Eu me recordo somente de me acordar as 6hr00min da manhã, com Vitor me chamando, eu estava mole, não havia comido nada o dia anterior, e também perdi muito sangue e com isso, eu não conseguia me manter de pé. Vitor me ajudou a andar até o banheiro, ligou o chuveiro e tirou minhas roupas, me deixando de calcinha e top, ele me segurou, enquanto a água caia em minha cabeça, ele falava comigo, mas eu estava tão longe dali, só pensando em qualquer outra coisa, meu pulso ardia muito, e Vitor me fez lava-lo, havia centenas de cortes, fundos, superficiais, grandes, pequenos, estava horrível. Terminei o banho e ele me ajudou a ir até a minha cama, ele tinha separado até uma roupa para mim, eu não estava acreditando, então ele me disse:

– Vou buscar algo para você comer, ta? Tenta se vestir, enquanto isso.

Eu fiz sim com a cabeça, ele saiu do quarto e ele me troquei, mas tive que me levantar para trocar de blusa, tinha que pegar uma manga cumprida, fui bambeando pelo quarto, mas consegui pegar a blusa e me trocar, me sentei na cama novamente, pentiei meus cabelos, não tinha muito trabalho com o meu cabelo, ele era liso e só passar a mão já resolvia. Vitor voltou com um pão com presunto, um copo de suco, e cerais, comi tudo em poucos segundos, já estava me sentindo melhor, ele me disse:

– Você esta melhor?

– Estou sim. Obrigada por tudo. –Eu dizia enquanto o abraçava.–

– Você vai para escola?

– Vou sim.

– Vou com você até a entrada.

E assim fomos, andamos até a escola, chegando lá, ele ficou comigo mais alguns segundos e na hora dele ir embora, eu fui surpreendida com um beijo. Foi um beijo doce, apaixonante, nunca havia dado um beijo daquele, me senti completa naquele momento, me senti amada e desejada, eu me senti feliz, paramos o beijos e sorrimos um para o outro, ele me deu um abraço e foi embora. Eu fiquei meio estranha depois, pois ele era meu primo, meu parente e isso seria um grande problema. Fui para sala e antes de entrar Manu veio correndo até mim, me deu um abraço e um selinho, fiquei meio assustada e ela disse:

– Preciso falar com você, no intervalo a gente fica juntas, ok?

Concordei mesmo estando meio assustada, ele se despediu me dando outro selinho, entrei para sala e aquilo ficou na minha cabeça. Manu, esta apaixonada por mim? mas tem o Vitor e também o Fabio, meu Deus, eu estou tão dividida, passei a primeira aula só pensando nisso, nem prestei atenção na aula. Na segunda aula, algumas meninas puxaram assunto comigo, eram a Rebecca e a Isa, diziam que a Rebecca era lésbica, mas ninguém tinha certeza, eu meio que senti uma investida da parte dela, ela dizia para mim, enquanto acariciava a minha mão:

– Você esta tão linda, nunca tinha prestado atenção em você, e agora que as meninas falaram de você, eu pudi ti notar.

– Que meninas?

– Manu, Melissa e a Hanna, elas falaram muito bem de você, e você sabe, se elas falam bem de alguém, é porque essa pessoa é super legal.

As meninas eram popular na escola, vamos assim dizer, e aquilo ficou em minha cabeça, minha vida esta mudando e somente para melhor, eu estava tão feliz, que até esqueci dos meus cortes. Continuei conversando com Rebecca a outra aula, ela era legal e me senti bem com a companhia dela, bateu o sinal e quando eu sai, Manu estava já na porta me esperando, segurou minha mão, fiquei surpresa com a atitude e meio assustada, mas não soltei sua mão, fomos andando até os bancos,sentamos, ela continuou segurando minha mão enquanto me dizia:

– Preciso ti dizer uma coisa.

– O que?

– Acho que estou gostando de você.

