Laura e Edgar- Um romance desde o Início escrita por Nanda


Capítulo 120
Desespero


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que leem esta história.. Me impressiono a cada dia com o número de acessos e fico muito feliz! Estamos em uma parte tensa... Espero que não esteja maçante...Boa leitura



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Com passos lentos, tentando colocar os pensamentos em ordem, Manoela sai da secretaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro... Encontra um ou outro enfermeiro ou médico pelo caminho e segue em direção ao final daquele corredor, parando em frente ao quarto onde sua amiga Filipa há algum tempo permanece sentada velando o sono de seu noivo Joaquim...
Filipa (falando baixo ao ver Manoela entrar):Que cara é essa? Conseguiste telefonar para a casa dos Vieira?
Manoela: Não foi necessário... Acabo de encontrar Edgar aqui...
Filipa: Aqui?
Manoela: Na verdade nem sei como te contar isso...Filipa... a Laura... não chegou em casa...
Filipa: Como não? Ela saiu bastante tempo antes de nós!... Manoela... será que...
Manoela: É o que tudo indica... Filipa... não acho que o que acabamos de passar e esse sumiço repentino da Laura sejam por mero acaso...
Filipa: Você chegou a comentar algo com o Edgar?
Manoela: Achei que não era o momento..... pelo lugar... e também... ele está preocupado demais com o desaparecimento da esposa... Isso o deixaria ainda mais angustiado!..
Filipa: Fizeste bem... Manoela... vou confessar-te algo... Nunca em todos esses anos de trabalho senti tanto medo quanto hoje...
Manoela: Também não... Ainda estou atônita com tudo isto...
Filipa (olhando para Joaquim): Se não fosse por ele... a esta hora...
Manoela: Não pensa nisso!..
Filipa: Como não pensar? Aquela bala era para mim!...
Manoela: Sei que isso não vai diminuir em nada tanto a tua quanto a minha apreensão... mas eu ainda acho que quem quer que tenha sido... não tinha intenção de matar... Foi um aviso...
Filipa: E muito claro!... E sabemos exatamente quem deu a ordem... Ele sabe que a gente descobriu... E que Laura estava conosco...
Manoela: Não tenho a menor dúvida disso!... Onde a terá levado? (suspirando) Deus... ela é nora dele... e está grávida...
Filipa: Manoela... pelo que sabemos deste senhor... isso simplesmente não importa.. ( ficando algum tempo em silêncio, andando um pouco e pensando) A gente precisa fazer algo... tentar descobrir onde ela está... O Edgar deve estar indo a todos os hospitais... Certamente irá até a delegacia... Mas deve voltar para casa... Eu vou até a casa do Edgar... Vou contar tudo o que descobrimos...
Manoela: Isso pode ser perigoso!... Deve haver alguém nos vigiando...
Filipa: É um risco que vou correr... Estou com medo mas não podemos ficar de braços cruzados aqui enquanto Bonifácio está fazendo só Deus sabe o que com nossa amiga...
Manoela: Como sempre tens razão... Por Favor... Prometa-me que vai tomar cuidado...

Filipa: Vou tomar... Manu... sei que não tens obrigação nenhuma... Mas...
Manoela: Fique tranquila quanto a isto... Vou ficar aqui para o que o Joaquim precisar...
Enquanto isto, longe dali, naquele quarto revestido por azulejos brancos e de mobiliário simples, Laura aos poucos tenta recobrar a lucidez... Tudo ali lhe é confuso, estranho... Não reconhece nada... Apenas a imagem ainda nebulosa de sua mãe, que ao perceber que o efeito do éter está se dissipando aproxima-se e afaga-lhe levemente o rosto...
Constância: Filha...que bom que acordou!...
Laura (sonolenta): Mãe? Onde eu estou?
Constância: Você se sentiu mal, meu bem... mas não se preocupe... já estão cuidando de tudo... Você precisa descansar...
Laura (tentando levantar-se sem sucesso): Eu vou descansar em casa... Onde está o Edgar?
Constância (tentando pensar em uma justificativa): Ele... (parando subitamente ao perceber que alguém abre a porta)
Enfermeira: Com licença... Vejo que a paciente acordou...
Constância: Despertou a pouco tempo...(puxando a moça para um canto) Acredito que ainda esteja transtornada... Não seria apropriado uma dose do medicamento?
