Eu tinha planos, juro que tinha. Planos de uma vida inteiramente feliz, ele e eu, eu e ele. Juntos com pelo menos sete crianças correndo pela nossa sala de estar. Ele lendo seu jornal, na sua poltrona predileta, com suas pernas cruzadas, uau, isso me faz sorrir sem nem ao menos querer. É mais forte que eu, é incrível. Pois não tem um santo minuto que eu lembre dele, e não sorria. É coisa de louco. 

Mas voltando ao assunto, ao assunto que me dói. Hoje, infelizmente, tudo foi pelo ralo. Filhos, sorrisos, caminhadas no parque, as tardes na praia, vendo o sol se pôr. Foi tudo jogado no triturador, e dado aos porcos. Eles comeram, se deliciaram, se alimentaram com minha vida feliz, e o que me deixaram? Simplesmente um vazio, um poço de escuridão, uma vida sem nada, por que é como se diz o ditado, se não for por amor, para que viver então?.   Eu sou Anita, uma mulher de 24 anos, que perdeu seu grande amor de nove anos, para uma loira falsificada, com seios de plástico. Tá, ela é bonita, isso eu não posso negar, mas é mais burra do que uma porta.  Estou de mudança. Brasil lá vou eu. Depois que ele se foi, tudo que sei fazer é viver por viver, sem planos, porém mamãe não gostou nada disso e pediu para que eu fosse morar com ela. Eu aceitei, afinal, que mal tem? Estou indo com a cara e a coragem, sem emprego, sem malas. Apenas meu passaporte e minha vontade de mudar, e sei que irei mudar. Afinal, quanto tempo será que demora para um coração cicatrizar?