Laura e Edgar- Um romance desde o Início escrita por Nanda


Capítulo 123
A Revelação


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanto tempo... mais um capítulo...



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Naquela sala, testemunha de tanta felicidade e infortúnio, todos olham entre incrédulos e angustiados para Sandra, que tentando manter a calma relata o que acontecera...
Edgar: Como assim?
Sandra: Edgar... ela não voltou do recreio... Eu dei por falta dela e fui procura-la pela escola... Encontrei o Zé Maria e ele me ajudou procurando pelo morro... Eu dispensei os outros alunos e também comecei a procurar pela Melissa pelos arredores... e nada dela!... As pessoas estão todas avisadas e qualquer coisa vão nos comunicar... O Zé desceu para a cidade e ia até o centro tentar encontra-la... E eu vim até aqui... Precisava falar com vocês...
Edgar: Ela deve estar perdida... Não conhece o morro direito...
Margarida: Mas por que ela teria saído da escola?
Sandra: Eu não sei... Ela estava mais quieta que o costume esta manhã... Mas daí a sair da escola...
Margarida: Provavelmente pelo que estava acontecendo aqui... Será que ela saiu para procurar pela Laura?
Edgar: Não... Nós tomamos o cuidado de não falar nada perto das crianças... Para Melissa, a Laura estava resolvendo um problema longe daqui...
Sandra: A culpa é minha!... Pedi a Gertrudes se havia alguma notícia... Melissa deve ter ouvido...
Laura: Mesmo que tivesse ouvido... a Melissa não é disso!... Ela não sairia da escola sem autorização... sem que estivesse com alguém..
Guerra: Será que alguém atraiu a menina para fora?
Joaquim: É muito possível...
Guerra: Ainda mais com a Catarina a solta... ela pode ter pego a menina
Edgar: Eu preciso encontrar minha filha... (indo em direção a porta)
Manoela (olhando para Filipa e falando baixinho):Pode ser a Catarina... ou então... Não... Não pode ser!
Filipa: Espero que não... mas tudo é possível...
Laura: Vocês pensaram o mesmo que eu.. (Falando mais alto) Edgar... espera! Vou contigo!
Edgar: Meu amor... Você ainda está precisando descansar..
Laura: Então escuta o que a gente tem a dizer...
Edgar: Depois... agora preciso encontrar minha filha...
Laura: Mas é importante! (vendo Edgar batendo a porta sendo seguido por Guerra)
Manoela: Laura, não adianta... Agora ele não iria ouvir... Temos que esperar...
Laura: Mas e se isso tiver ligação?
Filipa: Ele vai voltar e aí nós contaremos... Esperamos todos que com Melissa e que a menina esteja bem...
Margarida: Deus a ouça, Filipa! Minha netinha... perdida por essa cidade... Eles precisam encontra-la..
Joaquim: Eu vou atrás deles...
Filipa: Não vais a parte alguma!... Ainda estás convalescendo!
Laura: Ela tem razão Joaquim! Depois do que aconteceu... O melhor é que descanse...
Margarida (olhando com ternura para Laura): Assim como você, filha... Deveria estar em repouso...
Laura: Como repousar com tudo isto? Estou me sentindo uma inútil... Minha menina sumida... e eu aqui!..
Filipa: Laura... pense no filho que está esperando... Se não por você, repouse por ele... A única coisa que podes fazer é aguardar por notícias....
Joaquim: Não adianta nada ficarmos todos aqui esperando por notícias... Eu estou bem... posso ajudar nas buscas!.. Podemos nos dividir... Filipa e eu vamos para um lado... Manoela e Sandra para outro...
Filipa (suspirando): Está bem Joaquim!... Vejo que não adianta me opor a isso... Então que seja!... Você ajuda nas buscas...
Joaquim: D. Margarida e D. Celinha ficam para fazer companhia a Laura... Dentro de no máximo duas horas todos nos reencontramos aqui... Esperamos que alguém traga Melissa consigo...
E assim a movimentação daquela casa se dissipa... Cada grupo formado segue uma direção a fim de descobrir o paradeiro da filha do advogado... Este por sua vez anda pelas ruas próximas ao Morro da Providência com seu amigo Guerra, por fim voltando aos mesmos hospitais por onde procurara sua esposa na noite anterior... José Maria também continua com sua busca nas ruas do centro da cidade, sem obter sucesso... Já na casa de Edgar, Celinha tenta distrair Daniel, enquanto D. Margarida, silenciosamente, faz companhia a Laura, que apesar de debilitada, pensa que deveria estar auxiliando seu marido a encontrar Melissa... Pouco tempo depois, Dr. Assunção e Albertinho chegam àquele local...Conversam com a professora por algum tempo, inteirando-se do estado de Laura e dos acontecimentos envolvendo Melissa, pondo-se a disposição para o que fosse preciso...
