Edgar e Laura estão aos beijos no jardim da casa dos Assunção.

Laura: Edgar... Como você está aqui?Quando você chegou?

Edgar: Cheguei hoje à tarde... A Universidade entrou em recesso e não pensei duas vezes... peguei o primeiro navio com destino ao Rio de Janeiro... eu estava com tanta saudade de todos por aqui... e precisava conversar muito com você, te ver, te abraçar... (beija Laura)

Está escurecendo e Constância vai a janela e vê que Laura está abraçada a um homem no jardim, mas não consegue reconhecer que é o noivo da filha

Constância: Mas essa menina perdeu completamente o juizo! Onde se viu... ela está noiva....e agora arrumou um namoradinho... o que vão pensar... e se o Edgar descobrir que ela está beijando um homem em frente a porta de casa? Vai ser o fim! Vou acabar com isso agora mesmo!

A mãe de Laura vai em direção ao jardim e sai aos gritos com a filha: Laura... já pra dentro!!! Não quero espetáculos em frente a minha casa! Moço... solte minha filha!!!!

Laura e Edgar se soltam constrangidos e ao ver que se trata do futuro genro, Constância fica completamente sem graça

Constância: Edgar!!!! Como você está aqui? Que boa surpresa lhe rever!!!

Edgar: Boa noite D. Constância e desculpe pelo meu comportamento...

Constância: Não se preocupe....diante da saudade de vocês é compreensível esses momentos de carinho... Por favor, entre... você janta conosco....

Edgar: Infelizmente não posso... mal cheguei e já vim para cá.... meus pais estão me esperando...

Laura: Mas, já? A gente nem conversou...

Edgar: Amor, amanhã a gente conversa... posso te encontrar?

Laura: Claro que sim... mas à tarde... tenho que dar uma aula amanhã pela manhã..

Constância: Edgar... perdoe minha filha.... a Laura inventou essa história de dar aulas, mesmo eu não aprovando a ideia.... mas antes de vocês casarem ela vai deixar de lecionar...

Laura: Isso é o que a senhora diz...

Constância: Laura!!!

Edgar: Por que d. Constância? Não vejo problema algum nisto... a Laura pode continuar dando suas aulas....

Constância: Bem... não quero me indispor com meu futuro genro... Com licença Edgar... Laura, despeça-se de seu noivo...

Constância entra deixando os dois novamente a sos

Laura: Desculpe minha mãe.... mas ela realmente não toma jeito...

Edgar: D. Constância, ela continua tal e qual me lembrava dela....Agora preciso ir... Boa noite

Laura: Boa noite... (eles trocam um último beijo e Edgar vai embora)

Quando entra, Laura está pensativa... como pode ser? Mal me lembrava dele e agora estou assim... Constância interrompe seus devaneios

Constância: Filha... como você me afronta assim na frente do seu noivo?

Laura: Eu não vou discutir com a senhora agora... com licença

Constância: Bem... vamos deixar isso passar... E você, minha filha, quer maior prova de amor que a dada pelo Edgar? Ele atravessou um oceano e mal aportou veio direto te ver... e você nem para mandar-lhe uma carta enquanto estava em Portugal...

Laura: Eu estava muito ocupada...

Constância: Com a cara enfiada em livros... precisamos nos retratar disso....vou oferecer um jantar de boas-vindas... para Edgar e sua família... pode ser amanhã a noite....

No dia seguinte, Edgar vai a casa dos Assunção. Laura e o rapaz resolvem dar um passeio... vão a um parque próximo a residência da moça. Enquanto andam pela rua, vão observando as vitrines... Tudo ia bem.... até que na frente de uma joalheria...

Laura: que belo camafeu... muito parecido com o que você me deu... por sinal obrigada, gostei muito

Edgar: Camafeu?

Laura: Sim... o que você me enviou de Portugal...

Edgar: Laura... eu nunca comprei um camafeu pra você...

Laura: E os outros presentes?

Edgar: Presentes? eu simplesmente não sei do que está falando....

Laura: Quer dizer que nunca me enviou nada?

Edgar: Não... e já que começamos esse assunto... houve um período em que até quis terminar nosso noivado.... mas não tive coragem...

Laura: O que? Por que não teve coragem?

Edgar: Por suas cartas... você sempre se mostrou tão apaixonada..

Laura: Que cartas?

Edgar: As que você me enviou.... lindas, sempre cheias de palavras doces... poesias... principalmente a última...

Laura: Edgar... faz mais de seis meses que não escrevia para você...

Edgar: E por que não escrevia pra mim? Por acaso não sentiu minha falta?

Laura: Vou ser sincera... também pensei em terminar esse noivado... o que quero para minha vida em nada tem a ver com casamento...Mas afinal quem me mandava esses presentes?

Edgar: E quem escrevia as cartas?

Laura (indignada): Só pode ser... a baronesa da boa vista e a sua mãe... elas quiseram fazer com que acreditássemos que estávamos ainda apaixonados um pelo outro... mas pelo jeito as coisas não são assim... não é Edgar?

Edgar fica perturbado com as palavras de Laura e sem pensar duas vezes diz: Pois bem... não sabe o quanto me arrependo de ter voltado para cá... devia ter ficado em Portugal.... com licença...

Laura está triste na rua... volta para casa abatida e se tranca em seu quarto... no andar inferior tudo está sendo preparado para o jantar...

Edgar também chega em casa com um misto de tristeza e raiva... tranca-se em seu quarto... sua mãe o avisa do jantar na casa dos Assunção... a principio pensa em não ir.... mas, pensando melhor... deve ir ao jantar... precisa desfazer um mal-entendido...