é importante.
Beijos!



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