Enfermeira: Claro... (dirigindo-se a professora) D. Laura... tome... vai lhe fazer bem...
A professora, ainda sob o efeito do anestésico que inalara, não oferece defesa... Acaba engolindo uma dose do fármaco prescrito pelo médico contratado por sua mãe e logo volta a dormir... Constância respira por alguns instantes com alívio... Vendo que a filha está sedada e certificando-se com a enfermeira que assim a moça permanecerá por um longo tempo, toma a direção da porta... É necessário voltar para casa... Sua ausência poderia levantar suspeitas... A baronesa toma um coche enviado por Bonifácio e some na escuridão, pensando na sorte que tem por Assunção estar em viagem e Albertinho estar no quartel naquela noite...
Enquanto isto, nas ruas mal iluminadas da Gamboa, o automóvel do Sr. Vieira chega ao local combinado horas antes. Para em uma esquina sombria e após esperar alguns minutos desembarca quando vê a pessoa que procurava...
Bonifácio: E então? Serviço completo?
Motorista: Sim Sr.... Acho que as moças levaram um bom susto... Quase acertei uma delas!... Uma das balas acabou acertando um rapaz de raspão...
Bonifácio: Um rapaz? Se você acertou meu filho eu acabo com sua raça, seu imbecil!
Motorista: Calma Dr... Não vi direito o rosto do moço, mas não era o Sr. Edgar...
Bonifácio: Melhor para você! Espero que ninguém tenha te visto (tendo como resposta um aceno negativo com a cabeça)... Bem... aqui está o que te prometi.... (entregando um envelope) E agora... Desapareça daqui!... E já sabe... Não tenho nada a ver com isto!
O motorista recebe seu pagamento e some nas trevas, enquanto o empresário sai dali tomando um rumo ignorado ....Passa-se algumas horas... Edgar e Guerra vão de hospital em hospital da Capital da República em busca de Laura... O rapaz, entre exausto e exasperado, sem saber onde mais procurar pela moça, interrompe o caminho de quem quer que encontre inquirindo sobre a possibilidade de ter avistado a professora... É inútil... Ninguém sabe informar-lhe o paradeiro de sua esposa... Andam pelas Ruas do centro, que pelo adiantado da hora já estão praticamente vazias, quando Guerra pensa que é hora de comunicarem-se com a casa do advogado... Após falar com Celia, Edgar, sentado em frente a mesa do jornalista, apoia o queixo entre as mãos deixando transparecer todo o desalento proporcionado por aquele telefonema...
Guerra: Meu amigo...
Edgar: Guerra... a gente já procurou em todos os hospitais dessa cidade!... Já falei com todos os amigos... Para casa ela não voltou!... Vamos à delegacia!... Vou registrar o desaparecimento...
Guerra: Edgar... você melhor que eu sabe que para lavrarem a ocorrência é preciso ter passado 24 horas... Não adianta irmos à delegacia agora...
Edgar: E o que sugere? Ficar aqui ou em casa esperando por alguma notícia não vai resolver nada...
Guerra: O que podíamos fazer... nós fizemos!.. Procuramos em todos os lugares possíveis!.. Enquanto telefonava para casa eu vi em outros jornais... até nos pasquins mais sórdidos... se havia alguma nota sobre algum assalto, confusão, envolvendo alguém com as características da Laura... Desculpa levantar a hipótese, mas.. a Catarina...
Edgar: Não...Eu descarto essa hipótese!... A Catarina não iria se expor...Ninguém a encontra... Deve estar longe...
Guerra: Então agora só nos resta esperar...
Edgar: Guerra... desculpe... Sei que deve estar cansado... E não vou pedir que me acompanhe... Mas não vou ficar aqui esperando que Laura apareça... Mesmo não tendo passado o tempo necessário, vou à delegacia... E vou até o fim do mundo se tiver algum indício de onde ela está... (abrindo a porta do escritório e saindo)
Guerra: Edgar! Espere... vou com você!
O jornalista mal fecha a porta de seu noticioso e corre com a intenção de alcançar o advogado... Andam apressados apesar de estarem a poucos metros do distrito de polícia... Enquanto isto, no bairro de Laranjeiras, Celinha, após ter conseguido fazer com que Daniel voltasse a dormir e falar por telefone com Edgar, anda de um lado a outro da sala, nervosa com a falta de notícias da sobrinha...
Gertrudes: D. Celinha... preparei um chá de camomila.... Vai fazer bem...