Enquanto isto, pelas ruas estreitas e pouco movimentadas daquele bairro simples e distante do centro da capital fluminense, Catarina anda com passos apressados segurando com firmeza a mão de sua filha que mal consegue acompanha-la... Finalmente, chegam ao local onde a cantora mantém-se a algum tempo escondida...
Melissa: Mamãe... que lugar é esse?
Catarina: É onde estou vivendo agora... Mas logo a gente vai sair daqui...
Melissa: A tia Laura não está aqui...
Catarina: Melissa, Eu não sei onde está a Laura... ninguém sabe.... Você mesma disse que seu papai está preocupado, procurando... Então... É melhor que você fique comigo por uns dias... Até a encontrarem...
Melissa: Mas...
Catarina: Mas, nada!... Eu falei com o seu pai... E ele me pediu para tomar conta de você...
Melissa: Mas e a Gertrudes... a Matilde?
Catarina: Filha... ninguém está com cabeça para cuidar de criança!
Melissa: E o Daniel? Que vão fazer com ele?
Catarina: Chega menina... Você vai ficar aqui e pronto... Vai ver... a gente vai se divertir tanto que você nem vai querer mais voltar para aquela casa cheia de gente chata! E agora... fique quietinha... (enquanto escreve um bilhete) vou sair por um instante e já volto...
Melissa: Mamãe... posso ir com você? Tenho medo de ficar aqui...
Catarina: Melissa... você já não é nenhum bebê... É uma mocinha...Pode muito bem ficar sozinha por algum tempo... (fazendo uma pausa) Eu não pretendo demorar... Vou buscar algo para nós duas comermos...
Melissa: Mas...
Catarina: Sem mas...Você vai ficar aqui... É mais seguro... E não ouse sair deste quarto... Não conheço as pessoas que moram aqui... Por que você não... dorme? Deve estar cansada.. Caminhamos bastante... Já volto (saindo)
Enquanto Melissa senta-se na cama tentando conter as lágrimas que começam a lhe brotar, a cantora volta à rua, esgueirando-se para não ser vista. Longe dali, após despedirem-se da professora, não sem antes recomendar novamente que siga as orientações médicas, Alberto Assunção e o filho saem da casa do bairro Laranjeiras rumo à delegacia, onde descobrem que o advogado já havia estado prestando queixa pelo desaparecimento da menina. Após uma conversa curta com o delegado pedindo agilidade no caso, Albertinho volta para casa, enquanto o médico, como há dias não se encontrava na cidade, decide ir ao Senado, a fim de verificar o andamento de alguns de seus projetos... Chega a seu gabinete e após conversar com seu assessor passa os olhos pela correspondência recebida por esses dias... Uma carta sem endereço chama-lhe a atenção... Sem muitos floreios abre o envelope... Lê a mensagem contida, agravando o semblante ao término do texto... Sai daquela sala e apressadamente embarca em seu automóvel, sem deter-se a conversas e cumprimentos a seus correlegionários e eleitores, dirigindo-se para casa a remoer o que acabara de saber...
Dr. Assunção: Isso só pode ser uma pilheria, uma infâmia... oras... "tua esposa procura na rua o que não deve encontrar em teu leito..." Constância não faria, tão preocupada que é com a reputação... E bem sabe do que eu seria capaz... Não... definitivamente não pode ser... Mas... e se for realmente isso?E se enquanto trabalho aquela messalina encontra-se nos braços de outro?... Eu mato! Mato os dois! (respirando um pouco e tentando por as ideias em ordem) Calma Alberto... calma... Averiguar... primeiro tenho que averiguar... depois veremos o que fazer...
O senador segue com seus pensamentos, sem importar-se com o destino que toma... Precisa refletir e andar a esmo pelas ruas da Capital lhe parece algo próprio para isso... Algumas horas se passam... A tarde chega acompanhada de um sol pálido entre nuvens... Longe do centro da cidade, no Rio Comprido, a movimentação próxima às dependências do Desportivo Rio de Janeiro é pequena apesar de um match entre o time local e o Federal Sport Club estar prestes a começar... Senhores e algumas senhoras entram ordenadamente e tomam assento para assistir a partida... Os jogadores de um lado e outro preparam-se para entrar em campo... Menos Fernando... O irmão caçula dos Vieira, como não raro, atrasara-se... Chega àquele local apressado... Estaciona seu automóvel e, após procurar seu uniforme, prepara-se para sair do veículo.. Olha para o outro lado da rua e vê quem menos imaginava encontrar ali...
