Jardim de Rosas Negras escrita por TamiresHale


Capítulo 2
Noites Improdutivas.




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Eu estava terminando de limpar a mesa de jantar; meu cabelo ainda pingava quando a campainha de minha casa tocou. Meu coração acelerou e eu queria esmagá-lo para que se aquietasse e ficasse imóvel. É claro que eu tive problemas para abrir a porta; mas depois que o vi ali, toda minha agitação se acalmou numa pulsação lenta e ritmada. Depois fiquei irritada comigo mesma. Era isso que dava aceitar o papel para fazer a Bella. Você acaba ficando igual à ela. Não que eu não devesse ser igual. Eu tinha que ser igual. Mas isso me irritava.

▬ Oi, Rob. Entre. ▬ Eu disse, olhando para o chão. Ergui a cabeça a tempo de vê-lo abrir um sorriso.

▬ Com licença. ▬ Disse ele, fitando a mesa de jantar, onde começaríamos.

Nós começamos a ensaiar; as minhas tentativas ficaram péssimas. Na maioria eu gaguejava e corava na hora errada. Como na vez em que ele começou a pegar meu braço e se inclinar para mim. Eu sabia que isso fazia parte da cena, mas não conseguia reagir. No momento em que ele olhou pra mim, eu fiquei perdida dentro da imensidão de seus olhos.

▬ O quê? ▬ Ele perguntou, confuso.

▬ O quê o que? ▬ Eu perguntei, confusa também. Ele sorriu, toda a confusão desaparecendo de seus olhos.

▬ Concentre-se aqui, Kristen. ▬ Disse ele, estalando os dedos. De repente percebi que o "o quê?" dele e a cara de confusão fazia parte da cena. Era uma fala de Edward.

▬ Droga! ▬ Eu abaixei a cabeça, constrangida. ▬ Eu não estou acompanhando. Podemos fazer de novo? ▬ Perguntei. O sorriso dele se alargou sobre os dentes.

▬ Tá tudo bem. ▬ Ele tirou o script de minhas mãos e o jogou sobre a mesa de jantar. Em cima da mesa, havia a chave de meu carro. Ele a fitou e perguntou:

▬ É a chave de seu carro?

▬ É, mas... ▬ Eu não sabia mais o que dizer. O que ele estava fazendo?

▬ Vamos. ▬ De alguma forma, seu sorriso tornou-se mais pronunciado. Ele pegou minha chave, segurou minha mão e me arrastou porta afora.

▬ O que você pensa que está fazendo? ▬ Protestei.

▬ Vamos nos divertir. Isso não está dando muito certo, mesmo. ▬ Disse ele, e apontou para os scripts sobre a mesa.

▬ De jeito nenhum. ▬ Balancei a cabeça negativamente. ▬ Temos de ensaiar. ▬ Finquei pé. Ele só podia estar louco.

▬ Pare de resmungar e vamos. ▬ E pegou minha mão de novo. Era... estranho ter sua mão na minha. Mas acho que só por isso eu deixei ele me arrastar.

    Ele  caminhou pelo carro até o lado do motorista.

▬ Será que eu não posso dirigir em meu próprio carro? ▬ Perguntei. Ele revirou os olhos, mas cedeu. Me passou a chave e logo estávamos longe da minha casa.

▬ Para onde vamos, Sr. Responsabilidade? ▬ Perguntei a ele sarcasticamente.

▬ Eu conheço um pub muito bom, daqui há duas quadras. ▬ Ele fez um gesto apontando para frente.

▬ Vamos à um bar? ▬ Perguntei, incrédula.

▬ Algum problema? ▬ Perguntou.

Sim, eu queria dizer. Há problemas, sim. Tínhamos um texto enorme para ensaiar naquela noite; E quando Michael sugeriu de sairmos hoje para fazermos as pazes eu disse "não". Em meio a tudo isso, eu disse:

▬ Não, não há problema algum ir à um bar agora.

Quando chegamos, fiquei surpresa. Eu não esperava por isso. Esperava um local mais barulhento e cheio de gente. Mas o pub era bem iluminado e parecia agradável. uma banda tocava, bem baixinho, num palco montado lá.

A garçonete veio ver o que queríamos. Ele se virou pra mim e eu respondi que não queria nada. Ele sorriu e pediu duas cervejas e alguns petiscos.

