Jardim de Rosas Negras escrita por TamiresHale


Capítulo 14
Nothing Will Be as Before.




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Eu acordei com batidas na porta, abri os olhos, assustada. O sol fraco de Portland entrava pela minha janela aberta. Eu tirei os cabelos do rosto e olhei o relógio na cabeceira da minha cama

▬ Droga! ▬ Eu tinha perdido toda a manhã de gravações ▬ Droga! Droga! Droga!

Eu levantei correndo para a porta notando que ainda estava com a mesma roupa de ontem. No meio do caminho tropecei no livro e xinguei ao chutá-lo ainda mais longe. Abri a porta rápido e estaquei ao ver justamente a razão do meu atraso olhando pra mim.

▬ Rob! ▬ Exclamei, apoplética.

▬ Oi ▬ ele falou.

Ele parecia meio... receoso?

Claro que ele ainda sorria, mas era um sorrido contido, como se temesse minha reação.

E devia temer mesmo.

Mas... o estranho, era que eu não estava brava. Ok, eu não o tinha perdoado e muito menos aceitado o que tinha acontecido.

E muito menos achava que um dia ia concordar com aqueles disparates. Mas poder olhar pra ele de novo, com aquele sorriso, os cabelos... era bom demais.

Talvez eu tivesse sofrendo de alguma doença mental. Mas era assim que me sentia.

▬ Por favor diga que não veio cantar aquilo ▬ falei sentindo minha cabeça começar a doer. Ele riu.

▬ Achei que não queria mais ouvir.

▬ Acertou.

▬ Fiquei preocupado quando não apareceu pra gravar... te ligaram, mas você não atendia o telefone.

Eu gemi, me virando e entrando em casa. Ele me seguiu fechando a porta. Eu estava me sentindo tão mal fisicamente e tão culpada por não ter ido trabalhar que nem me liguei que ele não deveria estar na minha frente, quanto mais na minha casa.

Mas do que adiantava fugir? Eu teria que aguentá-lo durante mais algum tempo enquanto durasse as gravações; não tinha outro jeito.

E eu era uma profissional, droga!

Não podia deixar aquele tipo de problema me afetar. De maneira alguma.

▬ Você não me parece muito bem ▬ ele comentou atrás de mim.

Eu me virei, olhando algum ponto além dele, porque não me sentia a vontade para encará-lo assim, dentro da minha casa. O que era totalmente ridículo.

▬ Estou com dor de cabeça. ▬ Expliquei.

▬ Quer que eu ligue pra Catherine e diga que esta doente?

▬ Não! Eu não vou faltar. Só preciso de um banho e estarei pronta ▬ Falei.

▬ Tem certeza? ▬ Ele parecia preocupado.

▬ Absoluta ▬ eu respondi com uma certeza que estava longe de sentir. Ele ainda continuou parado no mesmo lugar.

▬ Se foi enviado aqui pra ver se eu estava viva, já fez seu serviço. Pode ir. ▬ Falei, meio seca.

▬ Ninguém me mandou aqui.

▬ Ótimo. Mais um motivo para ir embora. ▬ Eu sentia a raiva de ontem querendo se apossar em mim de novo.

Mas lutei contra. Seja adulta, disse a mim mesma.

Eu fechei os olhos e respirei fundo, tentando lembrar de um exercício de relaxamento.

Funcionou. Por hora.

Quando abri os olhos estava com a raiva dominada.

▬ Eu não vou embora Kristen. ▬ Falou ele, decidido.

▬ Vamos recapitular. Ontem nós brigamos. Não somos mais amigos. Por sua culpa.

Ele riu

▬ Vai jogar a culpa em mim agora? ▬ Perguntou ele, parecendo se divertir.

▬ E é mais de quem? Foi você que...

▬ Não diga de novo que estraguei tudo ▬ ele realmente estava se divertindo. trinquei os dentes.

Que idiota.

Não! Idiota era eu de entrar no jogo dele. Ele queria me provocar.

Mas eu não ia deixar.

Eu sorri, irônica.

▬ Vamos esquecer este assunto, ok? Acho que você já deixou sua fala bem clara e eu deixei a minha. Então vamos esquecer.

Eu queria desesperadamente que ele aceitasse. Mais uma vez. Esquecer. Por baixo da minha atitude irônica eu tremia feito vara verde. Por um momento, eu achei que ele fosse insistir.

Please, Rob, não faça isto. Não quero ficar sem você. Mas se insistir nesta história não terá outro jeito. E eu acho que morreria agora se você desaparecesse.

▬ Ok, Kristen, vamos esquecer ontem.

Eu voltei a respirar e até sorri.

▬ Obrigada... isto é... importante pra mim.

▬ É só por isto que eu concordo. Pode não acreditar, mas não quero ver você sofrer.

Ok, agora chega. Hora de me retirar, antes que faça merda.

▬ Eu vou... tomar banho. ▬ Eu disse.

Eu quase corri para o banheiro e tranquei a porta, me encostando nela. Devia ter mandado ele embora. Era o certo a fazer. Mas em vez disto, eu tranquei a porta e tirei a roupa, entrando no chuveiro.

Deixei que a água quente escorresse sobre mim, tentando relaxar. Mas em vez disto eu fiquei ainda mais tensa.

Simplesmente eu não conseguia esquecer de um detalhe: Rob estava do outro lado da porta.