Celinha: Obrigada Gertrudes, mas não... O chá não vai acabar com esta aflição que estou sentindo... e estabanada como sou... ainda sou capaz de provocar qualquer desastre...
Gertrudes: Espero que não tenha sucedido nada ruim com D. Laura....
Celinha: Gertrudes.... não precisa usar de formalidade!... Você praticamente criou a Laura... E vem cuidando dela e do pequeno estes anos todos... Sei que está tão preocupada quanto eu com nossa menina... Vamos rezar!... É a única coisa que podemos fazer... (ouvindo batidas à porta) Deve ser ela...
A tia dirige-se apressada à porta principal daquela residência... Abre ansiosamente, esperando que finalmente a dona da casa tenha regressado... Mas qual a sua surpresa ao deparar-se com outra pessoa..
Filipa: Boa noite, D. Célia
Celinha: Boa noite Filipa... O que a trás tão tarde aqui?
Filipa: Tenho algo muito importante a falar com Edgar... Ele se encontra?
Celinha: Não... E não sei por quanto tempo ainda irá demorar...
Filipa: D. Célia... Sei que Laura não voltou para casa... Pelo que percebo, ainda não há notícias...
Celinha: Infelizmente nada...
Filipa: Se a senhora não se importa, gostaria de espera-lo... O que tenho a dizer-lhe é realmente muito grave...
Celinha: Desculpe a indiscrição... Tem a ver com minha sobrinha?
Filipa: Desculpe... mas não posso dizer-lhe.... É particular
Celinha: Entendo... Fique a vontade...
Dona Célia e Filipa acomodam-se nas poltronas daquele comodo e por alguns instantes ficam em silêncio, tentando pouco tempo depois procurar algum assunto para passar o tempo, que naquelas circunstâncias parece parar... Os minutos parecem horas para quem espera... Manoela, na Santa Casa, encontra-se na mesma situação... sentada em uma cadeira desconfortável, faz companhia ao noivo convalescente da amiga... Cansada acaba por dormitar, quando Joaquim a chama...
Joaquim: Manoela... Manoela?
Manoela (ainda sonolenta): Oi? Como? Precisa alguma coisa Joaquim?
Joaquim: Não... Está tudo bem... E Filipa?
Manoela: Joaquim... ela foi até a casa do Edgar...
Joaquim: Aconteceu alguma coisa?
Manoela: A Laura... desapareceu...
Joaquim: O que? Como assim?
Manoela: Ela não chegou em casa... Ninguém sabe onde está...
Joaquim: Tudo leva a crer que Bonifácio saiba... E está agindo... A Filipa não podia ter saído daqui sozinha!... É perigoso demais!...
Manoela: Joaquim...não se agite... Isso pode te fazer mal...
Joaquim: Você devia te-la impedido!
Manoela: Como eu iria impedi-la? Também fiquei receosa... Mas sei que ela sabe cuidar-se...
Joaquim: Ela já telefonou dando alguma notícia?
Manoela: Telefonei para lá enquanto você dormia... Ela vai esperar até que Edgar volte...
Joaquim: Pelo menos está em segurança na casa dele... Manoela... me sinto tão inútil... Justo agora que todos estão precisando de ajuda... estou aqui... nesta cama...
Manoela: Achas pouco o que fizeste até aqui? Joaquim, por Deus! Se estás nesta cama foi por que evitou uma tragédia... Eu não devia ter falado nada sobre a Filipa...
Joaquim (emitindo alguns sinais de dor na voz, por mexer involuntariamente o braço ferido): E de que adiantaria? Mais cedo ou mais tarde eu saberia...
Manoela: Mas teria te mantido tranquilo enquanto se recupera!... Eu e minha grande boca!... Vou pedir a enfermeira que lhe traga algum calmante...
Joaquim: Não precisa!... Quero falar com a doutora... Preciso sair daqui!...
Manoela: Ela nos disse que só te dará alta amanhã... Ademais... ela já foi...
Nisto uma enfermeira entra no quarto... Como prescrito pela médica, administra mais uma dose do medicamento, fazendo com que em pouco tempo Joaquim sinta-se sonolento e volte a dormir...
Já na delegacia, a muito custo, Edgar consegue convencer um dos guardas a chamar o delegado, que chega bocejando e com um ar nada amistoso...