Fernando: Catarina! (vendo a cantora entregando um papel a um garoto de recados)Juraria que estava longe... Como a polícia é incompetente! Procura... procura... e ela está a um palmo do nariz...E se bem conheço...boa coisa não deve estar fazendo... Bem... eu não estava com um grande ânimo para jogar mesmo... Vamos ver onde essa desgraçada está escondida... Assim talvez o delegado se convença de que não tenho nada a ver com o incêndio da escola do Morro...
Sem ser notado, Fernando começa a seguir Catarina... Observa ao longe os passos da mãe de Melissa... A cantora entra em um armazém se demorando por alguns minutos, saindo em seguida e dirigindo-se à pensão onde está residindo... O rapaz aguarda algum tempo perto do local e, vendo que Catarina não retorna, resolve entrar... Olha para as paredes sujas e para os poucos móveis já gastos pelo tempo e pelo uso... Toca uma campainha sobre um balcão de madeira, ao que um senhor calvo e com a barriga proeminente atende rispidamente...
Recepcionista: O que quer?
Fernando (pensando em alguma desculpa): Um... quarto... é... preciso de um quarto...
Recepcionista (desconfiado): O senhor? Vai querer um quarto... aqui?
Fernando: Sim... quero um quarto... E pago adiantado... (tirando uma nota de cem mil réis)
Recepcionista (entregando uma chave): Terceira porta à esquerda por aquele corredor...
O irmão de Edgar pega a chave e ruma para o quarto que o recepcionista indicou... Precisa primeiro estabelecer-se naquele muquifo para depois ver onde está Catarina e assim poder dar maiores informações à polícia... Está quase chegando ao aposento indicado quando ouve uma voz familiar... Catarina está naquele quarto... O rapaz, sem fazer ruído tenta ouvir o que a cantora fala, percebendo que não está sozinha...
Fernando (saindo dali): Como é que a Melissa veio parar aqui? Isso não está me cheirando bem... (pensando um pouco) Como não imaginei isso antes? Ela deve estar precisando de dinheiro e para isso vai usar a menina... Eu não devia me importar com isso... Mas a Melissa não merece passar por isso...
O filho de Bonifácio sai daquela pensão depressa, antes que Catarina o veja ali... Embarca em seu automóvel e procura deixar aquele bairro o mais rápido possível... Enquanto isto, no bairro Laranjeiras, após uma busca infrutífera, todos retornam à casa do casal Vieira... Após Zé Maria, Sandra, Celinha e Guerra prontificarem-se para qualquer coisa e despedirem-se, Edgar, já entre a angústia e a incerteza, senta-se em uma das poltronas, apoiando as têmporas com as mãos...
Laura (apoiando a mão no ombro de Edgar): Meu amor... a gente vai encontrar a Melissa...
Edgar (suspirando): Sabe... eu fico pensando... quando isso tudo vai terminar? Quando pensei que minha vida estava voltando ao normal... Com você... Melissa... nossos filhos.... que tudo estava tranquilo e tinha entrado nos eixos... Acontece isso: Primeiro você... Depois a Melissa... Minha filha... Minha abelinha sumiu de um lugar completamente seguro... Ela estava na escola! E agora... não sei onde está... com quem está... E estou de mãos atadas.. dependendo da polícia... Procurei por todos os lugares... Fiz o que pude... E nada!
Margarida: Filho... isso podia ter acontecido em qualquer lugar..
Edgar: Eu sei... Desculpem... Mas é tanta coisa... Parece que um redemoinho está passando pela minha vida e devastando tudo...
Filipa: Edgar... pense que podia ser pior... você podia estar passando por tudo isso sozinho... mas está enfrentando isso junto da tua esposa... dos teus amigos.... e que a vocês vão permanecer juntos mesmo com o mundo desabando sobre as vossas cabeças...
Laura: Edgar... Eu sempre vou estar do seu lado... O redemoinho... está apenas começando...
Edgar: Apenas começando?
Laura: Não dá mais para adiar essa conversa... Ainda mais se tudo isso estiver relacionado com o que está acontecendo...
Edgar: Não estou entendendo nada...
Laura: Amor... nós descobrimos quem é o pai da Melissa... Não sei nem como te dizer...
