Capítulo Único

Eu não me lembro do momento exato em que eu despertei, mas sei que a única coisa que enxerguei foi o branco. Um puro branco imaculado, que se estendia por todo aquele quarto. Ele me transmitia uma sensação de paz e de certa forma me hipnotizava. Ele era encantador e ali parecia ser o lugar perfeito para mim. Mas alguma coisa me incomodava, algo dentro de mim dizia que eu tinha que sair dali.

Foi então que eu percebi o vazio dentro de mim, dentro daquela sala.

A falsa sensação de pertencer ali se esvaziou e eu pude finalmente ver o buraco que se estendia nas minhas memórias.

Eu levantei uma mão à altura do meu rosto e a examinei, eu sabia o que ela era e a quem pertencia, mas eu não sabia como aquelas informações tinham ido parar ali.

Por que eu não me lembrava de nada?

Quem eu era?

Qual a minha história?

Por que eu estava ali?

A minha cabeça começou a doer e eu gemi de dor me encolhendo no chão frio, imagens enchiam a minha mente e eu estava confuso com elas, senti como se agulhas pinicassem a minha cabeça e me encolhi ainda mais tentando fazer com que parasse.

Com o tempo a dor passou e tudo o que restava era eu largado naquele lugar com muitas memórias desconexas na minha mente, lentamente eu repassei tudo o que me lembrava, eram poucas coisas: o cheiro do mar e a sensação da areia sob os meus pés descalços, o doce sabor de pudim e Emile.

Emile

O nome ressoou na minha mente e eu pude vislumbrar a imagem dela na última vez que nós encontramos. Ela era a minha salvação e a única coisa que me impediria de enlouquecer nessa prisão.