Praxedes: Muito bem, Dr. Vieira!... Afinal de contas o que está acontecendo de tão grave que fez com que um de meus homens me tirasse de casa?
Edgar: Desculpe por chama-lo a estas horas em sua folga... Mas minha esposa desapareceu..
Praxedes: Como assim?
Edgar: Ela não voltou para casa... Não a vejo desde ontem pela manhã quando sai de casa... A última vez que foi vista foi na tecelagem por volta das oito e meia da noite...
Praxedes: Ela pode ter ido a casa de alguma amiga e pernoitado lá...
Edgar: Delegado... já conversei com todos os nossos amigos... Fui a todos os hospitais... São quase três da manhã!... Por favor.... tenho certeza que algo ruim aconteceu com ela!...
Praxedes: Eu entendo sua preocupação, mas o procedimento não é este...
Edgar (irritado): Procedimento! Minha mulher está desaparecida!... A polícia tem que tomar uma atitude!...
Praxedes (pausadamente): Cuidado com o tom...
Edgar: Delegado.. Não quero ser desrespeitoso.. Mas não posso ficar de braços cruzados esperando que...
Guerra: Edgar... não vamos pensar no pior!...
Praxedes: Seu amigo tem razão... Tente acalmar-se...
Edgar: Sr. Praxedes, coloque-se em meu lugar...
Praxedes (pensando um pouco): Não deveria, mas vou registrar o desaparecimento e emitir o mandado de busca agora mesmo..
Edgar: Obrigado
Praxedes: Depois de lavrarmos o boletim de ocorrência, vá para casa...Qualquer novidade eu lhe telefono...
Edgar: Obrigado...
Saindo da delegacia, o rapaz caminha a passos lentos pelas ruas do centro, tendo a companhia silenciosa e o apoio incondicional de seu amigo Carlos Guerra.. A chuva fina que cai mistura-se com uma lágrima furtiva que o advogado rapidamente limpa de sua face... Onde andará Laura, pergunta-se sem resposta...
As horas passam vagarosamente... Na casa do advogado, Celinha e Filipa há muito já não conversam... Uma ao lado da outra, cochilam apoiadas nos braços das poltronas, quando são despertadas pelo telefone...
Celinha: Meu Deus... uma notícia! (correndo em direção ao aparelho e atendendo) Alô... residência de Edgar Vieira...
Manoela: Alô... aqui é Manoela Medeiros... quem fala?
Celinha: Manoela é a tia Celinha...
Manoela: Alguma novidade?
Celinha: Por enquanto nada... (vendo Filipa fazendo um sinal de que quer falar com a moça)
Celinha: Manoela... A Filipa quer falar com você (passando o telefone)
Filipa: Alô... aconteceu alguma coisa, Manu? Como está o Joaquim?
Manoela: Ele acordou um tanto agitado... Está com febre... Mas já estão o medicando... Logo tudo deve estar bem... Liguei só para saber como as coisas estão...
Filipa: Tudo na mesma... Aqui a pouco estou aí... (desligando o aparelho) D. Celia... preciso voltar ao hospital...
Celinha: Filha... é madrugada... É perigoso sair na rua a esta hora!...
Filipa: Vou solicitar um coche... No hotel há um rapaz que presta esse serviço à noite.. Se a senhora me autoriza a utilizar o telefone...
Celinha: Claro... Fique a vontade...
Filipa após algum tempo de espera embarca no coche e segue para a Santa Casa... Já em outro ponto da cidade, o pai de Edgar observa a nora dormindo... Tão bonita... Laura não devia meter-se em assuntos que não devem ser remexidos... Essa moça é moderna demais... Devia estar em casa, cuidando de seu neto e seu filho e não investigando seu passado e pondo o pouco prestígio que ainda resta a seu sogro à beira de um abismo... Ela não sabe onde se meteu... Espera que essa passagem pelo sanatório a faça repensar sobre o que anda fazendo, reflete, enquanto aproxima-se mais do leito... Subitamente, percebe que Laura, após um longo tempo, está acordando... Precisa sair dali... A professora não pode vê-lo...
A moça acorda confusa... Apesar da luz molestar seus olhos, distingue um vulto fechando a porta... Após acostumar-se com a claridade daquele quarto, senta-se na cama e olha ao seu redor... Está sozinha... Observa o mobiliário branco... A cama onde se encontra... E deduz... Definitivamente está em um hospital... Apalpa sua barriga... Tudo parece normal... A última coisa de que se lembra é de estar saindo da tecelagem...Tenta raciocinar como veio parar ali... Sua cabeça dói... Ouve então que alguém força a maçaneta...