Edgar: Dizendo... É mais uma paulada que a vida vai me dar... Mas eu vou aguentar... Fala, Laura...
Joaquim: Temo que essa seja mais forte que as outras, Edgar...
Laura: Meu amor... tente manter a calma e ouvir tudo o que temos para te contar...
Filipa: Edgar... como você sabe... descobrimos que um funcionário do amante da Catarina tinha pago suas despesas no hotel... nós descobrimos quem era... e descobrimos que na época esse senhor trabalhava para... (suspirando) para Bonifácio Vieira...
Margarida: O que? O que vocês estão dizendo?
Laura: É isso mesmo D. Margarida... Quem pagou a conta do hotel foi o Rufino..
Joaquim: Edgar... nós sabíamos há algum tempo sobre o Rufino... mas somente ontem soubemos que ele trabalhava para o seu pai..
Edgar: O meu pai... é pai da minha filha? Que loucura é essa?
Laura: Meu amor... a Melissa é sua irmã...
Manoela: Ontem à noite a Filipa encontrou um fundo falso em uma das gavetas no escritório... Nelas havia isto... (mostrando os papéis ao advogado) Seu pai paga o salário do Rufino, mesmo ele não trabalhando mais para ele...
Joaquim: E ele não tem qualquer vínculo empregatício com o clube...
Edgar: E paga uma quantia mensal para Catarina!... Deus... como não percebi que o dinheiro que eu dava não iria manter a vida que ela levava? (soltando os papéis) Esse senhor... ele não teve a menor consideração por mim... por Laura... por minha filha!... Sim... porque Melissa é minha filha!... Eu a criei!... Eu a amo!... Enquanto desse homem... o único que ela recebeu foi rejeição!... A mesma rejeição que demonstrava por Fernando!... Esse senhor que eu tive o desprazer de ter por pai... viu meu casamento desabar... viu todo meu sofrimento... Sabia tudo o que Laura iria passar e passou ao descobrirem o divórcio... e mesmo assim... manteve a farsa!... Quanto mais sei sobre ele... sinto mais asco... mais raiva...
Margarida: Como ele pôde? Nem falo pela traição... mas por tudo isso? Quando se envolveu com Catarina ele não sabia do seu romance com ela, meu filho.... Mas ele viu Fernando envolver-se com Catarina e não fez nada! Absolutamente nada!
Edgar: Certo... Bonifácio Vieira é pai biológico de Melissa... mas o que isso tem a ver com o que está acontecendo?
Filipa: Edgar... ele sabe que nós descobrimos...
Edgar: O que? como ele soube?
Manoela: Não sabemos ao certo... Mas ele ouviu a nossa conversa ontem no escritório...
Edgar: Laura?
Laura (com os olhos marejados): Eu ia te contar... Quando sai do escritório... Seu pai estava escondido... Ele me agarrou e me fez inalar alguma coisa... Quando acordei... Estava naquele lugar....
Filipa: E a nós... ele mandou dar um susto... tenho certeza que foi ele quem pagou para aquele sujeito disparar...
Manoela: Edgar... sabemos o quanto deve estar sendo doloroso para você e D. Margarida... mas tínhamos que contar...
D. Margarida (chorando): Eu sou casada com um monstro... Um monstro!
Laura: E... agora... temos medo que ele tenha feito algo com Melissa... (vendo Edgar levantar-se) Onde vai?
Edgar: Vou descobrir onde está minha filha... E acertar umas contas.... (batendo a porta)
Margarida (indo em direção a porta): Eu vou atrás dele... Está furioso!... É capaz de cometer uma loucura...
Joaquim: Eu levo a senhora... (saindo com Margarida)
Laura: E agora? O que vamos fazer? Ficar aqui? De braços cruzados?
Filipa: Não vejo outra coisa a ser feita... A presença de qualquer uma de nós pioraria ainda mais as coisas...
Gertrudes (correndo após atender a porta): Laura... deixaram isto...
Laura: "Por enquanto sua menina está bem. Se a quer de volta, deixe 2 contos de réis na escada da Igreja da Lapa hoje às 23 horas"... A Melissa... foi sequestrada...
Manoela: Isso não parece ser coisa do Sr. Vieira... Ele não iria pedir um resgate...
Filipa: Sim...isso foi feito por outra pessoa...
Laura: Catarina! Precisa de dinheiro para poder fugir... e Melissa iria facilmente com ela... Preciso levar isso ao Edgar...
A moça dirige-se a porta... Abre e qual não é sua surpresa ao ver quem estava prestes a bater...
Laura: Você! O que quer aqui?


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