Sussurros De Uma Suicida. escrita por Aprimorada


Capítulo 30
Capítulo 30 - " Duvidas" - Solidão.




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Eu me isolei de todo mundo, na intenção de evitar comentários, perguntas. e toda aquela falsidade que iria existir, muitas pessoas foram em minha casa, no mesmo dia que meu irmão foi brutalmente morto, prestar os pêsames, diziam que sentiam muito, mas eles não sentiam nada, alguns eu nem conhecia, eram só curiosos, fofoqueiro, só isso, nenhum deles sentiriam a falta do David e muito menos chorariam por ele, essa é a realidade. Eu evitei todo mundo, a noticia correu rápido e Edgar já estava sabendo, ele me mandou inúmeras mensagens, me ligou inúmeras vezes, mas eu não respondi e nem atendi, parecia que ele estava preocupado comigo, mas eu queria evitar ele e todo mundo. Evellyn foi na minha casa muitas vezes, sempre dizia para mim mãe dizer que eu não queria conversar com ninguém e ela ia embora. Até o Vitor, depois de eu ter gritado com ele, foi até a minha casa conversar comigo, mas eu não falei com ele. Eu queria, na realidade eu precisava ficar um pouco sozinha, longe de tudo, de todos os problemas que estavam me rondando, eu queria paz no coração.

Creio que nunca havia vivido dias tão difíceis, parecia que a dor não me abandonaria mais, e aquilo estava virando um peso muito grande e pesado, que talvez eu não pudesse carregar. Fiquei umas 2 semanas em casa, sem sair para nada e aquilo parecia uma eternidade, minha mãe disse que daria só mais uma semana para mim e depois eu teria que voltar para a escola, eu não queria voltar, mas era preciso, como ela dizia "Temos que superar tudo aquilo que aparece em nossos caminhos, cada obstáculo, cada dor, cada prova.". Minha casa caiu de cabeça para baixo, nada mais fazia sentido lá dentro, minha mãe tentava se manter forte, mas estava mais do que na cara que ela queria desistir, meu pai vivia 24hrs bêbado por dia, aumentou drasticamente, ele não ficava um minuto sem beber, e aquilo me machucava tanto. Assim que meu irmão morreu, minha cunhada foi morar com a gente e levou minha sobrinha, a pequena Bella, Isabella, ela era a única que animava a casa, ela até me tirava sorrisos, com aquele jeito bobo e inocente de criança.

Naquelas noites que passaram eu nem dormi, alias, nem fiz questão mesmo de tentar. Eu só escutava aquelas musicas, bem nostálgicas, bem melancólicas, só para me lembrar mesmo. Ouvia os versos e chorava, ás lágrimas escorriam e sempre pararam nos meus lábios, eu sentia o sabor salgado e mesmo assim continuava a chorar, eu nem se quer tentava conte-las, pois sabia que seria inútil as minhas tentativas. Eu toda cortada por dentro, por fora, toda despedaçada com uma rosa, quebrada com uma taça de vidro, fria como um gelo. E mesmo com tudo isso, eu fingia estar bem, esmo com o meu coração, maltratado, mutilado, semelhante ao meus pulsos, que eu descontava minhas dores e frustrações. As lágrimas não paravam de descer, eu soluçava e colocava a mão no meu peio e pudia sentir meu coração tão alucinado, batendo fora do normal, tão acelerado. E enquanto eu ficava olhando para o meu pulso mutilado, eu só desejava poder me despedir daquele circo de horrores, que eu chamava de mundo, que me segurava. Eu percebi que estava destruída, estava caída, inteiramente desmoronada. Eu estava sozinha, abandonada e esquecida. E isso me machucava muito.

Enquanto eu estava em minha ultima sexta-feira em casa, alguém surgiu lá, ouvi meu nome ser gritado, uma voz grave e rouca, desci as escadas e era quem eu menos esperaria, Edgar, mas que surpresa, ele estava com um buquê e com um monte de coisa de comer em uma cesta, ao vê-lo eu chorei, não sei bem o porque, mas ele foi o único que apesar de eu ignorar, veio até mim, sorte minha que minha mãe estava trabalhando e meu pai devia estar em algum bar qualquer bebendo como sempre, sorri de canto, ao senti os braços de Edgar me envolvendo, ele me apertou forte e disse para gente sair, que eu não precisa me arrumar nem nada, subi para o quarto e só deixei o buquê em um vaso com água e coloquei a cesta em cima da cama, coloquei uma sandália, e desci. Ele me levou para a casa dele, tudo já estava arrumado, na cama, tinha um monte de besteiras espalhadas para comer, a TV já estava ta com o filme colocado Uma família em apuros, disse que queria me fazer rir. Deitamos na cama e o filme começou a passar, eu comi quase tudo que tinha lá, pipoca, doritos, chocolate, sorvete, etc. Acabei adormecendo no final do filme, acordei creio que umas 2hrs depois, já eram as 21hrs00min, me levantei e fui atrás de Edgar, ele estava sentado no sofá, cheirando na mesinha que ali se encontrava, meu peito ardeu, doeu, ao ver aquilo, bem, eu sabia que ele usava, mas nunca tinha visto e não pensei que fosse tanto. Ele levantou a cabeça, e sorriu meio sem jeito quando me viu, me ofereceu, eu queria dizer não, mas parece que a vontade de me perder, de não sentir algo, era maior, então eu cheirei, três fileiras seguidas, a briza subiu automaticamente, me joguei no sofá, e fiquei meio nervosa, assustada, eu ficava olhando para os lados, não sei bem, o porque da sensação não ter sido boa, quando era quase 00hrs00mmin, Edgar me levou embora, ele me deu um cigarro de maconha e disse, isso ti livrará de choros, de dor. Talvez ele estivesse certo, aquela maconha me acalmaria, mas sei que aquilo não duraria para sempre e que eu teria que voltar a viver, voltar a seguir em frente, voltar a ter forças e por mais difícil que seria, eu voltaria, eu tentaria e eu conseguiria. Subi para o meu quarto, abri a cesta com doces e etc. E comi um dos chocolates, desci acender o cigarro de maconha, fui para o banheiro, fechei a porta, e fumei, cada trago, era um alivio na alma, maconha faz isso, ela tira um peso, ela ti deixa leve, com uma paz, uma tranquilidade, depois que fumei, comi uns 2 pães de mel que tinha na cesta e depois deitei na cama e coloquei meu fone, fiquei escutando musica e enfim adormeci, com o pensamento que eu iria viver a partir dali, que sofrimento não faria mais partes dos meus dias.





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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Não esqueçam do Review. Beijos.



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