Oh deus, oh deus, oh deus!

Eu fechei os olhos com força.

Esqueça isto. Mas era impossível. A caixa de pandora fora aberta, libertando todos meus monstros internos. Todos os segredos que eu guardava até de mim mesma. Era como se eu fosse outra pessoa esta manhã. Tudo era novo e mais vivido. Eu desliguei o chuveiro disposta a parar com aquela insanidade que perigava tomar conta de mim.

Me enxuguei rapidamente e me enrolei na toalha.

E quando abrir a porta, la estava ele.

Eu parei, com a mão ainda na maçaneta. Nossos olhares se encontraram e se prenderam. Eu estava dolorosamente consciente de que estava... nua por baixo da toalha. Ele me mediu de cima a baixo os olhos brilhando perigosamente. Eu reparei que ele usava o figurino de Edward, aquela camiseta de manga cumprida azul marinho, que marcava seu peito.

Eu arfei. A letra da musica dançara na minha mente. Eu sabia que devia fugir. Mas meus pés estava grudados no chão. Meu pulso se acelerou vergonhosamente, enquanto eu sentia os olhos dele como fogo cravados em mim. A água pingava de meu cabelo, deslizando por meus ombros, ele acompanhou o movimento de uma gota deslizando por meu colo até desaparecer por entre meus seios. Eu nunca me sentira tão ciente de meu próprio corpo como naquele momento. Eu pulsava inteira. Viva. Quente. Trêmula.

Apenas com um olhar.

Não havia razão que podia me salvar naquele momento. Ele deu um passo a frente, a mão segurando minha nuca, quente e levemente áspera, e eu fiquei na ponta dos pés, para que sua boca chegasse mais rápido a minha e gemi, me perdendo, quando ele se inclinou para mim, o hálito esquentando minha pele, até que a boca tomasse a minha num beijo urgente, que varreu para longe todo e qualquer alto controle.

Minhas mãos, subindo para agarrar seus braços, enquanto era empurrada com força para dentro do banheiro sem sentir, tamanha era a fúria do beijo. Tudo que eu vinha escondendo de mim mesma veio a tona naquele instante, com a boca sôfrega sobre a minha, a língua contornando meus lábios trêmulos e invadindo, explorando e se enroscando na minha.

Eu cravei minhas unhas na camisa azul com tanto ímpeto que poderia tê-la rasgado. Senti o mármore frio da pia contra meus quadris, mas que não foi páreo para o corpo quente que grudou no meu. Minha cabeça girava sem controle. Meus braços subiram para que meus dedos se imiscuíssem nos cabelos cor de areia, o trazendo para mais perto, se é que isto era possível.

Agora as mãos dele desciam por minha costas, rodeando meus quadris, minha cintura, deixando um rastro de fogo por onde passavam. Eu estava completamente perdida.

Os lábios, deixaram os meus para deslizarem por meu rosto afogueado e ainda úmido, seguindo uma trilha por minha garganta, até meus ombros desnudos, enxugando as gotas de água com a língua. Eu gemi alto, derretendo completamente contra ele. A boca voltou a devorar a minha, num beijo ainda mais profundo, enquanto eu senti, entre temerosa e ansiosa, uma mão deslizar por baixo da toalha, alcançando a pele nua de minha coxa. Eu acho que prendi a respiração em expectativa.

E a companhia tocou.

Ele me soltou e eu abri os olhos e na mesma hora me dei conta do que estava fazendo.

Eu estava justamente fazendo aquilo que eu disse em alto e bom som não querer!

Oh Deus!

A campainha tocou de novo, insistentemente.

E agora? E agora?

Eu o fitei. Ele passou as mãos pelos cabelos, num gesto frustrado.

▬ Acho que é alguém da produção. ▬ Ele conseguiu dizer.

Eu sacudi a cabela afirmativamente, passando por ele e atendendo a porta; Era um produtora, preocupada com meu sumiço. Eu consegui dar uma resposta e ela foi embora.

Se ela reparou que eu estava vermelha feito pimentão e apenas enrolada numa toalha, não comentou. Eu fechei a porta e fiquei parada no lugar.

Como eu ia encarar Rob agora?

Claro que eu não tinha mudado de idéia. As coisas ainda eram as mesmas.

Fora apenas um momento de fraqueza. Nada mais.

Nada mais.

Quando levantei o olhar, ele estava na minha frente, os cabelos mais bagunçados do que o normal me lembrou do que eu andara fazendo e eu fiquei ainda mais vermelha.

Nervosa, eu me perguntei o que ele estaria pensando.

Será que achava que a gente devia continuar de onde tínhamos parado? Se pensava ia levar um fora.

Eu só esperava ter força para fazer isto.

▬ Eu preciso... ▬ Eu limpei a garganta. Seja profissional ▬ Voltar ao trabalho.

Ele sacudiu a cabeça afirmativamente.

▬ Nós temos. ▬ Corrigiu-me.

▬ Se importa de... esperar lá fora? ▬ Eu devia estar roxa de vergonha agora.

▬ Não, eu não me importo.

Ele saiu sem falar nada e eu respirei aliviada. Mas sabia que meu alivio era temporário.

Eu estava com problemas. Muito sérios. E não sabia como ia sair deles.


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Notas finais do capítulo

Desculpe pela demora. Mas, de novo, não sei quando vou postar agora. Espero que gostem :D



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