Eu fiquei em silêncio, e lhe dei um beijo, não sei bem porque eu a beijei, eu somente a beijei, um beijo curto, que creio eu que significou muito para ela, continuamos sentadas, abraçadas e trocando carinho, bateu o sinal para voltar para sala, ela foi comigo até a porta e me deu um beijo, os meninos começaram a gritar, eu fiquei envergonhada, mas não estava me importando com o que as pessoas diriam, quando me sentei, pudi ver que Rebecca estava com uma cara de brava, então eu perguntei:

– O que foi?

–Você ta namorando ela? A Manu? Não acredito.

Eu fiquei em silêncio, não consegui entender o motivo daquilo, eu tinha conhecido ela naquele dia e ela parecia estar com ciumes, continuei quieta na minha o resto das aulas, deu a hora de ir embora e não consegui encontrar Manu, sai da escola e vi Vitor do outro lado da rua, me esperando, atravessei a rua e lhe dei um abraço, ele logo foi pegando a minha bolsa, sem eu ao menos ter pedido, começamos a ir para minha casa, e encontro Fabio no meio do caminho, eu parei para cumprimenta-lo, lhe dei um beijo e um abraço, e ele retribuiu, eu lhe olhei e disse:

– Porque não foi hoje?

– Cabulei, fui pra casa do Pedro, quer ir para lá na quinta?

Não pensei duas vezes e disse que sim, me despedi dele, enquanto ele disse que iria me ver hoje, voltei ao Vitor e continuamos a ir para casa, cheguei em casa e fui correndo para o quarto, fui tomar banho, enquanto Vitor me esperava sentado, assistindo TV, não havia ninguém em casa, todos estavam trabalhando, sai do banho quase toda vestida, pedi para o Vitor fechar meu sutiã, ele fechou e me deu um abraço por trás e beijou meu pescoço e disse:

– Só me atiçando ne?

Eu ri e me virei e o beijei, um beijo gostoso, quente, ele apertava meu corpo com o dele e aquilo estava realmente bom, até que ouço alguém me chamando, parei o beijo e desci,e era a Manu, abri o portão e ela me deu um beijo, fiquei assustada e lhe disse:

– Não faça isso aqui linda, meus pais.

– Me desculpe, é que não ti vi na hora da saída e não me contive agora.

Eu sorri e disse que tudo bem, só não era para ela ser tão alvoroçada daquele jeito toda vez que me vesse, conversamos por uns segundos e ela disse que teria que ir embora, eu lhe dei um beijo e subi,Vitor estava colocando um filme para gente assistir, era de romance, deitamos e começamos a assistir, eu logo adormeci, acordei no final da tarde e Vitor não se encontrava no quarto. Tomei um banho e sai para rua, sentei no banco e avistei Fabio vindo em minha direção, ele sentou do meu lado, me beijou e me deu um abraço, ficamos conversando, e ele disse:

– Oh invés de cabular quinta, vamos cabular amanhã?

– Vamos sim.

Ficamos sentados durante mais alguns minutos, então Pedro chegou, começou a falar um monte de besteiras como sempre e eu só ficava rindo. Enquanto estava lá, eu vi uma coisa, que me feriu de mais, era Vitor com uma menina, eles estavam abraçados, eu não sabia se eles estavam ficando ou não, mas eu fiquei magoada de mais, me despedi dos meninos e fui para casa chorando, fui direto para o banheiro, eu chorei, chorei e nada adiantou, continuou doendo dentro de mim, eu sei que não pudia cobrar nada dele, porque eu também ficava com outras pessoas, mas mesmo assim, eu fiquei triste, eu estava ao pranto, as lágrimas não estavam resolvendo nada, e eu não queria, eu não pudia, mas eu fiz, eu me cortei, abri os recentes cortes e me senti bem por poucos segundos, e voltei a chorar por ter sido tão fraca, me deitei na cama e não consegui dormi, virava pra cá, virava pra lá e nada adiantava. Eu estava pensando o que eu deveria fazer, quem eu deveria escolher, e isso só me deixou mais confusa e depois de tanto pensar, eu finalmente consegui dormi.