Dr. Amorim: Com licença... como se sente, Sra. Vieira?
Laura: Como vim parar em um hospital?
Dr. Amorim: A senhora não estava bem.... Foi melhor terem a trazido para cá...
Laura: Eu conheço o senhor... É amigo de meu pai... (pensando por alguns instantes) Espere aí... o senhor é diretor de um sanatório!... Doutor Amorim... eu não estou louca!
Dr. Amorim: A senhora teve um desequilíbrio nervoso...
Laura: Eu nunca estive tão equilibrada! Tirando a porcaria que devem ter me dado para perder os sentidos, nunca estive tão lúcida! Eu exijo sair daqui!
Dr. Amorim: Acalme-se... ou terei de usar contenção mecânica...
Laura: Quem me internou?
Dr. Amorim: Alguém que está muito preocupado com sua saúde física e mental... Por favor D. Laura... Contenha-se...
Laura: Conter-me? Alguém me dopa... me interna em um sanatório... me chama de desequilibrada e querem que eu fique calma! Quero falar com meu marido (dirigindo-se cambaleante a porta)
Dr. Amorim (detendo a moça e a levando novamente cama): Claro... ele será avisado... Mas por enquanto... Acalme-se... pelo bem do filho que está esperando... (saindo rapidamente e trancando a porta)
Laura (levantando-se novamente, forçando a fechadura e batendo com toda força): Eu não sou louca! Socorro! Alguém!.. Tirem-me daqui!... Eu não sou louca!...
Laura tenta em vão abrir a porta... Chora...Sentada no chão junto a porta tenta refletir sobre o que está acontecendo... Quem a teria levado ali? Como iria sair? Edgar deve estar preocupado... Certamente não foi ele... E seu filho e Melissa... como estariam? Ela nunca saíra de casa por tanto tempo sem avisar onde estava... De repente um pensamento lhe passa pela cabeça... seu sogro... mas como conseguira a internar?
As horas passam... Edgar voltara para casa...Aborrecido.... Consternado... Não sabe mais o que fazer... O que pensar...
Edgar (acordando a tia de Laura): D. Celinha?
Celinha: Ah Edgar... E então... alguma novidade?
Edgar: Nenhuma...
Celinha: A Filipa esteve aqui... Precisava falar contigo... Mas precisou voltar ao hospital...
Edgar: Filipa!.... Com isto nem falei direito com Manoela na Santa Casa... Nem sei ao certo o que aconteceu na tecelagem...
Celinha: Ela disse que assim que possível retorna... Ela não me disse o que era... Mas me parece ser importante...
Edgar: Será que tem a ver com Laura? Talvez fosse bom eu ir ao hospital...
Celinha: Não creio que seja o melhor local para ter uma conversa que imagino que seja séria... Ela deve voltar e conversar contigo...
Edgar: D. Célia... obrigado por ter ficado aqui.. Já é tarde... Na verdade, está quase amanhecendo... Suba e descanse... A senhora sabe onde fica o quarto de hospedes...(olhando para a governanta) Gertrudes pode recolher-se também
Gertrudes: Dr. Vieira... o que digo às crianças amanhã se me pedirem por D. Laura?
Edgar: Bem... diga que ela... (para um instante desconcertado) Eu não sei nem o que dizer aos meus filhos...
Celinha: Se posso dar uma sugestão... Diga que ela teve de resolver um problema... e assim que possível ela estará de volta...
Edgar: Isto... Faça como D. Célia disse, Gertrudes...Além disso, a rotina das crianças, apesar da ausência da Laura, deve ser mantida, para não assusta-las .. Melissa vai para a escola e tentem manter Daniel distraído...
Dadas as ordens, o advogado sobe a seu quarto e fica remoendo pensamentos, sentado na poltrona em frente à sua cama... Pensa em todos os locais onde fora... Hospitais... Amigos... Escola... Vasculhara todos os lugares onde a moça poderia estar... Até que lhe passa pela cabeça um local onde não fora procurar... Rapidamente toma a direção da porta de sua casa... São cinco e meia da manhã... É cedo... mas precisa falar com Constância...


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Notas finais do capítulo

E então... Será que pressionada Constância dirá onde está sua filha?