▬ Eu não vou beber. ▬ Eu disse, erguendo uma sombrancelha.

▬ Tem medo de ficar bêbada, kristen? ▬ Disse ele, com uma risadinha. Nada abalava seu bom-humor.

▬ É claro que não. ▬ Eu parei. ▬ Até porque, eu nunca fiquei bêbada. ▬ respondi friamente.

▬ Nunca? ▬ Ele parecia incrédulo. Imaginei que ficar bêbado era uma coisa normal para ele. Começamos a conversar sobre várias outras coisas enquanto comíamos e bebíamos. Percebi que estava bebendo demais. Mas nem sequer me importei.

Depois, uma outra banda começou a tocar, dessa vez, mais alto. Isso prendeu nossa atenção. Ele olhou para mim de um jeito debochado.

▬ Eu sei tocar melhor do que isso. ▬ Ele disse, brincando. O comentário dele me distraiu.

▬ É sério? Você toca? ▬ Perguntei, maravilhada.

▬ É, eu toco violão e um pouco de piano... Nada de mais. ▬ Ele deu de ombros e voltou sua atenção para a banda. Eu continuei a fitá-lo, tentando imaginá-lo tocando. Quando eu era menor, eu sempre associara beleza àos homens que tocavam violão. De repente, isso parecia bem apropriado ao Rob.

Depois de mais alguns goles de cerveja, decidimos ir embora. Na hora em que eu me levantei da cadeira, tudo girou. Ri comigo mesma.

▬ O que é engraçado? ▬ Ele quis saber. Eu o fitei por algum tempo.

▬ Nada. ▬ respondi, por fim. Ele revirou os olhos.

▬ É, agora me sinto culpado. Acho que você bebeu demais, Kristen Stewart. ▬ Ele disse. Eu não disse nada, até que chegamos ao carro. Fui para o meu lado, o do motorista. Mas ele não me deixou entrar.

▬ O que é? ▬ Perguntei. Ele segurava, firme, minhas mãos, impossibilitando minha entrada ao carro.

▬ Acha mesmo que vou deixar você dirigir nessas condições? ▬ falou ele, me censurando. Suspirei e fui - cambaleando - para o lado do passageiro, sabendo que se eu fosse discutir, ele ganharia.

Fui distraída, até metade do caminho, quando meu celular vibrou no bolso. Era uma mensagem e fiz uma careta quando vi de quem era. Michael. Decidi que aquele não era o melhor lugar para ler. Ri comigo mesma ao pensar na encrenca que tinha me metido. De repente percebi que eu me sentia leve e que estava rindo demais.

▬ Ah, droga, estou mesmo bêbada, não estou? ▬ Perguntei, rindo.

▬ É, acho que sim. Tudo tem sua primeira vez. ▬ Ele disse, sorrindo torto. Suspirei.

Quando chegamos em casa, meus pais ainda não haviam chegado. Eu não estava assim tão ruim, mas Rob insistiu em me ajudar a entrar. Quando eu ia me sentar no sofá, senti que meu celular deslizou e caiu do meu bolso, se espatifando no chão. Eu abaixei para pegar ao mesmo tempo em que Rob também se abaixou. Ele olhou pra mim, surpreso, soltando a respiração. Seu hálito quente soprou em meu rosto e eu havia me esquecido porque estava ali. Fechei os olhos e me inclinei para frente, sem pensar. No mesmo momento, ele pigarreou e uma onda quente de vergonha me atingiu. O que eu estava fazendo?

▬ É melhor eu ir, seus pais já devem estar chegando. ▬ Ele disse.

▬ Tudo bem. ▬ Eu disse, e me surpreendi ao constatar como minha voz estava rouca. Nos levantamos e eu senti vertigem de novo. Ele abriu a porta para sair e o vento frio que entrou, ajudou a clarear minha mente. Me joguei no sofá, de sapato e tudo, subitamente cansada e com sono.

Eu estava louca, só podia ser. Meu Deus! Eu recusei um convite do meu namorado e quase beijei outro homem. Mas que diabos eu havia feito? Mas não consegui pensar por muito tempo. A inconsciência que me tomou foi mais forte que eu e eu não queria resistir à ela.

 

 


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Notas finais do capítulo

Algumas coisas nesse capítulo vão ficar um pouco confusas... Mas vai se desenrolando ao decorrer da história. Boa leitura! =D



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